quinta-feira, 24 de junho de 2010

HISTÓRIA DO LIXO

Pesquisa de Rafael Grasel.

Olá.
Hoje, nós vamos falar um pouco da história do lixo.
Vocês podem não acreditar, mas o lixo que produzimos diariamente em nossas residências e locais de trabalho, e que atualmente tem se constituído em um sério problema para o meio ambiente e para o ser humano, sim, tem uma história para ser contada. Na verdade, a história do lixo confunde-se com a história do ser humano. O lixo é uma das formas de como estudar a civilização humana, sabiam?


NOS TEMPOS ANTIGOS
A história do lixo inicia-se ainda na época das cavernas. Desde o início da história, o ser humano produzia lixo. Mas, na Idade da Pedra, a quantidade de lixo produzida ainda era pequena e sua reciclagem se dava naturalmente. Afinal, tratavam-se quase que basicamente de restos de alimentação (como ossos de animais), cadáveres e utensílios feitos de pedra, metal e argila, como as pontas de flecha e os cacos de vasos de cerâmica.
Os arqueólogos dão uma enorme importância ao lixo encontrado nas ruínas de antigas cidades ou povoados. Os objetos e restos encontrados, bem estudados, revelam os hábitos e costumes dos povos antigos, tais como a alimentação. No litoral brasileiro, principalmente nos estados do Sul, é comum a presença de sambaquis, que são montes de resíduos deixados por antigas civilizações. É nos sambaquis que, junto com ossos de peixes e de outros animais e conchas, se encontram objetos como os citados acima.
Vocês já pararam para pensar, então, que um dia, os futuros arqueólogos de, digamos, mil anos à frente, ao estudarem a nossa civilização, podem vir a escavar e estudar o nosso atual lixo? Assim, as garrafas de plástico ou garrafas de vidro (por exemplo) jogadas no ambiente podem acabar se transformando em fontes de estudo para futuros arqueólogos conhecerem os hábitos dos humanos dos dias que correm – já que esses materiais levam séculos para se decompor.
A produção de lixo começou a aumentar mesmo com o surgimento das cidades e com o aumento populacional. Os grandes agrupamentos humanos passaram a não mais se mudar de um lugar para outro. Assim, o acúmulo de resíduos passou a ser um problema.
Um dos primeiros registros de controle do lixo data de 500 a. C., na Grécia. Os primeiros lixões dos arredores da cidade de Atenas atraíam ratos, baratas e outros insetos indesejáveis. A solução foi cobrir o lixo com camadas de terra, e os gregos, assim, inventaram o que hoje chamamos de aterro controlado. No entanto, esse lixo era basicamente composto por restos de comida e de tecidos das vestimentas – ou seja, o lixo da antiguidade era quase todo orgânico.

COM O PASSAR DO TEMPO...
Durante a Idade Média européia, o destino do lixo ficava a cargo de cada um. Além de restos de comida, o lixo passou a ser também constituído de excrementos de animais e humanos. Não havia ainda o que chamamos hoje de saneamento básico – antes da invenção dos vasos sanitários e do sistema de esgoto, os excrementos poderiam, por exemplo, serem atirados nas ruas das cidades, onde eram arrastados pela água das chuvas (imaginem o cheiro...). Por isso, a Idade Média foi muito marcada por epidemias de doenças sérias, como a peste bubônica ou Peste Negra, cuja causa está diretamente relacionada ao lixo – afinal, é no lixo que se alimentam os ratos, cujas pulgas são os vetores da peste bubônica. E durante muitos séculos, as doenças infecciosas foram um grande incômodo para a população – mas não havia preocupação para com o lixo, uma vez que essas doenças, muitas vezes, eram atribuídas a castigos divinos.
A coisa, no entanto, começou a ficar pior com a Revolução Industrial, no século XVIII. As indústrias, cujos maquinários começaram a ficar cada vez mais avançados – afinal, já eram movidos a vapor – intensificaram o problema da poluição. Como naquela época não havia uma grande preocupação para com a natureza – os homens daquela época achavam que os recursos naturais nunca iriam se esgotar – os resíduos das indústrias eram soltos sem tratamento no ar e nas águas. Pior: com a maior produção de mercadorias, o consumo foi cada vez mais incentivado, já que ficou mais fácil – uma maior quantidade na produção de artigos industrializados resulta no barateamento dos mesmos. E, com o consumo cada vez maior – e o desperdício idem – , o lixo também foi aumentando em quantidade.
E foi mais ou menos no século XIX que começaram a aparecer os materiais cuja reciclagem é muito difícil, como o plástico, a borracha vulcanizada, as latas de conserva e o náilon. Esses materiais demoram muito para se decomporem no meio ambiente, por isso não podem ser largados em qualquer lugar.

CHEGANDO AOS DIAS DE HOJENo século XIX, quando as más condições de higiene passaram a ser vistas como um incômodo, a população buscou alternativas para a disposição final do lixo e assim como algumas mudanças de hábito com relação à higiene pessoal e das residências. Os municípios limpavam as ruas, e os engenheiros sanitários criaram novas tecnologias para reduzir custos e volume. Os óleos e gorduras eram recuperados para serem reutilizados na fabricação de sabão e velas, os incineradores geravam vapor para energia e aquecimento.
Estas mudanças são realmente muito positivas, mas vale lembrar que as preocupações com o ambiente não passavam do alcance dos olhos. Ou seja, jogar lixo no mar ou em espaços abertos longe das cidades continuava a ser aceitável. A preocupação plena com o meio ambiente só apareceu em meados dos anos 60 do século XX, quando pesquisas de especialistas em natureza começaram a apontar os impactos da ação do homem no meio ambiente.
Com o passar dos anos, surgem novas fontes de energia, como o petróleo e a eletricidade, e cresce a produção e o consumo de bens. Aliás, no início do século XX, inovações tecnológicas como os aparelhos elétricos e as máquinas exerciam um grande fascínio na população, e a propaganda tinha papel fundamental no incentivo ao consumo de bens. Isso aumenta muito a geração de lixo doméstico e industrial, com muito mais resíduos químicos – como os pesticidas, que se tornam populares após a Segunda Guerra Mundial como solução para o controle de pragas nas lavouras – e materiais como plástico, metais, vidro...
Na onda do consumismo, os produtos que antigamente eram feitos para durar muitos anos, hoje tem uma vida útil muito menor e, ao invés de consertar, as pessoas são incentivadas a jogar fora e comprar um modelo novo. Estamos na era do descartável, mas assim como as pessoas na Idade Média sofreram as consequências de jogar o lixo em qualquer lugar, nós estamos percebendo que consumir muito e jogar muita coisa fora está nos trazendo sérios problemas.
O principal problema atual é o chamado lixo eletrônico. São os restos de aparelhos eletrônicos como peças de computador, celulares velhos e eletrodomésticos estragados, assim como as pilhas e baterias usadas, que são jogados fora em qualquer lugar. Esse tipo de lixo contém elementos químicos pesados que podem prejudicar o meio ambiente - o mercúrio e o chumbo contidos em pilhas e baterias, por exemplo, podem penetrar no solo e contaminar os lençóis freáticos (fontes subterrâneas de água). Um grande problema é encontrar uma destinação adequada a esse tipo de lixo – uma vez que as pessoas são muito incentivadas a trocar aparelhos eletrônicos toda vez que surge um aparelho mais moderno. Uma forma de dar destino ao lixo eletrônico seria o reaproveitamento das peças.

UM POUCO SOBRE A HISTÓRIA DA RECICLAGEM...
Ainda que a reciclagem, uma solução hoje tão necessária para a problemática do lixo, possa parecer um conceito moderno introduzido com o movimento ambiental da década de 70, ela já existe de fato há cerca de milhares de anos. Antes da era industrial, não se conseguia produzir bens rapidamente e com baixo custo; assim, virtualmente todos praticavam a reciclagem de alguma forma. Os programas de reciclagem de larga escala, porém, eram muito raros: eram os moradores das casas que predominantemente praticavam a reciclagem, ou seja, reutilizavam ou consertavam produtos quebrados ou inutilizados. Em tempos antigos, a reciclagem do papel era bastante comum, pois esse material, além de fácil reaproveitamento, é de fácil decomposição no ambiente.
Nas décadas de 30 e 40, a conservação e a reciclagem se tornaram importantes na so-ciedade dos EUA e em muitas outras partes do mundo. Depressões econômicas fizeram da reciclagem uma necessidade para muitas pessoas sobreviverem, já que elas não podiam pagar por bens novos. Na década de 40, produtos como o náilon, a borracha e muitos metais eram racionados e reciclados para ajudar a suportar o esforço da guerra. A explosão econômica dos anos pós-guerra, porém, causou o fim do conservacionismo da consciência dos EUA. Até a década de 70, o ser humano ainda vivia a ilusão de que os recursos naturais eram inesgotáveis.
Não foi antes do movimento ambiental das décadas de 60 e 70 que a reciclagem novamente se tornou uma ideia corrente. Apesar da reciclagem ter sofrido alguns anos de baixa (por causa da aceitação do público e do mercado de bens reciclados estagnado), de modo geral ela aumentou ano após ano. O sucesso da reciclagem se deve à aceitação do grande público, ao crescimento da economia da reciclagem e às leis que exigem coletas recicladas ou forçam o conteúdo reciclado em determinados processos de manufatura. De fato, os materiais mais reciclados atualmente são as latas de alumínio e o papel.

Fontes:
http://www.recicloteca.org.br/inicio.asp?Ancora=2
http://ambiente.hsw.uol.com.br/reciclagem1.htm

Até mais!

5 comentários:

Unknown disse...

Ótima Matéria, Rafael!
A do "Gaúcho" de Shimamoto também foi inspiradora. Até estou pensando em ler essas HQs novamente!!! rsrsrs
Abraço!

Guilherme Hollweg disse...

Grande postagem Rafael!
É verdade, muitas vezes, por estar presente em nosso cotidiano, não damos tanta importância para o "lugar misterioso para onde vai o lixo."

Geovana Alves disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
mworms disse...

Excelente, Rafael! Bom seria se todos pensassem para onde vai o lixo.

Celi mtt disse...

Gostei muito!!
E me ajudou bastante, além de ser muito interessante, apesar de se tratar do lixo!!