Olá.
Enquanto
os olhos da grande maioria das pessoas estavam voltados para as Olimpíadas e as
atualidades decepcionantes e/ou esperançosas, eu estive, nos últimos tempos,
com os olhos e a mente voltados para o passado, resenhando mídias que retratavam
o passado nacional. Mas, hoje, estou voltando para o presente.
Já
faz algum tempo que não falo a respeito de quadrinhos neste blog – assunto que,
aparentemente, gera mais audiência para cá. Então... hoje vamos falar de
quadrinhos. De quadrinhos brasileiros. De uma promissora estreia na cena
quadrinhística brasileira, em tempos que agora, sim, prometem ser mais
promissores que as décadas passadas – já que os quadrinhistas brasileiros da
cena atual, cada vez mais, saem das sombras das produções independentes e aprendem
a entregar, para o grande público, histórias de boa qualidade. Vejam o selo
Graphic MSP, por exemplo.
Mas
hoje não falaremos de Graphic MSP. Hoje vamos falar de Instituto HQ. Hoje,
vamos falar sobre AURORA, de Felipe Folgosi e amigos.
INSTITUTO HQ: NOTÍCIAS
AURORA
foi lançado em outubro de 2015. É o terceiro álbum publicado pela então empresa
Instituto de Quadrinhos, hoje Instituto HQ, que congrega escola de artes,
estúdio de HQ e editora.
Vamos
lembrar: foi por volta de 1998 que apareceu a empresa Impacto Quadrinhos,
escola e estúdio de artes que, entre outras coisas, prepara seus alunos para
atuar no mercado internacional; a partir de 2013, a empresa, capitaneada por
Klebs Junior, muda o nome para Instituto de Quadrinhos, e passa a ser também
editora.
O
primeiro lançamento do Instituto de Quadrinhos como editora foi Pátria Armada, de Klebs Júnior e
colaboradores. O primeiro número da série em três partes – e foi anunciado,
recentemente: Pátria Armada faturou o
Prêmio HQ Mix 2016 de melhor minissérie, porém dividindo o prêmio com outra produção independente! – foi viabilizado através de financiamento coletivo e
lançado em dezembro de 2014. O terceiro número da série marca a transição de
Instituto de Quadrinhos para Instituto HQ.
Foram,
até o momento, sete lançamentos pela editora Instituto HQ. Além dos três números
de Pátria Armada – o segundo apareceu
em dezembro de 2015 e o último saiu agora, em julho de 2016 – saíram: Nikkei – Implacável Natureza Mestiça, de
Guilherme Raffide e Leandro Casco; este AURORA; O Caminho, de Roberto de Souza; e Solstice Ville, de PH Marcondes, cujo lançamento foi adiado para
agosto agora, embora tenha sido anunciado para julho passado. E ainda tem
outros álbuns e revistas na fila de espera...
Voltando
a AURORA: o álbum feito a várias mãos, lançado em outubro de 2015, também foi
viabilizado por financiamento coletivo. O projeto foi lançado no site Catarse
em novembro de 2014, e teve êxito.
Felipe
Folgosi foi responsável pelo roteiro. Apesar de só o seu nome constar na capa,
Folgosi foi responsável pelo argumento e pelo roteiro, somente. Os desenhos são
de Leno Carvalho; a arte-final é de Nelson Pereira; a adaptação do roteiro para
a HQ, os layouts e a capa acima ficaram por conta de Klebs Junior; as cores são
de Stefani Rennee, Márcio Menyz, Thiago Ribeiro, Rodrigo Fernandes, Carlos Lopes
e Marcio Freire; e as letras são de Flavio Soares.
FOLGOSI
Por
que só o nome do roteirista Folgosi consta na capa? Porque, provavelmente, é
pelo fato de Folgosi já ser famoso. Não como roteirista de HQ, mas como ator de
TV e roteirista de teatro e cinema. AURORA marca sua estreia nos quadrinhos.
Bão.
Luiz Felipe de Andrade Folgosi, nascido em São Paulo em 1974, é ator de
telenovelas veterano. Sua estreia foi na Rede Globo, em papel de importância na
minissérie Sex Appeal (1993) e como
protagonista da novela Olho no Olho, de
1993. Ele ainda atuou, para essa rede, nas novelas Explode Coração (1995) e Corpo
Dourado (1998). Entre 1998 e 2003, ele foca sua carreira no teatro, em
paralelo com a carreira televisiva, estrelando com sucesso (e foram cinco anos
em cartaz!) a peça Qualquer Gato
Vira-Lata Tem uma Vida Sexual Mais Sadia que a Nossa, de Juca de Oliveira.
A
partir do ano 2000, ele passa a trabalhar para a Rede Record, onde está
estabelecido até hoje, mas teve passagens pelo SBT (nas novelas Jamais te Esquecerei, de 2003, Os Ricos Também Choram, de 2005, e Chiquititas, versão de 2015), pela
Globo, mais uma vez (em 2004, atuando na novela Começar de Novo) e pela rede Bandeirantes (apresentando o programa Acredite se Quiser, em 2011).
Sua
primeira novela na Rede Record foi Vidas
Cruzadas, de 2000. Em 2004, o ator muda-se para os Estados Unidos, a fim de
completar seus estudos – Folgosi é formado em cinema pela Fundação Armando
Álvares Penteado e tem especialização em roteiro pela UCLA (Universidade da
Califórnia em Los Angeles, EUA). Aliás, foi em 2004, ainda nos EUA, que Folgosi
começou a esboçar AURORA como um roteiro para cinema.
De
volta ao Brasil, Folgosi atua na novela Prova
de Amor (2006), da rede Record, mas alcança o sucesso, mesmo, com sua
parceria com o novelista Tiago Santiago: o ator atua na inovadora, porém
criticada por seus excessos, “trilogia mutante” – Caminhos do Coração (2007), Os
Mutantes (2008) e Promessas de Amor (2009).
Além de participações como ator em outros programas da TV Record, ele
participou do reality show A Fazenda 5, sendo
vice-campeão. Atualmente, após cumprir o contrato com o SBT, onde atuava na já
citada novela Chiquititas, ele está
atuando na novela A Terra Prometida, da
mesma Record.
Well.
Como já dito, a ideia original de Folgosi era fazer AURORA na forma de um
filme. O projeto começou em 2004 e só foi concluído em 2014 –foram, segundo o
autor, dez anos e três meses. Enquanto trabalhava em outros projetos, vez por
outra Folgosi tirava o roteiro da gaveta e trabalhava nele. Foi apenas em 2013
que o projeto foi retomado com a devida força. Mas, sendo difícil para o autor
lança-lo como filme, ainda mais no Brasil, resolveu lança-lo como HQ.
Felizmente, Felipe Folgosi é fã de HQ – e encontrou no pessoal do então
Instituto de Quadrinhos um parceiro.
E,
em outubro de 2015, depois de bem-sucedida campanha pelo site Catarse, AURORA
viu a luz, com sucesso de público. E, no momento em que escrevo, Folgosi, em
novo financiamento coletivo pelo Catarse, viabilizou sua segunda HQ, Comunhão. A campanha começou em junho de
2016 e terminou bem-sucedida. O lançamento do novo álbum, do gênero terror,
está previsto para dezembro. Os desenhos serão de J. B. Bastos.
O ALVORECER DA NOVA HUMANIDADE
Na
introdução do álbum, Folgosi conta que a ideia para AURORA nasceu de uma
brincadeira: ele costumava ligar, com canetas, as pintas de seu corpo. Daí,
nasceu a ideia para a história de um homem com o padrão de uma constelação
gravado em seu corpo.
AURORA
é uma ficção científica dramática, onde se discute ciência, ética, religião,
filosofia e evolução humana, a partir de um fato extraordinário que pode
significar o próximo passo da evolução da espécie.
A
história, de premissa simples, é ambientada nos Estados Unidos, no estado de
Massachusetts. Começa quando uma tempestade cósmica se aproxima da Terra. Nesse
momento, há apenas um barco pesqueiro em alto-mar no Atlântico Norte – e neste
barco está o personagem central da trama, o pescador Rafael Santos, um imigrante
português que reside com sua esposa, Cláudia, e sua filha pequena, Annabelle,
nos Estados Unidos. Ele e seus companheiros de embarcação estão tendo um bom
dia de pescaria, quando sobrevém, de repente, um estranho fenômeno
astrônomo-meteorológico.
Enquanto
isso, quem fica apreensiva, ao ver na televisão as notícias a respeito da
chegada da tempestade cósmica é Cláudia, que ficara em terra com a filha. Os
contatos via telefone com o barco pesqueiro de Rafael são interrompidos, e tudo
o que ela pode fazer no momento é rezar e receber o consolo de seu amigo, o
padre Ian Costello. Enquanto isso, há mais gente de olho na chegada do
fenômeno. Gente graúda. Do alto escalão.
No
alto-mar, Rafael sai para o convés para tentar acender um sinalizador para
alguma embarcação próxima – toda a energia do barco é interrompida. E o
pescador acaba banhado por uma chuva de partículas cósmicas. Ele recebe essas
partículas como se fosse uma chuva comum. E, cessada a tempestade cósmica, a
energia do barco se restabelece, e aparentemente nada de mal aconteceu ao
pescador, fora a pele temporariamente fluorescente e a capacidade de ler os
pensamentos dos colegas.
A
tempestade cósmica faz alterações na estrutura corporal de Rafael – e elas
começam a aparecer aos poucos, depois que consegue voltar à terra, aos braços
de sua esposa, e é aconselhado por seu chefe, o capitão do barco, a procurar um
médico. Algo que acaba sendo necessário: um dia depois, seu corpo fica cheio de
manchas, e, à noite, elas acabam sangrando. Cláudia encontra o marido caído no
chão, cheio de sangue. E chama a ambulância.
Rafael
acaba diagnosticado com um caso grave de melanoma – câncer de pele. Não tendo
recursos para pagar os exames necessários para fazer o diagnóstico, o padre Ian
resolve pedir ajuda ao seu irmão, o médico Ryan. O barbudo, recém-separado e
alcoólatra Ryan Costello não se dá muito bem com o irmão, mas se prontifica a
ajudar, e aciona o hospital da Universidade do Massachusetts para fazer os
exames. Cláudia vai junto.
Os
exames iniciais acabam tendo um curioso diagnóstico: a médica assistente do
hospital, Amita, detecta um padrão nas manchas corporais de Rafael – elas
formam um mapa da Via-Láctea. Isso mesmo, a galáxia. Pouco depois, aparece um
calombo em sua testa – um tumor cerebral. E não para por aí: o paciente começa
a manifestar poderes fora do comum, apesar de ainda estar acamado. Cláudia,
sempre ao lado do marido, acaba descobrindo, apenas por estar perto do
paciente, que está novamente grávida dele. Pouco depois, Rafael começa a falar
na mente de sua esposa. Enquanto isso, Ryan investiga a possível relação entre
a tempestade cósmica e as alterações no corpo de Rafael.
E,
enquanto isso, a tal gente graúda – na figura do misterioso Coronel Saul
Hunter, o vilão da história, líder de uma sociedade secreta e com ligações com
o governo dos EUA – dá seus próprios passos: os pescadores que estavam no barco
onde Rafael estava, testemunhas do caso, começam a ser eliminados um a um.
Em
uma nova tentativa de diagnóstico, Rafael é colocado em um equipamento
experimental da universidade. Aparentemente, o aparelho acaba sobrecarregado e
explode, mas Rafael sai de lá inteiro, e com plenos poderes. As manchas em seu
corpo somem, mas ele pode agora ler mentes (e graças a isso entender conceitos
científicos complicados), possui telecinese (capacidade de mover objetos com a
mente) e sua pele brilha, porém ele não pode abrir os olhos. Até pode adivinhar
o sexo do feto no ventre de Cláudia, ainda que ele mal tenha se formado no
útero. Os cientistas ali presentes acabam concluindo: graças à tempestade
cósmica, Rafael se transformou no próximo degrau da evolução humana.
Entretanto,
os agentes do governo, devidamente informados nos fatos através de espiões,
iniciam a caçada a Rafael. Graças à ajuda de Ryan, o pescador consegue fugir,
não sem antes trombar com agentes. Porém, sua família acaba ameaçada: Cláudia e
Annabelle são raptadas pelos agentes do Coronel Hunter, e até o padre Ian acaba
pagando com a vida, deixando Ryan amargurado. O médico por pouco não escapa
vivo da perseguição, embora Rafael tenha se rendido aos agentes.
É
claro que a intenção do Coronel Hunter é manipular os poderes de Rafael, mas o
pescador, ao ver a família em perigo, não vai deixar barato... mesmo que
precise se sacrificar para salvar todo mundo de uma tragédia. Mas nem mesmo o
Coronel Hunter sairá dessa experiência da mesma forma como começou.
REBATENDO (OU REFLETINDO) CRÍTICAS
Bão.
Alguns críticos de sites da internet que já resenharam o álbum, consultados
antes de escrever esta postagem, reclamaram do uso de temas considerados
clichês do gênero – o homem que adquire poderes e acaba perseguido por agentes
do governo não é algo novo sob o sol. É certo, cada autor, estreante ou não,
acaba tendo de usar essa premissa para conduzir sua história. Folgosi não foge
à regra. Usa de muitos recursos considerados batidos para conduzir sua história
– eliminação de testemunhas, o passado atormentado do vilão, a família do
protagonista ameaçada, a base prestes a explodir no desfecho... Com isso, a
história acaba se tornando, até o desfecho, previsível e incapaz de entreter.
Outra
reclamação dos críticos consultados foi o excessivo didatismo da história –
claro que Folgosi, para situar o leitor, precisou colocar explicações
científicas, fundamentadas em ampla pesquisa, na boca dos personagens. Embora
as teorias científicas e filosóficas sejam convincentes, em alguns pontos são
forçadas – foi mesmo meio forçado a médica Amita ter, de supetão, não apenas
achado o padrão da Via-Láctea no corpo de Rafael, como tê-lo explicado com a
máxima naturalidade aos outros, como se já tivesse visto um caso assim
anteriormente. Em alguns momentos, tais diálogos didáticos acabam soando
artificiais, bem como os recursos de melodrama presentes no álbum. Houve
reclamações com relação ao personagem Padre Ian, que nada acrescenta à trama
além de “apoio moral” aos personagens. Seu irmão Ryan parece ser o mais
convincente. O vilão também carece de alguma naturalidade – houve reclamações
até mesmo a respeito da cena onde o Coronel Hunter, depois de explicar, a um de
seus asseclas, teorias científicas, Razão Áurea e números de oito dígitos, o
mata a tiros ao fim das explicações – recurso usado mais para atestar a sua
“maldade” em prol de uma causa maior. Imagine se AURORA tivesse mesmo aparecido
na forma de filme... Provavelmente as críticas à atuação dos atores seriam
piores que a ação dos personagens no quadrinho! Visto que Folgosi, Carvalho e
companhia tiveram total controle dos “atores”...
Ah,
mas mesmo apoiado em clichês, na previsibilidade e nesses defeitos narrativos,
eu, ao menos, achei AURORA uma boa história. Os críticos dão a entender que
AURORA é um álbum ruim e dispensável, mas eu não achei. Tem um bom ritmo
narrativo, os personagens são bem caracterizados, há bons recursos narrativos –
como as cenas que resumem a vida de um personagem em apenas uma página de dez a
doze quadrinhos – e é perfeita para uma adaptação cinematográfica.
OK,
não seria um grande sucesso de bilheteria, não vai acrescentar muita coisa à
experiência de vida dos espectadores, seria mais um desses telefilmes
descartáveis da TV a cabo, mas Folgosi é experiente em dramaturgia, ele procura
imprimir em AURORA muito de sua experiência televisiva. Ele fez a sua lição de
casa. E é bom ver um ator televisivo que não esteja limitado à sua área de
atuação, a um único talento. OK, existem casos piores de atores que tentam um
segundo talento, mas não podemos dizer que Folgosi seja um desses casos.
Os
desenhos de Leno Carvalho e Nelson Pereira são realistas, porém fortemente
estilizados, econômicos em detalhes – em comparação, claro, com os desenhos de
Klebs Junior e colaboradores em Pátria
Armada. Há, também, o uso de fotomontagens com imagens geradas em
computador. Mas há preocupação com o leitor: tanto Folgosi como Carvalho e
Pereira se preocuparam em apresentar os personagens, suas motivações, de onde
vieram, para onde vão. Cada personagem tem sua profundidade, sem a confusão de
imagens e situações observada em Pátria
Armada. A colorização foi fundamental para a compreensão das imagens e
situações, permitindo um descanso ao olho do leitor.
Enfim:
não se pode dizer que Folgosi e seus amigos não tenham pensado no leitor. Se
preocuparam em entregar uma história com ciência e filosofia, de modo que o
público conseguisse entender, numa linguagem que eles soubessem que a maioria
das pessoas está acostumado a ver. E tudo em 104 páginas, em papel couché, capa
cartonada com textura, e lista de agradecimentos aos colaboradores do Catarse
na contracapa interna. Fazendo valer os R$ 39,90 que custa.
Provavelmente,
AURORA vale um filme.
Agora,
é esperar por Comunhão. Quem
colaborou com o projeto no Catarse, praticamente já comprou o seu antecipado. É
a prova que nem tudo é crise nesta metade do Equador.
PARA
ENCERRAR...
...não
tendo mais o que botar – e por que ainda continuo colocando desenhos meus para
acompanhar estas resenhas, se aparentemente é o que menos os meus 17 leitores
veem?! – resolvi colocar, mesmo, alguns esboços, alguns rabiscos feitos mais
para gastar canetas de minha gaveta, minhas “canetadas”. Nestes esboços, vocês
também irão encontrar figuras conhecidas...
Tem
artistas que de vez em quando colocam amostras de sua prática com as canetas
nos seus sites para mostrar como é o seu processo de criação. Para mostrar que
às vezes é preciso gastar mais papel do que deveriam para dar vida a um sonho.
Quiçá devastar uma floresta para dar vida a um álbum de, digamos, 104 páginas.
No
meu caso, o compromisso assumido continua: não ficar um dia deste ano sem fazer
desenhos, ainda que uns rabiscos de nada em guardanapos. Olhem, neste caso, nos
blogs da Rede Rafelipe – o da Letícia, o dos Bitifrendis, o do Teixeirão. Olhem
minha série em folhetim, O Açougueiro. Olhem
estas “canetadas”. Olhem o esforço que faço para não me render à letargia, à
depressão... enfim. Só não perguntem no que eu estava pensando quando fiz estes rabiscos...
Em
breve, mais novidades neste blog. Mais livros, quadrinhos, filmes. E mais
desenhos também. Não podem dizer que eu não esteja pensando nos meus 17 leitores.
Até
mais!
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