quarta-feira, 20 de junho de 2012

Livro: O MÁGICO DE OZ

Olá.

Hoje, volto a falar de livro. E, desta vez, trago um livro clássico. E infantil, ainda por cima.
Para começar, este clássico é bastante conhecido desde sua publicação em 1900. Ganhou uma memorável adaptação para o cinema. Está sintonizado com as concepções pedagógicas da época em que foi escrito.
Hoje então vou falar de O MÁGICO DE OZ, de Lyman Frank Baum.

Este livro foi publicado nos EUA, em 1900, sendo um sucesso editorial até hoje. Existem inúmeras edições deste livro aqui no Brasil. A que servirá de base para esta postagem é a mais recente edição, publicada pela editora Barba Negra, cuja capa vocês podem ver abaixo.
Bem, vamos começar desde o início. O MÁGICO DE OZ (o nome traduzido é uma contração do título original, The Wonderful Wizard of Oz, "O Maravilhoso Mágico de Oz") foi publicado em 1900, por Lyman Frank Baum (1816 – 1919), escritor estadunidense. E este é apenas o primeiro livro de uma série que totaliza mais de 40 livros! L. F. Baum, como ele assinava, escreveu ao todo 14 livros da série – incluindo O MÁGICO DE OZ. Outros autores continuaram a série, e, oficialmente, são aceitos 26 posteriores ao último livro escrito por Baum. No Brasil, até onde se sabe, apenas o segundo livro, A Terra de Oz, ganhou tradução, além do primeiro.
Baum estava, no momento em que escreveu O MÁGICO DE OZ, sintonizado com as novas tendências da literatura infantil da época. Até o final do século XIX, discutia-se que as histórias infantis – sobretudo os clássicos de autores como os irmãos Grimm, Charles Perrault e H. C. Andersen – estavam carregadas de violência, moralismo excessivo e personagens pouco interessantes. Desse modo, os autores infantis deveriam renovar as histórias que escreviam, visando que elas se destinassem ao entretenimento dos mais jovens, enquanto que a função educacional coubesse à escola e à família. Hoje, as histórias infantis combinam muito função educacional, diversão, folclore, enfim, a função pedagógica das histórias infantis está vindo em primeiro lugar – mas nem sempre com resultados satisfatórios, até mesmo para as crianças.
Bem. L. F. Baum foi um dos cultivadores da função citada acima das histórias infantis. Em seus livros, ele procurou eliminar os elementos que considerava “violentos” das histórias infantis de então, como os dragões e gênios. Uma lida numa tradução integral de O MÁGICO DE OZ já nos dá alguma idéia das principais características da obra de Baum: personagens ao mesmo tempo cativantes e incomuns para sua época, fantasia nonsense, acontecimentos inesperados, uma lição escondida. Ah: e ilustrações, claro. O ilustrador da primeira edição do livro foi o também estadunidense W. W. Denslow, parceiro de Baum nos livros seguintes da série.
Bão. O MÁGICO DE OZ não havia sido escrito para ganhar uma continuação – Baum escreveu os livros posteriores em função do sucesso do primeiro. E... hã... eu preciso mesmo falar do que trata a história?
Bem, antes de tudo é preciso falar uma coisa: houve várias adaptações de O MÁGICO DE OZ para outras mídias – em 1902, o livro ganhou sua primeira adaptação, para teatro. Mas a mais memorável adaptação foi o famoso filme de 1939, dirigido por Victor Fleming e que trazia Judy Garland no papel da personagem principal da história, a menina Dorothy. Quem nunca ouviu o tema principal do filme, Somewhere over the rainbow?
Bom. A história muitos de vocês devem conhecer. Dorothy Gale era uma menina que morava numa casa simples, com seus tios, Henry e Em, e seu cachorrinho Totó em uma inóspita planície do estado do Kansas, nos EUA. Um dia, um ciclone passa pelo local, e leva a casa de Dorothy, com a menina e o cachorrinho dentro – ela não consegue entrar a tempo no porão da casa para se proteger do ciclone. O vendaval leva a casa para uma terra mágica e estranha, o mundo de Oz. E, já de cara, ela é considerada pelos habitantes do país loca, habitado pelos anões Munchkins, uma heroína – sua casa cai em cima da Bruxa Má do Leste, matando-a, e os Munchkins são libertos da escravidão.
As terras de Oz dividem-se em quatro países - o dos Munchkins, ao Leste, o dos Quadlings, ao Sul, o dos Winkies, ao Oeste, e o dos Gillikins, ao norte - , e só existem nele quatro bruxas – duas boas e duas más. Dorothy, sem querer, dá fim à Bruxa Má do Leste, e dá de cara com a Bruxa Boa do Norte, que é quem orienta Dorothy a ir para a Cidade das Esmeraldas, que fica no centro de Oz. É lá que mora o Mágico de Oz, considerado o mágico mais poderoso do local, e o único ser que pode, naquele momento, realizar o maior desejo de Dorothy: voltar, ela e Totó, para o Kansas – para casa, em suma. E, desse modo, Dorothy e Totó seguem a Estrada de Tijolos Amarelos em direção à Cidade das Esmeraldas. Ah: Dorothy troca seus sapatos pelos sapatinhos prateados (no filme, eram sapatos vermelhos de rubi; no livro, são prateados) da finada Bruxa, que terão importância no decorrer da narrativa.
No meio do caminho, Dorothy vai encontrando os seus principais parceiros de jornada: o Espantalho, que deseja um cérebro; o Homem de Lata, que deseja um coração; e o Leão Covarde, que deseja coragem. Ao longo da narrativa, conhecemos um pouco do passado e da motivação desses companheiros de Dorothy: o espantalho foi montado por um fazendeiro Munchkin para espantar os corvos, e é porque eles já não se espantam mais com ele que o ingênuo e atrapalhado Espantalho deseja um cérebro; o Homem de Lata era um lenhador que teve seu machado amaldiçoado, e cujas partes do corpo foram sendo gradualmente substituídas por partes de metal – ele deseja um coração para compensar a perda do outro, em função de uma paixão irrealizada; e o Leão Covarde, para poder se proclamar rei dos animais, deseja ter coragem suficiente para não tremer diante das pessoas. Todos eles decidem seguir viagem com Dorothy para a Cidade das Esmeraldas na esperança que o Mágico realize seus desejos.
A aventura até a Cidade das Esmeraldas – onde tudo é (aparentemente) verde e cintilante – é cheia de desafios, como uma atrapalhada travessia de um rio e uma travessia de um campo de papoulas, flores que podem fazer adormecer e que podem ser letais. E, dos aventureiros, o Espantalho e o Homem de Lata são os mais adaptados às viagens longas, pois o primeiro é recheado de palha e o segundo é só metal; e, ao contrário de Dorothy, de Totó e do Leão, não precisam comer e nem dormir. E a viagem pela estrada de tijolos amarelos leva dias.
Mas, chegando sem muitos perigos à Cidade das Esmeraldas, o quarteto – quinteto, se contarmos Totó – já tem uma frustração: o Mágico, que (aparentemente) pode assumir diversas formas assustadoras, incumbe os aventureiros de eliminar a Bruxa Má do Oeste, a última bruxa má que restou, para que seus desejos sejam realizados. E essa aventura não se faz sem surpresas... principalmente porque a Bruxa Má conta com a ajuda de diversos auxiliares: uma matilha de lobos, um enxame de abelhas, um bando de corvos... até contar com a ajuda dos macacos alados, que afinal aprisionam os heróis. Mas é Dorothy que, sem querer, descobre um jeito de acabar com a Bruxa com facilidade. (Nessa parte, há uns trechos que soam violentos, meio que contradizendo a tese de Baum sobre a retirada dos “elementos violentos” dos contos infantis...)
Mas não pensem que acabou: ao voltar para a Cidade das Esmeraldas, os aventureiros acabam descobrindo que o Mágico de OZ, no fim, não é quem aparenta ser...
Mais não revelo agora, para beneficiar quem ainda não leu o livro ou assistiu o filme. Só conto que, mesmo após o encontro com o mágico, ainda não é o fim das aventuras de Dorothy e seus amigos. Até que a menina consiga voltar para o Kansas, muitas aventuras hão de acontecer. Ainda há que os aventureiros também contarão com a ajuda dos macacos alados, que servem três vezes ao portador de um chapéu mágico; visitarão uma cidade de porcelana; encontrarão a Bruxa Boa do Sul; e finalmente descobrirão a utilidade dos sapatinhos prateados.
Mas o que mais chama a atenção na aventura é o seguinte: a solução para os problemas que se apresentam, muitas vezes, está bem na frente dos heróis. Mas, se eles soubessem disso antes, certamente a história não teria graça. Em nome da aventura e da necessidade de adiar o final da história, os heróis só descobrem a solução para seus problemas bem no final. E que, certamente, tinham o que precisavam o tempo todo.
Ah: e saibam desde já que esta não é a única aventura vivida por Dorothy em Oz. Nos livros posteriores, a menina volta a esse mundo e vive outras aventuras, onde mais personagens e elementos são acrescentados, enriquecendo a mitologia de Oz.
Bom. De edições nacionais do livro, podem ser encontradas no mercado as publicações pela editora L&PM, coleção L&PM Pocket, e a da editora Martin Claret (esta última tem por vantagem trazer as ilustrações originais de W. W. Denslow).
Mas a edição da Barba Negra, lançada em 2011, e com tradução de Santiago Nazarian, tem menos jeito de livro infantil. Muito se deve a isso o projeto gráfico modernoso, a começar pela capa nada infantil; e, depois, pelas ilustrações modernosas – mas meio inadequadas para uma obra infantil – de Alvim, que aposta numa mistura de linhas finas, sombreado complexo e efeito de desenho tosco, a la Oscar Niemayer. Só soam meio desnecessárias as páginas em branco ao final de alguns capítulos. Esse projeto gráfico dá a esta edição de O MÁGICO DE OZ um jeitão de livro para adultos – é algo semelhante a algumas versões de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, que podem ser encontradas no mercado. Sem falar que O MÁGICO DE OZ inaugurou, em 2011, a linha Eternamente Clássicos, da mesma editora, pela qual também saíram O Fantasma de Canterville, de Oscar Wilde, e O Corcunda de Notre-Dame, de Vítor Hugo.
Seja como for, é uma boa maneira de incentivar a leitura de clássicos nesses tempos de banda larga (expressão do saudoso Millôr Fernandes referindo-se à internet). Saiba mais sobre esta e outras publicações desta prestigiosa editora em www.leya.com/.
É isso aí.
Para encerrar, eis aqui a minha interpretação dos heróis de Oz: o Leão Covarde, o Espantalho, Dorothy, Totó e o Homem de Lata. Graças ao filme, ficaram no nosso imaginário.
Fiquem agora com Judy Garland: Somewhere over the rainbow / way up high... / way up high there’s a land / that I heard once in a lullaby... (tarefinha de casa: traduzir esse trecho sem o uso do tradutor do Google).

Oh, em tempo: foi concluída hoje a republicação das resenhas das edições da revista Quadrante X no blog do Quadrinhos S. A.. Leia todas as resenhas de todas as ediçõesda revista do Núcleo de Quadrinhistas de Santa Maria no blog: http://quadrinhossa.blogspot.com.br/.
Leia também aqui o comentário que José Salles, da editora Júpiter 2, fez sobre a Quadrante X número 12, a última edição lançada.
Até mais!

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