terça-feira, 12 de maio de 2009

ATCHIIIM!!! - Ecos de 1918

Olá.
Nesses últimos dias, temos acompanhado, através do noticiário, o avanço do novo vírus gripal, o influenza A (H1N1), surgido no México e que está se disseminando pelo mundo. O vírus, anteriormente conhecido pelo singelo nome de gripe suína, já infectou muitas pessoas nos EUA e no Canadá, já chegou à Ásia e já temos doentes no Brasil. No momento em que escrevo, foram noticiados 32 casos suspeitos em pessoas que vieram de férias no México, e 8 casos confirmados. E o ministro da saúde sempre afirmando que não há motivo para alarde, que está tudo bem, o Brasil tem como controlar a possível pandemia, etc., etc., etc.
Bem, não é à toa que, nesse momento, a grande pandemia da Influenza Espanhola de 1918 é evocada. Afinal, o clima de apreensão é o mesmo, mas a medicina avançou muito de 1918 para cá. Vejam, pois naquele ano, o mundo estava saindo de uma grande guerra (iniciada em 1914), que deixou muitas pessoas famintas e alquebradas; as condições de higiene e limpeza eram precárias, e havia pouca informação; a medicina ainda não podia ver além das bactérias (os vírus da gripe só seriam descobertos nos anos 30). A pandemia de 1918 acometeu a todas as classes sociais, e ajudou a revelar uma pobreza que a belle époque queria simplesmente esconder e ignorar. A epidemia matou mais gente no mundo que na Primeira Guerra Mundial, sabem?
Depois da gripe "espanhola" de 1918, veio a epidemia de 1957, a "gripe de Hong Kong" de 1968, e muitas outras, até chegarmos a esta, passando ainda pela última antes desta, a epidemia da gripe aviária de 2006. 1918 foi o primeiro aviso de que epidemias de gripe fariam muito mais do que nos deixar de cama. Hoje existe vacina contra gripe, concorda-se, mas o problema é que o vírus da gripe sofre mutações constantes, e seus antígenos (substâncias que provocam a produção de anticorpos no organismo humano) podem vencer a resistência adquirida em outros contágios por vírus influenza. E a vacina nem sempre é tão eficaz como se apregoa, ainda mais que, em casos de epidemia, elas costumam ser feitas meio que às pressas. É certo, podemos hoje identificar em pouquíssimo tempo os vírus das epidemias, mas o melhor conselho ainda é o de se prevenir - a gripe, como se sabe, é transmitida através do ar, da saliva e do contato com pessoas infectadas.
Voltando ao assunto: praticamente todo o mundo foi acometido pela influenza espanhola, que na verdade nem espanhola era. O vírus H1N1, o da variedade "espanhola", não surgiu na Espanha, como se supunha na época.
Sabem... a minha monografia de conclusão do Curso de História da Universidade Federal de Santa Maria versou justamente sobre a Gripe Espanhola na cidade de Santa Maria, RS. Foram vários meses visitando o arquivo público da cidade, analisando jornais da época, velhos e com folhas caindo aos pedaços; analisanmdo fontes de livros sobre a cidade; etc., etc., etc. Mas consegui construir um grande trabalho sobre a epidemia. Modéstia à parte, me sinto um grande especialista em gripe espanhola. Será? bem, mas se quiserem fazer alguma pergunta a respeito, é só perguntarem, e eu responderei com prazer. Basta me contactar pelo e-mail: rafaelgrasel@yahoo.com.br, ou através de comentários neste blog.
Bem... o fato de eu ter pesquisado sobre a Gripe Espanhola, e agora estar aí esta pandemia que rapidamente se alastra, mas sem tanto alarde quanto em 1918 (já asseguram que está tudo sob controle, ou melhor... foi o que disseram em 1918, quando os primeiros doentes da influenza espanhola aqui entraram... hic!)... será mera coincidência? Talvez. Mas vejam o que eu escrevi na minha monografia:

"(...) a 'gripe espanhola' foi apenas um aviso para o surgimento de uma variedade ainda pior de gripe."

"(...) é preciso reiterar que a história está servindo de aviso. Pode chegar o dia em que eclodirá em nosso meio uma epidemia relativamente pior que a de gripe espanhola. Resta saber, claro, se até lá a ciência disporá dos recursos necessários para controlá-la."

Bem, fica aqui o aviso. Prevenção, pessoal! Todo cuidado é pouco!
Ah: e não se preocupem, a OMS garantiu que dá para comer carne de porco sem preocupação.
Sinto que não me expressei como devia, mas o melhor possível eu fiz, claro que fiz, sei que fiz! (Se acalma, cara! Respira agora... isso.)
Já que falamos em porcos, os "culpados" pela atual pandemia... só para não fugir ao assunto, desenhei estes aqui para aproveitar o momento. Só esqueci da máscara no enfermeiro, mas que importa?
Até mais!

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