sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Dica de leitura: PRIMEIRA VEZ


Aqui no Estúdio Rafelipe, também se fará a divulgação de livros interessantes. Alguns dos meus livros favoritos estão aqui, para quem tiver interesse. E, sendo a primeira vez que farei isso, vou começar com um livro muito significativo: PRIMEIRA VEZ, de Ivan Jaf. (perceberam o quanto é significativo?
Um dia, em um sebo de Santa Maria, me deparei, na prateleira das ofertas, entre os livros infanto-juvenis, com esse título. Podem perceber, pela foto, que a capa (da primeiríssima edição!) está meio desbotada. Bom, vi esse livro e alguma coisa dentro de mim me disse: leva este livro! E levei. Paguei só dois reais (eu disse, prateleira das ofertas!).
Quando comecei a ler... fiquei impressionadíssimo. Não é por menos, pois a história é sensual, divertida e repleta de carinho. Afinal, esse foi o objetivo do autor quando resolveu tratar de um tema que até hoje soa espinhoso: a sexualidade na adolescência.
Para começar, Ivan Jaf, autor carioca de livros infanto-juvenis e de roteiros de HQ para revistas italianas, sempre trata de temas educativos e pensantes em suas obras. Seu livro mais conhecido é "O Vampiro que Descobriu o Brasil" - que eu também li, além de "Primeira Vez" e "Três contra o T", também dele. Todos muito bacanas.
Mas PRIMEIRA VEZ é o mais surpreendente. A começar pelo foco narrativo usado pelo autor: não é apenas um, mas dois os narradores. No caso, os personagens principais, Aline e João, dois adolescentes que contam, em seus pontos de vista peculiares, a sua jornada até a sua "primeira vez". Jaf deve ter se desdobrado mesmo para acertar nesse foco narrativo, e fazer os personagens pensarem como os adolescentes que são, cheios de sonhos, dúvidas e... carinho. Não digo amor porque, em uma das passagens do livro, um dos personagens praticamente abomina a palavra, alegando que "o amor foi usado para vender tanta coisa que já perdeu o sentido". Por isso, ele prefere usar a palavra carinho.
E carinho é o que a gente não pode deixar de sentir pelos personagens, carismáticos a seu modo, apaixonantes em suas vicissitudes (será que escrevi certo esta palavra?) e encarando a seu modo o cotidiano. Aline e João podem ser personagens conhecidos nossos, ou podem ser nós, tanta vida eles carregam em suas palavras.
Bem, a história tem um enredo. Vale dizer, antes, que cada um dois dois personagens narra um capítulo da história por vez. Agora, vamos a ele.
Aline é tida como a menina mais bonita da sua sala de aula - mas longe de ser uma "patricinha", pois ela é tímida, insegura e tem tendência a se entregar de cabeça às paixões. Ela namora com Renato, o rapaz mais bonito (e convencido). Só que, um dia, Renato, agressivamente, tenta transar com Aline, mas os dois brigam. Nesse momento, somos apresentados a João, um cara "cuja existência o criador não parece ligar muito", ou seja, um rapaz como todos os outros, que some no meio da multidão, sempre à sombra de Renato. E ele é meio covarde, tímido e com a natural propensão masculina de fingir - por isso, ele arrasa no grupo de teatro da escola.
Bem: Renato não quis deixar barato a frustração - este personagem é o típico "machão" da escola - e sai contando para todos os amigos - inclusive João - que transou com Aline. Quando ela fica sabendo de tal coisa, ela sai para a briga - e, sem querer, provoca a maior confusão na sala de aula.
Foi esse momento de desespero em que Aline se encontrava que permitiu a aproximação dela com João. O rapaz era apaixonado por Aline desde o princípio do livro - também, quem não se apaixonaria por uma moça tão linda e simpática? Mas, só nesse momento, em que conhece melhor o colega, Aline se vê apaixonada por ele. E após uma série de lances - como um beijo em uma festa de aniversário, uma festa, e afinal... os dois, apaixonados um pelo outro, namoram firme, em segredo dos outros. Mas a mentira de Renato, só desmentida no final do livro, atrapalha o desejo dos dois se entregarem de corpo e alma à paixão que sentem um pelo outro - em outras palavras, transar. No final... bem, é melhor não contar o final. Só posso adiantar que eles conseguem concretizar esse ideal...
Muitos personagens e situações se destacam, além dos personagens principais. Temos, aí, os diálogos de Aline com Lídia, sua amiga mais experiente, a visita de Aline ao ginecologista cheio de opinião (aqui, aprendemos bastante sobre o método anticoncepcional da tabelinha), o acidente com o pai de João, o relato da ida (frustrada) de João à "zona"... e as cenas de amor entre os dois namorados, algumas frustradas - os dois só vão até o fim na grande cena final.
O livro destina-se a orientar os jovens que querem iniciar sua sexualidade. Deixa evidente que transar é bom, é natural. Mas é preciso ter em mente todos os cuidados necessários, como a camisinha, a pílula... mas também é polêmico, principalmente com o ginecologista, que em uma das passagens parece defender o aborto. Mas a história, de certa forma, é lírica e apaixonante, e merece uma olhadela. Afinal, o sexo é bom e natural. Muitos jovens estão começando sua vida sexual cada vez mais cedo hoje em dia. E não deve faltar orientação, nesse trabalho. Melhor ainda, com recursos como esse - educativos e apaixonantes. PRIMEIRA VEZ é um livro que ainda é menosprezado - o que é uma pena.
Não vou ficar me alongando muito, para não chatear o provável leitor. Basta ler.
A capa desta edição é a primeira, feita por Roberto Barbosa, que também assina as belas ilustrações internas - onde os rostos dos personagens não aparecem. Há uma nova edição, com nova capa e ilustrações, mas não posso informar, no momento, de quem são.
Bom, não sei se, como crítico literário, me saí bem da primeira vez. Perdoem se cometi alguma incongruência, mas eu tinha de recomendar aos que aqui estão um livro tão bom. Se não gostarem, também, eu nem me importo. Esta é minha opinião. Se tiverem a sua, podemos discutí-la de alguma forma...
Para encerrar esta postagem aqui vão ilustrações humorísticas, muito a ver com o tema do livro. É a minha famigerada série "Somente com Camisinha", conhecida já de alguns, e que aproveito o momento para divulgar. Vejam e constatem.

Um comentário:

LiiH disse...

Eu li esse livro quando eu tinha 18 anos, já estou com 26, perdi meu livro e sou louca pra ter de volta, hoje pesquisando por ele encontrei este anuncio, e eu indico, lindo livro..ohhh saudade..será que eu encontro pra comprar??, bjuuuu