sábado, 26 de junho de 2010

VELTA E RAIO NEGRO - Dois Super Heróis

Olá.
Há alguns dias atrás, adquiri algumas revistas da editora Júpiter II, do lutador José Salles. Além de O Gaúcho, já comentado aqui, recebi também os dois números do crossover entre VELTA E RAIO NEGRO.
Neste momento, falarei do número 1 deste crossover interessante entre dois heróis brasileiros.

Para começar, aos desavisados, é preciso saber o seguinte: Velta, a sensual loiraça de dois metros e vinte de altura e que pode soltar raios por qualquer parte do corpo foi criada em 1973 pelo paraibano Emir Ribeiro; já o Raio Negro, o astronauta brasileiro que recebeu seus poderes de um alienígena, foi criado em 1965, pelo já falecido Gedeone Malagola.
Quem conhece os quadrinhos brasileiros sabe de cara quem eles são. Pois Raio Negro teve suas histórias, publicadas inicialmente pela Gráfica Editora Penteado (GEP), republicadas pela editora Júpiter II/SM Editora; já Velta - nascida com o nome Welta - segue sendo produzida e publicada pelo próprio Emir Ribeiro, que inclusive já publicou desenhos no exterior. Para conhecer a obra dele, visitem o site pessoal do paraibano: http://www.emirribeiro.com.br/. Neste site, também é possível adquirir as publicações dele.
Bem; VELTA E RAIO NEGRO foi produzido pelo próprio Emir Ribeiro - com a autorização de Malagola. Segundo conta Emir Ribeiro no posfácio desta edição, o crossover entre Velta e Raio Negro foi idealizado em 1989, e Malagola autorizou esse encontro de personagens em uma carta bem curta. Mas infelizmente, Malagola não viveu o suficiente para ver o crossover realizado: acamado desde um acidente que o deixou imobilizado, mas sem parar de trabalhar, Malagola faleceu em 15 de setembro de 2008. VELTA E RAIO NEGRO seria publicado pela editora Júpiter II em dezembro do mesmo ano.
Bem. VELTA E RAIO NEGRO tem texto e arte de Emir Ribeiro, e a capa é de Marco Santiago (lápis) e Emir Ribeiro (arte-final). Nesta primeira história, temos como convidada especial outra personagem de Emir Ribeiro: a andróide Nova.
ANTES DE PROSSEGUIRMOS...

Nova também é criação, como já disse, de Emir Ribeiro, um especialista em criar heroínas sensuais - mas ele insiste em fazê-las com alguns problemas de anatomia, o que deve justificar em parte as críticas feitas por detratores do trabalho do paraibano. Quer dizer, não que eu esteja criticando o trabalho de Ribeiro, só chamando a atenção para um fato. Mas nem só de mulheres é feita a obra de Ribeiro: ele também inclui, entre suas criações, o índio Itabira.
Eu li, inclusive, a história que conta a origem de Nova, na revista Andróide no. 2, publicada pela editora Press por volta de 1986. Mas a personagem foi criada em 1976. Nova Bruno Soares - criada em homenagem a uma falecida amiga de Ribeiro - era uma moça de cabelos negros e curtos desenganada pela medicina, condenada a morrer de câncer pulmonar pelo abuso de cigarros; até que ela conhece um cientista europeu, o Dr. Zeiss Zenkiev, que propõe um método curioso para salvar a vida da moça: transferir seu cérebro e seu coração para o corpo de uma andróide. Esse corpo é uma imitação perfeita de um ser humano desenvolvida por Zenkiev e um colega, que faleceu antes de concluí-la. Naturalmente, Nova autoriza a cirurgia, e passa a viver dentro do corpo cibernético.
Nova, agora sob a aparência de uma bela mulher ruiva, tem uma força enorme, grande resistência e não precisa comer nem beber - mas precisa recarregar sua bateria a cada dois dias. Nova já participou de algumas aventuras junto com Velta. E é a primeira personagem de Ribeiro calcada na fantasia delirante dos super-heróis depois de Velta.
VOLTANDO À HISTÓRIA...
No entanto, para construir o crossover entre Velta e Raio Negro, Ribeiro resolveu brincar com o conceito de realidade alternativa - algo que é muito comum nos gibis das editoras americanas Marvel e DC. É assim: personagens de universos ficcionais diferentes acabam se cruzando para viver uma mesma aventura. Mas as histórias construídas nessa base costumam seguir o clichê básico: herói-encontra-herói, herói-acha-que-herói-é-vilão, herói-luta-com-herói, herói-se-une-a-herói-para-lutar-com-inimigo-comum.
Não é o caso de VELTA E RAIO NEGRO. Os dois se encontram,sim. Porém, utilizando esse conceito de realidade alternativa, Ribeiro reconstruiu a origem de Nova, que é a peça-chave para o encontro dos dois heróis.
Na história de VELTA E RAIO NEGRO no. 1, Nova era a repórter Sandra Bruno Soares (que já havia aparecido numa história anterior de Velta), que se encontra com um estranho homem que lhe passa informações sobre estranhas atividades que ocorrem em um lugar afastado da cidade de Lagoa Pacífica. Sandra pede a ajuda de Velta para ajudar a investigar. No mesmo instante, o Raio Negro é convocado para investigar o tal caso estranho.
Sandra, disfarçada com uma peruca ruiva que cobre seus cabelos negros e curtos, segue estranhas instruções do tal homem misterioso para chegar até um disco voador ocupado por estranhos seres robóticos. E o tal homem misterioso - que não é ninguém menos que o Capitão Op-Art, inimigo mortal do Raio Negro - provoca a morte de Sandra por envenenamento, e a conduz até o disco voador, onde os seres robóticos promovem a transformação da moça em andróide - tudo sob a supervisão do Dr. Zenkiev, que também havia sido contatado pelos alienígenas. Op-Art objetiva aprender os segredos para a fabricação de andróides para um de seus malignos planos de dominação do mundo. Já Zenkiev coordena a experiência para fins pacíficos. E, naturalmente, Velta e Raio Negro precisam se unir para intervir nessa experiência.
Nesse primeiro capítulo, o que mais contou foi a intenção de Ribeiro. A história não segue um ritmo perfeito, e os dois heróis mal tiveram tempo para se apresentarem convenientemente. O ritmo da narrativa é muito acelerado. Além disso, tem também o problema do estilo "econômico" de quadrinização que caracteriza Ribeiro: ele faz suas histórias com poucos quadrinhos e diálogos em profusão.
E mais: é Nova quem mais rouba a cena nessa HQ. A participação do Raio Negro é idiossincrática, contando mais a participação de Velta. Deu a impressão de que o Raio Negro não serviu de nada para o resgate de Nova.
Legal mesmo são os textos no final do volume, onde Ribeiro fala um pouco da história deste encontro. Ilustrado pelos desenhos de Marco Santiago.
Bem, o que mais posso dizer, sinceramente? Esse crossover não ficou lá essas coisas. Como disse, o que mais contou foi a intenção de Emir Ribeiro para homenagear três super-heróis brasileiros. No caso Velta, Raio Negro e Nova.
Ah, mas a coisa melhora no segundo número deste crossover. Que eu comentarei na próxima postagem, se Deus quiser.
Para quem quiser conhecer este encontro que tem mais de interessante do que de imperdível, peçam pelo e-mail: smeditora@yahoo.com.br, diretamente com José Salles. O preço da edição é R$ 3,00. E vamos dar uma força para a editora Júpiter II, a maior incentivadora do quadrinho nacional da atualidade!
Para encerrar, uma ilustração de Velta e Raio Negro juntos. Acima, vocês viram a Nova, no meu traço. Os fãs de Ribeiro podem estranhar, mas boa intenção por boa intenção...
Peço desculpas ao Emir Ribeiro se em algum momento ofendi-lhes.
Até mais!

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