quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

História dos Quadrinhos no Brasil - 2a. edição - parte final

Olá.
Hoje, concluo a publicação da 2a. edição, revista e ampliada, da minha História dos Quadrinhos no Brasil.
Além de novas informações e ilustrações, tudo atualizado até o final de 2010, agora esta edição vem com a bibliografia, relacionando as fontes utilizadas para elaborar esse trabalho, tanto literárias quanto da internet.
Hoje, para mandar tudo para os ares de uma vez, as décadas de 90 e 2000.



DÉCADA DE 90
Essa década começa mal para as HQ brasileiras: os malfadados planos econômicos, sobretudo o Plano Collor (que faz as vendas caírem, em 1992, para a metade dos 72 milhões de exemplares vendidos no ano anterior), minam a indústria cultural brasileira, inclusive a de HQ, que paralisa. Para completar, o governo Collor extingue a Funarte (Fundação Nacional de Artes), que distribuía muitos autores nacionais. Muitos títulos, ao longo da década, são cancelados, e até a segunda metade dos anos 90, pouca coisa de relevante se produziu. Por volta de 1997, a indústria das HQ brasileiras ensaia uma retomada com as iniciativas de muitas editoras – muitos artistas da década são influenciados pelo estilo mangá, que aporta no país através da televisão e dos mangás japoneses, que nesse período são publicados no modo japonês de leitura, invertido. Outra influência para as HQ nacionais está nos jogos de RPG (Role-Playing Game), que se popularizam no país a partir dessa década; tudo isso é o germe dos chamados “mangás brasileiros”. Além disso, ainda nessa época, os desenhistas brasileiros começam a desenhar no exterior, especialmente super-heróis para as maiores editoras de HQ dos EUA (Marvel e DC), chamando a atenção dos outros países. Principais fatos do período:
• 1991 – Ocorre a I Bienal Internacional de HQ, no Rio de Janeiro. Nesse evento, é premiado Transubstanciação, de Lourenço Mutarelli, lançado neste mesmo ano, a primeira graphic novel de um dos mais premiados quadrinhistas do Brasil (Transubstanciação fatura ainda o Ângelo Agostini e o HQ MIX). Ao longo da década, Mutarelli fatura outros prêmios nacionais com álbuns como: Desgraçados (1993), Eu te amo, Lucimar (1994), A Confluência da Forquilha (1997), Sequelas (1998), e a trilogia O Enigma do Enigmo, com o detetive Diomedes, seu primeiro personagem fixo: O Dobro de Cinco (1999), O Rei do Ponto (2000) e A Soma de Tudo (dividida em duas partes: a 1 sai em 2001, e a 2, em 2002). Mutarelli ainda produz romances, como O Cheiro do Ralo e Jesus Kid, e tem passagens, diretas e indiretas, pelo cinema: seus desenhos foram inseridos no filme Nina (2004), de Heitor Dhália (passagem indireta); em 2007, o mesmo Dhália adapta O Cheiro do Ralo para o cinema (passagem direta), filme que se torna cult apesar do baixo orçamento; Andréa, a Repórter, de Aluir Amâncio, pela editora Abril, gibi voltado ao público juvenil (a série dura três números); pela editora Book, O Entrincheirado Hans Ribbentrop, graphic novel de Luís de Abreu e José Duval; Primeira aparição, na revista Almanaque Phenix Superação, da editora Phenix, do herói Vingador Mascarado, de Sebastião Seabra, artista também conhecido pelos trabalhos realizados no exterior; é publicado o livro Mangá – O Poder dos Quadrinhos Japoneses, de Sônia Bibe Luyten, pela editora Estação Liberdade, versão de sua tese de doutorado (Luyten foi a primeira estudiosa do mundo a tematizar os mangás numa tese de doutorado) que chama a atenção dos brasileiros para os mangás japoneses.• 1992 – Pela editora Vidente, aparece a revista Pau Brasil, coletânea de HQ nacionais adultas que durou 8 números. Nesta revista, foram publicadas, dentre outras, as séries Meta-Humanos, de João Pacheco, Quebra-Queixo, de Marcelo Campos, e Piratininga, de Arthur Garcia (série iniciada na revista Porrada! Special); Primeira aparição do herói Meteoro, criação de Roberto Guedes, nos círculos alternativos (o personagem foi concebido em 1987, e quase foi publicado pela editora Phenix; devido, porém, ao fechamento da editora, o primeiro número do personagem foi lançado de forma independente. O autor reformula o personagem nos anos 90 – ao todo, são três versões diferentes do herói). Guedes também é conhecido como um dos grandes pesquisadores sobre HQ do país, tendo publicado vários livros, como Quando Surgem os Super-Heróis (2004), A Saga dos Super-Heróis Brasileiros (2005), ambos pela editora Opera Graphica, e A Era de Bronze dos Super-Heróis (2008), pela HQM editora; Rocky e Hudson, do gaúcho Adão Iturrusgarai (esses personagens ganham, em 1994, um curta-metragem de animação dirigido por Otto Guerra); primeira aparição do personagem Zé Gatão, de Eduardo Schlosser (o autor publica, de forma independente, um álbum do personagem em 1997; mais tarde, em 2001, Zé Gatão ganha um novo álbum pela editora Via Lettera). • 1993 – Pela editora Vidente, sai a série Cyber – Máquinas + Heróis, de João Pacheco e Arthur Garcia. Nessa revista, são publicadas três séries produzidas pelos autores: Meta-Humanos (continuação da série iniciada em Pau Brasil), Combatrons e Super-Heróis Brás. A revista dura três números; o gaúcho Allan Sieber, pela editora ADM (Agentes do Mal), lança a revista Glória, Glória, Aleluia, vencedora de três HQ MIX (os números seguintes foram publicados pela Edições Tonto); pela editora Book, Tempos de Guerra, graphic novel de José Duval; por volta desse ano, os artistas Henrique Kipper, Marcelo Campos e Watson Portela, agenciados por uma empresa brasileira, desenham no exterior para as maiores editoras dos EUA – Marvel e DC. São eles que abrem caminho para outros brasileiros desenharem no exterior – a partir de 1995, a segunda leva provoca um verdadeiro boom brasileiro: Mike Deodato (Deodato Borges Filho), Roger Cruz, Joe Benett (Bené Nascimento), Aluir Amâncio e Emir Ribeiro são alguns deles. E a lista continua a crescer até hoje: Octávio Cariello, Ed Benes (José Edilbenes Bezerra), Ivan Reis, Luke Ross (Luciano Queirós), Daniel HDR, Fábio Moon e Gabriel Bá, Rafael Grampá... alguns dos nomes citados tiveram de ser “americanizados” para facilitar a entrada no mercado americano. O ponto alto da experiência se dá a partir do século XXI, quando alguns desses brasileiros – entre eles Benett, Benes e Reis – conseguem contratos de exclusividade com as editoras americanas (no caso dos três citados, pela DC Comics); uma das primeiras experiências editoriais brasileiras no exterior foi A Rainha dos Condenados, adaptação do romance de Anne Rice escrita por Faye Perozich e ilustrada pelo recifense Octávio Cariello, pela editora americana Innovation, célebre pelo desenhista haver se inspirado nas feições de políticos brasileiros como Fernando Collor e Delfim Netto para compor os personagens;• 1994 – Laerte Coutinho lança a revista Piratas do Tietê, pela editora Circo Sampa, estrelada por seus personagens mais célebres, que, além da série de tiras publicadas desde 1991, ganham uma adaptação para o teatro em 2003 – Piratas do Tietê, o Filme – pelo Teatro Popular do SESI (pela mesma editora, ele lança a revista Striptiras, estreladas pelos personagens mais conhecidos de sua tira: Gato e Gata, Condôminos, Hugo, Deus e muitos outros); Gatão de Meia-Idade, de Miguel Paiva (em 2005, essa HQ ganha adaptação cinematográfica, por Antônio Carlos da Fontoura); pela editora Escala, aparece Força Ômega, de João Pacheco e Arthur Garcia, que dura três números (nessa revista, também nasce Pulsar, de Garcia, que mais tarde teria histórias publicadas na revista Master Comics [ver adiante]); Esquadrilha da Fumaça, quadrinização das aventuras do Esquadrão de Demonstração Aérea da Aeronáutica, por Pacheco e Garcia, publicado pela editora Infoprint-Price, com duração de 4 números; Senninha, personagem baseado no piloto Ayrton Senna, criado por Rogério Martins e Ridaut Dias Jr., ganha gibi próprio, pela editora Abril, com relativo sucesso (no embalo da comoção gerada pela morte do piloto), uma vez que a revista era financiada pelo Instituto Ayrton Senna. A série foi reeditada em 2008, pela editora HQM; Aline, de Adão Iturrusgarai, personagem mais célebre do autor (que ganha uma adaptação para a TV em 2009, em formato minissérie, pela Rede Globo); pela editora Trama (mais tarde, Talismã), aparece a revista Dragão Brasil, editada por Marcelo Cassaro, Rogério Saladino e J. M. Trevisan, uma das mais famosas revistas de RPG do país, e da qual deriva o título Tormenta (nome da aventura oficial da revista, ambientada no mítico mundo de Arton, tema de muitas HQ e romances) e a HQ Holy Avenger. Cassaro, Saladino e Trevisan são os criadores do sistema de RPG Defensores de Tóquio, inicialmente satirizando as séries japonesas, que logo depois evoluiria para Advanced Defensores de Tóquio (AD&T), Defensores de Tóquio 3ª. Edição (3D&T), e a quarta e atual edição, 4D&T. • 1995 – O cartunista Walmir Americo Orlandelli inicia a tira Violência Gratuita, no jornal Diário da Região, de São José do Rio Preto (SP). É nessa tira que surge Grump, o personagem mais conhecido do autor; Pela editora Escala, aparece a revista Master Comics, que publicava, junto com matérias sobre entretenimento, televisão e quadrinhos, HQs de heróis de artistas brasileiros: Aton – O Cavaleiro da Estrela, de Rodrigo de Góes e Martinez; Blue Fighter, de Alexandre Nagado, e Pulsar, de Arthur Garcia. A revista dura três números; aparece Katita, uma das mais importantes personagens homossexuais das HQ brasileiras, criação de Anita Costa Prado e cujo principal desenhista é Ronaldo Mendes (em 2006, a personagem ganha um álbum – Katita: Tiras Sem Preconceito – pela editora Marca de Fantasia); aparece a versão brasileira da revista Heavy Metal, um dos mais mundialmente conhecidos títulos de fantasia, pela editora de mesmo nome (que posteriormente, mudaria seu nome para Metal Pesado, e a seguir, para Tudo em Quadrinhos (TEQ). A editora é incorporada à Fractal, e por último pela Atitude, que cancela a linha de HQ da editora; tudo isso antes de 1999, tornando a Metal Pesado/TEQ uma das editoras mais polêmicas da década, pois ela publicava no Brasil muitos títulos do selo Vertigo da DC Comics, como Preacher e Hellblazer, cancelados antes de seu término, escandalizando muitos fãs).• 1996 – Aparecem, na revista de música Rock Brigade, os personagens Roko-Loko e Adrina-Lina, de Márcio Baraldi (definidos como “os personagens mais rock’n roll dos quadrinhos”); Allan Sieber publica a tira Bifaland pelo jornal Folha de São Paulo; Fala, Menino!, tira infantil de Luís Augusto; Pela editora Magnum, aparecem duas revistas em estilo mangá: Hypercomix (que dura 11 números), de sátira a séries de TV, e Megaman (16 números), baseada no célebre personagem dos videogames, com histórias desenhadas pelos leitores (esta revista revelou os artistas Eduardo Francisco e Érica Awano);• 1997 – Dentro das Striptiras de Laerte, aparece o anti-herói Overman; Os Pescoçudos, de Caco Galhardo (Antônio Carlos Galhardo), tira onde surgem alguns dos personagens mais célebres do artista paulista, como Pequeno Pônei, Miriam Poodle e Chico Bacon; Luís Gê lança a série interativa Netxcalibur, uma das primeiras manifestações das HQ brasileiras na internet; na revista Metal Pesado, um grupo de artistas paranaenses (Alessandro Dutra, Gian Danton, José Aguiar, Antônio Éder, Luciano Lagares, Tako X, Edson Kohatsu, Augusto Freitas e Nilson Miller), numa homenagem à Gibiteca de Curitiba, lançam O Gralha, a versão atualizada de um antigo e obscuro super-herói, o Capitão Gralha, criado pelo obscuro artista paranaense Francisco Iwerten no início dos anos 40. No ano seguinte, o herói ganha uma página semanal no jornal Gazeta do Povo, de Curitiba, e estrela dois curtas-metragens de cinema, ambos dirigidos por Tako X: O Gralha – O Ovo ou a Galinha? (2002), e O Gralha e o Oil-Man – Um Encontro Explosivo (2004); por volta desse ano, a editora Trama investe nos mangás desenhados por artistas brasileiros. Alguns dos títulos que apareceram, todos no formato minissérie: Godless, de William Shibuya e Márcio Alex Sunder (4 números), Blue Fighter, de Alexandre Nagado e Arthur Garcia (remake da série publicada na revista Master Comics, 3 números), U.F.O. Team, de Marcelo Cassaro e Joe Prado (4 números) e Capitão Ninja, de Cassaro e Marcelo Caribé (3 números); aparece o fanzine 10 Pãezinhos, editado pelos gêmeos Fábio Moon e Gabriel Bá (algumas histórias desse fanzine são republicadas em uma série de álbuns: O Girassol e a Lua [2000], Meu Coração Não Sei Por Quê [2001], ambas pela editora Via Lettera, Crítica [2004], Mesa para Dois [2006] e Fanzine [2007], estas pela editora Devir); aparece, pela editora Escala, a revista Bichos do Mato, de quadrinhos ecológicos, com arte de Dadí (Inês Castro); é criada, em Porto Alegre, a Edições Tonto, editora que publica material de artistas alternativos. Uma das atrações da editora é a coleção Mini Tonto, de livrinhos de HQ, vencedora do prêmio HQ MIX de melhor projeto gráfico desse ano, que teve 17 títulos lançados, a saber: Mulher Preta Mágica, de L. F. Schiavon; Roma, de Eduardo Oliveira; Chumalocatera, de Eloar Guazzelli; Urrú, de MZK; O Apocalipse Segundo Dr. Zeug, de Fábio Zimbres; As Piadas Vagabundas do Steven, de Allan Sieber; As Primeiras Tragadas do Dia, de Sylvio Ayala; Réquiem, de Lourenço Mutarelli; 3.600 Milhas, Pedalando os Estados Unidos, de Eduardo Schaan; As Últimas Palavras, de Sieber; Pinóquio Vai à Guerra, de Elenio Pico; Dimensão Z, de Fido Nesti; Mellitus, de Jaca; JC – Duas Histórias Hereges, de Angel Mosquito; Comércio, de Guilherme Caldas; Nunca Pasa Nada, de Gabriel Frugone; e Hermes e as Charlenes, de Mariana Massarani; Marcelo Campos, Roger Cruz, Octavio Cariello, Rogério Vilella e JP Martins fundam a Fábrica de Quadrinhos, estúdio e escola de artes (que daria origem à Quanta Academia de Artes, uma das maiores escolas de arte do Brasil – mesmo depois de vários de seus sócios terem abandonado a sociedade original); aparece o fanzine Tsunami, em estilo mangá, editado por Denise Akemi, que reúne séries regulares e histórias curtas. Mais tarde, o fanzine gera uma revista: em 2000, pela editora Brainstore, (2 números), e em 2002, pela editora Talismã (5 números). Dentre os colaboradores dessa revista, além da própria Denise Akemi (e sua série Tekishin), estão: Gilson Kitsune (criador de Kiddy e Mateus e Anjos Caídos), Roberta Pares, Érica Horita (com Ethora) e outros. Algumas histórias dos personagens que apareceram nessa revista também foram publicadas na revista Dragão Brasil; A ABRADEMI promove, na Associação Shizuoka, no bairro da Liberdade, em São Paulo, o evento Mangacon II (o primeiro, promovido no ano anterior, era restrito aos membros da associação), que seria o germe dos eventos de anime e mangá – as reuniões de fãs e artistas da cultura pop japonesa – no Brasil. A ele seguem-se eventos como o Animencontro, em Curitiba, no mesmo ano, o AnimeCon, em São Paulo (1998, e considerado o maior da América Latina), o Anime Friends, também em São Paulo (2003) e muitos outros pelo Brasil, que trazem para o país grandes personalidades do cenário pop japonês, como o cantor Hironobu Kageyama, e promovem, entre outras atividades, os concursos de cosplay (pessoas fantasiadas como personagens de HQ e desenhos animados – esse tipo de concurso ganhou muita importância a partir do início do século XXI, e teve como ponto culminante o ano de 2006, quando os irmãos Mônica e Maurício Somenzari Leite Olivas ganharam o mais importante torneio mundial de cosplay, o WCS [World Cosplay Summit]). • 1998 – Pela editora Nova Cultural, aparece o gibi de Aninha, personagem baseada na apresentadora de TV Ana Maria Braga, produzido pelo Estúdio Ponkan, que durou 25 números (e gerou um spin-off, o gibi do personagem Louro José); primeira aparição da heroína Mulher Estupenda, criação de JJ Marreiro, nos círculos alternativos (essa HQ objetiva resgatar a ingenuidade das histórias de super-heróis da Era de Ouro); Franco de Rosa e Carlos Mann fundam a editora Opera Graphica, vinculada à loja Comix Book Shop, de São Paulo (a maior loja de HQ do país). A Opera Graphica foi uma das mais importantes editoras de HQ do início do século XXI, pois além de muito material estrangeiro, como os álbuns de Príncipe Valente, Fantasma, 100 Balas e Sandman, e quadrinhos clássicos sob selos como a Opera King, também lançou álbuns de autores nacionais, como as coletâneas Volúpia, Sombras e Musashi, de Júlio Shimamoto, Paralelas II e A Última Missão, de Watson Portela (este último homenageando os super-heróis de Eugênio Colonnese), O Espírito da Guerra e Mirza, de Eugênio Colonnese, Velta, de Emir Ribeiro, Lobisomem, de Gedeone Malagola, Nosferatus, de Arthur Garcia, e muitos outros – o porém era o fato da distribuição dessas publicações ter sido limitada às lojas da rede Comix (as tiragens foram limitadas a 1000 exemplares autografados pelos autores), e poucas delas terem chegado às bancas. Além disso, a editora publicou livros teóricos sobre HQ, como Anos 50 – 50 Anos, de Álvaro de Moya (sobre a Exposição Internacional de HQ de 1951), Quando os Macacos Dominavam a Terra (sobre a franquia Planeta dos Macacos) e Sexo, Glamour e Balas (sobre o agente secreto James Bond), ambas de Eduardo Torelli. A Opera Graphica fecha em 2008; Sottovoce – A Morte Fala Baixo, de Edgar Vasques; pela editora Escala, aparece a revista HQ – Revista do Quadrinho Brasileiro, coletânea de histórias adultas de autores nacionais, que durou 9 números; Xaxado, do baiano Antônio Cedraz (criador também dos personagens Joinha, Zé Bola e Pipoca. Além de várias coletâneas de tiras, em 2010 Xaxado ganha um gibi, pela editora HQM); na internet, aparecem pela primeira vez os Combo Rangers, criados por Fábio Yabu (em 2000, os personagens ganham os gibis, pela editora JBC, com duração de 12 números, e em 2002, uma segunda série, Combo Rangers Revolution, sai pela Panini, com duração de 10 números). Yabu também é conhecido como o criador das personagens Princesas do Mar, que estrearam numa série de livros iniciada em 2004, e que ganharam uma adaptação para desenho animado; Os Pleistocênicos, de Dadi; na revista Dragão Brasil, são publicadas as primeiras histórias da série Holy Avenger, nascida como uma campanha de RPG – no ano seguinte, chega às bancas o gibi homônimo, pela editora Trama/Talismã, escrito por Marcelo Cassaro e desenhado por Érica Awano. Holy Avenger é a mais bem-sucedida HQ brasileira no estilo mangá e o único gibi não-infantil brasileiro a alcançar mais de 40 números (no total, 47: 42 da série regular e 5 especiais, com a origem dos personagens principais, e sem contar o artbook [livro de ilustrações] A arte de Holy Avenger e um audiodrama [CD com uma história das HQ interpretada por dubladores] dirigido pelo ator-dublador de séries de TV Guilherme Briggs). Recentemente, a série é republicada em dois formatos: a VR (Versão Remasterizada), pela Talismã, interrompida no número 7, e a Reloaded, pela editora Mythos, interrompida no número 10. Tratam-se da série original, com retoques na arte (como aplicação de novas retículas). Além de Cassaro e Awano, também já trabalharam na série Petra Leão, Fran Elles Briggs (ambas roteiristas dos especiais da série; esta última é esposa de Guilherme Briggs) Lydia Megumi, Eduardo Francisco e Denise Akemi (desenhistas dos especiais) e Ricardo Riamonde (colorista da série regular). Em 2008, Holy Avenger foi a primeira HQ brasileira reconhecida como um verdadeiro mangá pelo governo japonês - Cassaro e Awano foram certificados por Taro Aso, Ministro das Relações Exteriores do Japão, como finalistas do 1 Concurso Internacional de Mangá, sendo os primeiros brasileiros a receber tal certificação; No mesmo ano, e na mesma editora Trama, também são lançadas: Lua dos Dragões, de Cassaro e André Vazzios (a mais premiada minissérie nacional); e duas quadrinizações de personagens dos videogames produzidas por brasileiros: Street Fighter Zero 3, de Cassaro e Awano, e Mortal Kombat 4, de Cassaro e Eduardo Francisco; Por volta desse ano, Lacarmélio Alfeo de Araújo começa a produzir a revista do personagem Celton. Lacarmélio, conhecido também pelo nome de seu personagem, também é célebre pela forma extravagante como vende as revistas pelas ruas de Belo Horizonte, e também como exemplo de perseverança dentro do quadrinho nacional (ele produz e vende a revista por conta própria até hoje). • 1999 – Pela editora Via Lettera, Crônicas da Província, de Wander Antunes e Mozart Couto (o mato-grossense Wander Antunes é conhecido pelas HQ que escreveu tanto para o Brasil quanto para o exterior – mais trabalhos dele serão citados adiante); Vida Boa, série de tiras de Fábio Zimbres, no jornal Folha de São Paulo; Adeus, Chamigo Brasileiro, de André Toral, graphic novel nascida da tese de doutorado do autor sobre a Guerra do Paraguai; Jayne Mastodonte, do baiano Flávio Luiz Nogueira, vencedor do HQ MIX desse ano de melhor publicação independente (o segundo número só sai em 2006); No jornal Notícia Agora, do Espírito Santo, aparece Tristão, de Estevão Ribeiro e Amauri Ploteixa; aparece a revista de humor Bundas (numa sátira à revista de amenidades Caras – “Quem mostrou a bunda em Caras não mostra a cara em Bundas”), editada por Ziraldo e recheada de crítica social, o primeiro ensaio para o lançamento d’O Pasquim21; é realizado, na cidade de Belo Horizonte, MG, o 1º Festival Internacional de Quadrinhos, que substitui a Bienal de Quadrinhos (cuja última edição aconteceu também em Belo Horizonte) como o principal evento de HQ do Brasil.• 2000 – Na revista erótica Total, da editora Rickdan, aparece Tianinha, de Laudo Ferreira Júnior, uma das mais conhecidas personagens das HQ eróticas do Brasil; A Fealdade de Fabiano Gorila, graphic novel de Marcelo Gaú, pela editora Conrad; Vida de Estagiário, de Allan Sieber, no jornal Folha de S. Paulo; pela editora Escala, aparece a revista Mangá – Desenhe e Publique, que objetivava promover novos artistas do mangá brasileiro, através do sistema de concurso de talentos, similar ao das editoras japonesas (no total, foram promovidos dois concursos, e a revista durou 11 números e dois especiais); por volta desse ano, aparece o gibi da personagem Luana, criada por Aroldo Macedo, a primeira heroína afro-descendente das HQ; pela editora Kingdom Comix, aparecem as coletâneas Mangá Brasil (2 números) e Aniparô (3 números), ambas produzidas pela Deadline Studio, de Daniel HDR; aparece, no fanzine Kanetsu, a série Ethora, de Beth Kodama e Érica Horita. Essa série, mais tarde, teria histórias ambientadas nesse universo publicadas na revista Tsunami, da editora Talismã, um especial, em 2004, pela mesma editora, e uma minissérie em 5 partes, Ethora – A Donzela de Ferro, pela editora Kanetsu Press; é publicada, pela editora Trama, a primeira série de Victory, de Marcelo Cassaro e Eduardo Francisco. A série ganha uma continuação (Victory II), com roteiro de Petra Leão, e um remake da primeira série, pelos mesmos Cassaro e Francisco, que foi publicada nos EUA pela editora Image, tendo sido uma das únicas HQ brasileiras a alcançar tal feito; Samir Naliato cria o website Universo HQ, o primeiro e mais conhecido site brasileiro dedicado a HQ. Atualmente editado por Sidney Gusman, o Universo HQ ganhou oito vezes consecutivas o prêmio HQ MIX; na onda dos animes e mangás, a editora Conrad lança a versão brasileira dos mangás japoneses Dragon Ball, de Akira Toriyama, e Cavaleiros do Zodíaco, de Masami Kurumada, os primeiros publicados no Brasil no modo de leitura japonês (invertido), formato que torna-se referência para a publicação dos mangás japoneses em nosso país. Atualmente, as editoras que mais investem nos mangás japoneses são a Panini e a Japan-Brazil Connection (JBC).
ANOS 2000Embora seja expressivo o número de artistas brasileiros que aparecem, ainda é difícil, nos dias de hoje, de se encontrar HQ brasileiras nas bancas – ao contrário das HQ estrangeiras, sobretudo os mangás japoneses, que além de serem os mais vendidos da atualidade, são os que mais influenciam a nova geração de artistas gráficos. Apesar do expressivo aumento de publicações no início da década, na segunda metade do período 2001-2009, muitos títulos são cancelados, às vezes até mesmo antes da conclusão de muitas séries – muitas editoras cancelam os investimentos em artistas brasileiros. As graphic novels, as adaptações de obras da literatura e os meios alternativos representam as iniciativas mais expressivas, internamente, de sobrevivência das HQ brasileiras e de divulgação de artistas nacionais. Aliás, o grande crescimento na quantidade de fanzines demonstra uma nova tendência: em vez de simplesmente ler, os jovens querem produzir HQ. Hoje, os fanzines podem contar com maiores e melhores recursos, como a impressão em gráficas, ao invés de limitar-se ao tradicional fotocopiado (“xerocado”). Por outro lado, desenhistas brasileiros ganharam grande notoriedade no exterior, e até mesmo alcançaram as premiações mais importantes da indústria mundial. Fatos do período:
• 2001 – É lançada a nova versão da revista do Sesinho, produzida pela Exaworld Multimedia para o SESI (de cunho educativo, a revista é distribuída, até hoje, gratuitamente pelas caravanas do SESI pelo Brasil); José Aguiar começa a publicar, no jornal Gazeta do Povo, de Curitiba, Paraná, a série Folheteen (a série ganha posteriormente um álbum, pela editora Devir); A Editora Escala lança duas séries de HQ: a infantil Daniel, o Anjo da Guarda, de Rodrigo de Góes e Arthur Garcia, e Frauzio, de Marcatti, a primeira HQ underground a chegar às bancas (esse personagem, criado em 1999 para uma série de jogos de computador, mais tarde tem outras revistas publicadas pela editora PRO-C, do próprio Marcatti, e ganha dois álbuns de histórias mais longas – Frauzio: Questão de Paternidade, em 2002, pela editora Opera Graphica, e Frauzio: Ares da Primavera, em 2009, pela editora Devir), bem como a revista Mangá X, coletânea de autores diversos, que dura três números; por volta desse ano, a editora Via Lettera começa a publicar a revista Front, uma das maiores coletâneas temáticas de artistas brasileiros (entre os colaboradores que já publicaram nessa revista, estão: Lourenço Mutarelli, Gilberto Maringoni, Fábio Moon e Gabriel Bá, Samuel Casal e Fábio Zimbres); pela Opera Graphica, sai Brakan, de Júlio Emílio Brás e Mozart Couto, HQ no estilo de Conan, o Bárbaro (que dura 2 números); por volta desse ano, aparece o primeiro álbum de Alcatéia, de Eddie Van Feu e Axia Stowe (Van Feu, conhecida também como a autora da série esotérica Wicca, mais tarde, expande o universo de Alcatéia em um segundo álbum, com arte de Carolina Mylius, e em uma série de romances); na internet, aparece a série Dado Selvagem, de Marcelo Cassaro e Lúcia Nóbrega (a HQ seria publicada, a seguir, na revista Dragão Brasil, desenhada por Lydia Megumi, e posteriormente roteirizada por Fran Elles Briggs e Petra Leão); pela editora Mythos, saem dois mangás produzidos por Daniel HDR: Brasimon e Dragon War; na cidade de Rio Grande (RS), aparece o fanzine Areia Hostil, editado por Lorde Lobo e Law Tissot, que divulga diversos artistas brasileiros em diversos estilos, do humorístico ao adulto. Dentre os personagens que foram publicados nessa revista, estão os heróis Topman, de Lorde Lobo, e Rui, de Anderson Cossa.• 2002 – É produzida a coletânea Dez na área, Um na Banheira e Ninguém no Gol, organizada por Orlando Pedroso, com onze histórias sobre futebol produzidas por Samuel Casal, Spacca, Lelis, Allan Sieber, Custódio, Maringoni, Caco Galhardo, Leonardo, Fábio Zimbres, Osvaldo Pavanelli, Emílio Damiani, Fábio Moon e Gabriel Bá (em 2009, essa HQ entra no centro de uma polêmica, quando é incluída no PNBE das escolas do Estado de São Paulo, sendo a seguir apreendida pelo governo do Estado, alegando este a obra conter termos impróprios às crianças); o Studio Seasons (grupo formado por quatro mulheres: Montserrat [Irene Castilha Rios], Sylvia Feer [Sílvia Ferreira], Simone Beatriz e Maruchan [Márcia Okuno Hajime]), pela Hant Editora, lança duas revistas em estilo mangá: Oiran e Sete Dias em Alesh (todas com 1 número lançado cada); A Escala lança o selo Graphic Talents, com o objetivo de promover artistas nacionais. Uma revista de um personagem é publicada sob um “contrato de risco”: se fosse bem sucedida, ela teria continuidade nas bancas. Ao todo, foram 16 números, a saber: Mico Legal, de Sérgio Morettini; Betty Grupy, de Maxx; Tristão, de Amaury Ploteixa e Estevão Ribeiro; Talebang, da Rodnério Rosa Estúdio (coletânea de cartuns sobre a Guerra do Iraque); Grump, de Orlandelli; Gamemon, de Arthur Garcia, Sílvio Spotti e Alexandre Silva; Dálgor, de Dario Chaves e José Carlos Chicuta; Turma do Barnabé, de Franco e Vanderfel; Zé Louquinho e Urubunaldo, de Wilson Gandolpho; Zuzna, de Alexandra Teixeira e Henrique Magalhães; Leleco, de Antônio Lima; Velta, de Emir Ribeiro; Galo Costa, de Rai; Carcereiros, de Nestablo Ramos Neto e Eduardo Miranda; Os Pleistocênicos, de Dadi; e Lobo Guará, de Carlos Henry e Elton Brunetti. Além desses, foi lançada uma edição especial, com histórias de Mozart Couto, Marcatti, Rai, Flávio Colin, Watson Portela e Roberto Guedes. De todos esses, só Mico Legal foi bem-sucedido, ganhando mais três números; Pela editora Camargo & Moraes, são lançados os mangás Fighter Dolls, Valiant Hook e Sad Heaven (todos com 2 números lançados cada).• 2003 – Pela editora Escala, aparece o gibi As Aventuras do Didizinho, produzida pela Twister Studio, baseada no comediante Renato Aragão, o Didi, o mais popular membro da trupe Os Trapalhões. Dos personagens que compõem a chamada Trupe do Didi (alguns deles baseados em personagens e nos bordões que Didi proferia no programa televisivo), dois deles, Livinha e Mãozinha, ganham seus próprios gibis; Pela editora Conrad, aparece a revista Crocodilo, que, na mesma base ideológica da finada Chiclete com Banana, não respeitava a moral e os bons costumes; Aparece também o gibi independente Mosh!, de HQ tematizando o mundo da música, principalmente o rock. A revista, editada por S. Lobo e Renato Lima, publicou histórias de, entre outros colaboradores, Fábio Lyra (e sua série Menina Infinito, que ganhou um álbum solo, em 2008, pela editora Desiderata), Vinícios Mitchell e Fábio Monstro; Dungeon Crawlers, de Marcelo Cassaro e Daniel HDR, minissérie em 4 números, pela editora Mythos, expande os conceitos do mundo de Tormenta; pela editora Via Lettera, é lançada a coletânea Mangá Tropical, organizada por Alexandre Nagado, de histórias de temática brasileira em estilo mangá produzidas por artistas brasileiros (Marcelo Cassaro, Erica Awano, Fábio Yabu, Daniel HDR, Nagado, Arthur Garcia, Sílvio Spotti, Elza Keiko, Eduardo Müller, Rodrigo de Góes e Denise Akemi); pela Ópera Graphica, sai Fantagor, de Pierre Viegas (paródia do herói Fantasma em estilo mangá).• 2004 – Aparece o personagem Cometa, de Samicler Gonçalves, nos círculos independentes; Amana ao Deus-Dará, de Edna Lopes (esposa do cantor Ed Motta), a primeira graphic novel escrita por uma mulher; Pela editora Manticora, aparece a revista Kaos, de histórias de teor adulto, idealizada por Sam Hart, Jean Canesqui, Sandro Castelli e Anderson Cabral, que durou três números; A Editora Escala Educacional lança a série Literatura Brasileira em Quadrinhos, de adaptações de obras literárias para HQ. A coleção inicia com uma série de contos de Lima Barreto e Machado de Assis produzida por Jô Fevereiro e Francisco Vilachã, partindo depois para adaptações de romances como O Cortiço, de Aluísio Azevedo (por Ronaldo Antonelli e Vilachã), Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida (por Indigo e Bira Dantas), Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis (por Sebastião Seabra) e Brás, Bexiga e Barra Funda, de Alcântara Machado (por Jô Fevereiro), entre outros. Pela mesma editora, é lançado também adaptações de obras da literatura mundial, como contos do russo Anton Tchekhov (por Ronaldo Antonelli e Francisco Vilachã) e Dom Quixote (por Bira Dantas); Pela editora Linhas Tortas, fundada no ano anterior, são publicadas as seguintes séries, todas produzidas pela equipe Olha a Frente, com roteiro de Eddie Van Feu, e com dois números lançados cada: Contos de Leemyar (arte de Van Feu e Axia Stowe e roteiro escrito em parceria com Marco Aurélio Rocca), Clube dos 5 (arte de Débora Usagi) e Heróis S. A (arte de Adriana Usagi); Mercenários, de Petra Leão, Fran Elles Briggs e Denise Akemi, pela editora Talismã (esta HQ, ambientada no mundo de Tormenta, não passou do primeiro número); a editora ZN, no evento Anime Friends, lança dois mangás: Sugoi, coletânea de histórias organizada por Diogo Saito, e Crônicas de Faherya, de Anderson Abraços, Clayton Ferreira, Fernando Mucioli e Elisa Kwon; O Paulistano da Glória, álbum de Xalberto, Bira Câmara e Sian, pela editora Via Lettera; no fanzine Subterrâneo, aparece a versão impressa do herói Sideralman, concebido em 2001 por Will (Wilson André Filho), que mais tarde ganha uma revista própria; Pela Companhia Editora Nacional, Pindorama – A Outra História do Brasil, álbum de Laílson de Holanda Cavalcanti; Por volta desse ano, aparece nos meios alternativos o herói Corcel Negro, criação do potiguar Alcivan Gameleira. O herói mutante, além de ter histórias (desenhadas por artistas como Joe Nunes, Paulo Ricardo e Orlando Maro) publicadas em diversos fanzines como Corcel Negro e Heróis Brazucas, ganhou um gibi próprio pela SM editora / Júpiter II); O Estúdio Casa Velha, grupo de artistas de Belém, Pará, lança o álbum Belém Imaginária (texto e arte de Wolney Nazareno, Fernando Augusto, Carlos Paul e Otoniel Oliveira), elogiado trabalho cuja história gira em torno de lendas regionais da Amazônia.• 2005 – Guerreiros da Tempestade, de Anísio Serrazul, pela ND Editora, de Goiânia, Goiás; pela editora Companhia das Letras, Santô e os Pais da Aviação, de Spacca (biografia em HQ de Alberto Santos-Dumont); pela editora Peirópolis, sai Dom Quixote, adaptação do romance de Miguel de Cervantes, por Caco Galhardo; pela editora Conrad, Mariposa, de Marcatti, e Chalaça – O Amigo do Imperador, de André Diniz e Antônio Eder (biografia em HQ de Francisco Gomes da Silva, confidente de D. Pedro I); Wellington Santos lança, em Belo Horizonte, MG, o gibi Vulto, o Vigilante, a primeira aventura publicada do personagem Vulto, criado por Santos em 1990 (em 2007, Vulto ganha um gibi, pela SM Editora / Júpiter II, com três números lançados); José Salles funda a SM Editora (posteriormente, Editora Júpiter II, em homenagem à extinta editora Júpiter de Gedeone Malagola). Essa editora torna-se uma das mais importantes do círculo independente, pois Salles publica nela HQ de autores brasileiros. Além de reeditar clássicos como o Raio Negro de Malagola e o Gaúcho de Júlio Shimamoto, a SM/Júpiter II lança: Máscara Noturna, de Salles e Edu Manzano; Tormenta e Alameda da Saudade, ambas de Manzano; Corcel Negro, de Alcivan Gameleira; Krahomin, de Elmano Silva; Artlectos e Pós-Humanos, de Edgar Franco; Boca do Inferno.com, coletânea de histórias de terror; entre outras; Ronin Soul, de Fabrício Velasco e Rod Pereira, pela editora Nomad (série que só teve dois números publicados); O Estúdio Casa Velha lança seu segundo álbum, Encantarias - A Lenda da Noite (texto de Wolney Nazareno e arte de Otoniel Oliveira), também centrado em lendas regionais da Amazônia; estréia o longa-metragem de animação Wood & Stock – Sexo, Orégano e Rock’n Roll, dirigido por Otto Guerra, que adapta para o cinema os célebres personagens do cartunista Angeli. • 2006 – A editora JB World Entretenimentos lança a revista As Aventuras de Betinho Carrero, a segunda HQ inspirada no empresário e artista circense Beto Carrero, com produção da Belli Studio Ilustração e Animação; Pela editora Companhia das Letras, Debret em Viagem Histórica e Quadrinhesca ao Brasil, de Spacca (biografia em HQ do artista francês Jean-Baptiste Debret); um grupo de quadrinistas independentes cria o Quarto Mundo, coletivo de quadrinistas independentes, que objetiva distribuir, vender, divulgar e promover a troca de experiências de HQ independentes, a fim de contornar os problemas relativos à produção destas; pela editora Opera Graphica, O Messias, de Gonçalo Júnior e Flávio Luiz Nogueira, álbum que tematiza a guerra entre o Estado e o tráfico; pela editora Peirópolis, sai Os Lusíadas, livre adaptação do poema épico de Luís Vaz de Camões, por Fido Nesti; também aparece Lusíadas 2500, pela Companhia Editora Nacional, livre adaptação (em forma de ficção científica) do poema de Camões, por Laílson de Holanda Cavalcanti (primeiro de uma série em três volumes, ainda não concluída); estréia, dentro do bloco de animação adulta Adult Swim do canal de televisão por assinatura Cartoon Network, pequenos episódios de animação de personagens de cartunistas brasileiros (Pequeno Pônei, de Caco Galhardo, Geraldão, de Glauco Villas-Boas, Overman, de Laerte, Luke e Tantra, de Angeli, e Aline, de Adão Iturrusgarai), todos produzidos pelo estúdio de Daniel Messias, com financiamento da Condecine (Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional); pela editora Devir, O Circo de Lucca, de Jozz (Jorge Otávio Zugliani), álbum que faz uma reflexão sobre a elaboração de uma HQ; por iniciativa do Governo Federal, o PNBE (Plano Nacional de Biblioteca na Escola) passou a incluir Histórias em Quadrinhos entre os livros a serem distribuídos nas escolas – com isso, aumenta a quantidade de adaptações literárias para HQ.• 2007 – Chibata! João Cândido e a Revolta que abalou o Brasil, de Olinto Gadelha e Hemetério, pela editora Conrad (quadrinização do polêmico episódio histórico da Revolta da Chibata de 1910); aparecem as seguintes adaptações de obras da literatura em HQ: A Relíquia, de Eça de Queirós, por Marcatti, pela editora Conrad; Beijo no Asfalto, de Nelson Rodrigues, por Arnaldo Branco e Gabriel Góes, pela editora Nova Fronteira; e O Alienista, de Machado de Assis, por Fábio Moon e Gabriel Bá, pela editora Agir (O Alienista ganha outras adaptações para HQ quase na mesma época: pela editora Escala Educacional, por Francisco Vilachã, pela editora Ática, por Luís Antônio Aguiar e César Lobo, e pela Companhia Editora Nacional, por Laílson de Holanda Cavalcanti); Pela editora Companhia das Letras, D. João Carioca – A Corte Portuguesa Chega ao Brasil (1808 – 1821), de Lilia Moritz Schwarcz e Spacca (quadrinização da história da chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil); aparece, nos círculos independentes, o personagem Necronauta, criação de Danilo Beyruth (em 2009, o personagem ganha um álbum, pela editora HQM); Wander Antunes lança, nesse ano, dois álbuns escritos por ele: O Corno que Sabia Demais e Outras Aventuras de Zózimo Barbosa, pela editora Pixel Media (arte de Gustavo Machado e Paulo Lopes); e A Boa Sorte de Solano Dominguez, pela editora Desiderata (arte de Mozart Couto); Irmãos Grimm em Quadrinhos, pela editora Desiderata, adaptação para HQ dos célebres contos infantis dos alemães Wilhelm e Jacob Grimm por artistas brasileiros (Allan Alex, Fido Nesti, Claudio Mor, Vinicius Mitchell, Daniel Og, Carlos Ferreira, Walter Pax, Rafael Sica, Rafael Coutinho, Eduardo Filipe, Arthuro Uranga, Roberta Lewis, Odyr, Fábio Lyra, Allan Rabelo, S. Lobo e Sr. Blond).• 2008 – Aú, o Capoeirista, álbum de Flávio Luiz Nogueira; Maurício de Souza lança a polêmica série Turma da Mônica Jovem, em que seus personagens, em um traço similar ao dos mangás japoneses, são metamorfoseados em adolescentes; pela editora JBC, é lançado O Catador de Batatas e o Filho da Costureira, de Ricardo Giassetti e Bruno D’Angelo, em comemoração ao centenário da imigração japonesa ao Brasil; pela editora Desiderata, O Cabeleira, adaptação do romance de Franklin Távora, por Leandro Assis, Hiroshi Maeda e Allan Alex, considerada a melhor adaptação de uma obra literária brasileira para HQ; Pela editora HQM, Quadrinhofilia, coletânea de histórias curtas de José Aguiar, Abs Moraes e Gian Danton, e A Casa ao Lado, de Diogo Cesar Correa e Pablo Mayer; O coletivo Mondo Urbano (formado pelos artistas Rafael Albuquerque, Mateus Santolouco e Eduardo Medeiros) lançam Powertrio, publicação independente e primeiro volume da trilogia Sexo, Drogas e Rock’n Roll (os outros volumes, Overdose e Cabaret, são lançados em 2009). Em 2010, essa trilogia, e mais a história Encore, foram reunidas em um álbum, publicado nos EUA pela editora Oni Press e no Brasil pela editora Devir; Mesmo Delivery, graphic novel de Rafael Grampá; Fábio Moon, Gabriel Bá e Rafael Grampá são os primeiros artistas brasileiros a receberem o prêmio Eisner Awards, a mais importante premiação mundial das HQ. Todos, no entanto, ganharam por HQ publicadas no exterior: Moon ganhou pela arte de Sugarshock (escrita por Joss Whedon); Bá, pela arte de The Umbrella Academy (escrita por Gerard Way); e Grampá, pela coletânea 5 (em conjunto com Moon, Bá, Becky Cloonan e Vasilis Lolos). É o ponto culminante da experiência quadrinhística brasileira no exterior (Moon e Bá já haviam sido indicados para o mesmo prêmio no ano anterior. Ainda em 2008, Bá recebe, pela mesma série Umbrella, o prêmio Harvey, outra importante premiação internacional das HQ).• 2009 – Pela editora Conrad, Os Brasileiros, de André Toral; pela editora Ática, aparecem as seguintes adaptações de obras literárias, ambas com roteiro de Ivan Jaf: O Guarani, com arte de Luís Gê (nova adaptação para HQ do romance de José de Alencar), e O Cortiço, com arte de Rodrigo Rosa (nova adaptação do romance de Aluísio Azevedo); Pela editora HQM, Zoo, graphic novel de Nestablo Ramos Neto; pela editora Companhia das Letras, Jubiabá, adaptação do romance de Jorge Amado, por Spacca; pela editora Pixel Media, aparece a polêmica série Luluzinha Teen e sua turma, com texto de Renato Fagundes e arte do estúdio Labareda Design, que, em estilo mangá, similar à Turma da Mônica Jovem, converte os clássicos personagens criados pela cartunista americana Marjorie Henderson Buell em 1935 em adolescentes; aparece também, publicado de forma independente, Balaiada – A Guerra do Maranhão, de Iramir Araújo, Ronilson Freire e Beto Nicácio (quadrinização da revolta popular ocorrida entre 1838 e 1841); pela editora Devir, Yeshuah – Assim em Cima, Assim Embaixo, de Laudo Ferreira Júnior, primeiro álbum de uma trilogia sobre a vida de Jesus Cristo em HQ (o segundo álbum, Yeshuah – O Círculo Interno, o Círculo Externo, aparece em 2010); Có!, HQ independente de Gustavo Duarte; Pela editora Panini, aparece o álbum MSP 50, em que vários artistas brasileiros homenageiam a obra de Maurício de Souza (o álbum integrou as comemorações dos 50 anos de carreira de Maurício, ocorridos naquele ano. E ganhou um segundo volume, em 2010).• 2010 – Pela editora Desiderata, aparecem as seguintes adaptações de obras literárias em HQ: Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, por Edgar Vasques e Flávio Braga (esta adaptação junta-se à de Ronaldo Antonelli e Francisco Vilachã, pela editora Escala Educacional, e à de Laílson de Holanda Cavalcanti, da Companhia Editora Nacional), e Os Sertões – A Luta, parte da obra de Euclides da Cunha, por Carlos Ferreira e Rodrigo Rosa. Também aparecem, pela editora Ática, duas novas adaptações escritas por Ivan Jaf: a nova adaptação de Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida, (arte de Rodrigo Rosa) e A Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães (arte de Eloar Guazzelli); aparece Didi e Lili Geração Mangá, pela editora Escala, quinto gibi protagonizado pelo comediante Renato Aragão, desta vez em versão mangá, ao lado da filha, Lílian Aragão. A produção é do estúdio Franco de Rosa, com roteiros de Debrah Demaris e Franco de Rosa e arte de Arthur Garcia, Ivan Rodrigues, Alexandra Mattos e outros; pela editora Companhia das Letras, Cachalote, de Daniel Galera e Rafael Coutinho; Estreia, no jornal Correio Popular, de Campinas, SP, o anti-herói Tatu-Man, de Bira Dantas; Pela editora Conrad, aparece (SIC), coletânea de Orlandelli, e Ninguém me Convidou, de Joulralbo Sieber e Allan Sieber; Pela editora As Américas, aparece o gibi de Apache, de Tony Fernandes; Aparece também os álbuns independentes Taxi, de Gustavo Duarte, e O Cabra, de Flávio Luiz Nogueira; Pela editora Devir, Xampu – Lovely Losers, primeiro álbum de uma trilogia sobre os anos 80, por Roger Cruz, e Pequenos Heróis, álbum organizado por Estevão Ribeiro e desenhado por diversos artistas, que faz uma homenagem aos super-heróis das HQ; pela editora Zarabatana, Bando de Dois, de Danilo Beyruth (considerado pela crítica o melhor álbum nacional do ano); pela editora HQM, Anarriê, de Michel Borges; pela editora Sarandi, Lula – Luís Inácio Brasileiro da Silva, de Toni Rodrigues e Rodolfo Zalla (biografia em HQ do presidente Luís Inácio Lula da Silva); Acontece, no Rio de Janeiro, o evento Rio Comicon, um novo evento internacional de HQ, que reuniu artistas nacionais e internacionais.
Fontes Bibliográficas:
ALMANAQUE ABRIL 95. Ed. Abril, 1995, p. 725 – 729.
ANSELMO, Zilda Augusta. Histórias em Quadrinhos. Petrópolis: Vozes, 1975.
CIRNE, Moacy; MOYA, Álvaro de; D’ASSUNÇÃO, Otacílio; AIZEN, Naumin. Literatura em Quadrinhos no Brasil – Acervo da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro: Nova Fronteira: Fundação Biblioteca Nacional, 2002.
MOYA, Álvaro de (org.). Shazam! 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 1977.
PACHECO, Eloyr (org.) Almanaque Shoujo Mangá – O Poder da Sedução Feminina. São Paulo: Escala, 2009.
REVISTA KABOOM! no. 1. São Paulo: Eclipse, s. d.
TÁVORA, Arakén. Pedro II Através da Caricatura. Rio de Janeiro: Bloch, 1975.

Fontes da internet:
http://www.mundohq.com.br/
http://www.universohq.com.br/
http://www.omelete.com.br/
http://www.wikipedia.com/
www.bigorna.net/
http://www.spacca.com.br/
http://www.guiadosquadrinhos.com/
http://www.escalaeducacional.com.br/
http://hqquadrinhos.blogspot.com/
http://hqmaniacs.uol.com.br/

Para encerrar mais esta jornada humilde e inglória, trago para vocês mais um triplex de Bitifrendis.
E, hoje, introduzo uma nova personagem na vida de Carlão e Sidnelson: Ionara, a misteriosa garota.
Misteriosa por quê? As próximas tiras da série (a sair) responderão. Até mais!

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