sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Pelo Dia do Quadrinho Nacional

Olá!
Dia 30 de janeiro, para quem não sabe, é o Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos.
Essa data é conhecida dos quadrinhistas e da gente que trabalha no ramo, mas desconhecida do resto da população brasileira. Pouca gente sabe que existe um dia para homenagear as HQ brasileiras.
COMO ASSIM, HISTÓRIAS EM QUADRINHOS BRASILEIRAS?! perguntarão alguns. QUEM DISSE QUE O QUADRINHO NACIONAL EXISTE?!
Parafraseando o grande quadrinhista Henrique Magalhães: QUEM DUVIDA PERDE A VIDA!
É claro que o quadrinho nacional existe! O caso é que a maioria da população não valoriza as histórias em quadrinhos produzidas no Brasil. Na verdade, nem sabe que aqui existe vida nas HQ além da Mônica. É, se perguntar a qualquer um se conhece algum quadrinho nacional, a resposta automática é: A Mônica! Só conhecem a Mônica! Ou o Menino Maluquinho. Não sabem que temos aqui a Welta, o Raio Negro, o Garra Cinzenta, a Mirza, o Leão Negro, o Bob Cuspe... Muitos personagens bons. Aliás, muita gente duvida que o Brasil possa produzir entretenimento de qualidade.
Tá, é certo que EUA, Europa e Japão produzem material de qualidade. Mas o Brasil também!
Não que eu esteja desmerecendo o trabalho estrangeiro. Ao contrário de alguns críticos, não considero o quadrinho estrangeiro uma porcaria; gosto muito das HQ européias - Asterix, por exemplo - e dos mangás japoneses. Já os comics americanos, nem me interesso muito em adquirir - no máximo, tiras clássicas de Recruta Zero, Peanuts, Calvin, Garfield, Hagar, enfim, de personagens consagrados há tempos. Eu só não me interesso sobre os super-heróis DC e Marvel. Nem me interessa saber o que o Superman ou os X-Men nesse momento estão fazendo para salvar o mundo mais uma vez.
Como eu ia dizendo, não desmereço o material estrangeiro, que tem muita coisa de qualidade. Mas também não desprezo as HQ nacionais. Quando posso, compro HQ brasileira. Claro que compro, às vezes sem nem pensar duas vezes.
Só o que dá pena é que tantos artistas de HQ brasileiros não possam viver de seu trabalho - têm de exercer atividades paralelas, como publicidade, para fazerem o que gostam sem morrer de fome. Ultimamente, as HQ nacionais têm sobrevivido graças às publicações alternativas e às adaptações de obras literárias para HQ. O Brasil infelizmente não consegue se sustentar com as criações originais e dificilmente encontramos HQ nacionais nas bancas - que não sejam a Mônica. Só em lojas espacializadas e livrarias, ou mersmo na internet, esta ferramenta que têm salvado a pele de tantos artistas marginais.
Bem, eu só estou replicando críticas feitas por outros artistas que reclamam deste descaso com as HQ brasileiras. Afinal, artista também sou. E me orgulho dessa p(...). Mas como Raul Seixas fez, eu também resolvi dar uma queixadinha "porque sou rapaz latino-americano que também sabe se lamentar".

EXPLICANDO MELHOR:
Dia 30 de janeiro é considerado o Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos porque teria sido nesse dia, em 1869, que Ângelo Agostini, um dos pioneiros das HQ nacionais e do mundo, começou a publicar a primeira história seriada do Brasil: As Aventuras de Nhô Quim ou impressões de uma viagem à corte, no periódico Vida Fluminense. Isso, segundo pesquisa de Álvarus (Álvaro Cotrim) e Ofeliano de Almeida. A data foi instituída em 1984 (data do meu nascimento!), e, junto com a data, foi instituído o prêmio Ângelo Agostini, uma das mais importantes premiações para as HQ brasileiras - mas que não é mais importante que o prêmio HQ MIX.
Nhô Quim trata das aventuras de um homem "do campo" que visita a cidade do Rio de Janeiro. Na verdade, nem chega a ser um tema novo, visto que muitos humoristas aproveitaram esse mote com o passar dos anos.
Agostini é italiano de nascimento, mas chegou ao Brasil em 1859 e trabalhou aqui até o final da vida. Além do Nhô Quim, Agostini acumula outro trabalho seriado importante: As Aventuras de Zé Caipora, um "anti-Nhô Quim", já que o personagem título é um citadino que vive aventuras no campo depois de passar desventuras na cidade nos primeiros capítulos. Agostini ainda fundou a Revista Ilustrada, uma das mais influentes publicações de humor do Segundo Reinado Brasileiro, e criou o logotipo da revista O Tico-tico, a primeira publicação infantil brasileira a publicar HQ - o nosso primeiro gibi, portanto.
Aliás, Gibi, antes de 1939, era uma denominação para garotos negros - e, ainda hoje, em Santa Catarina, é apelido para o doce conhecido como pé-de-moleque. Em 1939, Roberto Marinho - o finado dono da empresa O Globo de jornais - começa a publicar O Gibi, a mais popular publicação de HQ do Brasil, e consequentemente passou a denominar qualquer publicação de Histórias em Quadrinhos no Brasil - do infantil ao adulto, às vezes até mesmo os álbuns e coletâneas de tiras formatinho.
Logo, é legal lembrar que aqui tivemos, temos e teremos HQ de qualidade. Principalmente, que TEMOS Histórias em Quadrinhos. E que tivemos uma história das HQ para contar.
Falando nisso, ano passado publiquei aqui uma História das HQ no Brasil. Procurem aí, nos posts de setembro de 2009. Oito partes.
Ou, se quiserem, podem adquirir a versão completa em formato documento do Word. É só pedirem pelo e-mail: rafaelgrasel@yahoo.com.br.
ALIÁS...
Querem conhecer um artista brasileiro de qualidade? Acessem o website - ou melhor, os dois websites do Spacca: http://www.spacca.com.br/ (site "oficial") e www.spacca.com.br/perfil/perfil.htm (SPACCA TUTTO). E conheçam o trabalho desse artista e historiador nacional que nos faz sentir orgulhosos de ser brasileiros. E artistas. Falo pelos artistas nacionais.
LETÍCIA
Feliz Dia Nacional dos Quadrinhos aos quadrinhistas brasileiros, reconhecidos ou marginais, que estiverem lendo este post - e aos que não estiverem lendo também!
Para encerrar, e comemorando esse dia, um arco inédito de Letícia! Faz tempo que não publico arcos de Letícia... Em breve, leiam também no Quadritiras (http://www.quadritiras.com.br/).
Prestigiem os Quadrinhos nacionais!
E até mais!

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