SETE DIAS E SETE NOITES DE PRAZER - garatujas para ler com uma só mão

Olá.

Hoje, volto a falar de quadrinhos – e, ultimamente, é do que eu tenho mais falado.
Mas hoje vou pegar um pouco mais pesado: hoje vou falar de quadrinhos eróticos. Ou mais precisamente, de um quadrinho erótico feito no Brasil, por uma autora contra quem já devo ter declarado guerra.
Bem, hoje, vamos falar de sexo. Ou de: SETE DIAS E SETE NOITES DE PRAZER.

Bem. Trata-se de uma graphic novel erótica, lançada em fevereiro deste ano. Pra começar, foi publicada pela editora Heavy Sex, selo de revistas hã... eróticas do editora Minuano (já vi que é hoje que eu quebro a cara). É o provável primeiro número de uma nova série de quadrinhos eróticos. É bem a cara da Minuano, essa revista: papel jornal, qualidade gráfica mediana, capa em papel couchê.

Geralmente, os autores de quadrinhos eróticos costumam publicar sob pseudônimo, ainda mais autores menores e desconhecidos. Poucos são os que conseguem alguma notoriedade, e podem usar os próprios nomes em suas obras. E esses conseguem isso pela força de seu trabalho, como é o caso de Milo Manara, Kyo Hatsuki, Robert Crumb... Esses podem desenhar os “quadrinhos para se ler com uma só mão” e ganharem reconhecimento.

Bem. SETE DIAS E SETE NOITES DE PRAZER foi feito aqui no Brasil, e foi assinado, texto e desenhos, por Alexandra Mattos. Não conhecem?

Bem. Para quem já leu os dez números dos gibis da série Didi e Lili Geração Mangá, publicados pela editora Escala entre 2010 e 2012, já conhece o trabalho dessa ilustradora gaúcha, e sabe das atrocidades que ela é capaz de cometer quando faz seu trabalho às pressas. Alexandra Mattos atua na área dos quadrinhos e das ilustrações desde os 16 anos, quase sempre no estilo mangá. Eu mesmo, quando resenhei os gibis de Didi e Lili, ataquei violentamente as histórias desenhadas por Alexandra Mattos. Como quadrinhista, ela é melhor ilustradora. Vocês já vão entender por quê, fiquem com a gente até o fim. Para quem quiser conhecer melhor o trabalho da nossa malandrinha, visitem seus blogs: o antigo, mas ainda ativo (http://alexandramattos.artesblog.blogspot.com.br/) e o atual (http://alexandramattos.blogspot.com.br/).

Bão. Antes de tudo, aviso aos navegantes: não se deixem enganar pela capa acima. A ilustração foi tirada da internet, provavelmente. O casal que protagoniza a história é este aqui:

Bem. Sob a batuta de Mattos, temos uma história feita para casais que queiram apimentar a relação. A história dos noivos Alana e Marcelo é uma forma de apresentar aos inexperientes a arte do Kama Sutra, a conhecida arte indiana do amor. Mas, se formos limitar o Kama Sutra apenas às exóticas posições sexuais, vamos tirar todo o sentido da obra de Vatsyayana, escrita no século IV d. C.. Mas disso falamos depois.

Bem. A história começa quando a jovem Alana recebe um telefonema do ex-namorado Marcelo, que se separou dela a três anos. Os dois marcam um encontro, e, sob lágrimas, Marcelo não apenas pede a reconciliação como pede Alana em casamento. E ela aceita.

Os dois vão passar a lua-de-mel numa ilha paradisíaca no Caribe. Porém, durante os sete dias em que eles passam lá, chove forte. Isso não impede que o casal visite as lojas locais, dê uma voltinha na praia... e façam... aquilo.

Afinal, em dias de chuva, presos numa cabana, o que um homem e uma mulher têm para fazer quando são jovens, estão sozinhos e estão pelados? Não responda!

Não tendo muito o que fazer, Marcelo e Alana decidem praticar sete posições básicas do Kama Sutra. Com pequenos intervalos para jantar, dormir, tomar banho, trocar beijinhos. E, claro, temos momentos de sexo explícito, numa trama que se diz “shoujo mangá”. Um hentai suave.

Alexandra Mattos nos oferece uma trama sexual de alto astral, positiva, sem tragédias ou abusos, e muito sensual, o mais importante. É um romance com o Kama Sutra como pano de fundo. Apesar dos furos no roteiro, nas falhas e nas falas desnecessárias, a obra é apreciável em termos de roteiro. Mas a arte...

Mattos bem que tentou fazer uma arte bonita e bem-feita. Só conseguiu ser bonita. É evidente, em muitos trechos, as falhas na anatomia dos personagens, alguns desenhos feitos evidentemente na pressa, sem nem ter ganho uma revisão. A quadrinização não ficou das melhores: o dinamismo do mangá muitas vezes atrapalha a leitura e a apreciação das imagens. Some-se a isso os efeitos de cinza, em alguns trechos desnecessários. Além disso, Mattos não manteve o visual dos personagens igual por muito tempo: algumas vezes, o cabelo e o corpo dos personagens sofre algumas mudanças, e fica difícil saber que se trata do mesmo personagem. Alana é bonita, é gostosa, Marcelo é bonitão, mas a pressa no desenho prejudicou suas formas.

O melhor mesmo, da arte, são os sete pôsteres distribuídos em página única, com as sete posições do Kama Sutra. E, no fim do volume, um texto informativo sobre o Kama Sutra e as sete posições apresentadas no volume.

Para casais interessados em apimentar a relação, ou gente que lê quadrinhos eróticos procurando apenas ao sexo, sem se importar com a forma, o volume ainda pode ser encontrado com alguma facilidade nas bancas. Proibido para menores de 18 anos. Mas: será que essa tal série Eros vai ter continuidade? Só o tempo dirá.

Só desde já recomendamos: Alexandra Mattos, procure melhorar mais os seus quadrinhos. As ilustrações que você faz são ótimas, mas, por favor, estenda isso aos quadrinhos. E capriche também nos roteiros de suas histórias. Não fosse a pressa, você poderia ter tornado SETE DIAS E SETE NOITES DE PRAZER uma pequena obra-prima. Não faça o que você fez em Didi e Lili Geração Mangá! Valeu a intenção, mas poderia ter sido melhor ainda.

E isso é tudo. Aw yeah!

Para encerrar, duas incursões minhas no universo das piadas sexuais. A primeira já foi publicada aqui no blog, mas vale a pena ver de novo:

E a segunda é inédita. Baseada num cartum do desenhista Erikson, da revista Playboy. Sei que vou gerar polêmica com isso.

Só de ter falado nessa obra, sinto: quebrei a cara.

Em breve, pra quebrar ainda mais a cara, um anime hentai para vocês.

Até mais!