Já deu 15 dias, desde a publicação do último capítulo de meu folhetim ilustrado para adultos, MACÁRIO. Algo leve para depois da eleição... para tentar fugir do clima pesado que ficou.
ATENÇÃO: leitura não recomendada para menores de 18 anos. Contém cenas de consumo de bebidas alcoólicas e de tentativa de constrangimento.
Estava inquieto por dentro. Por fora, eu agia
normalmente.
As coisas estavam acontecendo muito rápido.
Não entendia a pressa de Luce em minha
mudança para o novo apartamento.
Horas atrás, ele me levou para conhecer o
novo apartamento. Eu havia gostado do local, sim. Só o que me incomodava era a
pressa de Luce em fazer a mudança: ele disse que queria fazê-la no sábado. No
dia seguinte. E praticamente não havia tempo, nesse processo, para os trâmites
legais, como informar a mudança ao síndico do prédio, embalar as minhas
coisas...
Como Luce é um vampiro, não seria sensato
contrariá-lo. Ele é mesmo do tipo que quer tudo para aquele momento.
E dava para constatar, inclusive, que feliz
ele não estava. Não totalmente. Não depois de saber que sua irmã Andrômeda já
sabia da nossa mudança, sabe-se lá como – e havia revelado o segredo para
Âmbar.
Ele disse que iria ter uma conversa com
Andrômeda. De que forma Luce iria ter essa conversa com Andrômeda a respeito
disso?
Estou com um pressentimento ruim.
Foi tanta coisa que aconteceu desde a
madrugada anterior, quando saí do bar... Eu ainda não estava totalmente
recuperado, apesar da manhã de sexo que tive.
Mal consegui prestar atenção na aula do meu
curso de Medicina.
Para dizer a verdade, nem me lembro da aula
do curso. Foi como se minha memória tivesse apagado no momento em que eu saí do
automóvel de Luce, na porta da faculdade, até agora, no momento em que estou de
pé, no balcão do bar. Devia ter me transformado em zumbi no momento em que
adentrei o prédio do curso de Medicina. E só voltado ao normal ao fazer o nó da
gravata borboleta.
E o bar, naquele instante, estava vazio.
Muito vazio. Não totalmente vazio de gente porque havia um cliente no balcão.
Nenhum dos Monstros se encontrava no bar no
momento em que entrei no balcão para...
Não, espere. Havia um Monstro sim.
Ali estava Jorge Miguel no balcão.
Jorge Miguel era a única vivalma, naquele
momento, no bar. Não havia mais ninguém esperando que servissem drinques. Que
estranho.
- Oi, Macário. – cumprimentou Jorge Miguel,
com sua voz suave, meio grave, e meio aguda.
- Oi, Jorge. – cumprimentei.
- Conhaque, por favor.
Maquinalmente, peguei a garrafa e servi-lhes
o copo.
- Onde está todo mundo? – perguntei.
- Eu que pergunto, na verdade. – ele
respondeu. – Se o Luce deu algum aviso de que hoje não teria festa, eu não
recebi a mensagem. Hoje é sexta-feira. Aqui estou eu...
- Será que a palestra dele na faculdade ainda
não terminou?
- Não sei. Eu há tempos não faço faculdade...
Como vai indo, Macário?
- Não muito bem. – suspirei – Tive uma
madrugada muito agitada. A semana toda foi muito agitada.
- Dá para perceber.
- Está tão estampado na minha cara?!
- Ouvi algumas conversas por aí, Macário.
- Então você soube...
- ...da madrugada de ontem? Da sua aventura
com os Animais de Rua? Do seu mergulho no esgoto? Da visita à casa dos
Dinossauros que Sorriem? Da noitada com a Andrômeda e a Âmbar? Soube.
Engoli em seco.
- E... como soube?
- Pela Andrômeda e pela Âmbar. Encontrei as
duas por acaso, ainda sob efeito da ressaca. E, como você sabe, In Vino Veritas.
Sei perfeitamente. “No vinho está a verdade”.
Bêbados não mentem. Decerto Andrômeda e Âmbar ainda estavam muito bêbadas
quando saíram do meu apartamento, embora não aparentassem. Agora, sob que
circunstâncias Jorge Miguel as encontrou, melhor não saber.
Jorge Miguel me chamou mais para perto, para
cochichar.
- Macário, diz uma coisa: o que achou do
apartamento que você vai passar a dividir com o Luce? – pergunta, de supetão.
Levo um susto.
- Você... sabe?!
- Ih, Macário. Acho que nessa altura todo
mundo sabe da sua mudança. Todos mundo da turma dos Monstros, é claro.
- Eles sabem que...?
- Não se acanhe, Macário. Eu sei, o Luce não
queria que ninguém soubesse. E nem eu sei como foi que a Andrômeda descobriu,
aquela linguaruda ciumenta... Mas eu, de curioso, acabei seguindo vocês até o
prédio. Escondido, é claro.
Estava esquecendo que Jorge Miguel também é
um vampiro, então deve ter os mesmos poderes que Luce e Andrômeda utilizavam.
- Mas fique frio, amigo. – ele prosseguiu, em
um tom pretensamente tranquilizador. – A gente está fingindo que não sabe.
Todos já devem estar sabendo, mas estamos fingindo que não sabemos... Então não
se surpreenda se alguém perguntar a respeito da mudança.
- E você sabe o que o Luce está planejando
para mim?
- Como? – Jorge arqueou a sobrancelha.
- Sei que há um propósito para que o Luce
queira que eu mude do meu apartamento para o dele. E não sei qual é...
- Mas se eu soubesse, Macário! Eu mesmo não
sei qual seria esse propósito. Você não é o único que acha o Luce um
esquisitão. Um excêntrico. Não tenho como saber o que ele realmente pensa. Não
sou telepata. Desse poder eu careço, Macário. Nem todos da minha espécie
conseguem ler mentes.
- Mas enviar mensagens para a mente de outros
vocês conseguem, não é mesmo?
- Hum?
- Estava pensando agora nos dias anteriores.
Muitos de vocês fizeram pedidos de bebidas telepaticamente. Antes mesmo de
falar, eu já sabia o que vocês queriam beber.
- Alguns de nós sim. Mas eu não, Macário.
Sempre fiz meus pedidos verbalmente, você sabe. Mas, como eu estava dizendo,
Macário, se eu soubesse quais são os planos do Luce para com você, eu já teria
contado a você. Eu também considero o quanto você é importante para nós.
- Que bom saber... – respondo, de cenho
franzido.
- Sério, Macário. Alguém tão diligente como
você só pode ser especial para nós, cujo relacionamento com a humanidade é...
como direi... Hã... Enfim. Tomara que o que o Luce esteja planejando não seja
nada ruim, Macário...
Tive de dar um profundo suspiro. Me passou
pela cabeça que, de repente, Jorge e Luce estivessem mancomunados para guardar
segredos de mim. Aliás, todos os Monstros pareciam mancomunados.
De repente, enquanto assim conversávamos, as
portas do bar abriram, e os Monstros, de inopino, começaram a entrar.
Vários rostos conhecidos. Mas não todos...
Antes mesmo de haver contabilizado todo mundo, eu já sabia que faltava gente.
Eu vi Âmbar ladeada por MC Claus. Mas
Anfisbena não veio. Eu vi o Flávio Dragão acompanhado dos Dinossauros que
Sorriem, e lá estavam também as mulheres, Jussara e Sulídea. Eu vi o Flávio
Urso. Eu vi o Beto Marley. E, oh, os Animais de Rua vieram, todos os nove! Eu
vi o Breevort e...
...Geórgia estava do seu lado!!!
- Oh, Jorge! – exclamou Breevort. – Aí está
você!
- Non quis esperrarr porr nós, Jorrge? –
exclamou Flávio Urso, com seu sotaque forte.
- Vim na frente. – disse Jorge Miguel. – Eu
que pensava que vocês não vinham...
- Estávamos esperando o chamado do Luce –
disse MC Claus – mas não veio. Resolvemos vir por conta própria. Ah, como vai,
Macário?
- Tudo bem com você, Macário? – cumprimentou
Flávio Dragão.
Cumprimentei, com um sorriso desajeitado.
Todos pareciam contentes.
- Exatamente. – disse Beto Marley. – Não
precisamos depender do Luce para fazer festa no bar. Ele pode ser a alma das
festas e tudo mais, mas não precisamos depender dele para o nosso happy hour. Aliás, cadê ele?
- Ele não está aí, entre vocês?! – eu
perguntei.
- Pensei que ele tivesse vindo com você!! –
falou Geórgia. – O Lúcio, né? Digo, Luce, sei lá.
- Hm... Oi, Geórgia. – cumprimentei. – Nos
vimos de novo...
- É, Macário... acho que você não vai se
livrar mais de mim... – ela respondeu com um sorriso.
- Beleza, Macário? Para onde vocês dois foram
hoje? – pergunta Breevort, e agora que eu reparei que ele estava, desta vez,
usando uma camisa esporte e calças alinhadas, que contrastavam com a tatuagem
no seu rosto, no lugar do casaco de gola felpuda com o qual eu costumava vê-lo.
– Geórgia esteve contando que vocês dois se encontraram hoje.
- Ela não contou que fomos visitar os Animais
de Rua?! – retruquei. – E... Geórgia, hoje você resolveu sair?!
- Eu não pretendia, mas recebi um telefonema
do Breevort aqui. – Geórgia falou, lançando um olhar apaixonado para ele. –
Resolvi aceitar. Passar a madrugada aqui... Com você e com ele. Aliás, vocês
dois são grandes amigos, né?
- Somos, sim, querida. – falou Breevort. –
Quem não seria amigo de um garçom tão bom quanto o Macário?!
E todos começaram a aplaudir. Fiquei
encabulado.
Dei um suspiro. Será que Geórgia vai engrenar
um namoro com o Breevort? Será que Marto Galvoni ainda está no páreo? Será que
Breevort resolveu revelar sua verdadeira natureza para ela? Será que...
Os Monstros pararam de aplaudir e de conversar
a respeito da ausência de Luce e Andrômeda – reparei que até ela faltou,
certamente os dois ainda estavam discutindo, até imaginei que eles estavam
discutindo em russo, como naquele dia. E os Monstros já começaram a fazer os
seus pedidos. Tanto verbalmente quanto telepaticamente. E o bartender aqui, é
claro, tinha de fazer jus à fama que conquistou de melhor bartender que aquelas
criaturas já conheceram.
Os outros dois garçons do bar, então ainda
aguardando no vestiário a chegada da clientela, já começaram a se movimentar.
Espero que não tenham ouvido o diálogo entre Jorge Miguel e eu.
Eu estava acompanhando, entre um drinque
pronto e outro, o que Geórgia estava fazendo. Evidente que Breevort não saía do
seu lado. Talvez não fosse por outro motivo que ele resolveu se vestir bem para
um encontro com Geórgia. Mas tatuagem no rosto e camisa esporte?! E Geórgia
também estava elegante, naquele vestido tubinho escuro. Mas Geórgia dava
atenção tanto para Breevort quanto para os Animais de Rua, mais uma vez
entretidos em um pequeno campeonato de bilhar. Sua amiga de infância, Eliane,
estava ali. E eu vi as duas conversando alegremente, sob os olhares dos outros.
Dando risadas, até, quando seus olhares se voltavam na direção do balcão.
Estariam elas falando de mim?
Quanto a Âmbar, até que ela estava bebendo
moderadamente hoje. Em cerca de duas horas, foram “só” duas garrafas de vodca.
Depois do que ela bebeu ontem, antes de transar comigo... E o MC Claus,
continuava tratando se seus negócios com outros, deixando Âmbar “a perigo”, no
balcão, bebendo. Mas, como naquele dia em que eu a vi bebendo demais, ela
parecia macambúzia. E também não tirava o olho de Breevort e Geórgia.
- Simpática, a sua amiga, Macário. – ela
comentou para mim. – Muito comunicativa...
- Você acha?
- Como não, Macário? Olha como ela está
interagindo com os outros, até com os Animais de Rua. Com a Eliane, inclusive.
- Bem, é mais por que a Geórgia e a Eliane
são velhas amigas. Ex-colegas de escola.
- Ex-colegas de escola... Uau... A Eliane é
tão linda, você não acha, Macário?
- Pois é...
- E a Geórgia, então... São duas gatas. Que
bom gosto que você tem, Macário.
- Ah, pare com isso, Âmbar. Eu sou apenas um
sortudo.
- Eu que o diga, Macário... Mas pena que
agora a Geórgia seja do Breevort... E é bom ver que ele tomou uma atitude.
- Como assim?
- Bem, Macário, é que eu conversei com o
Breevort hoje... Ele parecia um tanto inseguro, esquivo, temeroso de que a
Geórgia não estaria nem aí para ele... depois do que ela nos falou hoje, lá no
seu apartamento... se ele não tivesse mais confiança, o Marto Galvoni... Sabe.
Eu particularmente acho que o Breevort combina mais com a Geórgia que o Marto.
- Sabe de uma coisa, Âmbar? Eu também acho.
Âmbar deu um grande sorriso ébrio.
- E, Macário, sabe... bem, sobre esta
manhã... eu...
- Âmbar...
- Macário, eu estou evitando beber demais
hoje, mas quero que saiba que eu... Macário, eu estou me sentindo mal pelo que
aconteceu...
- Mal por quê?
- É que... Macário, eu quis dormir com você
e... bem, foi mais forte que eu... e a Andrômeda, Macário... e... e... e você
havia vivido uma aventura pesada na madrugada, e eu me deixei levar pelo...
Macário, eu... (soluço) eu... – Âmbar deixou cair uma lágrima.
- Deixe para lá, Âmbar. – falei, dando de
ombros. – Aconteceu, vamos fazer o quê? Quem se deixou levar fui eu... Afinal,
sou homem, o que eu podia fazer diante de duas lindas garotas nuas?!
Me envergonhei de ter falado isso.
- Mas, Macário, você teve uma semana difícil,
e eu... e a Andrômeda... nós...
- Ah, não fique se culpando, Âmbar. Bem, o
que passou, passou. E... bem, teremos outras oportunidades de fazer as coisas
com mais calma, viu?
- Bem, teremos... – Âmbar sorriu. – Teremos,
sim. Teremos.
Engoli em seco. Eu praticamente prometi que
Âmbar e eu faríamos mais sexo! Estou tão envergonhado de mim mesmo!!
- Só fico meio temeroso pela Andrômeda e o
Luce não terem vindo. – tentei mudar de assunto.
- É... E teve mais gente que não veio... Não
vi nem a Morgiana hoje.
Agora que ela falou, reparei que até mesmo a
Morgiana não estava ali.
Mas, quando voltei o olhar em outra
direção...
- Oooi, Macário...
Levei um susto. Ali estavam as três irmãs,
Morgiana, a morena, Cliodna, a loira, e Moira, a ruiva. Retardatárias (já fazia
umas duas horas que a reunião dos Monstros havia começado no bar), mas lá
estavam elas.
- Como vai, Macário? – pergunta Cliodna, com
um grande sorriso.
- Sentiu nossa falta, Macário? – pergunta
Moira, igualmente sorrindo.
- Oi, Macário. – Morgiana cumprimentou, com
um sorriso mais forçado.
- Hã... oi, meninas. Chegaram agora? –
pergunto, desajeitadamente.
- Chegamos agora. – disse Cliodna. –
Estivemos meio ocupadas até agora há pouco, mas conseguimos vir tomar um
drinque em companhia de nossa querida irmã Morgiana.
- Ela meio que queria ir sozinha, mas
insistimos em acompanha-la. – falou Moira. – Ela anda muito rebelde, temos de
ficar continuamente de olho nela...
Morgiana não disse nada, apenas corou.
E a loira e a ruiva não perderam tempo em
pedir seus drinques. Morgiana ainda estava meio indignada por estar ladeada
pelas irmãs, estas mais alegres. Talvez porque Morgiana quisesse falar alguma
coisa comigo a sós... Acho que a compreendo.
Acho que, de todos os Monstros, só Luce e
Andrômeda estavam ausentes. E o Marto Galvoni – tomara que ele já tenha voltado
para a Itália. O restante provou que não precisavam deles para fazer festa. Foi
como nos outros dias, desde que eles passaram a frequentar o bar. Bastou uns
drinques, preparados pelo garotão aqui, e eles já começaram a ficar mais
soltos, e...
É, foi outra noite cheia – e lucrativa para o
bar.
E o que é melhor, hoje foi dia do meu
pagamento. Meu e dos outros garçons. E, fora os descontos por causa dos dias em
que faltei, até que o pagamento foi bom. Ia dar para pagar o aluguel do
apartamento antes de me mudar. Estranha coincidência.
Agora, vou para meu apartamento, disposto a
passar lá a última madrugada, sem ninguém por perto. Vou fechar bem as janelas
para que não entrem morcegos ou louva-deuses.
Mas, só de pensar que eu ainda tinha de
embalar minhas coisas para a mudança... Será que dava tempo de ajeitar tudo e
depois dormir um pouco? E ainda tinha de ajeitar a bagunça deixada por
Andrômeda e Âmbar, todas aquelas garrafas de bebida espalhadas...
Voltar para o meu prédio, desta vez ocorreu
sem problemas. Ninguém cruzou meu caminho, ninguém me puxou para uma volta
noturna. Todos já voltaram para suas casas, e entenderam que hoje eu devia ser
deixado em paz. Até mesmo Geórgia foi embora, ladeada por Breevort,
provavelmente estender a noite.
Porém, quando entrei no apartamento, tive uma
surpresa...
- Opa! Oi, Macário.
Quem me cumprimentou assim foi Andrômeda,
sorrindo, e evidentemente sóbria. E ela, desta vez, estava de camiseta de
mangas compridas, calça jeans e lenço na cabeça, muito diferente do habitual,
suspendendo uma caixa nos braços.
- Andrômeda?! – exclamei.
- Sim, sou eu, algum problema? – ela sorria
sempre.
- O... o... o que está fazendo aqui?!
- Estou ajudando com sua mudança, Macário.
- Aju...?
- É isso aí, Macário, já estamos adiantando o
trabalho! – disse uma voz lá de dentro do meu quarto.
E de lá, Luce saiu, também levando uma caixa,
que ele ajeitou no meio da sala, onde se acumulavam mais algumas caixas e
minhas malas de viagem.
- Mas... mas... – eu tentei falar alguma
coisa, mas fui interrompido:
- Por que a surpresa, Macário? – falou
Andrômeda. – Se eu disse que tinha uma cópia da sua chave.
- Pois é, Macário. – falou Luce. – Eu sei que
marquei a mudança para muito em cima da hora, por isso resolvemos entrar no seu
apartamento e ajeitar tudo para a mudança. Já empacotamos os seus livros, suas
roupas, seus utensílios de cozinha... – e apontou para a pilha de caixas.
- Ainda bem que você não tinha muita coisa
guardada, Macário, muitos pertences. – falou Andrômeda. – Achávamos que ia dar
mais caixas, e... O que você está olhando assim, Macário? Não está gostando da
ideia de receber nossa ajuda?!
Ainda atônito, pigarreei e consegui soltar a
fala.
- Hã... Não, Andrômeda, eu... eu só estou
surpreso. Não imaginava que vocês dois iriam se prestar a já me auxiliar na
mudança para... hã... Vem cá, vocês dois...
- Nós dois o quê, Macário? – pergunta Luce.
- Vocês dois não iam discutir sobre...?
- E discutimos, Macário. – falou Andrômeda. –
Tive, sim, uma conversinha com esse sacana aí, que tenta esconder as coisas de
mim.
- E eu tive uma conversa com essa linguaruda
que não sabe guardar segredos.
Andrômeda mostrou a língua bifurcada para
Luce.
- Não foi fácil chegar a um consenso, meu
amor – falou Luce – Mas chegamos a um acordo. Bem, ela descobriu a nossa
mudança. E nosso segredo já não é mais segredo... Mas estamos de boa, sério.
Estamos de bem.
- É isso aí. – falou Andrômeda. – Confesso
que por um pouquinho nós não nos fazíamos em pedaços, um ao outro. Mas chegamos
a um acordo, claro que chegamos. Nós nos damos bem, apesar de tudo.
Arqueei a sobrancelha. Sei não, ainda havia
algo errado nisso tudo. Eu sabia que aqueles dois não se davam muito bem, mas
estava estranho esse negócio de os dois terem, de repente, se unido para me
ajudar na mudança. Mas algo me diz para deixar essa questão para depois...
- Hum, hã... bem, obrigado pela ajuda de
vocês dois. – respondi. – É bom ver que vocês estão se dando bem agora. E que
me ajudaram na mudança. Vocês são muito gentis.
- Ah, você merece, amigão. – responde Luce.
- E, bem, se eu puder ajudar...
- Não precisa se preocupar com nada por
enquanto, Macário. – falou Andrômeda. – O que você precisa agora é descansar.
Você teve muitas aventuras esta semana, e as próximas horas serão de pura
agitação. Vá deitar e dormir agora.
- Bem, eu... – tentei falar, mas fui
interrompido de novo.
- Faça como ela está dizendo, Macário. –
disse Luce. – Deixe com a gente, agora. Apenas descanse um pouco. À tarde é que
será um agito só...
- E vocês? – pergunto.
- Vamos ficar por aqui, mesmo. – falou
Andrômeda. – Até a hora em que chegar o caminhão da mudança. Amanhã você
conversa com o síndico do prédio. Trata do restante, se é que me entende.
- Hm... está bem, fazer o quê? – dei de
ombros.
E me dirigi ao meu quarto.
Isso tudo ainda estava estranho.
Mas o importante agora era fazer como eles
estavam recomendando: descansar. Nas próximas horas haveria muita agitação.
Eu agora, deitado na cama, estava me sentindo
mais tranquilo. Ainda mais que Andrômeda agora estava a meu lado, velando meu
sono, afagando minha cabeça, cantando até, como se fosse uma mãe.
E até que ela ficava muito bonita de calça
jeans e lenço na cabeça.
Meu corpo não resistiu mais: meus olhos fecharam,
meus músculos relaxaram, e o sono veio.
Tudo indicava que, desta vez, o sono seria
tranquilo. Muito tranquilo. Desta vez, muito tranquilo. Que nada iria perturbar
esta paz...
Ou será que falei cedo demais?
Próximo capítulo daqui a 15 dias.
Até aqui, como está ficando? Está bom? Ruim? Tem de melhorar, Devo parar? Posso continuar?
Manifestem-se! Deixem um comentário enquanto ainda temos liberdade de opinião!
Até mais!
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