Olá.
Passei
um tempo meio deprimido, com a vida cheia de incertezas – não por causa do
governo, mas por causa de mim mesmo. Mas não posso deixar meus 17 leitores na
mão. Para retomar um pouco o ritmo deste blog, resolvo, hoje, resenhar um novo livro
de curiosidades – lançado há um ou dois anos atrás.
Muitas
vezes, aqui no blog, resenhei revistas e pequenos livros sobre cultura pop – a
maior parte deles publicada pela editora Discovery Publicações. A qualidade das
publicações da Discovery varia, da boa qualidade até a que deixa muito a
desejar.
O
livrinho de hoje é o desse segundo grupo – explicarei por quê. Hoje, então, vou
falar do ALMANAQUE ILUSTRADO DO DESENHO ANIMADO NA TV.
Este
livro, já não sei dizer quando ele foi lançado – palpito que tenha sido em
meados do primeiro semestre de 2016. Da Discovery Publicações, é claro. Já faz
um tempo que eu comprei este livro, lembro que foi em janeiro de 2017, em uma
banca de saldos. E só agora que você está falando dele, Rafael? Bem, tive
motivos para não ter feito uma explanação sobre ele antes... tempo,
compromissos extras, o fato de eu ter sido duramente criticado quando resenhei
livros anteriores... bem, isso é outro assunto...
O
ALMANAQUE ILUSTRADO DO DESENHO ANIMADO NA TV reúne, em suas 80 páginas (sem
contar a capa cartonada) coloridas e ilustradas com muitas fotos de divulgação
(todas, felizmente, adequadas), pequenos textos do jornalista e especialista em
cultura pop, Antero Leivas, aparentemente extraídos de outras publicações, sobre
o universo dos desenhos animados, tanto dos clássicos quanto dos modernos.
Apesar da qualidade variável dos textos, do mais completo e cheio de detalhes
ao muito resumido e com informação insuficiente, o livro é um bom material,
tanto para quem não está totalmente inteirado do universo da animação quanto
para os saudosistas, como eu, que passavam manhãs inteiras de sua infância
acompanhando, na TV, personagens coloridos e bidimensionais em suas aventuras não
raro surreais e que distorciam a realidade.
Leivas,
que não raro já carregou publicações inteiras nas costas, como a revista Clube dos Heróis, da editora Minuano
(ele escreveu todas as matérias de alguns números dessa publicação), discorre
tanto sobre os clássicos da animação 2D quanto faz referências a algumas
animações em 3D, atualmente o formato preferido do cinema comercial de animação
– nos dias que correm, só alguns entusiastas, pela arte e pelo desafio,
continuam desenhando os bonecos um por um, a lápis e tinta, em diferentes
poses, pintando um por um, e depois juntando tudo em uma sequência que crie
ilusão de movimento. Com o computador, tudo ficou mais fácil e rápido, mas,
passadas quase duas décadas desde que a animação 3D foi introduzida, se
estabeleceu o lugar comum e, por consequência, o encanto inicial já acabou.
Bão.
O livro é organizado em capítulos, focando personagens, trabalhos de estúdios e
outras coisas mais.
Depois
do obrigatório texto introdutório curto, o primeiro capítulo do livro é
dedicado a um breve histórico dos Estúdios Hanna-Barbera, a “General Motors da
animação”, responsável pela popularização do desenho animado para TV. Quando a
dupla William Hanna e Joseph Barbera, egressos dos estúdios da MGM, e que já
haviam alcançado um grande sucesso com a criação de Tom & Jerry, iniciaram
seu estúdio de animação, ainda vigorava a tendência dos curtas de animação
produzidos para exibição em cinemas, antes dos filmes principais. Era uma época
de crise no setor, entre outros motivos, por causa da popularização da
televisão nos Estados Unidos. A dupla viu na televisão o futuro da animação, e
foram tocando em frente apesar de dizerem-lhes que não ia dar certo. Introduziram
as técnicas que permitiram o barateamento dos curtas de animação – a conhecida
técnica de reaproveitar cenários e posições dos personagens, que limitava a
animação, mas era compensada pela qualidade dos roteiros – e dominaram o
mercado de animação até meados dos anos 1990. Com Os Flintstones, foram os pioneiros das comédias animadas adultas no
horário nobre da TV, abrindo caminho para, décadas mais tarde, séries como Os Simpsons; entre outras coisas que
tornaram esse estúdio único, enquanto esteve plenamente ativo. Outros estúdios
tinham também os seus clássicos e desenhos populares, mas, por muito tempo,
sempre correram por fora em relação à Hanna-Barbera...
O
segundo capítulo é uma breve cronologia de alguns desenhos da Hanna-Barbera. Os
desenhos referenciados tem seus enredos e algumas curiosidades explanados
detalhadamente, mas, ainda assim, a cronologia tem grandes limitações: ela
cobre apenas o “período de ouro” do estúdio – 1957 a 1967. De Jambo e Ruivão a Shazann, passando por Pepe
Legal, Manda Chuva, Dom Pixote, Zé Colmeia, Flintstones, Jetsons, Gorila
Maguila, Leão da Montanha, Wally Gator, Johnny Quest, Space Ghost,
Herculoides... Só para citar alguns. E, para piorar: nenhuma referência a Scooby-Doo, produzida nesse período! Como
pode?! E, ainda por cima, a cronologia para por aqui...
No
capítulo III, a cronologia oficial de todos os longas-metragens animados da
Walt Disney até 2013. Só o nome do filme, ano de produção e o nome original,
nenhum detalhe mais – só para efeitos de guia de referência. Cobrindo desde os
feitos em animação 2D até os inteiramente feitos em 3D, aproveitando o que foi
aprendido com a parceria com a Pixar. De Branca
de Neve e os Sete Anões (1937) a Frozen
(2013), descontando especiais para TV, filmes exclusivos para vídeo e DVD e
os filmes feitos em parceria com a Pixar.
No
capítulo IV, já lidamos com animação nacional: Turma da Mônica – Cine Gibi trata da série de animações dos
Estúdios Maurício de Sousa, que condensam e alinhavam episódios baseados em HQs
dos personagens. Mas, na explanação dos seis volumes da série Cine Gibi, o
autor (ou os editores, na pressa de diagramar o texto) se esqueceram do volume
cinco! Também há uma brevíssima explanação sobre os primeiros desenhos animados
da Mônica. De animação brasileira, é só o que tem.
O
capítulo V é dedicado a um dos personagens pioneiros dos desenhos animados em
geral, o Gato Félix. Antes de Mickey Mouse tomar o mundo de assalto, Félix era
o animal preto favorito do público – nos desenhos animados e nos quadrinhos.
Mas isso não significou sua morte: Félix conseguiu resistir ao teste do tempo e
conseguiu alguma popularidade quando foi para a televisão – mérito de Joe
Oriolo, cocriador do Gasparzinho, que foi o responsável pela série animada dos
anos 1950, que lhe deu a bolsa mágica e um elenco de apoio memorável. Hoje, o
personagem está desativado, não são produzidos mais desenhos animados com ele.
Sobrevive de reprises.
No
capítulo VI, a cronologia das produções de Hanna-Barbera é retomada – parcialmente.
Só algumas referências a produções dos anos 1980 e 1990, como Smurfs, Snorkels, Superamigos, Dois
Cachorros Bobos; e uma breve explanação sobre as primeiras produções
originais do Cartoon Network, a sucessora da Hanna-Barbera. O início de uma
novíssima e digníssima era na animação comercial. Mas a edição do livro falhou
– acabou cortando, sem intenção, o fim do texto do capítulo! Como pode?!
O
capítulo VII é carregado de saudosismo: dedicado a uma explanação breve a
respeito dos desenhos animados exibidos no SBT, um dos únicos canais
brasileiros a manter, atualmente, em sua grade matinal, as sessões de desenhos
animados – se não considerarmos a TV Cultura e a TV Brasil, que também mantém
programação lúdica. É uma memória eletrônica: o capítulo faz referências,
brevemente, sobre os mais memoráveis desenhos exibidos pelo canal, como
produções da Disney, como Ducktales, e
produções de outros estúdios que reprisaram até não poder mais, passando por Pequeno Príncipe, Nossa Turma, Kissifur,
Defensores da Terra, Fantástico Mundo de Bobby, Cavalo de Fogo, Pole Position,
Dennis o Pimentinha, Família Adams, Doug... Saudades dos anos 1980 e 1990!
O
capítulo VIII já é dedicado aos animes japoneses! Leivas explana longamente,
com várias informações sobre criação, enredo e curiosidades, a respeito de
algumas animações japonesas memoráveis e imperdíveis: Naruto, Fly o Pequeno Guerreiro, Shurato, Dragon Ball, Samurai X, Yu Yu
Hakusho, Cavaleiros do Zodíaco, InuYasha e Pokémon. Os melhores serviços já prestados pelas emissoras Globo,
SBT e Manchete ao público fã de desenhos de olhos grandes. Mas ficou faltando
produções... e Sailor Moon? E Yu-Gi-Oh? E Beyblade?
Capítulo
IX: agora, sim, uma listagem breve das produções da Pixar, antes e depois da
compra pela Disney. De Toy Story (1995)
a Toy Story III (2010) – e só
englobando as produções desse período, já que a matéria original deve ter sido
publicada em 2010 – e ninguém se deu ao trabalho de atualizar.
Capítulo
X: uma pequena recomendação de alguns curtas-metragens animados de arte
disponíveis no YouTube – uma quebra de rotina. Dez curtas-metragens animados
independentes, escolhidos como os melhores do site, em votação realizada em
2012.
Capítulo
XI: um breve histórico sobre um de meus desenhos animados favoritos da década
de 1990, As Meninas Super Poderosas, cobrindo
desde a primeira série até a animação japonesa, de 2006. A série atual, do
Cartoon Network, viria depois da publicação do livro.
Capítulo
XII: um brevíssimo – e incompleto – histórico sobre o Pica-Pau, o único desenho
clássico a resistir na televisão aberta – pelo menos até a Record fazer como a
Globo e suspender de vez os desenhos animados de sua grade.
Capítulo
XIII: um histórico sobre o marinheiro Popeye – mas levando muito mais em conta
a carreira dos quadrinhos que a dos desenhos animados. Mas está valendo – tanta
gente conheceu o personagem pelos desenhos animados, antes dos quadrinhos.
Capítulo
XIV: outra explanação incompleta, desta vez a respeito de Tom e Jerry, as
maiores referências em pancadaria animada. A explanação cobre desde o início,
nos estúdios da MGM, até o período em que os personagens voltaram para as mãos
de seus criadores originais – Hanna e Barbera – nos anos 1970. Justo aquela que
eu, particularmente, considero a pior fase.
Capítulo
XV: uma breve história dos desenhos da Warner, desde quando eles ainda não
pertenciam, oficialmente, à Warner (a série Merrie
Melodies só foi adquirida pela Warner alguns anos depois); ou melhor, é
mais a história de seus personagens-símbolo, os Looney Tunes, com foco no
Pernalonga. Não mais que isso, velhinho.
E,
no capítulo XVI e último, um breve histórico sobre o Super Mouse, outro
clássico – hoje desconhecido das gerações que estão crescendo vendo Hora de Aventura, Bob Esponja, Gumball e
Irmão do Jorel, a menos que já saibam
fuçar o YouTube.
Como
disse, é mais para saudosistas e interessados – se depender da edição em si,
dos textos com problemas de ortografia e diagramação e da sensação de que falta
alguma coisa... Ao menos a galeria de imagens escolhida não decepciona.
Atualmente,
o livro pode ser encontrado em saldos de ponta de estoque, a um preço mais
baixo que os R$ 19,90 da época do lançamento.
E
i-i-i-sso é t-t-tudo, p-p-p-pessoal, como diria o Gaguinho.
Para
encerrar, vou fazer uso de um recurso que já usei mais de uma vez: colocar
personagens meus encarnando outros personagens.
A
turma da minha personagem infantil, Letícia, desta vez, faz cosplay de alguns
personagens de uma das séries animadas mais interessantes da década de 2010: Gravity Falls, dos estúdios Disney. Com
uma combinação única de mistério, conspirações, pontas soltas que vão sendo
amarradas lentamente e muito humor escrachado, sob o selo de qualidade Disney, Gravity Falls se firma como uma das
séries de animação mais pop já produzidas. Cativante do começo ao fim – sério,
o seu episódio final foi um dos melhores já produzidos até hoje. Divide minha
preferência, nos dias que correm, com Steven
Universo, do Cartoon Network.
Bem:
aqui está: Gustinho encarnando um dos personagens principais, o garoto fanático
por mistérios, Dipper Pines; Letícia no papel da irmã de Dipper, a alegre e
deslumbrada Mabel, com aparelho nos dentes e tudo; Manél encarnando o tio de
ambos, o simpático escroque Tio Stan, administrador da Cabana do Mistério;
Aristeia no papel da musa da série, a adolescente e paixão de Dipper, Wendy; e,
à Simoninha, restou o papel de um dos pseudovilões da série, a patricinha
arrogante Pacifica Northwest, rival de Mabel. E ao Gatudo, restou bancar outro
bicho – fazer o papel da mascote da série, o porquinho Waddles – contra sua
vontade, é claro. No desenho, vocês também podem ver o vilão-mor da série, a
insana entidade lovecraftiana Bill Cipher, meio que o responsável pelas coisas
bizarras que acontecem na bucólica cidadezinha de Gravity Falls.
O
dia das crianças brasileiro está chegando, nada mais justo...
E
aguardem novidades. Em breve, já devo estar colocando as coisas nos trilhos, e
retomando o ritmo normal. O Açougueiro deverá
ser retomado em breve, e, enquanto isso, além das habituais tiras de Letícia, Bitifrendis
e Teixeirão, vou produzindo novos capítulos de meu folhetim proibido para
menores, Macário. Aliás, neste
domingo tem capítulo inédito! Mas só lembrando aos “pirralhos” que fazem parte
do conjunto de meus 17 leitores: Macário não
é recomendado para menores de 18 anos.
Até
mais!
Um comentário:
A Editora Discovery e a Geek não são mais aparentadas, o Fabio Kataoka e o filho deixaram a Discovery, mais detalhes nessa entrevista https://tonyfernandespegasus.blogspot.com.br/2017/03/saibam-todos-que-foi-de-suma.html
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