sábado, 12 de dezembro de 2009

Livro: NA PRAIA DA FERRUGEM

Olá.
Pelo segundo dia consecutivo, falo de livro.
E este é mais um livro infanto-juvenil, sobre adolescentes. Lidando, é claro, com angústias da adolescência. Ou melhor, neste caso, da pré-adolescência.
Estou falando de NA PRAIA DA FERRUGEM, escrito por Marcelo Carneiro da Cunha, autor infanto-juvenil gaúcho conhecido pela trilogia Duda - composta por Codinome Duda, Duda 2 - A Missão e Duda 3 - A Ressurreição. NA PRAIA DA FERRUGEM foi publicado pela coleção Amarração, da editora Mercado Aberto, em 1988.
O livro trata das angústias vividas por uma pré-adolescente, naquela fase em que a pessoa ainda não sente a liberdade que a adolescência proporciona, ou melhor, de um tempo em que uma pessoa, antes dos quinze anos, não passava ainda de uma criança. Claro, estamos falando da época em que a história se passa, os anos 80, quando esta foi escrita.
A personagem principal chama-se Maria, mora em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e tem 13 anos. Ela entra na pré-adolescência, sente as mudanças em seu corpo e gosta de ficar com rapazes nas festas, ainda que provoque ciúme nas amigas. Mas, aos olhos da família e da maioria das pessoas mais velhas, Maria não passa de uma criança - no entendimento dela. A menina questiona o mundo ao seu redor - as aulas de piano que é obrigada a frequentar, o relacionamento com a mãe e a irmã mais velha, o já citado ciúme das amigas, e o fato de um professor de sua escola ter sido exonerado do cargo por ter feito referência positiva às drogas. Enfim, Maria tem dificuldades de encontrar seu lugar no mundo, em tão tenra idade.
Um dia, sua vida toma um novo rumo. Em uma festa, Maria conhece um rapaz novo no pedaço, a quem ela põe o apelido de Super, um rapaz bem mais velho que ela. Para surpresa da menina, Super vai direto falar com ela. Conversa com ela de uma forma muito franca, e ainda a convida para ir a um lugar estranho para ela - um clube de jazz. Quando conhece melhor Super - que só bem mais tarde sabemos se chamar André - Maria sente o quanto o rapaz é especial: ele não a tratava como criança, tem grande cultura, é muito viajado - conheceu até Bali, na Indonésia - e é super gente fina. Também não gosta de falar vantagem, como outros rapazes do meio social de Maria gostam de fazer. Ah: e ainda dirigia seu próprio carro, um fusca que ele apelida de Dólar, devido à cor verde.
Maria não apenas gosta muito de Super, como fica fascinada com as descobertas que faz ao penetrar no mundo dele. O ápice dessas descobertas se dá quando o casal, escondido dos pais da menina, vão passar alguns dias numa praia afastada - a Praia da Ferrugem do título, localizada em Santa Catarina. A partir daí, Maria descobre mais sobre Super, faz novas amizades, e está a um passo de conhecer sua sexualidade.
A linguagem em primeira pessoa é bastante franca, sem rodeios. O leitor é obrigado a solidarizar-se com a personagem, pois o que ela pensa acaba espelhando bastante os aspectos da vida de muitos adolescentes. Apesar da evolução da tecnologia, no plano emocional a mentalidade adolescente está longe de mudar. As angústias dos adolescentes, pré ou já adolescentes, são as mesmas em qualquer época. O certo ou o errado? Qual caminho escolher? Que rumo dar à própria vida?
Não é à toa que NA PRAIA DA FERRUGEM tenha sido um dos livros mais difíceis de resenhar. Para compreender seu sentido, precisamos mergulhar fundo na mente de Maria. Precisamos voltar a ter treze anos, reviver todas as angústias da época e daí poder voltar aos quinze, dezoito, vinte, enfim, avançar devagar até voltarmos à nossa idade normal.

MOMENTO FILOSOFIA BARATA
Nós todos temos nossas angústias, nossos problemas.
Às vezes penso que a felicidade plena não existe. Os nossos momentos de felicidade vêm em partes. Grande parte de nossa vida é equilibrada entre alegrias e tristezas. Mas, se a gete se sente bem com esse equilíbrio, já é lucro. Não que seja a plena felicidade, pois não é. É a nossa maneira de viver. Por isso digo, através desse desenho:
Bem, a vida é feita de momentos felizes e momentos tristes. E não podemos lutar contra os momentos tristes: eles é que fazem os momentos felizes serem merecidos. Os momentos tristes é que fazem a gente pensar no que é importante. No que nos faz felizes. Que deixam esses momentos felizes tão... felizes.
Entendem? Não?
Às vezes, não é de bom tom se meter a filósofo, né?
Melhor deixar de tripudiar, mesmo. Eu mesmo tenho muito em que pensar nesse momento...
O mais importante é que este é o desenho mais simplezinho que já postei aqui. Não que ele realmente traga algo significativo para nossa vida, mas não é sempre que nos pegamos assim, pensando na vida, sobre uma folha de papel em branco, onde num simples risco podemos colocar todas as nossas idéias, angústias, sentimentos... enfim, onde podemos colocar nós mesmos.
Ih, fiz de novo... melhor eu ir agora.
Até mais!

3 comentários:

Unknown disse...

Li este livro há uns vinte anos atrás e jamais o esqueci... talvez por eu na época ser uma adolescente! Gostaria muito de encontrá-lo. Mas não estou conseguindo! Sabes como posso adquirí-lo?
Viviane
vivicoletto@hotmail.com

Anônimo disse...

Saudações

Escrevi um texto e por coincidência ou não, encontrei uma fotinha linda na internet e achei seu blog . Você ver o que escrevi e caso queira eu retiro a foto apenas me fale, acrescentei no rodapé seu endereço de blog.

http://aeleganciadaspalavras.blogspot.com/2011/01/normal-0-21-false-false-false-pt-br-x.html

Daniela Grimberg disse...

Li esse livro quando tinha 11 anos. Passei uma noite em claro e peguei esse livro (acho que era do meu irmão, que na época já era mais que adolescente) e li de uma só vez. Não soube muito o que pensar, mas fiquei viajando um tempão. Na verdade, lembro que achei a história meio triste, acho que porque expressa bem essa coisa da 'angústia' adolescente, que talvez eu já sentisse um pouco na época (embora haja um grande abismo entre os 11 e os 13 anos de idade, né). Mas a história ficou na minha cabeça até hoje. Ser pré-adolescente é terrível mesmo. Mas é bom saber que é normal, que todos os teus colegas de 12, 13 anos estão passando pelo mesmo inferno. Legal a resenha, Felipe. Abraço