segunda-feira, 10 de setembro de 2018

MACÁRIO - Capítulo 43: "As Últimas 48 Horas Livre (Parte 8)"

Olá.
Depois de haver conseguido dar uma engrenada nas postagens do blog, chegou a vez do compromisso quinzenal: um novo capítulo do meu folhetim ilustrado para adultos, MACÁRIO.
Só hoje, quando escaneei as ilustrações, noto que existe um erro de continuidade - o número do capítulo na ilustração de entrada e no título da postagem diferem. Tarde demais para corrigir. Droga...
ATENÇÃO: leitura não recomendada para menores de 18 anos. Além do citado erro de continuidade, contém cenas de ataque pessoal.



Procurei deixar não transparecer tanto o quanto eu estava feliz.
Só de ter ido até a casa-esconderijo dos Animais de Rua, e ver que pelo menos seus membros Pauley, Boland e Gil estavam vivos, eu tinha certeza de que o restante da gangue estava vivo.
Assim que os três, de prontidão (ou quase) na peça que deveria ser a sala da casa, me viram entrando, eles correram me abraçar. Até mesmo Gil me apertou forte junto a ela.
- Você está vivo, Macário!!! Mas que bom!!!
- Ah, Macário! – exclamou Boland, me abraçando, e me apertando quase com força, e me suspendendo. Que força, a dele. – Ficamos preocupados com você!
- Para onde você foi, Macário?! – pergunta Pauley. – Você desapareceu depois que...
- Eu desapareci?! – exclamei. – Vocês que desapareceram depois do ataque dos Carniceiros! Todos, até os próprios Carniceiros!
- Ficamos preocupados, Macário... – falou Gil. – Depois que a Eliane soltou a magia, sabe... ficamos preocupados porque você não sumiu conosco.
- Como assim?!
- Bem, Macário, é que... – Pauley começou a falar, e de repente, parou e olhou para a porta. – Ei, não nos apresenta sua amiga aí, Macário?
Olho atrás de mim: oh, havia esquecido que Geórgia havia me seguido pela rua, enquanto corria em direção à casa.
Geórgia nos olhava, atônita, sem entender o que estava acontecendo, e nem o que estava ouvindo. Estava claro, ela não estava entendendo bulhufas sobre magia, sumiço, Carniceiros...
- Hã... Geórgia. – falei.
- Macário, quem são eles?! – Geórgia pergunta. – E que lugar é este?
- Hã... Geórgia. – repeti. – Estes aqui são... Boland, Gil e Pauley. E esta aqui é a casa onde moram os Animais de Rua.
- Animais de Rua?! – Geórgia ergueu a sobrancelha. – Quem são...?
- Pessoal – interrompi – esta é a Geórgia, uma amiga minha.
- Prazer, Geórgia. – falou Pauley. – Os amigos do Macário são nossos amigos.
Geórgia não sabia o que dizer. Decerto ficara chocada com a aparência de Pauley, com todas aquelas agulhas, alfinetes e joaninhas enfiadas na cabeça e nos braços. Mas, depois de alguns segundos, conseguiu balbuciar um “prazer”.
- Amiga sua mesmo, Macário? – pergunta Gil. – Ou é uma namorada?
- Digamos que é... mais uma... amiga. – respondi.
- Verdade? – Gil dirige-se a Geórgia.
- Hã... hum... – Geórgia parecia desconcertada. – S... Sim. Somos... amigos. Nada mais. – ela responde, rangendo os dentes.
Geórgia olhava enviesado para mim.
- Eles... eles são frequentadores do bar onde trabalho. – me apressei a responder. – Natural que acabemos ficando amigos. Hã... – procurei mudar de assunto, me voltando aos três. – E os outros?
- Os outros? – falou Pauley, apontando para a porta fechada, de onde saía a música. – Estão lá dentro, no ensaio.
- Venha, Macário. – fala Boland. – Os outros vão ficar felizes em ver você.
- Venha conhecer a nossa banda, Geórgia. – convida Gil.
Geórgia não ofereceu resistência em entrar junto conosco. Entramos todos no outro aposento, atravessando o corredor.
No mesmo aposento que servia de cozinha, estava tudo como naquele dia em que eu fui sequestrado. Os Animais de Rua, nesse momento, estavam distraídos, ensaiando. Eliane cantando, soltando os refrões furiosos; Richard na guitarra, Fido no baixo, Aura no teclado, Ringo na bateria. Fifi assistindo, meio compenetrada, enfiada dentro das roupas maiores que ela, as orelhas de gato escondidas. E dava para ver que alguns dos presentes apresentavam curativos em algumas partes do corpo. Ali, naquele momento, não estavam nem Beto Marley e nem Morgiana.
Com a música alta, ninguém nos ouviu e, consequentemente, nos viu entrando. Foi preciso que Boland soltasse um grito para chamar a atenção de todos, interrompendo a música.
Aí, todos voltaram os olhares para nossa direção.
- Olhem quem está vivo! – gritou Boland.
Todos ali ficaram surpresos. E, no fim, a banda largou os instrumentos e veio correndo em minha direção.
- Macáááárioooo!!!
- Você está vivo!!!
- Ooh, Macário!!!
- Onde você esteve?!
Todos me abraçaram. Até Fifi me apertou contra si, a cabeça no meu peito.
- Que bom te ver vivo, Macário!! Nyah...
- Que bom ver vocês vivos! – exclamei. – Agora estou tranquilo!
- Macário!! – Eliane se aproximou de mim, e me abraça. – Oh céus, o que será que eu fiz de errado?! Mas que bom ver que você está vivo!! O que aconteceu com você?!
- Eu que pergunto! – exclamei. – O que aconteceu com vocês?! Para onde vocês foram?!
- Bem, nós... – Eliane começou a falar, mas daí sua atenção se voltou para trás de mim. – Geórgia?!
- Eliane?! – foi a vez de Geórgia falar. – É você mesma?!
- Geórgia, minha amiga!!! – exclamou Eliane, indo em direção a ela. – Há quanto tempo!!
- Uau! Mas como você mudou, Eliane!! – foi a vez de Geórgia exclamar. – Como você está linda!!
- Como VOCÊ está linda, Geórgia... – falou Eliane.
Enquanto elas duas se cumprimentavam, todos ficaram quietos, até eu. No final, Aura se manifestou:
- Eliane, você conhece ela?!
- Foi minha amiga de escola. – ela respondeu.
- Pois é... – foi a vez de Geórgia falar. – Há quanto tempo que a gente não se via... você tinha abandonado a escola no último ano, e depois sumiu...
- Digamos que sim. – falou Eliane.
- Puxa, não me diga que é aqui que você está morando!! – Geórgia interrogou.
- Sim, é aqui. Como adivinhou? – Eliane responde com um sorriso. – E estes aqui são meus companheiros de gangue.
E Eliane foi apresentando um por um. Cada um deles acenava ao ser chamado. Felizmente, todos estavam com a aparência humana, e dava para reparar que eles se esforçavam em mantê-la, visto que havia outro ser humano presente.
A última a ser apresentada foi Fifi:
- E esta aqui é a Philomene, nossa líder.
Geórgia arregalou o olho.
- Ela... ela que é a líder?!
- Eu sou. – responde Fifi. – Algum problema?
- É que... bem... você é... é...
- Baixinha?! – retruca Fifi. – Posso ser baixinha, mas pode acreditar que eu sei liderar esse bando de marmanjos deste recinto.
- Hã... não tive intenção alguma de ofender. – Geórgia parecia sem jeito.
- Ah, está tudo bem. – Fifi responde. – Sendo você amiga do Macário... o que vem de baixo, ou de cima, não me atinge.
Todos soltaram uma risada.
- Me diga, amiga. Como conseguiu me encontrar?! – Eliane pergunta, interrompendo o papo.
- Segui o Macário até aqui... mas não imaginava que você estivesse aqui... e que o conhecesse! – responde Geórgia, sorrindo gaiatamente.
- Uh, e pelo jeito você também conhece bem o Macário... – Eliane devolve o sorriso gaiato. Eu engulo em seco. – Mas diz aí, o que você tem feito da vida?!
- Eu estou fazendo faculdade e estou trabalhando. E tentando mostrar meus poemas. E você?
- Eu estou batalhando, junto com a banda... Cada qual com a sua arte.
- E os estudos de ocultismo que você estava fazendo?
- Eu continuo com eles. Isso eu não abandonei.
Ergo a sobrancelha. Estudos de ocultismo?! É, pelo jeito, ambas foram muito amigas, mesmo. Se conheciam.
E as duas se afastaram para um canto, para conversar. Aí, as atenções dos outros se voltaram para mim.
- Bonitinha a sua amiga. – falou Fido. – Ela está solteira?!
- Não. – disse Fifi. – Estou lembrada dela. Essa garota esteve na exposição do Galvoni. Ela esteve flertando com o Breevort.
- Pior que o Galvoni também está de olho nela... – falei.
- Sério?! – pergunta Fifi, surpresa.
- Foi o que ela mesma me disse... – falei. – Mas, antes, me digam, para onde vocês foram depois que a Eliane...
- Voltamos para casa. – falou Richard. – Esta casa.
- A Eliane nos teleportou para a nossa casa. – falou Gil. – Em segurança.
- Foi só preciso fazer uns curativos, mas tudo bem. – falou Ringo. – Ninguém se feriu gravemente.
- E ainda bem que nenhum dos Carniceiros veio junto conosco. – falou Gil. – Eles foram para outro lugar... Não pergunte onde, eu não sei. Ninguém sabe.
- Pois é, a ideia era que você também fosse teleportado junto, antes que fosse devorado pelos Carniceiros. – falou Aura. – Mas o que é que deu de errado?
- Talvez porque o Macário estivesse longe do alcance dos gestos mágicos da Eliane... – falou Ringo. – Lembrem, ele caiu no córrego sujo, e estava lutando contra os que caíram lá.
- E... e ele ficou no córrego?! – pergunta Gil. – Macário...?
- Bem, depois que a Eliane jogou aquela fumaça, eu praticamente desmaiei... – comecei a contar – Acordei nos braços sabem de quem?! Do Flávio Dragão! Ele me tirou daquele córrego, me levou lá para a casa da gangue dele e permitiu que eu tomasse banho no chuveiro dele...
- O Flávio Dragão?! – exclama Richard. – Aquele Flávio Dragão?!
- Você já o conhecia?! – pergunto.
- Você esteve no esconderijo dos Dinossauros que Sorriem?! – pergunta Fifi.
- Estive. Vocês...
- Bem, digamos que nós não nos damos muito bem, apesar de todos sermos... hum... quem somos. – fala Fifi. – Somos... digo, as gangues de Monstros éramos rivais, até o Luce resolver nos juntar.
- O Luce?! – arqueei a sobrancelha.
- Sabe-se lá o que o Luce deve estar pensando, mas ele veio com a proposta de juntar todas as criaturas noturnas em um só, digamos, clube. – falou Boland. – Todos se entendendo, e se unindo. Mas ainda não nos disseram para quê.
- Até os Carniceiros?!
- Não, os Carniceiros não. – falou Fifi. – Os Carniceiros são diferentes... São os rebeldes.
- Mas eu pensei que eles tivessem...
- Nos matado?! Ah, que nada, Macário, não se preocupe. Não foi a primeira vez que os enfrentamos. – falou Boland, sorrindo.
- Sim, Macário, digamos que a gente briga com eles uma vez por semana. É normal. É divertido. – falou Ringo.
- Sim. Às vezes a gente sai ferido, mas não muito. Os Carniceiros nem são tão ferozes assim... nada que a gente não possa dar conta. – falou Richard.
- Sim, Macário. Digamos que nossa principal diversão de fim de semana é a... caça ao lobo. – falou Aura. – Mas quem provoca são eles. Eles lá que aparecem do nada e atacam o que veem pela frente...
- Sim, Macário – falou Gil – Tem muita gente que desaparece por aqui sem deixar vestígios, sabe por quê? Porque os Carniceiros... nhac!! – e faz um gesto com as mãos, simulando uma mordida.
Engoli em seco.
- Mas ficamos preocupados de você ter resolvido enfrenta-los. Digo, nós, que somos Monstros, damos conta deles com facilidade, mas você, que é humano...
- Não podia ficar parado vendo vocês lutando... vocês pareciam estar em desvantagem. – Me justifiquei.
- Que desvantagem que nada. – falou Richard. – A gente conseguiria se recuperar rápido.
- Ah, mas não podemos dizer que não foi muito corajoso de sua parte nos ajudar, Macário. – falou Fifi. – Você costuma fazer assim sempre? No altruísmo?
- Não, na verdade. – respondi. – Nem sempre.
Lembrei do pajé Mateus. Pondo os dedos sobre o peito, senti o apanhador de sonhos sob a camisa.
- Ah, mas o Pauley aqui também não reagiu, digo, só com o canivete para defender os outros, e... – questionei. – E você não se transformou em nada, ao contrário dos outros... – fiquei observando se Geórgia não estava ouvindo a conversa, mas parece que Eliane estava conseguindo distraí-la.
- Oh, eu não me transformei porque não era noite de lua cheia. – responde Pauley.
- Sim, Macário – Richard fala próximo ao meu ouvido. – O Pauley é um lobisomem.
- Lobisomem?! – perguntei surpreso.
- Sim, eu sou. – Pauley cochicha perto de mim. – Eu também viro, hum, um cachorro, assim como o Fido, mas não a qualquer hora, como ele. Só quando é lua cheia. Que pena que ontem não era noite de lua cheia, senão você ia presenciar a nossa vantagem aumentar.
Engoli em seco. Tentando imaginar um lobisomem cheio de alfinetes sob o pelo. Mas, pensando bem, não ia ser seguro ficar perto dele... Ou não, já que os colegas dele pareciam aceitar sua condição com toda naturalidade?
- Mas continua falando, Macário. – pediu Aura. – Para onde você foi depois que você, digo, nós sumimos?
- Bem, eu fui para a casa dos Dinossauros que Sorriem, tomei banho, fiz uns drinques para eles, e...
- Eles não ameaçaram você?! – pergunta Gil, surpresa.
- Hã... sim, chegaram a me ameaçar, mas...  mas não foi a sério. – respondi. – Afinal, eu sou o Macário, e também sirvo drinques para eles. E...
- Macário! – a voz de Geórgia interrompeu a conversa.
Ela e Eliane se aproximaram do pessoal.
- Você costuma vir constantemente até este... muquifo?! – Geórgia pergunta.
- Não. – respondo. – Estive aqui uma vez até agora. E, antes que pergunte, Geórgia, pode ser estranho, mas eles são legais, os Animais de Rua. E fazem um ótimo som. Pergunte à Eliane.
- Eu sinto é pena da Eliane. – fala Geórgia. – Minha amiga tão bonita, que fazia todo mundo do colégio babar... Sério, ela era a mais bonita do colégio...
- E ela sempre pintou o cabelo assim? – pergunta Aura, apontando para o cabelo metade preto e metade branco de Eliane.
- Não, só a partir do segundo ano do Ensino Médio. Mas, enfim, por que a Eliane, com tantas condições de fazer sucesso junto aos homens, resolveu largar tudo para o ar para viver uma vida de maloqueira?
- Epa!! – exclamou Fifi. – Maloqueira não! Freegan!
- Freegan?! – pergunta Geórgia. – Esse é um nome chique para maloqueiro?!
Os outros ficaram assustados. Dava para notar que todos se ofenderam com o que Geórgia disse.
- Ah, Geórgia. Você que precisa entender minhas opções. – falou Eliane, em tom de conciliação. – Sabe que, apesar de tudo, eu não estava feliz com a vida que eu levava. Com os Animais de Rua, eu encontrei outro tipo de vida, e...
- Eu ainda custo a entender. – Geórgia interrompeu. – Eu mesma não sou muito feliz com a vida que levo, apesar de ela ser mais fácil. Como você parece ser feliz com esse tipo de vida?! Digo, olhe só para você e seus amigos, vivendo em uma casa assim, semiabandonada, e ainda por cima suja desse jeito? Alguém aqui faz a faxina na casa?! E... e... o que vocês fazem para manter a energia elétrica funcionando?! Afinal... Para vocês manterem a banda... e... e...
- Geórgia. – foi minha vez de interromper. – Para que colocar defeito na vida que ela escolheu?! Está certo, não é o melhor dos ambientes para viver, mas... Eles parecem felizes assim.
- Não me diga que você entendeu, Macário!
- Tenho visto tantos tipos de vida por aí, Geórgia. Entendo que você está lutando para manter o seu, assim como tenho lutado para manter o meu. Acho que é o meu lado de simples atendente de bar que está falando alto ao afirmar isso.
- É, Macário, mas para um atendente de bar... – Geórgia retrucou. – Tem algo que eu custo a entender, Macário. É esse sucesso que você faz junto ao sexo oposto.
- Como assim?!
- Ah, Macário, olhe só aqui, por exemplo. Essa gangue cheia de garotas bonitas...
Fifi, Eliane, Aura e Gil se desarmaram.
- Nós, garotas bonitas?! – pergunta Gil.
- Vocês. Olhe, não duvido que vocês tenham, em algum momento, caído nas garras deste... mulherengo. Ou, se ainda não caíram, certamente vão cair.
As garotas coraram. Os rapazes já começaram a fazer olhar de ciúme para cima de mim.
- Que é isso, gata. – falou Fifi. – Somos apenas frequentadoras do bar. Admiradoras do trabalho dedicado do Macário. Até o momento, não tivemos envolvimento, hum... íntimo.
Noto que Fifi corou muito. Até o momento, não tivemos nenhum envolvimento íntimo... exceto no plano dos sonhos. Sabe-se lá se Geórgia acreditaria que nós transamos em sonhos.
- E você, Geórgia... já teve um envolvimento... hum... íntimo com o Macário?! – pergunta Aura, ao pé do ouvido de Geórgia.
- Que isso lhe interessa?
- Você que perguntou primeiro. – Aura devolve um sorriso.
- Bom, pessoal, isso não importa agora. – Eliane interrompe o clima pesado que estava se armando. – Importante é que o Macário, que esteve correndo perigo na noite que passou, está vivo, inteiro...
- Correndo perigo?! – pergunta Geórgia. – Como assim...?
- Eu explico com calma depois, Geórgia. – falei. – Mas duvido que você vá acreditar no que eu passei entre ontem e hoje.
- Bem, e aí, Macário? – Ringo fala. – Já que você está aqui, não quer ouvir a gente tocando?!
- Vamos fazer um show dentro de alguns dias, Macário – fala Richard – Fica para ver o ensaio...
- Hã... sinto muito, pessoal – comecei a falar – mas não posso. Tenho minha aula daqui a pouco.
- Ah, Macário, fica, vai. – Gil tentou fazer um olhar pidonho.
- Fica, Macário... – pede Aura, com o mesmo olhar.
Comecei a tremer, mas Geórgia interrompeu.
- Sentimos muito, pessoal, mas temos de ir. Mesmo. – ela falou. – Nós apareceremos para mais uma visita, né, Macário?!
- S... sim, turma. Sim, apareceremos.
- Prometem?! – foi a vez de Fifi fazer olhar pidonho.
- Eu pelo menos prometo. – respondi. – Eu só tinha vindo olhar se vocês estavam vivos, pessoal. É que eu tive um pesadelo, e algo me dizia que vocês não estavam bem... Mas é sincero, tenho de ir para a minha aula. Desse meu modo de viver eu não posso abrir mão.
- Hã... nós entendemos, Macário. – falou Pauley. – Mas volte.
- Eu sei como chegar até aqui a qualquer momento, não se preocupem. – respondi. – Vamos, Geórgia.
- Você também, Geórgia. – falou Eliane. – Volte aqui para uma visita. Você sabe onde eu moro agora, vamos colocar a conversa em dia.
- Claro, eu volto. – responde Geórgia. – Mas façam uma limpeza aqui, beleza?
- Hum... claro, gata, claro. – falou Fido.
E nós dois, Geórgia e eu, saímos da casa. Os Animais de Rua, todos, nos acompanharam até a porta, e, aos gritos e acenos, se despediram de nós até nos afastarmos.
Sentindo o peso saindo de minhas costas, comecei a andar, com Geórgia ao lado.
- Você ultimamente tem arranjado uns amigos meio esquisitos, Macário. – Geórgia falou.
- Pô, Geórgia. Você não falaria assim se você conhecesse bem o modo de vida deles. Eles vivem uma vida comunitária, de hippie, ou quase isso.
- Quem poderia imaginar, uma de minhas melhores amigas!... – Geórgia falou pesarosa. – Que opção de vida ela escolheu... Digo, eu estava pensando mais na sujeira da casa. Eu não ia me acostumar a viver assim... E garanto que eles pensam que tiram o sustento da música deles.
- Não gostou da música deles?
- Não, eu gostei. Só estou dizendo que, bem, olhe para aquela casa, Macário... está na cara que aqueles... eram nove pessoas ali, né? Um grupo de nove pessoas mal se sustenta com a grana de algumas apresentações em um desses inferninhos... Acredite, eu sei, tenho outros amigos músicos.
- Acho que te entendo, Geórgia. Mas, acredite também, se eles acham que são felizes assim, o que nós podemos fazer?!
- Sei lá, Macário. Você não teria ao menos umas roupas velhas para doar para eles?! Eles lá devem estar precisando.
- Hã... devo ter. Não sei.
- Agora, Macário, que estamos só nós dois... e que a faculdade parece estar meio longe ainda... pode explicar melhor essa história de você ter se metido em encrencas na noite passada? Porque, quando te encontrei no apartamento, você não parecia metido em encrencas.
- Bem, Geórgia. Não parecia mesmo, mas se você soubesse o que eu passei desde que saí do bar na noite passada... Aconteceu muita coisa antes de aquelas duas mulheres irem para o meu apartamento.
- Conte tudo.
- Se você se esforçar em acreditar...
Pelo jeito, não teria escapatória. Será que eu ia ter de revelar a Geórgia o segredo das criaturas noturnas? A real natureza de seus pretendentes, Breevort e Marto Galvoni?  Será que...
- Oh, Macário! MACÁRIO!!
Uma voz, desta vez masculina, interrompeu esse papo, acompanhado de uma buzina.

Olho para trás: era Luce, em um de seus automóveis, estacionado ali perto, e acenando para chamar minha atenção.

Próximo capítulo daqui a 15 dias.
Até aqui, como está ficando? Está bom? Ruim? Está chato? Precisa de mais ação, terror, sangue?Devo continuar? Parar? Manifestem-se! Deixem um comentário!
E até mais!

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom. Pena que seu blog não ta atualizando na minha listagem de blogs, não sei porquê!