segunda-feira, 6 de abril de 2015

MIRACLEMAN 4 - Minha vida era uma simulação

Olá.
Foi agora, no início do mês de abril, que MIRACLEMAN no. 4 chegou às bancas, dando continuidade à republicação da saga do super-herói inglês "ressuscitado" que nasceu como Marvelman, foi rebatizado como Miracleman e viveu uma trajetória turbulenta até que a Marvel Comics o comprou e se comprometeu a relançar suas aventuras. No Brasil, esse trabalho ficou com a editora Panini Comics, que, felizmente, tornou raros os casos de quadrinhos que foram interrompidos na metade e nunca concluídos - ao menos, em comparação ao início da década de 2000.
E o número mais recente da série escrita por Alan Moore - ops, "Escritor Original", pois, como já dito anteriormente, o "mago inglês" pediu para que seu nome não conste nos créditos - chega mais cerebral e repleto de surpresas.



MIRACLEMAN #4
Com data de março de 2015.
Neste trecho de aventuras, o desenhista Alan Davis assume totalmente a arte, substituindo o então titular Gary Leach. E, neste número, termina o primeiro tomo de aventuras do renascido Miracleman, Sonho de Voar, com os quatro últimos episódios, sendo três publicados na histórica revista Warrior, da editora britânica Quality Communications - e mais uma história extra, saída de outra revista inglesa. Nostalgia aos leitores que já conheceram a saga anteriormente, surpresa para os leitores novos, que estão conhecendo a saga agora.
Vamos recordar: o número anterior terminou quando Miracleman, na forma "mortal" do jornalista Mick Moran, foi baleado em um elevador pelo negro Evelyn Cream e seus dentes azuis de safira, enviado por Sir Dennis Archer, chefe da agência secreta do governo inglês conhecida como Circo dos Horrores, para eliminar o herói. Porém, quando se pensava que Cream era o inimigo, ele se revela, na verdade, um aliado de Miracleman - e que não foram balas de verdade que ele usou para alvejar Moran. É mais ou menos assim que começa o primeiro episódio desta edição, Das Trevas (Warrior #9, de 1983). Depois de manter Moran brevemente aprisionado, Cream revela a existência de um bunker, mantido pelo Circo dos Horrores, onde segredos do próprio passado do Miracleman estão escondidos. Então, o herói, em sua forma invulnerável, passa por cima de tudo e de todos para chegar até o bunker. Mas ainda falta uma última barreira, a ser ultrapassada no capítulo seguinte, A História Oculta (Warrior #10). Essa barreira atende pelo nome de Big Ben, um pseudo-super herói bombadão, que se veste como um lorde inglês, e totalmente insano, que enfrenta Miracleman acreditando que este é um agente comunista (quando a história foi publicada, em 1983, ainda era o período da Guerra Fria, o embate ideológico entre Estados Unidos e União Soviética, capitalismo x comunismo, estudem História, pessoal!). Curioso é que, apesar de ter feito sua estreia neste arco de aventuras do Miracleman, Big Ben, o "homem sem tempo para o crime", teve aventuras solo publicadas na revista Warrior e, depois, na revista própria do Miracleman (segundo pesquisas preliminares). Passada essa barreira, Miracleman e Evelyn Cream entram no bunker, e o que encontram lá pode ser perturbador. E, nessa rede de descobertas, feita no capítulo seguinte, Zaratustra (Warrior # 11), Miracleman pode descobrir que todo seu passado como super-herói pode ser uma mentira, ou mesmo uma simulação feita em laboratório, bem como o de seus parceiros Jovem Miracleman e Kid Miracleman (a quem Miracleman, como os que estão acompanhando a série recordam, enfrentou em um combate violento até ser posto fora de combate por um erro seu), e o de Big Ben. Pior: um antigo inimigo seu está envolvido nesse projeto. Mais revelações ficam para o próximo número - se as entidades superiores permitirem, já que a saga, daqui por diante, promete mais violência e sangue. Fechando o arco de histórias, como uma espécie de epílogo, temos a história curta Retratos de uma Manhã de Sábado (Miracleman Special #1, de 1984), onde dois homens, encarregados de fazer a limpeza do bunker após a visita de Miracleman, dão suas próprias impressões - de gente que entrou de gaiata no navio - sobre o que encontram lá dentro.
E, fechando a edição, temos uma nova - e cerebral - história com os Ferreiros Cósmicos, os heróis alienígenas apresentados no número anterior. Em Dança Fantasma (A1 # 1, de 1989), com arte de Gary Leach, os agentes da raça para a qual a distância é conceito relativo estão cumprindo deveres em diversas partes do universo - exceto um. Você é um gênio se conseguir entender a pequena trama na primeira leitura.
Mas, no mais, a edição continua no mesmo estilo impresso por Alan Moore, ops, Escritor Original: muito texto, economia de imagens - falas demais, ação de menos. Mas como se trata de uma saga aclamada por público e crítica, e já que leva o "selo de qualidade e procedência" do "Mago Inglês", do que vamos reclamar? Ao menos, Davis e Leach garantem que as imagens, econômicas, sejam as melhores já vistas. Este gibi não é para qualquer pirralho usuário de Whatsapp - mesmo porque a capa diz que não é recomendável a menores de 18 anos.
E a imprescindível página de bastidores não pode faltar, trazendo esboços de Gary Leach - para a história dos Ferreiros Cósmicos - anúncios originais da revista Warrior e ilustrações feitas para a revista especial do Miracleman, por Gary Leach e Mick Austin. Completam o gibi as ilustrações pin-up mais recentes do Miracleman - feitas para a edição de 2014 - por John Tyler Christopher, Skottie Young e Bryan Hitch. E, novamente, não temos a republicação de aventuras originais de Marvelman pelo criador do herói, Mick Anglo. Ainda mais agora, que parece que, com as revelações feitas neste número, o passado heróico do Miracleman está perdendo o sentido. Ou será que no próximo número...?
52 páginas a R$ 7,50. Para verdadeiros fãs de quadrinhos.
Para encerrar, vou deixar aqui uma ilustração do Big Ben, "o homem sem tempo para o crime". O Brasil, aos poucos, está conhecendo os super-heróis ingleses além do Miracleman e o V, de V de Vingança - que também saía na Warrior.
Em breve, novidades, conforme conseguir ajeitar as coisas - que, nesta quaresma, saíram um tanto atrapalhadas. Por isso, nem me dei ao trabalho de postar alguma mensagem de Páscoa.
Até mais!

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