segunda-feira, 29 de julho de 2013

Tempestade de Ideias 12

Olá.

Hoje, mais uma rodada da Tempestade de Ideias, o descarrego periódico de informações que vêm de uma só vez. E hoje, pisando em ovos, pronto para a execração pública.


A JMJ E OS CONFLITOS QUE VEM POR AÍ
Na última semana, o Brasil acompanhou as atividades relativas à Jornada Mundial da Juventude, que ocorreu no Rio de Janeiro, com a vinda ao Brasil do Papa Francisco, o Papa que até fevereiro deste ano ninguém estava esperando.
Sua Santidade fez sua primeira viagem internacional aqui ao Brasil. Deixou sua mensagem. Frases contundentes, mensagens inspiradoras, que esperamos que não sejam tão facilmente descartadas. As cerimônias foram um show à parte, o povo católico demonstrando sua fé, seu entusiasmo, sua vontade de mudar.
Bem, diante do Papa, correu tudo bem. Mas, nos bastidores... pelo menos, é isso que se conclui através do que vimos nos noticiários: dificuldades de locomoção dos fiéis, o Campo da Fé inutilizado por conta da chuva, dinheiro desperdiçado... e os boatos de que foi o governo brasileiro que pagou a vinda do Papa... e olha que ele adotou a simplicidade como linha de administração...
Já estou até vendo: a JMJ já vai servir para a oposição ao governo, os críticos à situação nacional e aos polemistas lançarem seus petardos. Já vão criticar, dizer que tudo foi um fiasco. Que nós, brasileiros, demos apenas mais uma de nossas históricas demonstrações de improviso, de "tudo feito nas coxas", do "jeitinho brasileiro" do modo mais reprovável.
E ainda tem a Copa pela frente, mais um teste, que alguns querem que vá embora mesmo.
Sobre esse comentarismo nada saudável que está prestes a estourar, e tanta gente que não está muito interessada no assunto ficando no fogo cruzado de palavras, é que eu fiz esta charge meio profana, aproveitando uma célebre passagem da Bíblia. Perdoai-me, Senhor: eu também mal sabia o que estava fazendo.

NOVAS REFLEQUISSÕES DE UM BAXARÉU E POSGRAUDADO EM ISTORIA
O título acima foi escrito errado de propósito. Na verdade é "Novas Reflexões de um Bacharel e Pós-Graduado em História". Recebi oficialmente o título da minha Pós-Graduação em História do Brasil em junho passado.
As minhas reflexões referem-se à política, ao comentarismo político. Tenho ouvido muitos comentários políticos. Visto muitos comentários políticos. O meu Facebook diariamente atulhado de mensagens políticas, para chamar a atenção dos que insistem em se alienar. Tenho discutido política com alguns.
As discussões políticas só aumentaram com os protestos de junho passado. E o que se nota é que para a oposição política, não há nenhum motivo sequer para ficar tranquilo e contente.
Tá, reconhecidamente, temos o que reclamar na saúde, na educação, na ética política, nos costumes. Falta de leitos, educação está uma zona, os parlamentares se refestelando... Desse modo, fiz outro cartum. Aproveitando um paralelo entre passado e presente.
Explico a charge: no Palácio de Versalhes, no século XVIII (antes da Revolução Francesa, 1789) a higiene deixava a desejar. A nobreza, apesar de viver no luxo proporcionado pela proximidade ao rei, também vivia na imundície: roupas que raramente eram trocadas, banhos mais raros ainda, falta de banheiros, fazendo com que o pessoal fizesse suas necessidades em qualquer lugar, perfumes usados aos litros para espantar o odor... Por isso, o "fedor" é literal. No caso de Brasília, o "fedor é metafórico, referente à ética parlamentar, mas não deixa de ser sujeira. Desculpem a rasura, foi um erro que só percebi tarde demais.

REFLEQUISSÕES DE UM RAPAZ LATINO-AMERICANO QUE NÃO AGUENTA OUVIR FALAR EM "POLITITICA"
Mas voltando ao assunto: reconhecidamente, estamos cheios de problemas. Enquanto isso, o governo investe pesado na Copa da Mundo. E, enquanto isso, os oposicionistas de plantão só reclamando, só reclamando, só criticando, só encontrando um lado ruim numa história que parece boa. Nunca podemos dar uma notícia boa, vem o oposicionista, acha o lado ruim e arruina nossa felicidade.
O pior de tudo: hoje ser alienado não é mais aceitável. Podíamos esquecer tudo, seguir nossas vidas, trabalhar tranquilamente, pagar nossas contas. Podíamos ver só as fotos engraçadas do Facebook. Mas não: sempre vem um tipinho, transforma o Facebook em palanque, nos faz lembrar dos impostos escorchantes, da falta de leitos nos hospitais, que a educação está uma zona... pode ser um jornalista, um chargista, um amigo, o cara que faz os memes do Facebook... Não adianta nada: você vai ter de ouvir falar em política pelo menos duas horas por dia, nada mais.
Pior é que dizem que há política em tudo. Pode ser no sentido metafórico, mas tem. Podemos dizer: não, não há política na hora da refeição. Mas tem: você comendo seu bife com batatas-fritas, e tem gente passando fome, de fora das benesses do crescimento econômico do país. Não há política no ato sexual: tem sim. O ato sexual é a metáfora de um se sobrepujando ao outro: um é o opressor, outro é o oprimido. Dão jeito de colocar política até nos programas infantis.
E você não pode ficar de fora. Não pode dizer que não se interessa por política. Senão, corre o risco de ser execrado pelos amigos, abandonado pela namorada. "Tanta gente se mobilizando para mudar o país e você aí sentado na frente desse computador, vendo vídeo de sertanejo universitário no Youtube".
Você não pode ficar sem se indignar, mesmo que não tenha motivos pra isso, mesmo que a vida não lhe dê motivos para reclamar. Você não pode viver sua vida pequeno-burguesa em paz, vem alguém, na forma de uma mensagenzinha política, e te faz sentir remorso de tudo isso.
Eu poderia dizer que não estou interessado nessa história toda, que estou satisfeito com a vida que levo - tanto que é raro eu publicar charges aqui. Mas aí pode vir um tipo me dizer através de comentário: seu alienado, seu burro, seu imbecil. E ainda reclama porque reclamamos de você. Seu diploma universitário não prova nada, seu cérebro de ervilha. É só mais um Zé Povinho que assiste Big Brother.
Em minha defesa digo que nem gosto de Big Brother. Não me deixo enganar por sertanejo universitário, funk, discurso da Dilma.
O que eu não gosto é que parece que esse pessoal não gosta de nada. Criticam o sertanejo universitário, criticam o funk, criticam o Big Brother, criticam as novelas, criticam A Fazenda, criticam o Jornal Nacional, criticam o Papa, criticam os quadrinhos, não leem Veja só de birra, não leem nada, nada, nada, e ainda se declaram marxistas, prontos para deflagrar o comunismo no Brasil. Eles não gostam de nada, nada, nada, nada. Só de criticar, reclamar, ao invés de fazer alguma coisa. Passam a ideia de que comunista não gosta de nada, que isso tudo é bobagem alienante da burguesia, e, portanto, vai tudo pro lixo, que nós não queremos ver vocês aqui. Por eles, a TV e as revistas que se explodam, as únicas leituras são o Capital do Marx e o Livro Vermelho do Mao. É isso que percebi em alguns desses caras com quem tive recentemente debates acalorados, e que ainda por cima me xingaram, me puseram de vilão da história. Por que fui me meter com eles! Pôxa, por que ao invés de criticar na minha orelha, não me deixam ver TV e acessar a internet em paz?!
Antes que deturpem meu pensamento e me acusem de ser direitista, esclareço que do lado da direita também encontro gente disposta ao comentarismo político. Gente que defende a volta da Ditadura Militar, já que a democracia supostamente não está dando certo. Obrigado, mas eu prefiro a democracia e o liberalismo, por piores que sejam. Ora, por acaso o Brasil era mais feliz quando tínhamos arrocho salarial, quando gente que protestava era presa, pendurada feito um frango assado no pau-de-arara, recebia pauladas, tinha o corpo jogado ao mar? E o pior, estamos atrás da Argentina até nisso: eles estão julgando os envolvidos nas torturas durante o período militar deles, enquanto nós...
Eu tinha de desabafar. Porque esse criticismo político só me deixa mais triste, muito mais deprimido, muito mais propenso a doenças. Já não basta o que eu tenho de passar em casa e na escola, e tenho de confrontar esses esquerdistas de mesa de bar no meu Facebook.
Mas como diz o guru Raul Seixas, "Eu também vou dar uma queixadinha porque sou um rapaz latino-americano que também sabe se lamentar".
Mas eu não estou esperando ser levado a sério, pois sempre deturpam minhas palavras. Se critico a direita, sou tachado de comunista. Se critico a esquerda, sou tachado de direitista. Se critico o Jair Bolsonaro, sou tachado de homossexual. Se quero me desligar de tudo, sou tachado de alienado, de imbecil. Então, estudei 5 anos em Santa Maria pra isso?!

VOU GRITAR!!!
Para expressar essa situação, resgato dos meus arquivos este antigo cartum do Nightsy the Comics, feito por mim, quando o blog do Nightsy (www.nightsy.com/) ainda era ativo. É uma forma de comemorar o fato de que o site deu um sinal de vida na última semana. Parece que o Nights Yoru, vulgo Rogério Martins, está ensaiando um retorno, ainda que de forma tímida. Aguardemos os próximos dias.

ANTES DE ENCERRAR...
Vamos parar de falar de política um pouquinho? Eu não penso nisso quando faço meus desenhos, quando brinco com meus sobrinhos, quando como, quando assisto desenho animado ou filmes. Chega.
O assunto agora é um avisinho divertido: o livro AQC 100 Vezes, organizado pela Associação dos Quadrinhistas e Caricaturistas do Estado de São Paulo, e no qual eu participei com um trabalho, está agora à venda nas lojas da rede Comix. Quem quiser adquirir o seu, saibam no endereço eletrônico da loja (www.comix.com.br).
É isso. Agora, só esperando eu ser criticado, xingado pela esquerda que não gosta de nada, ou pela direita que não gosta de mim. Ou mesmo não receber nenhum comentário.
Até mais!

Um comentário:

Anônimo disse...

Visitei seu blog e gostei muito meu caro!!!
Seja feliz e continue mantendo a mesma qualidade nos trabalhos.