quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Filme: O GUARDA-COSTAS (Requiem para Whitney Houston)

Olá.

Este mês de fevereiro não está sendo dos melhores. Já perdemos duas celebridades, ambas à beira do ostracismo no momento em que faleceram. Primeiro, foi o cantor Wando, o colecionador de calcinhas; e, domingo passado, perdemos a diva da música Whitney Houston, morta em circunstâncias ainda não esclarecidas.
A comoção da imprensa está sendo maior no caso da Whitney, que no auge do sucesso era uma mulher bonita e que cantava bem.
Bem. E é aproveitando o momento – e uma oportunidade que tive – que hoje vou falar de filme: nada menos que O GUARDA-COSTAS, justamente o filme mais célebre estrelado pela cantora.
Antes de tudo, uma advertência: tomem cuidado quando procurarem referências na internet ou nas locadoras de filmes, porque já existe mais de um filme com esse nome em português – dois deles são de ação. O que eu vou falar é o romântico, um grande sucesso de seu tempo.

Bem. O GUARDA-COSTAS (The Bodyguard) foi produzido em 1992, dirigido por Mick Jackson e roteirizado por Lawrence Kasdan (que também atua como um dos produtores). Apesar do sucesso de bilheteria, o filme não teve boas críticas. Isso é atestado porque O GUARDA-COSTAS teve duas indicações ao Oscar daquele ano e sete indicações ao Framboesa de Ouro. O único prêmio que ganhou foi o MTV Movie Awards de melhor canção – adivinhem qual? Isso mesmo, I Will Always Love You, a canção tema!
Aliás, o filme é lembrado – assim como a diva Whitney Houston – justamente por essa canção, que se tornou seu maior sucesso. A trilha sonora original do filme foi a mais vendida daquele ano também, e ganhou o Grammy em 1994.
Ah, um alerta: ao contrário do que muitos pensam, I Will Always Love You não foi composta na época do filme – ela foi gravada pela primeira vez em 1974, como um tema country, pela cantora Dolly Parton. A versão interpretada por Whitney Houston se tornaria a mais lembrada por todos os fãs.
Bem. O filme.
Dos atores do filme, apenas dois nomes são bem conhecidos do público – e justamente o par romântico, Whitney Houston e Kevin Costner (que também atuou como um dos produtores do filme). À época, Costner ainda desfrutava a fama que lhe foi proporcionada pelo maravilhoso filme Dança com Lobos e pela sua atuação em Os Intocáveis, de Brian de Palma.
Costner interpreta no filme Frank Farmer, um agente federal bastante eficiente que, um dia, é contratado para ser guarda-costas de uma famosa cantora e atriz, Rachel Marron (Houston). Essa cantora, uma mulher bastante complicada, tem um filho pequeno, Fletcher (DeVaughn Nixon, bastante à vontade) e está sendo ameaçada de morte sem saber – na verdade, ela só toma conhecimento dos motivos da contratação de Frank mais tarde.
O relacionamento inicial entre Frank e Rachel, inicialmente, é conflituoso, principalmente porque a cantora insiste em fazer o que lhe desse na telha, mesmo contra a vontade de seus empresários, mesmo correndo perigo por conta de uma pessoa misteriosa que quer matá-la. Por outro lado, Frank é um guarda-costas durão, eficiente e demonstra ser bom no que faz desde que atuou como guarda-costas de presidentes – porém, ele carrega dentro de si uma mágoa: a de não ter protegido o presidente Ronald Reagan quando este sofreu um atentado.
Mais tarde, a tensão – pontuada por diálogos pretensamente inteligentes – se transforma em conflito amoroso: os dois se apaixonam. Entretanto, Frank prefere sublimar o sentimento por Rachel, em parte por não querer misturá-lo com o trabalho; e outra parte porque, de toda forma, a cantora fica vulnerável quando ele está longe.
E não é apenas uma vez que Rachel sofre atentados – principalmente porque, nesse momento, a cantora é uma das atrizes indicadas ao Oscar daquele ano. O que é pior: ainda não se sabe a identidade e as intenções do misterioso assassino. Seria um fã maníaco, ou uma pessoa vingativa? O pior é que até mesmo uma pessoa próxima a Rachel – a irmã e produtora, Nicki (Michelle Lamar Richards) – pode estar envolvida.
Essa é a história de uma pessoa que quer proteger outra – e que passa do sentimento puramente contratual para o mais pessoal. Mas, francamente, o filme não chega a ser memorável. Não apresenta uma cenografia realmente inesquecível, e a história chega a ser parada em alguns momentos. O momento que mais paralisa o filme é quando, visando proteger Rachel, Frank sugere que a cantora, a irmã e o filho passem com ele uma temporada na casa do pai dele (Ralph Waite) nas montanhas. Nesse ponto, o filme que se desenvolvia bem acaba ficando enfadonho, porém recupera o embalo a partir da cena em que Frank salva Fletcher do lago, onde o garoto se meteu a pilotar sozinho um barco – mas o barco explode no meio do lago, revelando ser parte do atentado contra a vida de Rachel e sua família. E também aí fica mais claro o envolvimento de Nicki nos atentados, mas não de forma direta.
No filme, também podemos encontrar alguns momentos significativos, como as referências ao código de conduta dos samurais, onde o samurai deve proteger o seu senhor – no caso, Frank seria uma espécie de samurai para Rachel. Primeiro, na cena em que os dois, no cinema, assistem ao que parece ser um dos filmes de samurai de Akira Kurosawa; a seguir, os dois, no quarto do guarda-costas: ela pega uma espada japonesa de Frank e ele, delicadamente, tira a estola dela e deixa-a cair na lâmina da espada, cortando-a para mostrar que a espada estava afiada. E, a seguir, os dois começam a se beijar.
Outra curiosidade interessante: na cena em que Rachel convida Frank para dançar, a canção-tema, I Will Always Love You, está tocando, mas na versão country por outro cantor. A canção é, inclusive, comentada de forma negativa por Rachel, já que é uma letra que trata de uma separação amorosa. Pior é que Rachel / Whitney interpreta justamente essa canção no fim do filme. E o significado da letra cai como uma luva para o fim do filme, já que no final Rachel e Frank não ficam juntos. Pelo menos isso garante que o filme seja uma história de amor memorável.
Não é, como eu disse, um filme dos mais memoráveis. Principalmente porque a atuação do elenco não parece muito entrosada. Aliás, entre as indicações para o Framboesa de Ouro, estão justamente para as de pior ator, para Costner, e pior atriz, para Houston. E pior canção também – mas para outra música da trilha sonora, Queen of the Night. (Ah, sim: a trilha sonora do filme ficou por conta de Allan Dennis Rich e Alan Silvestri).
De todo modo, a canção-tema até hoje não sai da cabeça dos fãs. E o filme é lembrado na mesma hora que a voz de Houston inicia a canção, em capela. Ah, mas I Will Always Love You seduz não apenas pela voz de Whitney Houston, como também pelo solo de saxofone.
E, convenhamos ainda: Whitney Houston estava no auge da beleza quando gravou O GUARDA-COSTAS. Ela conseguia ficar elegante mesmo no figurino mais extravagante. Era difícil imaginar que a então diva ia se envolver em problemas – principalmente com drogas – nos anos seguintes.
De todo modo, O GUARDA-COSTAS é uma celebração à essa diva. Descanse em paz, Whitney Houston. Ao menos o diretor Mick Jackson gravou em nossas mentes uma imagem em sua melhor fase para sempre.
We Will Always Love You, Whitney.

Para encerrar, como é praxe nas quartas-feiras, hoje é dia de Mãe de Gatos.
Curtam aí a primeira parte da Primeira Semana de Sabrina, a gata. Quem acessa o blog da Deninha, já conhecem-na.
Aguardemos os próximos dias, o que virá por aí.
E lembrem-se: amanhã, quinta-feira é dia de Teixeirão.
Até mais!

Um comentário:

Milton Soares disse...

Rafael! Legal esse teu posto sobre o filme "O Guarda-costas" e a diva Whitney. E aqui vai mais uma irônica curiosidade para contribuir com a tua excelente resenha: disque a última canção cantada pela Whitney em sua derradeira apresentação antes de ser encontrada morta foi justamente "Jesus Loves me", a mesma cantada no filme por ela e a sua "irmã" (Michelle Lamar Richards), pouco antes desta ser morta por um tiro do próprio Costner por engano. É isso aí. Um abraço, tchê!