Estou ciente de que, desta vez, estou atrasado.
Devido a alguns problemas que tive durante a semana, não seu para publicar o novo capítulo de meu folhetim ilustrado para adultos, MACÁRIO, na última segunda-feira. Tive de adiar para esta segunda, 21 dias depois do último capítulo. Mas está aí, episódio novo.
ATENÇÃO: leitura não recomendada para menores de 18 anos. Contém cenas de sexo, chantagem e transmutação humana.
Eu não dormi imediatamente depois da transa
com Andrômeda, na minha cama. Bêbada ou sóbria, a gostosa ainda era faminta de
sexo – e, da forma como fizemos, eu já teria cansado e dormido após o clímax,
e, para continuar, precisaria do tal afrodisíaco que haviam me ministrado das
vezes anteriores. Como era mesmo o nome daquela substância? Era...
Satiri-alguma-coisa.
Hoje, ela me tinha só para mim. E
aproveitando que o cenário agora era diferente, que o quarto onde eu estava, na
vida real, era diferente.
Aquela era minha primeira noite no
apartamento que passei a dividir com Luce. E toda a preocupação posterior que
agora eu tinha – o que eu ia dizer para meus pais e meus amigos e amigas sobre
a mudança que fiz sem avisar ninguém? – sumiu no momento em que Andrômeda
entrou no meu quarto de lingerie e camisola transparente. Eu devia ter
imaginado que ela não teria nos ajudado na mudança a troco de nada.
Mas, enfim. A partir de agora, vou ter de
tomar mais cuidado com essas garotas monstras. Agora que mergulhei de cabeça no
universo delas, aquelas taradas não vão mais me deixar em paz. Mas por que eu?
Dentre tantos homens no mundo, que até levantariam as mãos aos céus em passar
por uma situação parecida com esta, por que eu, justamente, fui o escolhido?
Mas, enfim. Agora estávamos nós dois,
Andrômeda e eu, deitados, dividindo a mesma cama estreita de solteiro, nus sob
as cobertas. Eu mal havia terminado de dar prazer àquela modelo renascentista
de cabelos prateados e grandes seios. E até que eu não estava tão cansado. Na
verdade, eu me sentia mais relaxado. Ela que parecia ter se cansado depois que
a fiz gozar. E até que foi fácil, já que ela estava previamente excitada ao
entrar no meu quarto, mas tive de suar bastante.
- Hhmmm, Macááário... – ela ronronou no meu
ouvido, abraçada a mim. – Foi maravilhoso... como das outras vezes, aahhh...
- Foi? Que bom...
Cerca de um minuto de silêncio, apenas o
barulho de nossas respirações arfantes.
- Macário...
- O que foi?
- Eu que pergunto o que foi. Você está de mau
humor?
- Eu... pareço estar de mau humor?
- Só perguntando... afinal, interrompi seu
sono para...
- Não... Eu não estou de mau humor. Eu estou
bem, Andrômeda. Pensei que você ia falar de novo que foi maravilhoso e tal...
- Quem precisa ficar cantando o noticiário,
Macário? Preciso dizer isso várias vezes?
- Só pensei, não quis ofender.
- Você não ofendeu, Macário.
- Espero que esteja feliz de esta noite você
me ter só para você.
- Claro que estou. Nada nos atrapalhou. E o
Luce... nada com o que se preocupar, ele está dormindo pesado...
Do lado de fora do quarto, absolutamente
nenhum barulho.
- Não entendo vocês dois. Você e o Luce brigam,
brigam, depois ficam amigos de novo...
- Somos irmãos, não somos casados, sequer
amigos, Macário. Natural que tenhamos nossos momentos de guerra e de paz. Ainda
que os momentos de paz sejam guiados por interesses pessoais, entende? Neste
caso... o interesse foi meu.
- Entendo perfeitamente. Você só nos ajudou
na mudança por causa de mim. – fiz muxoxo.
- Sim, mas... é que eu mesma ainda não sei o
que o Luce pretende com você. Não era simplesmente fingir que é um estudante
universitário e dividir um apartamento com um humano. Tem dias em que eu nunca
sei o que o Luce pretende. Desde que o nosso irmão morreu, ele age feito um
louco. Ele já te falou que tivemos um irmão que foi morto por um caçador de
vampiros, né? Abraxas. (suspiro) Quase nunca sei o que o Luce pretende com o
que ele pretende. Sempre há uma intenção escusa.
- Também queria, às vezes, entrar na cabeça
dele e descobrir o que ele pretende. Me ensina a usar o tal portal mental?
Demos uma risada.
- Tenho medo que ele pretenda te matar,
Macário. Ou causar a sua morte.
- Tenho medo, também. Tenho medo de morrer
antes de me tornar médico... daí, de que valeu a pena ter vivido da forma como
vivi até hoje? Viver apenas em função de ter bancado o Don Juan não é vida
útil.
- Entendo, Macário... entendo. Mas você é
muito especial para nós, Macário. Acredite.
- Não é a primeira vez que eu ouço isso.
- Agora você está irritado, Macário?
- Não, Andrômeda, que é isso. Por que eu me
irritaria com você?
- Bem... eu fui capaz de coisas horríveis
também... sou uma vampira. Sei que também posso ser traiçoeira. Sei, e acho que
você também sabe, que posso ser capaz de tudo para conseguir o que eu quero.
Mas, oh, Macário, não me entenda mal. Posso ser capaz de tudo, posso ser
traiçoeira, mas não a ponto de matar ou desejar a morte das pessoas de quem eu
gosto. Não me entenda mal, Macário...
- Eu não estava pensando mal, Andrômeda. Se é
para odiar alguém, prefiro odiar a mim mesmo.
- Mas por quê, Macário?!
- Por ser tão cafajeste. Eu que sou um
cafajeste imperdoável.
- Que é isso, Macário, cafajeste não. Não um
desses cafajestes detestáveis. As mulheres reclamam, mas no fundo adoram os
cafajestes. Você é um cafajeste do bem. Você usa e abusa, mas se preocupa com
as suas mulheres, eu sei. Eu não me importo de dividir você com a Âmbar, com a
Morgiana, com a Fifi... desde que elas não venham com a ideia de me tirar do
caminho, sabe. Que tentem me matar, por exemplo. Elas não vão ficar com você só
para elas.
- E enquanto isso... vocês vão me espremendo,
espremendo, vão sugando todos meus fluidos... e, no fim, serei descartado. Como
uma caixinha de suco.
- Não, Macário. Desta vez é diferente, meu
amor. Insisto, você é muito especial para nós. Com outros caras, talvez a gente
entre nessa de descartar, mas com você vai ser diferente. Pague para ver como é
verdade...
- Como pode garantir que eu não serei um
desses outros caras?
- Você é especial, Macário. Desde que batemos
o olho em você, Macário, notamos que você é especial. Que você é diferente de
qualquer outra pessoa que a gente conheceu nesses séculos de vida.
- Para quantos vocês já disseram isso?
- Você ainda não acredita, Macário? Pois
pague para ver como vai ser diferente...
- Acho que vai ter de ser isso mesmo. Vou ter
de pagar para ver se é verdade que não vou ser descartado no fim da
“temporada”. Ok, também já fiz os meus descartes, mas, no caso das mulheres
monstras... Como será? Como será no caso das mulheres que por si não são
submissas?! Que tem com o que se defender? As... louva-deusas? As
viúvas-negras? As...
- Deixe o futuro para depois, Macário...
aproveite o agora. Aproveite que eu estou aqui... os meus seios já não te
excitam mais, tesouro?
E, dizendo isso, sentou sobre minhas pernas e
puxou minha cabeça para deixa-la entre seus seios. Ooh, aqueles peitões
deliciosos... cheirando leite... ooh, mamãe, eu quero mamar de novo...
- Ooohh, Macáriooo... Aah, eu estou tão
feliz... meus seios ainda te excitam...
- Isso foi sujeira...
- Agora eu que quero tomar do seu leite de
novo...
Lá vou eu bancar a caixinha de suco de novo.
- Oohhh Macáriooohh... – a tarada ronronou de
novo, depois que terminamos a segunda transa. – Foi maravilhoso...
- O que você estava dizendo mesmo sobre
cantar o noticiário? – perguntei, enquanto recuperava o fôlego.
- Foi melhor que a primeira...
- Vou ficar vazio... Oohhh... quando acabar
meu estoque de p(...), você vai querer sugar meu sangue...
- Vamos, Macário. Você é capaz de mais, eu
sei que é. Como é que no portal mental você conseguia mais? E anteontem, você
foi capaz de satisfazer duas?
- Anteontem não tive de fazer uma mudança de
apartamento.
- Vamos, Macário. Você é capaz de mais, sim. Se
conseguir mais uma, eu não sugo seu sangue. Ou já não te excito mais?
E foi metendo a língua bifurcada entre meus
lábios. Aí, me lembrei de algo que eu queria perguntar faz tempo.
- Andrômeda... posso... posso te perguntar
uma coisa? Duas coisas, aliás?
- Pode.
- Primeira... Você... você não vai morar com
o Luce e eu, vai?
- Eu? – ela pareceu surpresa.
- Eu acho que você...
- Não, Macário. Morar com vocês eu não vou.
Aqui, não.
- Não?
- Tenho a mansão para administrar. E talvez
seja melhor que o Luce resolva morar em outro lugar. Não nos damos muito bem
debaixo do mesmo teto. Talvez seja melhor que eu tenha a nossa mansão só para
mim... Mas é claro que eu virei visitar vocês, ver como vocês estão. Quando
vocês menos esperarem, eu aparecerei. E vocês também serão convidados a
comparecer à mansão... e vão ter de ir.
- Tá, só perguntei.
- Hunf. Pode se preparar.
Engoli em seco. Aquela resposta não me deixou
aliviado.
- Qual é a segunda pergunta, Macário?
- Faz um tempo que eu queria perguntar... por
que, apesar de você ser uma vampira, sua língua é bifurcada como a de um
lagarto?
Seguiu-se um minuto de silêncio
constrangedor. Aí, ela saiu de baixo da coberta e sentou-se na lateral da cama.
- Espere, Andrômeda, eu a ofendi?! – me
apressei em falar.
Mas Andrômeda não levantou da cama. Ela me
olhou de soslaio, carinhosamente.
- Não, ofensa nenhuma, Macário. É que é uma
história complicada... sabe... a língua bifurcada é uma sequela.
- Sequela de quê? Um ferimento que você
sofreu em...
- Não. Sequela de uma traição.
- Do Luce?
- Não. De um homem que eu enganei. Há um
século.
- Como assim, enganou?
- Hã... bem, Macário, eu vou contar. Não a
história toda detalhada, mas vou contar...
Ajeitei-me no travesseiro. Aquela história
parecia interessante. Andrômeda, sempre sentada na lateral da cama, e nua,
começou a contar:
- Era a virada do século XIX para o XX. Eu já
era uma vampira que já tinha passado por muita coisa... mas não estava
preparada para aquilo, certamente. Acredite ou não, naquela época eu era diferente
de agora. Meu cabelo era liso e negro... mas sempre fui opulenta. Na época, o
termo era opulenta, para mulheres como eu... com uns quilinhos a mais. Mas
minha diversão era, como era hábito de muitos jovens ricos daquela época,
frequentar festas, teatros, bailes... a vida social das elites. Sabe. Mas,
enfim, meu hábito era o flerte com vários tipos de cavalheiros. E, claro, minha
intenção principal era sugar-lhes o sangue.
- Oh.
- Mas naquela época eu já havia começado a
adotar as seringas para extração de sangue. Com habilidade, nunca havia risco
de um par meu se transformar em vampiro. Bem, vontade não me faltava para
transformar um homem mais interessante em vampiro, e elegê-lo como meu
companheiro, mas naquela época eu era uma moça mais pândega... na época se
usava o termo pândega, para a pessoa mais propensa a se divertir... Mesmo à
custa do sofrimento alheio. Era uma moça mais... independente. Você pode
imaginar, Macário, que eu era do tipo que causava escândalo no sociedade. E,
sim, para todos os efeitos, eu agia igual ou mesmo pior que o Luce. Isso... até
que um certo homem apareceu.
- Que certo homem?
- Um que eu subestimei. Porque não era bem um
homem... era, na verdade, um meio dragão. Assim como o Flávio Dragão e sua
gangue. Eu também não podia adivinhar que havia esse tipo de criatura no
Brasil.
- Nem eu. Digo, até ver o Flávio Dragão com
meus próprios olhos.
- Entende, Macário? Claro que entende... Bem,
na época, já não tínhamos mais os nossos pais, o Luce passou um período na
Europa, e eu fiquei no Brasil... os nossos negócios eram administrados por
gente contratada, e nosso trabalho era simplesmente desfrutar. Bem, esse homem
me conheceu, e começou a me cortejar, e eu fingi me deixar levar. Até noivamos.
Aliás, noivei com vários outros, mas sempre dava um jeito de terminar antes do
dia do casamento. Quando resolvi seduzir aquele homem, eu não podia imaginar
que se tratava de uma criatura mágica. E capaz de fazer magias... Eu também
era, e sou, entusiasta em magia, para certos casos. Você sabe, você viu o meu
quarto.
Lembrei-me do dia em que acordei no quarto de
Andrômeda, e vasculhei seus armários.
- Bem, quando resolvi seduzi-lo e sugar seu
sangue, ele me parecia um rapaz comum e apaixonado. Ele disse que era um
cientista, e que tinha inclusive um zoológico particular. Bem. Acho que
exagerei, porque ele se encantou por mim... como muitos outros. Mas o máximo de
reação que eu esperava da maioria dos homens é que se suicidasse depois que eu
os descartava. Não ele...
Ela deu um profundo suspiro.
- Eu tentei terminar com ele... mas ele não
aceitou. E, claro, você pode imaginar que o sangue de um meio-dragão pode ter
causado efeitos incríveis em mim. Mas, por fim. Aquele homem não aceitou o
término do noivado. Ele era muito possessivo. Dragões são muito possessivos.
Mesmo quando estávamos apenas namorando, eu já sentia isso, que aquele
relacionamento era do tipo que eu devia pular fora enquanto era tempo. E ficou
ainda mais louco ao descobrir que sou uma vampira... que certamente me
aproveitei dele para sugar seu sangue. Mas, Macário, juro que eu não sabia
disso. Minha escolha foi ao acaso. Mas ele quis se vingar.
- E se vingou como?
- Me procurou. Veio tirar satisfações comigo.
Disse que eu seria dele de qualquer jeito. Eu me fiz de desentendida... estava
visando já um outro homem. E aí, ele, à maneira dos crimes passionais, sacou um
revólver e atirou em mim.
- Oh!
- Mas não se preocupe. Balas de revólver não
afetam vampiros, a menos que as balas sejam feitas com prata. Essa bala não era
de prata... mas tinha uma surpresinha... uma agulha afiada e uma substância que
a princípio parecia veneno. Mas não era veneno... Mesmo assim, deu reação no
meu corpo, e aí...
- Que reação? Venenos afetam vampiros?
- Só alguns muito raros. Bem, eu a princípio
achei que ia rir muito quando ele descobrisse que sua bala de metal comum e seu
veneninho meia-boca não me afetariam de forma alguma... até que, diante dele...
minha pele começou a queimar, e fui sentindo uma transformação. Minhas mãos e
meus pés se transformaram em patas com garras... saiu uma cauda do meu
traseiro... meu belo rosto virou um focinho... e... bem... ele me transformou
em uma iguana!
- Uma iguana?!
- Na época iguanas eram animais exóticos e
muito raros. E eram exclusividade de zoológicos e de laboratórios. E o homem me
recolheu e disse que, de agora em diante, eu era só dele... Que eu seria seu
bicho de estimação... e que, se eu me comportasse bem, ele me devolveria a
forma humana. E me levou para a casa dele, onde fiquei dentro de uma gaiola, do
zoológico particular dele, onde de vez em quando ele levava gente para admirar
seus animais... E, como vê, eu não fui a única. Ele transformou diversas
garotas em bichos para seu zoológico particular.
- Oh.
- Apesar de meu corpo ter se transformado em
iguana, minha mente continuou funcionando como a de um humano. Mantive a plena
consciência. E foram seis meses, Macário. Seis meses sendo tratada como bicho
de estimação... nesse período, da pior forma, aprendi a ter humildade. Mas pior
foi o Luce... ele nunca tentou saber do meu paradeiro. Ele estava bem
tranquilo, na Europa. Por um momento, achei que meu irmão havia me abandonado.
- Céus! E daí?
- Da pior forma, eu aprendi o que é ser
enganado depois que você passa parte de sua vida enganando. É horrível a vida
de uma iguana, Macário. E ainda mais em ser admirada pelas pessoas com olhares
de curiosidade e repulsa... O homem disse que só me transformaria em vampira
novamente se eu aceitasse casar com ele. Procurei resistir a esse pedido nesses
seis meses. No fim cedi... depois de acabar presenciando o que ele fazia com os
outros animais, quando eles morriam, ou se recusavam a cooperar... ele
taxidermizava. Empalhava as suas outras “noivas”.
- Céus.
- Imagine, Macário, eu terminar meus dias
sobre a Terra como uma iguana... e ainda por cima empalhada! Aceitei me casar
com ele... e não havia outro jeito, ele tinha artimanhas e salvaguardas para o
caso de uma traição. Não ia ser enganado de novo. Bem, ele me transformou de
novo na forma humana... administrou uma poção... mas como um sinal de
submissão, ele deixou algumas partes de meu corpo sem transformar. A língua foi
uma delas.
- E você teve de se casar com ele?
- Casei... Felizmente, algo aconteceu para
impedir a consumação do compromisso. O homem acabou morto durante a cerimônia
do casamento, logo depois do sim.
- Morto como?
- Luce. Eu achei que ele não estava se importando
comigo. Quando voltou, de alguma forma, ele soube de tudo o que aconteceu... e
me salvou. Em princípio, ele teria recebido a notícia do casamento através do
convite a ele enviado, mas ele deve ter notado que houve alguma coisa errada...
E, em princípio, o homem, meu noivo, morreu no altar... quem olhasse, ia pensar
que o que ele teve foi um ataque cardíaco em pleno altar, o que era estranho...
meios dragões não morrem dessa maneira, de um simples ataque cardíaco. Só eu
percebi que o que ele recebera, em pleno altar, foi uma dose de um veneno
potente.
- Veneno?!
- Um veneno raro, Macário. Um raro veneno
capaz de eliminar criaturas mágicas. O veneno estava na aliança do casamento...
de alguma forma, Luce preparou a aliança de modo que o afetasse assim que a
colocasse no dedo. Isso Luce me explicou depois. Ele me salvou... E esta foi a
única vez que o Luce realmente se importou com meu bem-estar. E, bem, acabei
herdando a fortuna do falecido, já que, mesmo que o casamento tenha durado só
alguns minutos... mas eu estava muito, muito arrependida do que fiz até então.
- Oh.
- Eu já fui uma pessoa pior do que esta que
está diante de você, Macário. E paguei por isso... meu cabelo nunca mais ficou
liso como o que eu tinha... e minha língua ficou bifurcada. Mas isso nem chega
a ser uma desvantagem. Porque minha língua é muito sensível. Como a das cobras,
ela funciona como um “nariz” auxiliar, detectando certos aromas e sabores em
pleno ar... – e, dizendo isso, ela silvou a língua, num movimento ofídio. –
Mas... aah, eu era tão bonita. Eu era muito mais bonita. Olhe para mim hoje...
Por mais recursos de magia que eu tenha tentado utilizar, eu nunca me
recuperei. Pior é esse cabelo... ficou descolorido, e tão maltratado... Para
sair à rua, sou obrigada a usar perucas, e...
E Andrômeda deixou uma lágrima rolar.
Essa história me pareceu um tanto absurda e
inacreditável, mas senti pena de Andrômeda. Ela era uma vampira arrependida.
Quem diria que ela é irmã de um vampiro chamado Lúcifer. Mas toda família tinha
sua ovelha negra.
No fim, o que fiz foi me levantar e abraça-la
por trás.
- Pare com isso, Andrômeda. Você não ficou
feia.
- Macário?!
- Imagine só. Você transformada em iguana,
tal como os homens do Ulisses foram transformados em porcos pela bruxa Circe. Me
fez lembrar da Odisseia de Homero, sabe? Mas... imagino como deve ter sido
terrível para você. Como deve ter sido horrível para uma vampira, aliás. Uma
iguana, imagine!
- Pois é... se ainda fosse um morcego... Não,
mas em morcego eu me transformo. Mas... e a iguana?! Iguana foi muita
humilhação, ainda mais que era um animal que não era comum no Brasil daquela
época...
- Ah, as sequelas podem machucar. Mas você
não ficou feia. Pelo contrário.
- Ah, Macário, mas se você tivesse me
conhecido naquela época... com meus cabelos lisos e negros... eram como os da
Morgiana, sabe?
Me passou pela cabeça, de repente, a Morgiana
gordinha. Parece que era nessa base.
- Oras, mas eu já me acostumei com você desse
jeito mesmo, Andrômeda. E, sabe, acho que você fica melhor desse jeito.
- Sério, Macário?! – ela sorriu.
- Acho que isso ajuda a tornar você uma
mulher ainda mais especial. Não precisa de tratamento estético... Menos mal que
o tal feiticeiro não tenha mexido no seu corpo, ah, esse corpo... opulento.
- Oh, Macário... não diga isso...
- Aah, Andrômeda, não se sinta mal pelo que
aconteceu... não foi uma experiência boa, eu sei, mas você saiu dela como uma
pessoa melhor, o que é mais importante. Você saiu como uma pessoa boa... para
um vampiro. Quantos vampiros a gente conhece que preferem sugar sangue com
seringas a morder as pessoas e tentar criar um exército de sanguessugas?
- Hmm, Macário... Você está dizendo isso só
para me agradar...
- Talvez, Andrômeda. Mas será que não é isso
que você quer ouvir de um homem? Quem devia se sentir mal com isso era eu...
Eu, que lanço esses elogios visando esses peitos... essa bunda...
E, dizendo isso, eu já alcançava os seios
dela, e os acariciava.
- Hmmm, Macário... você é mais novo do que
eu, mas já sabe das coisas... Seu safadinho...
- Que posso fazer, Andrômeda? Eu sou homem!!
- Você quer fazer de novo?! Podemos fazer
quantas vezes você aguentar... Aah, eu sabia que você era capaz de dar mais
uma...
E, jogando a cabeça para trás, ela me beijou.
Eu que devia estar me sentindo mal.
O que será que me deu para me sensibilizar
com essa história, e depois dizer aquelas palavras de consolo para uma
vampira?! Porque ela conseguiu o que estava querendo de verdade: que eu
transasse com ela de novo.
Não sei se era mesmo pena que eu senti dela,
ou o quê. Só sei que me deixei levar. Joguei a gostosa de novo na cama e fui
beijando seu corpo.
- Hmmm Macário... safadinho... me fala mais
coisas sujas... me elogia... me possui... me come...
- Aaah, Andrômeda... sua safada... como pude
me deixar cair nesse seu truque?!
- Eu te disse, Macário... eu posso ser
traiçoeira para conseguir o que quero... até mesmo contar umas historinhas
tristes... Hmmm...
- Eu sou um pato, mesmo... hmmm...
- Não, você não é um pato, Macário...
ooohh... você é o meu cafajeste favorito...
Claro que sou um pato. Outra vez me deixei
hipnotizar por aqueles peitões. E o cabelo prateado ajudava no efeito...
E, já que eu acabei caindo de novo, tudo o
que me restou foi aproveitar o momento.
Será que Morgiana, Âmbar, Fifi e as outras
também usariam desse artifício?! Contar umas historinhas tristes para eu sentir
pena delas e...?
Agora, sim, eu apaguei depois dessa última
transa.
Sexo ajuda no sono, a ciência já comprovou.
Só acordei no dia seguinte, à tarde.
Quando abri os olhos, lentamente, e dei de
cara com o rosto medonho de Luce, bem em cima do meu, exclamando:
- Boa tarde, flor da tarde!
Levei um grande susto.
- Que é isso?!
Andrômeda, que também ainda estava dormindo
na minha cama, também acordou assustada. E desabou no chão.
- Luce!! Não se tem mais respeito por aqui?!
– ela exclamou, indignada, enquanto se levantava.
- Veja só quem fala, irmã. Você, que não
respeitou o sono do Macário e veio transar com ele. Agora está aí, peladona no
chão. Está feliz agora? Não teve de dividir o Macário com ninguém hoje, ah,
ah...
Cobrindo a nudez com as mãos, Andrômeda
corou.
- E você, Macário? Aproveitou bem a gostosa
aí? Claro que sim, né, seu garanhão filho da p(...), hein, hein?! Ah, ah...
- Qualé, Luce?! – foi minha vez de exclamar.
– Hoje é domingo, que eu saiba.
- Claro que é domingo, Macário. Mas, e aí,
está bem disposto para a festa?
- Festa?! Que festa?!
- Ué, nossa primeira festa depois da mudança!
Ah, acho que esqueci de avisar, né?
Não sei se ele deveria ter mesmo avisado
sobre isso. Mas eu devia ter imaginado...
Para compensar o atraso, o próximo capítulo será publicado na semana que vem. Eu tinha um projeto de tornar esta série semanal, mas preferi mantê-la quinzenal.
Mas, até aqui, como a série está? Boa? Ruim? Devo continuar? Parar? Mudar? Manifestem-se nos comentários, ou continuarei fazendo do meu jeito, gostando vocês ou não.
E até mais!
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