Olá.
Hoje,
recomeço a falar das compras que fiz na minha última viagem a Santa Maria, RS,
por ocasião da Feira do Livro.
E,
pra começar, falo de álbum de um amigo. Mais precisamente, de Jorge Ubiratã da
Silva Lopes, o Byrata, que no início de 2014 dividiu com Lourenço Mutarelli e
Paulo Paiva o título de Mestre do Quadrinho Nacional do Prêmio Ângelo Agostini.
Seu
personagem Xirú Lautério, do qual falei diversas vezes aqui no blog (saibam
mais nos links ao longo da postagem), apareceu na década de 1970. Ganhou seu
primeiro álbum em 1978. Mas só começou a ganhar projeção nacional a partir de
2011, com seu quarto álbum, Xirú Lautério e os Dinossauros II. Os anteriores, entre o álbum de 1978 e Os Dinossauros II, foram Xirú Lautério e os Dinossauros I (2007)
e Xirú Lautério e os Centauros
(2008).
O
personagem teve sequências de tiras publicadas em 1986, no jornal A Razão de Santa Maria, RS. E essa
sequência de tiras deu origem ao álbum Xirú Lautério Contra a Morte, publicado em 2012, compilando essas tiras.
Depois desta sequência, Byrata planejava dar continuação à saga do Xirú nos jornais, mas os planos foram interrompidos por conta do falecimento do diretor do jornal A Razão, Luizinho de Grandi. As tiras inéditas, produzidas por volta de 1993, ficaram guardadas nos arquivos do autor. O papel amarelou, mas as tiras, felizmente, já estavam finalizadas a nanquim, o que facilitou o trabalho de digitalização e tratamento dos originais no computador.
E
esta sequência inédita de tiras, que começa onde terminou Contra a Morte, deu origem ao mais recente álbum do Xirú Lautério,
TIGRE N’ÁGUA – UMA AVENTURA NO RIO JAGUARI, publicado em 2013, pela editora Rio
das Letras, de Santa Maria – RS (mesma editora que publicou os álbuns a partir
de Dinossauros II).
Quem
acompanha a saga de Xirú Lautério, como eu, já conhece um segredinho: TIGRE
N’ÁGUA foi citado rapidamente em Os
Centauros, logo, bem antes da publicação do presente álbum. E agora, os
leitores tem a oportunidade de saber como foi a encrenca em que o gauchão Xirú
Lautério se meteu envolvendo um avião.
TIGRE
N’ÁGUA foi apregoado, pelo autor, como a segunda parte de uma trilogia, que
começa com Contra a Morte. O terceiro
álbum ainda está sendo preparado pelo autor, e foi anunciado para setembro de
2014. Se os céus quiserem, nada há de impedir a chegada desse terceiro álbum. E
a trilogia já assume uma trajetória pitoresca: Contra a Morte foi publicado em jornais; TIGRE N’ÁGUA – Parte 1 estava na gaveta, pronto desde
1993; e TIGRE N’ÁGUA – Parte 2 está,
até o momento que escrevo, sendo desenhado por Byrata!
Bão.
Antes de tudo, esta primeira parte de TIGRE N’ÁGUA se chama O Náufrago – a segunda, a ser lançada,
há de se chamar O Ginete. O tal TIGRE
N’ÁGUA do título é o significado de Jaguari, o nome do rio que corre na região
central do Rio Grande do Sul, onde se passa a história. E é, certamente, a
maior encrenca pela qual o Xirú já passou, já que, logo de saída, ele perde
quase tudo: a memória, as armas e as vestimentas. Só lhes restou a vida e o
modo de falar. E sua luta vai ser recuperar tudo o que perdeu.
Bem.
Vamos lembrar: em Contra a Morte, o
Xirú, após enfrentar a “indesejada das gentes” em pessoa, acaba caindo em um
abismo, por onde passa por grandes apuros. Ele só consegue escapar porque
amarrou um grande bando de corvos em um monte, e estes, suspendendo o Xirú e os
seus arreios, o tiram do abismo. O final de Contra
a Morte soou absurdo para quem já leu, mas quem ia desconfiar que ia ter
continuação?
É
nesse ponto que TIGRE N’ÁGUA começa: Lautério, ainda suspenso pelo bando de
corvos, está sobrevoando o Rio Jaguari. Mas, bem nesse momento, duas desgraças
acontecem quase ao mesmo tempo: alguém aponta uma arma para o Xirú e dispara; e
um avião modelo Xavante colide com os corvos. Com isso, Xirú acaba caindo no
rio. O avião, que perdera contato com a base, também cai.
Pouco
depois, um velho pescador acaba resgatando o Xirú, seminu e sem memória, do
rio. O leva para a vila onde mora e, sob o olhar das crianças locais, o
desafoga. Desorientado, o Xirú não lembra nem do próprio nome. E, como a
primeira parte do corpo dele que o velho tirou da água foi... hã... o seu
traseiro, Xirú acaba sendo chamado de Recavém – termo usado no interior do RS
que significa a parte de trás das carroças, mas também usado como como sinônimo
de traseiro, nádegas, bunda, em suma.
Enquanto
isso, o piloto do avião, que conseguiu saltar bem a tempo, está perdido no mato
ao redor. Não suportando os mosquitos voando na sua cabeça, o piloto de sotaque
carioca coloca o capacete e, num descuido, cai em uma poça de lama e sai de lá
coberto da substância. Quando a garotada da vila, que estava no mato caçando
tatu, encontra o piloto, o confunde com um monstro, tal a aparência. Este
assusta os garotos usando um sinalizador. E tudo fica pior para o piloto quando
a lama que o cobre seca.
Mas
não demora muito para que o piloto encontre Lautério, que, recuperado, passa a
maior parte do tempo pescando, olhando o rio... Mas, no encontro, Lautério, ou
melhor, Recavém, acerta uma cacetada, com o remo do barco, na cabeça do piloto,
o que tira-lhes a cobertura de lama de seu corpo. Mas, pouco depois, o piloto é
resgatado por um helicóptero, guiado pelo sinalizador.
Aos
poucos, Recavém, sob o olhar das crianças e do velho, vai juntando indícios
para reconstituir suas memórias. A primeira é um chapéu, que aparece flutuando
no rio, e com um corvo em cima. E eis que, pouco depois, uma tropilha de
cavalos aparece de repente, e Recavém decide domá-los, como se lembrasse como
se faz...
TIGRE
N’ÁGUA tem a combinação de humor, costumes campeiros e pesquisa sobre o Rio
Grande do Sul que fizeram a fama de Byrata. O desenho é no estilo que já foi
observado em Contra a Morte: um traço menos “duro” que o atual, arredondado,
cheio de hachuras e com maior sensação de movimento e tridimensionalidade. E,
para o próximo álbum, ficam os mistérios: para onde foi o piloto do avião? Ele
voltará a aparecer na trama? Quem foi que deu o tiro no Xirú? A queda de
Lautério no rio foi causada pelo tiro ou pela colisão com o avião? Conseguirá
Lautério recuperar a memória?
O
álbum foi publicado no mesmo estilo que o anterior: capa cartonada, 21 x 30 cm
de medida, 24 páginas, miolo preto e branco, com glossário dos termos usados na
história nas margens das páginas, muitos anúncios dos patrocinadores do
projeto. O prefácio da edição é do colega de Byrata no Grupo de Risco de Santa
Maria, Máucio.
Ah:
no final de TIGRE N’ÁGUA, ainda inclui uma página com explicações sobre o avião
que “atropelou” o Xirú e uma historinha curta inédita de Byrata, esta sim mais
a ver com o álbum, onde Xirú Lautério enfrenta uma onça. Tal como na ilustração
da capa acima.
Adquiram
o seu exemplar antes que esgote! Façam seu pedido pelo e-mail byrata@gmail.com. E vamos
torcer para que o segundo álbum da série chegue mesmo em setembro! Apoie o
quadrinho nacional!
Para
encerrar, numa referência ao presente álbum, quem enfrenta uma onça agora é o
meu gauchão, o Teixeirão. Ou por acaso duvidavam que ele seria capaz de pegar
uma onça à unha?
Leiam
as mais recentes tiras do Teixeirão no blog próprio dele: http://naestanciadoteixeirao.blogspot.com.br/. E
é o mais que posso dizer no momento.
Em
breve, mais novidades.
Até
mais!
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