quinta-feira, 7 de maio de 2009

Lançamento de anão

Olá.
Hoje, vou falar um pouco do processo de criação dos personagens da história que eu desenhei para a revista Quadrante X no. 10, os Super-Anões.
Era maio de 2008, quando já havíamos lançado a Quadrante X no. 9 na Feira do Livro de Santa Maria, cuja temática era o aniversário de 150 anos da cidade. Um mês antes, quando estávamos nós, os caras do Núcleo de Quadrinhistas de Santa Maria - Quadrinhos S. A. discutindo sobre a temática da nova revista - super-heróis - , estávamos criando vários heróis que fugiam do habitual estereótipo do tema. Claro, o forte do grupo eram os quadrinhos humorísticos. E o mais falado naquele instante era o famigerado Chicken-Man. Ainda se discutia quem ia desenhá-lo (e acabou ficando com o Marcel Ibaldo esse trabalho). Mas o então recém-chegado Ibaldo tinha outras idéias mais. Ele idealizou os heróis Super-Anões. A idéia foi dele, mas não havia quem encampasse. Quer dizer, a idéia era dele, só faltava conceber os personagens. E ele pediu a mim que o fizesse. Digo, fiz uns primeiros desenhos. Que não foram muito bem aceitos de início. Eu já havia concebido o líder do grupo, Micro-Man, a heroína Estética e o Despoluidor (não sei por que me fascinavam heróis de casaca e chapéu, como o Sandman da Era de Ouro, o Questão e o Rorschach [Watchmen], que me deu na cabeça de criar um parecido - daí, saiu o Despoluidor).
Eu já estava sendo pressionado para criar os personagens. Eu ia embora de Santa Maria dentro de algum tempo, e a aventura tinha de ser desenhada antes da minha partida. Mas, para desenhar a aventura, o Marcel tinha de escrevê-la. E, para escrevê-la, precisava dos personagens.
Os Super-Anões, em sua forma definitiva, só foram aparecer no dia do lançamento da Quadrante X no. 9. Eu estava rabiscando uma folha de caderno, e veio a primeira idéia: logo, eu concebia o Macaco-Prego, o Super-anão de braços compridos e gestos animalescos, lembrando mesmo um macaco. Bem, e os outros foram saindo. Redesenhei a Estética, o Micro-Man e o Despoluidor. E desenhei mais uma, que batizei de Berenice da Cabeleira. Mas esta não pôde ser utilizada nesta primeira aventura. E tinha de tomar o cuidado para que os heróis parecessem mesmo anões, baixinhos, pernas curtas e meio rotundos. E, para não deixar o Micro-Man com cara de criança de uniforme, acrescentei um queixo duplo, que o deixava mais velho. E, junto com os heróis, eu tive de conceber os vilões: saíram, rapidamente, o Terrível Orelha, o Mago, o Suspense e o monstro de gosma, que o Marcel chamou de Sorete Boy (o outro Marcel, o Jacques, ficou implicando com o uso do termo "sorete", que em gauchês quer dizer a mesma coisa que "cocô". Sim, pois a criatura era feita de... cocô). Entreguei a folha com os personagens para o Ibaldo - com os nomes e as explicações sobre os poderes e habilidades de cada um deles - e a história afinal saiu!
Ele me entregou as páginas desenhadas com o lay-out da história. E, em menos de uma semana, desenhei a história em papel A3. Entreguei as folhas desenhadas a lapiseira. O Marcel ia cuidar da arte-final. E fui embora de Santa Maria, um dia depois da entrega dos originais. Lá na sala do Núcleo, eles fizeram questão de comemorar minha despedida, até pediram uma pizza! Vejam vocês!
Bem... No final, um ano depois, eis a história publicada. Olha as amostras de página aí embaixo (a "capa" é do Ibaldo:
A arte-final do Marcel Ibaldo deixou minha arte diferente da habitual - se eu tivesse artefinalizado, também, talvez estivesse mais reconhecível... mas não ficou mau, pelo contrário. Mas só acho que vou demorar a me acostumar a ver minha arte assim, tão diferenciada... E o que dizer dos personagens na capa, que ficaram bem diferentes do meu traço, no traço do Ibaldo? Ele até mudou as vestimentas da Estética, que,quando a concebi, ela usava uma blusinha e um short! Até minha mãe comentou, quando leu a história, que talvez fosse melhor se eu tivesse feito tudo - a história, os desenhos, a arte-final, tudo. Como eu sempre fazia. Ah, mas é a primeira vez que desenhos meus são artefinalizados por outra pessoa. Já desenhar sob roteiros de outros, não é novidade.
Bem, tirando isso, como eu disse, nada mau.
De todos os personagens, o mais interessante é o Despoluidor, com aquele seu jeitão meio desligado, e saindo da batalha contra os vilões quando entende-se "não ser necessário" (vejam abaixo)... O Marcel Ibaldo me disse, mais tarde, que criou a personalidade dele baseada na minha! Bem, confesso que eu até andava meio desligado nas reuniões do Núcleo, folheando as revistas da gibiteca enquanto os outros discutiam... mas talvez nem fosse pra tanto, né! Mesmo assim, o Despoluidor é um personagem muito interessante. No final, ele vence a batalha com seu poder máximo: o de sugar a sujeira e a poluição para as mangas do casacão, como um aspirador de pó, e atirá-los contra os inimigos. (spoiller...)
Bem, para quem quiser conferir essa primeira aventura, peça seu Quadrante X pelo e-mail: quadrinhos.sa@ibest.com.br. Ao preço de R$ 5,00.
Abaixo, um desenho dos Superanões (tiro o hifen, agora) que eu colori a lápis de cor (quando todos hoje pintam com Photoshop e Corel, você ainda pinta com lápis, Rafael?!). Estes são os mais próximos dos que eu concebi, mas eu mantive as roupas da Estética concebidas pelo Ibaldo. Mas o Micro-Man É o original! Está certo: abaixo, da esquerda para a direita, Estética, Micro-Man, Macaco Prego e Despoluidor.
E aguardem: em breve, mais aventuras dos Super-Anões estarão a caminho!
Até mais!

Nenhum comentário: