sábado, 17 de maio de 2014

XIRÚ LAUTÉRIO - TIGRE N'ÁGUA - A saga que ninguém esperava!

Olá.
Hoje, recomeço a falar das compras que fiz na minha última viagem a Santa Maria, RS, por ocasião da Feira do Livro.
E, pra começar, falo de álbum de um amigo. Mais precisamente, de Jorge Ubiratã da Silva Lopes, o Byrata, que no início de 2014 dividiu com Lourenço Mutarelli e Paulo Paiva o título de Mestre do Quadrinho Nacional do Prêmio Ângelo Agostini.
Seu personagem Xirú Lautério, do qual falei diversas vezes aqui no blog (saibam mais nos links ao longo da postagem), apareceu na década de 1970. Ganhou seu primeiro álbum em 1978. Mas só começou a ganhar projeção nacional a partir de 2011, com seu quarto álbum, Xirú Lautério e os Dinossauros II. Os anteriores, entre o álbum de 1978 e Os Dinossauros II, foram Xirú Lautério e os Dinossauros I (2007) e Xirú Lautério e os Centauros (2008).
O personagem teve sequências de tiras publicadas em 1986, no jornal A Razão de Santa Maria, RS. E essa sequência de tiras deu origem ao álbum Xirú Lautério Contra a Morte, publicado em 2012, compilando essas tiras.

Depois desta sequência, Byrata planejava dar continuação à saga do Xirú nos jornais, mas os planos foram interrompidos por conta do falecimento do diretor do jornal A Razão, Luizinho de Grandi. As tiras inéditas, produzidas por volta de 1993, ficaram guardadas nos arquivos do autor. O papel amarelou, mas as tiras, felizmente, já estavam finalizadas a nanquim, o que facilitou o trabalho de digitalização e tratamento dos originais no computador.
E esta sequência inédita de tiras, que começa onde terminou Contra a Morte, deu origem ao mais recente álbum do Xirú Lautério, TIGRE N’ÁGUA – UMA AVENTURA NO RIO JAGUARI, publicado em 2013, pela editora Rio das Letras, de Santa Maria – RS (mesma editora que publicou os álbuns a partir de Dinossauros II).
Quem acompanha a saga de Xirú Lautério, como eu, já conhece um segredinho: TIGRE N’ÁGUA foi citado rapidamente em Os Centauros, logo, bem antes da publicação do presente álbum. E agora, os leitores tem a oportunidade de saber como foi a encrenca em que o gauchão Xirú Lautério se meteu envolvendo um avião.
TIGRE N’ÁGUA foi apregoado, pelo autor, como a segunda parte de uma trilogia, que começa com Contra a Morte. O terceiro álbum ainda está sendo preparado pelo autor, e foi anunciado para setembro de 2014. Se os céus quiserem, nada há de impedir a chegada desse terceiro álbum. E a trilogia já assume uma trajetória pitoresca: Contra a Morte foi publicado em jornais; TIGRE N’ÁGUA – Parte 1 estava na gaveta, pronto desde 1993; e TIGRE N’ÁGUA – Parte 2 está, até o momento que escrevo, sendo desenhado por Byrata!
Bão. Antes de tudo, esta primeira parte de TIGRE N’ÁGUA se chama O Náufrago – a segunda, a ser lançada, há de se chamar O Ginete. O tal TIGRE N’ÁGUA do título é o significado de Jaguari, o nome do rio que corre na região central do Rio Grande do Sul, onde se passa a história. E é, certamente, a maior encrenca pela qual o Xirú já passou, já que, logo de saída, ele perde quase tudo: a memória, as armas e as vestimentas. Só lhes restou a vida e o modo de falar. E sua luta vai ser recuperar tudo o que perdeu.
Bem. Vamos lembrar: em Contra a Morte, o Xirú, após enfrentar a “indesejada das gentes” em pessoa, acaba caindo em um abismo, por onde passa por grandes apuros. Ele só consegue escapar porque amarrou um grande bando de corvos em um monte, e estes, suspendendo o Xirú e os seus arreios, o tiram do abismo. O final de Contra a Morte soou absurdo para quem já leu, mas quem ia desconfiar que ia ter continuação?
É nesse ponto que TIGRE N’ÁGUA começa: Lautério, ainda suspenso pelo bando de corvos, está sobrevoando o Rio Jaguari. Mas, bem nesse momento, duas desgraças acontecem quase ao mesmo tempo: alguém aponta uma arma para o Xirú e dispara; e um avião modelo Xavante colide com os corvos. Com isso, Xirú acaba caindo no rio. O avião, que perdera contato com a base, também cai.
Pouco depois, um velho pescador acaba resgatando o Xirú, seminu e sem memória, do rio. O leva para a vila onde mora e, sob o olhar das crianças locais, o desafoga. Desorientado, o Xirú não lembra nem do próprio nome. E, como a primeira parte do corpo dele que o velho tirou da água foi... hã... o seu traseiro, Xirú acaba sendo chamado de Recavém – termo usado no interior do RS que significa a parte de trás das carroças, mas também usado como como sinônimo de traseiro, nádegas, bunda, em suma.
Enquanto isso, o piloto do avião, que conseguiu saltar bem a tempo, está perdido no mato ao redor. Não suportando os mosquitos voando na sua cabeça, o piloto de sotaque carioca coloca o capacete e, num descuido, cai em uma poça de lama e sai de lá coberto da substância. Quando a garotada da vila, que estava no mato caçando tatu, encontra o piloto, o confunde com um monstro, tal a aparência. Este assusta os garotos usando um sinalizador. E tudo fica pior para o piloto quando a lama que o cobre seca.
Mas não demora muito para que o piloto encontre Lautério, que, recuperado, passa a maior parte do tempo pescando, olhando o rio... Mas, no encontro, Lautério, ou melhor, Recavém, acerta uma cacetada, com o remo do barco, na cabeça do piloto, o que tira-lhes a cobertura de lama de seu corpo. Mas, pouco depois, o piloto é resgatado por um helicóptero, guiado pelo sinalizador.
Aos poucos, Recavém, sob o olhar das crianças e do velho, vai juntando indícios para reconstituir suas memórias. A primeira é um chapéu, que aparece flutuando no rio, e com um corvo em cima. E eis que, pouco depois, uma tropilha de cavalos aparece de repente, e Recavém decide domá-los, como se lembrasse como se faz...
TIGRE N’ÁGUA tem a combinação de humor, costumes campeiros e pesquisa sobre o Rio Grande do Sul que fizeram a fama de Byrata. O desenho é no estilo que já foi observado em Contra a Morte: um traço menos “duro” que o atual, arredondado, cheio de hachuras e com maior sensação de movimento e tridimensionalidade. E, para o próximo álbum, ficam os mistérios: para onde foi o piloto do avião? Ele voltará a aparecer na trama? Quem foi que deu o tiro no Xirú? A queda de Lautério no rio foi causada pelo tiro ou pela colisão com o avião? Conseguirá Lautério recuperar a memória?
O álbum foi publicado no mesmo estilo que o anterior: capa cartonada, 21 x 30 cm de medida, 24 páginas, miolo preto e branco, com glossário dos termos usados na história nas margens das páginas, muitos anúncios dos patrocinadores do projeto. O prefácio da edição é do colega de Byrata no Grupo de Risco de Santa Maria, Máucio.
Ah: no final de TIGRE N’ÁGUA, ainda inclui uma página com explicações sobre o avião que “atropelou” o Xirú e uma historinha curta inédita de Byrata, esta sim mais a ver com o álbum, onde Xirú Lautério enfrenta uma onça. Tal como na ilustração da capa acima.
Adquiram o seu exemplar antes que esgote! Façam seu pedido pelo e-mail byrata@gmail.com. E vamos torcer para que o segundo álbum da série chegue mesmo em setembro! Apoie o quadrinho nacional!
Para encerrar, numa referência ao presente álbum, quem enfrenta uma onça agora é o meu gauchão, o Teixeirão. Ou por acaso duvidavam que ele seria capaz de pegar uma onça à unha?
Leiam as mais recentes tiras do Teixeirão no blog próprio dele: http://naestanciadoteixeirao.blogspot.com.br/. E é o mais que posso dizer no momento.
Em breve, mais novidades.

Até mais!

Nenhum comentário: