sábado, 30 de novembro de 2013

BRIGADA DAS SELVAS 2 - A vez do índio!

Olá.

Hoje, mais um gibi da editora Júpiter 2, do polêmico José Salles, para vocês.
Além de gibis de personagens desenvolvidos recentemente, a Júpiter 2 amplia, aos poucos, sua linha de quadrinhos clássicos, resgatando personagens brasileiros publicados no passado. Além dos gibis do Raio Negro e outros personagens de Gedeone Malagola, já saíram os gibis de Fidêncio, o Gaúcho e Meia-Lua, ambos de Júlio Shimamoto, para ficar em alguns exemplos de personagens clássicos que estão sendo reapresentados às novas gerações.
Em maio de 2010, Salles publicou um gibi com a Brigada das Selvas, a Força Policial da Amazônia, criada por Aílton Elias, o Aelias, em 1980. E só agora, pouco mais de três anos depois, saiu o segundo número. Foi em julho de 2013 que saiu BRIGADA DAS SELVAS no. 2.

Vamos relembrar: a estreia da Brigada das Selvas foi em 1980, no terceiro número do histórico fanzine Historieta, do saudoso Oscar Kern. Em 1984, saiu um gibi, pela editora Evictor, um único número. As aventuras do grupo de vigilantes que atua na Região Norte brasileira tiveram como roteiristas Oscar Kern, Emir Ribeiro e Antônio Pereira Mello, mas sempre desenhadas por Aelias, artista gaúcho, de Cruz Alta, de quem ainda carecemos de informações sobre sua vida e carreira.
No primeiro número do gibi da Júpiter 2, saíram duas histórias roteirizadas por Antônio Mello, meu colega do Núcleo de Quadrinhistas de Santa Maria, RS - Quadrinhos S. A.. Agora, neste segundo número, ele apenas "apoia" as duas aventuras publicadas.
A Brigada das Selvas, inspirada na 16a Brigada de Infantaria de Selva de Cruz Alta, RS, tem integrantes de diversas etnias brasileiras. No primeiro número, o destaque ficou para a Tenente Brenda Veronese, indígena de origem gaúcha. E agora, na segunda edição, o destaque fica para o indígena Sargento Kenaua, com seu jeitão viril, sua predisposição para arriscar a vida no cumprimento da lei e seu corte de cabelo tigelinha, estilo indígena. Quase um He-Man amazônico. Aparentemente, é o personagem que melhor simboliza a série.
Bão. Na primeira aventura, Os Olhos da Mente - roteiro de Oscar Kern - numa aventura contada de maneira não-linear, o Sargento Kenaua, buscando prender um índio renegado acusado de tráficar drogas, acaba sendo afetado pelo ardil do bandido - um dardo embebido com substância alucinógena - e tem uma noite dos diabos, cercado por uma série de delírios perigosos - uma luta contra um lobisomem e com a Morte. Seu parceiro Sansão tenta fazê-lo voltar à razão, antes que os delírios de Kenaua sejam fatais... a quem passar pelo caminho do índio. Combinando uma boa dose de suspense e emoção, a história, contada de maneira não linear e com quadrinização caótica e dinâmica, convida o leitor a reconstituir aos poucos o enredo, a fim de que ele faça sentido.
Mas a segunda aventura, "Epadu" - roteiro de Emir Ribeiro - é mais confusa, e exige algum esforço do leitor para que seja entendida na totalidade e/ou faça algum sentido. Na trama, um helicóptero da Brigada, em águas norte-americanas, abate com torpedos um helicóptero do FBI. O piloto do helicóptero integra um negócio de tráfico de drogas, disfarçado como um piloto da Brigada - enquanto isso, o verdadeiro piloto, que possui uma íntima ligação com o bandido, está aprisionado por traficantes, e está prestes a ser executado. Porém, justo quando o falso piloto vai negociar com a quadrilha, o Sargento Kenaua e a parceira indígena Jandira - que não desconfiam de nada - pedem carona para a sua aldeia, visitar parentes. É através do radio do helicóptero, em conversa com o Comandante de Brigada, que Kenaua descobre a verdadeira identidade do piloto, e este resolve fugir e... enfrentar a quadrilha. E Kenaua até mesmo se agarra ao helicóptero para impedí-lo de fugir! (Quem ver a Jandira, pode achar que é a cara da Brenda Veronese. Pode criar alguma confusão, se não for esclarecido se ambas as personagens não são a mesma pessoa.)
O traço de Aelias é detalhado e expressa movimento, embora com alguma dureza. Bom traço, com excesso de linhas grossas que prejudicam um pouco os planos distantes, desajeitado em alguns trechos. Mas é como conhecemos desde o número 1 da coleção. A capa é de Wellington Santos, criador do Vulto.
Será que teremos outros números da Brigada das Selvas pela Júpiter 2? Será que outras aventuras do grupo serão localizadas nas diferentes revistas em que foram publicadas, se estas também forem localizadas? Torçamos para que sim.
O gibi pode ser pedido, pelo preço de R$ 3,00, no endereço smeditora@yahoo.com.br. Conheçam outros títulos da Júpiter 2 em http://jupiter2hq.blogspot.com.br/. Se depender de nosso apoio, entusiastas das HQ brasileiras, mais personagens clássicos brasileiros serão resgatados para as novas gerações!
Para encerrar, ilustração. E é claro que é um retrato do Sargento Kenaua by Rafael Grasel. Admito: poderia ter ficado melhor.
E continua valendo a recomendação: quem tiver mais informações sobre a vida e carreira de Aelias, nos informe, por favor.
Em breve, mais Júpiter 2 aqui no blog!
Até mais!

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