domingo, 26 de janeiro de 2014

História das Histórias em Quadrinhos - 3a edição - parte 3

Olá.
Hoje, continuaremos com a série História das Histórias em Quadrinhos, 3a edição revista e ampliada. Muito mais nomes e fatos!
E hoje, a jornada continua com os anos 50 e 60.



DÉCADA DE 50
Na Europa e no Japão, a crise nas HQ estava praticamente superada, mas, nos EUA, a indústria é paralisada por conta da rigorosa censura do período macarthista (1950 – 1954) e pela perseguição aos comics, que são acusados inclusive de incitar a delinqüência juvenil. As HQ mais perseguidas pela “cruzada antiquadrinhos” foram as de super-heróis, de crime e de terror. A partir de 1954, com o estabelecimento do Código de Ética dos Comics, por conta da rigorosa censura, muitos editores acabam indo à falência, desenhistas ficam desempregados, títulos são cancelados, inclusive os de muitos super-heróis; poucos são os que resistem, e foram aqueles que já eram sucesso consolidado há tempos, como o Batman e o Superman. Representantes do período:
       ·         1949Nos EUA, Big Ben Bolt, de Elliott Caplin (irmão de Al Capp) e John Cullen Murphy; No Chile, Condorito, de Pepo (René Rios);
·         1950Nos EUA, Peanuts (Minduim), de Charles Schulz, o “Freud dos Comics” (nessa tira, surgem os célebres personagens Charlie Brown e Snoopy. De um início pouco promissor, em apenas sete jornais no primeiro ano, Schulz acaba se tornando o cartunista mais bem pago do século XX); Beetle Bayley (Recruta Zero), de Mort Walker (no início uma tira sobre a vida na universidade, mas que evolui para a mais conhecida sátira às instituições militares dos EUA);
·         1951Nos EUA, Dennis, the Menace (Dennis, o Pimentinha), de Henry “Hank” Ketcham (o personagem ganha, com o sucesso que fez, uma série televisiva em 1959, uma de desenho animado em 1988 e duas adaptações cinematográficas, em 1993 e 1998); Cisco Kid, de Rod Reed e do argentino José Luis Salinas, pela King Features Syndicate, é a mais bem-sucedida tentativa de quadrinização do célebre personagem literário de O’Henry, criado em 1929 (houve pelo menos duas tentativas anteriores a Salinas, uma em 1944, pela Comic Books, por John Giunta, e outra em 1950, pela editora Dell Comics, com roteiros de Rod Reed e desenhos de Robert Jenney e Alberto Giolitti); Na Dinamarca, Ramsus Klump (Petzi), de Carla e Vilhelm Hansen; No Brasil, realiza-se a Primeira Exposição Internacional de Quadrinhos, iniciativa de Álvaro de Moya, Jayme Cortez, Syllas Roberg, Reinaldo de Oliveira e Miguel Penteado. Na exposição, foram mostrados originais de Al Capp, Hal Foster, Will Eisner, dentre outros desenhistas;
·         1952Nos EUA, surge a revista Mad, iniciativa de Harvey Kurtzmann e Bill Gaines. O humor escrachado, potencializando a sátira ao american way of life iniciada por Al Capp em Ferdinando, e pelos eight pagers anônimos, é a marca registrada da revista, que revelou artistas como Paul Coker Jr., Al Jafee, Jack Davis, Don Martin, Sergio Aragonés e Antonio Prohias. Da editora EC, a Mad foi uma das únicas a “escapar” do Código de Ética, graças a um expediente engenhoso: a revista saía no formato magazine, que não era afetado pelo Código;
·         1953Nos EUA, The Heart of Juliet Jones (O Coração de Julieta), de Elliott Caplin e Stan Drake, célebre HQ romântica; o psiquiatra Frederic Wertham publica o polêmico livro A Sedução do Inocente, obra responsável por incitar a “cruzada antiquadrinhos”, que, através de teses controversas, acusa as HQ de estimularem o crime, a violência e o homossexualismo (Wertham seria o responsável pelo famoso boato da homossexualidade do Batman); Na Argentina, Sargento Kirk, de Héctor Germán Oesterheld e Hugo Pratt. Oesterheld é considerado o mais importante roteirista argentino, e esta é apenas uma de suas obras realizadas ao lado de Pratt. Prolífico, Oesterheld trabalhou com quase todos os artistas argentinos entre os anos 50 e 70, em diversos gêneros de HQ (ver mais obras dele adiante). Com efeito, a Argentina se torna o maior centro irradiador de HQ da América Latina, já que seus artistas alcançam, ao longo do tempo, o reconhecimento do público;
·         1954Nos EUA, após uma investigação por parte do Senado Americano que relacionava a delinquência juvenil com as HQ (cuja audiência mais importante teve como principal testemunha contra elas o Dr. Wertham, e como defensor o editor da EC Comics, Bill Gaines), as editoras estabelecem o Comics Code (Código de Ética dos Comics), o conjunto de regras que bane das HQ conteúdos considerados impróprios, como a violência e o sexo. Sob esse código, as editoras deveriam submeter as revistas a uma análise antes de estas irem às bancas. Com isso, desencadeia-se, de fato, uma verdadeira crise no mercado norte-americano, que piorou quando a maior distribuidora de revistas dos EUA faliu – as distribuidoras que sobreviveram trabalham apenas com as revistas mais lucrativas, o que ocasiona o fechamento de muitas pequenas editoras. A partir daí, as editoras que conseguem sobreviver à crise só publicam historinhas insossas; Hi & Lois (Zezé & Cia.), de Mort Walker e Dik Browne (os personagens desta série aparecem pela primeira vez nas tiras do Recruta Zero. A série também é conhecida sob o nome Trixie); Na Inglaterra, surge o herói Marvelman, criação de Mike Anglo, a fim de substituir as HQ do Capitão Marvel, suspensas devido ao processo judicial entre as editoras Fawcett e DC. Nos anos 80, o personagem teria histórias escritas por Alan Moore, e, devido a direitos autorais, seria conhecido como Miracleman nos EUA. Nos anos 90, o personagem teria aventuras escritas por Neil Gaiman, e foi alvo de diversas ações judiciais por conta de direitos autorais, até ser finalmente comprado pela Marvel Comics em 2009; No Japão, surge a revista Nakayoshi, um dos mais importantes títulos de mangá para garotas (shoujo mangá, estilo caracterizado pelas histórias românticas e sentimentais e pelo desenho esguio e estilizado), pela editora Kodansha. Esta revista foi precedida, no mesmo ano, pela Monthly Ribon, considerada a pioneira no gênero. Outros títulos shoujo importantes, lançados posteriormente, são as revistas Ribbon (lançada em 1955 pela editora Shueisha), Lala (1976) e Hana to Yume (1974, editora Hakusensha);
·         1955Nos EUA, com a criação do herói Caçador de Marte, pela DC Comics, inicia-se a chamada Era de Prata dos super-heróis, marcada pelas reformulações de muitos personagens clássicos. Entre os “beneficiados”, estão o Flash e o Lanterna Verde, que ganham identidade, visual e origem novos;
·         1956Nos EUA, Mary Perkins on Stage (Glória), girl strip de Leonard Starr; Jules Feiffer inicia uma série de cartuns, chamada simplesmente Feiffer. Ex-assistente de Will Eisner, a obra de Feiffer, em sua boa parte, é caracterizada pelo pessimismo, mas sempre captando o espírito dos tipos urbanos de sua cidade natal, Nova York. Dentre suas HQ, também se destacam Munro e Passionella. Feiffer também é autor de roteiros de cinema e de livros infanto-juvenis, tais como Um Zoológico no Meu Quarto, O Homem no Teto e Na Beira da Estrada; No Japão, Tetsujin 28-go (Gigantor), de Mitsuteru Yokoyama, mangá precursor do gênero mecha (com histórias envolvendo robôs gigantes e máquinas de combate), muito popular naquele país. Mas os mechas se popularizariam a partir de 1979, com Gundam, série de anime criada por Yoshiyuki Tomino e Hajime Yatate (que viraria mangá posteriormente). Em 2009, é construída uma réplica em tamanho gigante de Gigantor na cidade de Kobe;
·         1957Nos EUA, Miss Peach, de Mel Lazarus (criador, também, de Mãe), outra série sobre crianças inteligentes, na mesma linha dos Peanuts de Schulz; Na Argentina, Hector Oesterheld inicia duas séries: El Eternauta, com arte de Francisco Solano López, e Sherlock Time, a primeira parceria do roteirista com o uruguaio radicado em Buenos Aires Alberto Breccia; nesse ano, Yoshihiro Tatsumi começa a publicar sua obra – que inclui, entre outros títulos, Mulheres, Good-bye and another stories e a autobiografia A Drifting Life. Foi ele que cunhou o termo gekigá (nome que significa quadrinhos dramáticos, estilo também conhecido como mangá underground), que define os mangás dirigidos ao público adulto, de temática mais realista e pouco estilizada, sem traços de humor, estilo até então inexplorado pelos autores – os mangás, na época, eram dirigidos fundamentalmente ao público infantil. O gekigá equivale aos quadrinhos “adultos” ocidentais. Outros autores importantes desse movimento foram Takao Saito, Kazuo Koike, Ryoichi Ikegami e Katsuhiro Otomo;
·         1958Nos EUA, B. C. (A. C.), de Johnny Hart; em uma história do Superboy, na revista Adventure Comics # 247, é introduzida a Legião dos Super-Heróis, por Otto Binder e Al Plastino, um dos maiores grupos de super-heróis da editora. A equipe, que contava com o próprio Superboy entre seus membros, viveria sua fase mais popular em 1966, quando passou a ser escrita por Jim Shooter (então com 14 anos), um dos mais talentosos roteiristas de HQ de super-heróis, porém polêmico como editor das editoras DC e Marvel;. Na Inglaterra, Andy Capp (Zé do Boné), de Reg Smythe; Na Espanha, Mortadelo y Filémon (Mortadelo e Salaminho), de Francisco Ibañez (os personagens ganham adaptação cinematográfica em 2003, por Javier Fesser); na Bélgica, aparecem pela primeira vez os Smurfs (inicialmente, Schtroumpfs), criação de Peyo (Pierre Culliford), dentro de sua série Johan et Pirlouit, na revista Spirou;
·         1959Nos EUA, Sgt. Rock, de Robert Kanigher e Joe Kubert; Na França, Boulle e Bill, famosa boy-dog strip de Jean Roba e Maurice Rosy; surge a célebre revista Pilote, onde nascem Asterix, de René Goscinny e Albert Uderzo (com a morte de Goscinny em 1977, Uderzo acumula as funções de roteirista e desenhista da série; além disso, o personagem ganhou, além de vários filmes longa-metragem de animação, três filmes em live action, em 1999, 2002 e 2008), e Tenente Blueberry, de Jean Michel-Charlier e Jean Giraud (Moebius). É o ponto culminante do período de renascimento das HQ na Europa; No Japão, Ninja Bugeichô, de Sampei Shirato, artista considerado o patriarca dos mangás adultos; No Japão, surgem, no mesmo dia (17 de março) as revistas Shounen Sunday, da editora Shougakukan, e Shounen Magajin, da editora Kodansha, duas das mais tradicionais publicações de mangá para garotos (shounen mangá, estilo caracterizado pelas histórias carregadas de ação, sexo, violência e conceitos de amizade e superação). Sobre as revistas japonesas, cabe uma explicação: as principais revistas onde as séries de mangá são publicadas semanalmente costumam ter cerca de 300 páginas por número, impressos em papel-jornal – é costume dos japoneses jogar essas revistas fora depois de lê-las. As melhores séries são compiladas em formato livro (tankoubon), impressos em papel de melhor qualidade;

DÉCADA DE 60
Acontece uma renovação no mundo dos super-heróis: eles passam a ser representados com fraquezas humanas e, às vezes, lidando com problemas cotidianos enquanto salvam o mundo (o mais representativo desta nova tendência é o herói Homem-Aranha), o que permite a identificação com o leitor. Também se cristaliza, na época, o conceito dos anti-heróis, ou os heróis que fogem ao modelo consagrado, sejam nas intenções pouco nobres, seja no caráter violento e pouco “exemplar” – é o caso de heróis como Homem-Coisa, Hulk, Justiceiro e Wolverine. É também a época em que as HQ são vistas com seriedade, pois os europeus iniciam uma série de estudos “sérios” sobre o papel das HQ na cultura mundial. Surge nova safra de personagens femininas relevantes, algumas em histórias de cunho erótico, mas muitas delas emancipadas (em contraposição às frágeis namoradas dos heróis das décadas anteriores), ajudando a aproximar as HQ do público adulto; falando nisso, nessa época, é o início das graphic novels, os álbuns de grande apuro gráfico, que abrem um filão adulto no mercado; sem falar nas HQ underground, sintonizadas na contracultura cultivada no período (inclusive o movimento hippie), com a mistura de sexo, drogas e política em reação às imposições do mercado. Com isso, as HQ deixavam, gradativamente, de ser dirigidas exclusivamente aos jovens – as HQ underground são consideradas a gênese dos atuais quadrinhos “adultos”. Representantes do período:
·     1960Na França, surge a revista humorística Hara-Kiri, criada por artistas dissidentes da Pilote; No Japão, Kaze no Ishimaru (Samurai Kid), de Sampei Shirato, mangá no qual se baseou a clássica série de anime;
·     1961Nos EUA, Quarteto Fantástico, de Stan Lee e Jack Kirby, na revista homônima, da então editora Atlas (ex-Timely), posteriormente Marvel Comics. Lee e Kirby dariam vida a inúmeros heróis, como Homem-Aranha (Lee e Steve Ditko), Thor, Hulk (todos esses em 1962), X-Men, Dr. Estranho, Homem de Ferro (Lee e Don Heck), (esses, de 1963), Daredevil (Demolidor – Lee e Bill Everett) (esse de 1964), Pantera Negra (o primeiro super-herói negro) e Surfista Prateado (esses em 1966), além de “ressuscitar” os heróis Capitão América (que torna-se membro do grupo Vingadores, formado em 1963) e Namor, e reformular outros já anteriormente criados, como o Anjo e o Tocha Humana: a Marvel Comics, ou “Casa das Idéias” renova o gênero super-herói e agita o mercado das HQ;
·     1962Nos EUA, Little Annie Fanny, de Harvey Kurtzmann e Bill Elder, na revista Playboy, a princípio uma sátira a Aninha, a Pequena Órfã, mas que ganha identidade própria; Em uma história da revista Flash # 123, o Flash da Era de Prata (Barry Allen) encontra o da Era de Ouro (Jay Garrick), dando início, assim, ao multiverso (diversas realidades da Terra coexistindo em diferentes freqüências, e constantemente se cruzando, algo que se torna muito comum nas HQ de super-heróis); Na Itália, Diabolik, de Luciana e Angela Giussani, série precursora do gênero “policial negro”, e que, mesmo muito criticada por trazer um ladrão no papel de “herói”, fez sucesso e gerou imitadores, como Kriminal e Satanik; Na França, Haroun el Poussah ou Iznogoud, de René Goscinny e Jean Tabary; na revista V-Magazine, editada por Eric Losfeld, Barbarella, de Jean-Claude Forest, começa a ser publicada em capítulos (foi o sucesso desta série, mais tarde compilada em um álbum de luxo [que muitos especialistas tomam como marco inicial das graphic novels] que desencadeou, na Europa, o início das discussões e estudos “sérios” sobre o papel das HQ na cultura, levadas a cabo por intelectuais da França e professores da Universidade de Roma, na Itália, ao mesmo tempo em que, no rastro de Barbarella, apareciam outras séries de cunho erótico, como Scarlet Dream [1965, por Claude Moliterni e Robert Gigi], Jodelle [1966, de Guy Peelaert e Pierre Bartier], Pravda la Surviveuse [1967, também de Peelaert], Blanche Epiphanie [1967, por Georges Pichard], Epoxy [1968, por Jean Van Hamme e Paul Cuvelier] e Saga de Xam [1968, do vietnamita Nicolas Devil], todos também editados na França por Eric Losfeld. Além disso, Barbarella ganhou, em 1968, uma adaptação cinematográfica, por Roger Vadim); Na Argentina, Mort Cinder, de Hector Oesterheld e Alberto Breccia;
·     1963Na Argentina, é publicado Mundo Quino, o primeiro livro de humor gráfico de Quino (Joaquin Lavado), um dos maiores cartunistas do país. Quino também tem outras compilações de seus cartuns, publicados em diversos periódicos da Argentina e do mundo, tais como A mi no me grite, Déjenme inventar, Quinoterapia e Que mala es la gente!; No Japão, Eito Man (Oitavo Homem), de Kazumasa Hirai e Jiro Kuwata, mangá que gerou a célebre série de anime;
·     1964Nos EUA, O Mago de Id, de Johnny Hart e Brant Parker; a editora Warren Publishing, de propriedade de Jim Warren, lança nesse ano a revista Creepy, em formato magazine, que renova o gênero terror, hostilizado desde a cruzada antiquadrinhos. A editora, que também ficaria célebre pelos títulos Eerie (“irmã” da Creepy, que apareceu no ano seguinte, no rastro do sucesso da antecessora) e Vampirella, publica histórias produzidas por artistas como Joe Orlando, Steve Ditko, Frank Frazetta e Reed Crandall, entre outros; Na Inglaterra, Tiffany Jones, girl strip de Jenny Butterworth e Pau Tourret; na Argentina, Mafalda, de Quino, a mais famosa kids strip do país (e também a mais crítica e politizada); No Japão, Kamui-Den (A Lenda de Kamui), de Sampei Shirato (que ganha uma continuação nos anos 80); Cyborg 009, a mais conhecida criação de Shotaro Ishinomori, criador de personagens tão prolífico quanto foi Osamu Tezuka, por isso chamado por muitos de “rei do Mangá” (dentre as muitas criações de Ishinomori, destacam-se também Skull Man e Kamen Rider [1971], que gerou a célebre franquia de tokusatsu [séries em live-action, com atores]); Pia no Shouzo, o primeiro grande sucesso de Machiko Satonaka, pioneira mulher desenhista de shoujo mangá, até então elaborado por homens – a partir de então, os shoujo mangá passam a ser elaborados quase que exclusivamente por mulheres, e é notável, pelos olhos dos personagens, quando eles são desenhados por homens ou por mulheres – enquanto os homens costumam desenhar personagens de olhos menores, as mulheres preferem desenhar olhos exageradamente grandes e brilhantes;
·     1965Nos EUA, Tumbleweeds (Kid Farofa), de Tom K. Ryan, sátira ao universo do faroeste; Fritz the Cat, de Robert Crumb, o maior artista do underground americano, criador também de Mr. Natural (Fritz the Cat ganha uma célebre adaptação para desenho animado em 1972, dirigida por Ralph Bakshi e primeira animação a ser proibida para menores de 18 anos; em resposta, Crumb mata o personagem, avesso que era à fama); Inicia-se o célebre seriado de TV do Batman, então marcado por uma fase leve e “sorridente” nas HQ. Da série, é derivado um filme lançado nos cinemas em 1966 (e hoje considerado o primeiro filme longa-metragem do personagem); Primeira aparição da Turma Titã, equipe formada pelos ajudantes mirins dos super-heróis da DC Comics, na revista The Brave and the Bold # 60, por Bob Haney e Bruno Premiani (nos anos 80, a equipe seria reestruturada, e sob o nome Os Novos Titãs, viveria sua melhor fase nas histórias escritas por Marv Wolfman e desenhadas por George Pérez); Na Itália, Valentina, a personagem erótica mais conhecida de Guido Crepax, aparece pela primeira vez dentro das histórias de Neutron; e nesse mesmo ano, acontece o Primeiro Congresso Internacional de Quadrinhos, em Bordighera (sucedido, no ano seguinte, pelo festival de quadrinhos de Lucca, um dos mais importantes do mundo. É no festival de Lucca que é entregue o Yellow Kid, uma das mais importantes premiações para HQ do mundo [o Yellow Kid foi considerado o “Oscar” das HQ antes da instituição do Prêmio Eisner]); surge, também na Itália, a célebre revista humorística Linus;
·     1966No Japão, Mach Go Go Go (Speed Racer), de Tatsuo Yoshida, que gerou a célebre série de anime (em 2008, a série ganhou uma adaptação cinematográfica produzida nos EUA, por Andy e Larry Wachowski); Estréia o anime Mahou Tsukai Sally, criação de Mitsuteru Yokoyama, série precursora do gênero Mahou Shoujo (meninas mágicas). Representantes famosas, nos mangás, desse gênero são as séries Sailor Moon e Sakura Card Captor; Hani Hani no Suteki na Bouken (Honey Honey), de Hideko Mizuno, discípula de Osamu Tezuka e grande nome dos shoujo mangá;
·     1967Nos EUA, Redeye (Touro Sentado), family strip de Gordon Bess; Phoebe Zeit-Geist, de Michael O’Donoghue e Frank Springer, célebre HQ de erotismo sadomasoquista que pega carona nas obras eróticas editadas na França por Eric Losfeld; Freak Brothers, de Gilbert Sheldon, outro artista underground bastante representativo; O conglomerado Kinney National compra os estúdios cinematográficos Warner Bros e a DC Comics, fundindo as duas. Em 1969, após um escândalo de corrupção, a Kinney é rebatizada como Warner Communications. Desde então, é a Warner quem coordena as adaptações dos personagens da DC Comics para outras mídias (filmes, desenhos animados, games, etc.); Na Bélgica, Valérian – Agente Espacio-temporal, de Pierre Christin e Jean-Claude Mézières, na revista Pilote; Na Itália, na revista Sgt. Kirk, aparece pela primeira vez o marinheiro Corto Maltese, criação de Hugo Pratt, cujos álbuns inauguram o chamado “romance em quadrinhos”;
·     1968Nos EUA, surge a revista Zap Comics, iniciativa de Robert Crumb, realizando a síntese da contracultura nas HQ. Entre os colaboradores da revista, estão Crumb, Sheldon, S. Clay Wilson, Robert Williams e Rick Griffin; O desenhista Neal Adams assume a arte do personagem Batman, devolvendo-lhes o aspecto sinistro, como em suas primeiras histórias; Na Argentina, Che, biografia do guerrilheiro Ernesto “Che” Guevara, por Hector Oesterheld e Alberto e Enrique Breccia (essa HQ, no entanto, foi um dos motivos que determinaram o “desaparecimento” de Oesterheld pela ditadura argentina, em 1977. A obra foi apreendida, mas republicada recentemente); No Japão, Golgo 13, de Takao Saito, o mangá mais longevo de todos os tempos; surge a revista Shounen Jump, o mais conhecido título de shounen mangá do país, pela editora Shueisha (é nessa revista que surgiram os principais sucessos do mangá e, posteriormente, do anime japonês, como Cavaleiros do Zodíaco, Dragon Ball, Video Girl Ai, Yu-Gi-Oh!, One Piece e Naruto);
·     1969Nos EUA, o artista underground Denis Kitchen cria a editora Kitchen Sink Press, importante publicadora de quadrinhos do underground estadunidense, como a obra de Robert Crumb, compilações do Spirit de Will Eisner, e Omaha the Cat Dancer, de Reed Waller e Kate Worley, além da importante revista de HQs independentes Death Rattle; No Japão, Kozure Okami (Lobo Solitário), de Kazuo Koike e Gozeki Kojima (essa HQ, na década de 80, seria o responsável pela entrada dos mangás japoneses no ocidente), Fire!, de Hideko Mizuno (shoujo mangá que revoluciona o gênero com a inclusão de temáticas adultas), e Doraemon, de Fujiko F. Fujio (pseudônimo usado pela dupla Hiroshi Fujimoto e Motoo Abiko), um dos mais famosos mangás infantis do Japão.


Na próxima postagem, os anos 70 e 80.
Para encerrar, mais um cartum clássico meu sobre o ato de desenhar. Já foi publicado antes, mas é mais para lembrar da 1a edição, de 2008.
Até mais!

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