Enquanto escrevo, ainda é terça-feira, 15 dias depois da última postagem. E, este ano, as postagens dos capítulos do meu folhetim ilustrado para adultos, MACÁRIO, passaram para as terças-feiras, como já devo ter avisado. Segue, então, o episódio de hoje.
ATENÇÃO: leitura não recomendada para menores de 18 anos. Contém cenas de auto-humilhação feminina.
- Está bem... as três estão... perdoadas.
Foi o que eu murmurei, depois de um longo
minuto.
Era o que Âmbar, Andrômeda e Morgiana queriam
ouvir. As três, ajoelhadas diante de mim, e que há um minuto imploravam
pateticamente pelo meu perdão, chorando até, abriram um sorriso.
- Sério? – elas perguntaram em uníssono.
Fiquei mais um minuto calado, em um silêncio
cheio de significados. Só para ver o sorriso das três se desmanchando aos
poucos, certas de que eu não estava falando sério.
Minha vontade era de não perdoar aquelas
três, mesmo.
Afinal, eu passara uma madrugada e uma tarde
dos diabos: horas de orgias com aquelas três malucas, na cama, na banheira, na
cama de novo... E o que eu ganho? Dois olhos roxos, cortesia do Luce, aquele
sacana, que foi se deitar de novo no quarto dele, provavelmente – ele não
estava ali, assistindo a cena patética. Ele também havia aproveitado a orgia.
As três fizeram beiço. Depois, tornei a
fechar meus dois olhos inchados, e só fiquei ouvindo as três se torturando.
- Por favor Macário, diz que é sério...
- Diz que perdoa a gente...
- Nós prometemos te deixar em paz pelo resto
da semana.
- Nunca mais terá uma tarde como a de hoje.
- Acredite em nós, Macário...
- Estamos sinceramente arrependidas...
- Prometemos nos comportar...
- Você vai ver...
- Nós não iremos sequer beber uma gota de
álcool pelo resto da semana... Não é, garotas?
Pude ouvir um grande engulho em seco.
Abri os olhos, afinal.
- Prometem mesmo me deixar em paz? – foi o
que eu falei. – Pelo restante da semana?!
Agora foram as três que se calaram. Estavam
hesitando. Aquelas ninfomaníacas! Pude ouvir as três engolindo em seco, os
corpos tremendo. Cada uma delas já havia violado acordos várias vezes – digo,
Âmbar e Andrômeda foram quem violaram acordos várias vezes, mas Morgiana
certamente não ia ficar atrás. Ainda não a vi quebrando um acordo, mas certamente
ia quebrar.
Traiçoeiras. Famintas por pênis de Macário.
Mas, será que agora eu podia confiar nelas, depois disso tudo?
Claro que pesa contra elas o fato de nem
serem humanas: uma ninfa, uma vampira e uma sereia, evidentemente mais
poderosas que eu, um simples humano. Mas olhem só para elas, se humilhando
diante de um humano. Lutando contra os próprios instintos, que praticamente as
convertiam em súcubos. Nenhuma delas queria me perder. Elas tremiam muito. E,
por fim, disseram, em uníssono:
- Prometemos!!!
Fiquei mais um pouquinho me fazendo de durão:
- Prometem mesmo?
- Eu prometo, Macário... – manifestou-se
Âmbar. – Prometo que sequer vou beber.
- Prometemos não invadir o apartamento, nem o
seu quarto... – falou Andrômeda.
- ...e nem os seus sonhos, Macário. – falou
Morgiana. – Se alguma garota aparecer pelo portal mental, não seremos nós.
E as três arremataram suas promessas com um
olhar pidonho, de olhos esbugalhados e brilhantes. Tive de dar uma risadinha
disso. Quem poderia resistir àqueles olhares de crianças esperançosas,
arrematados por lágrimas furtivas?
- Está bem. Estão perdoadas.
As três voltaram a sorrir.
- Sério?! Sério Mesmo?! – as três exclamaram.
- Agora é sério. – falei.
E as três, felizes, se jogaram em cima de
mim, me abraçando, e me jogando de novo para o sofá.
- Eeei, parem com isso!!! – gritei.
As três se recompuseram.
- Hã... desculpa, Macário.
- Mas que situação. – falei, fazendo muxoxo.
– Eu que devia estar humilhado diante de vocês e...
- Macário, por favor. – manifestou-se
Andrômeda. – Quantas vezes temos de dizer que o erro foi nosso? Nós que o
sobrecarregamos de sexo... E exigências. Você devia ter pensado mais antes de
entrar naquele acordo com o Luce.
- Se eu soubesse que ia ser desse jeito... –
falei. – Que de agora em diante vocês...
- Mas desta vez vai ser diferente. – falou
Morgiana. – Acredite, Macário. Vamos mostrar que somos mais fortes. Que não
somos traiçoeiras... Que também sabemos cumprir promessas.
- Não queremos que você pense que somos
daquelas garotas que não conseguem manter as pernas fechadas... – falou Âmbar.
– Estamos denegrindo a imagem das mulheres de todo o mundo. Sabemos disso...
- Pode acreditar, Macário. Desta vez vai ser
diferente. Claro que vai. – Andrômeda voltou a assegurar. – Se eu aparecer aqui
durante esta semana, vai ser só para dar uma dura no Luce. Ele que anda fazendo
sacanagens a torto e a direito, e...
- Está bem, está bem, já entendi. – falei,
secamente. – Esta é a última oportunidade para vocês, viu? Se não cumprirem, eu
não vou mais confiar em vocês.
- Macário!! – Exclamou Morgiana.
As outras também deram um pulo para trás.
Elas acreditaram!!
Será que era eu quem estava exercendo poder
sobre elas agora?! Eu apenas fiz uma ameaça e... Enfim, nem eu esperava isso.
- Sério mesmo, Macário?!
- Não vai mais confiar na gente?!
- Mas Macário!...
Elas não queriam perder a confiança em mim?!
Não devia ser o contrário?
- Olhem, meninas. Sei que vocês são...
monstras, criaturas fantásticas e tal. E, bem, não posso esperar confiança de
vocês e... bem... depois dos últimos dias, não consigo esperar confiança de
vocês, não me entendam mal. Eu não gostaria de perder a confiança de vocês. Na
verdade, eu é que devia estar me humilhando, mas...
- A culpa é nossa, Macário. – Âmbar falou. –
Você é muito especial para nós, já dissemos muitas vezes. Bem, digamos que a
nossa confiança em você é a mesma de uma mãe para um filho. Como uma mãe se
sente ao perder a confiança do filho?
- Ela está certa. – falou Andrômeda. – A
bêbada aí está certa. Não é menos grave que o filho perder a confiança da mãe.
Enfim, estamos presos a um laço de confiança, todos. Se um trair o outro,
haverá consequências para todos.
- Acredite, Macário. – Morgiana falou. – Nós
é que precisamos sofrer. Nós, que estamos no topo da hierarquia, sabe. Claro
que não é a primeira vez, mas...
- Está bem. Já entendi. – falei. – Enfim,
posso acreditar que esta semana, eu posso seguir minha vida normal, depois
desse ciclo de mudanças? Que eu possa dormir, estudar e trabalhar tranquilo,
sem ser seduzido ou atacado ou sequestrado ou sabe-se lá o quê?!
Coloquei veemência nesta fala.
- De nossa parte, sim. – Âmbar falou.
- E mais! – exclama Andrômeda. –
Asseguraremos que você não seja vítima de ataques!
- Nenhuma aventura que termine em violência
ou sexo... – falou Morgiana. – Vamos te deixar respirar um pouco. E lhe
asseguraremos que nem o Luce vai ser capaz de lhe fazer mal, se é que ele está
planejando lhe fazer mal.
- Por esta semana...?
- Por esta semana. Até o sábado.
Arqueei a sobrancelha.
- E... e depois de sábado?!
- Bem... – Âmbar veio se insinuando. – Se
você quiser, no sábado...
- Mas só se você quiser! – Andrômeda se
intrometeu. – Nós sabemos resistir ao furor uterino, sim! Somos capazes de
resistir até o final da semana, sim! Não é mesmo, Sra. Rê Bordosa?
Âmbar deu um grande engulho em seco. E acenou
afirmativamente com a cabeça.
- Mas lhe asseguraremos que não será como
hoje, Macário – falou Morgiana – Respeitaremos o seu limite. Começaremos a
maneirar, agora que já nos acostumamos a você.
Por mais um minuto, fiquei inexpressivo.
Queria mesmo acreditar que posso confiar naquelas três. Que elas estavam
realmente arrependidas de tudo o que fizeram comigo. Algo me dizia que eu não
devia dar esse voto de confiança. Estava nervoso, cansado, tinha abocanhado
mais do que conseguiria engolir.
Mas, ao fim das contas, acabei dando esse
voto.
Se elas forem mesmo capazes de resistir até
sábado sem me “atacar”...
Mas, reitero, até eu havia ficado surpreso em
ver que eu exercia algum tipo de poder sobre aquelas criaturas fantásticas. Um
poder baseado no sexo, sem dúvida. Se elas não se comportassem, certamente
iriam ficar sem sexo. É muito para um rapaz de vinte e poucos anos...
Nisso, fico lembrando do poder que eu exercia
sobre os Carniceiros, os cães demoníacos. Por duas vezes consegui espantá-los
com apenas um grito; outras duas, consegui enfrenta-los fisicamente. O que será
que estava realmente acontecendo comigo?
Suspirei.
- Estamos de bem, todos, Macário? – pergunta
Andrômeda.
- Estamos... – respondi, com um sorriso de
mau jeito. – Não sei por que eu não consigo me irritar de verdade com vocês. Se
eu quisesse, poderia tortura-las um pouco mais, mas... bem, depois do que eu vi
o Luce fazerem com vocês... vocês são bonitas demais para serem maltratadas.
As três coraram.
- Sério. Eu me sentiria mal, não sei por quê,
se as tratasse como meros objetos. Pelo jeito, é o que os outros fazem com
vocês.
- Pode crer... – falou Âmbar. – Mas você
também não é um mero objeto para nós. Você é muito mais.
- E vamos provar o quanto o amamos, fazendo
todo o esforço para cumprir nossa promessa. – falou Morgiana. – Se for preciso,
fazemos até um pacto de sangue...
- N-não, meninas, não precisa. – falei, sem
jeito. – Fico com a palavra de vocês.
- Você é quem sabe... – falou Andrômeda. –
Mas e agora, o que você vai fazer?
- Eu? Se ainda tiver tempo, vou para a
faculdade. Tenho de focar nos estudos, agora. Chega de maluquices...
- Mas e os seus olhos? – pergunta Âmbar.
- Eu posso dar alguma desculpa. Eles só estão
roxos. Posso justificar que bati o olho...
- Tudo bem... – Morgiana dá de ombros. – E
nós... acho que vamos para casa.
- Eu levo vocês duas. – falou Andrômeda,
sorrindo maldosamente para Âmbar e Morgiana. – Vamos sair todas juntinhas, como
deve ser. Se quiser, Morgiana, eu converso com suas irmãs, que aliás estão
preocupadas com seu desaparecimento... E também, Âmbar, eu converso com o MC
Claus e com a Anfisbena... Você faltou ao trabalho, não é mesmo?
Âmbar e Morgiana deram um profundo suspiro.
Se despediram, e eu abri a porta para elas saírem.
Conformado, fui me arrumar para sair. Chega
de sexo. Mas, como já estava em cima da hora de sair, e sabe-se lá quanto tempo
iria levar agora para chegar ao campus da universidade desde o novo endereço,
teria de deixar para ajeitar o quarto assim que eu chegasse em casa.
Para me sustentar, apenas um copo de leite e
alguns biscoitos.
Estranhei o silêncio no apartamento. Ficou
tudo muito calmo depois que as três saíram.
E, que estranho: Luce desapareceu. Dei uma
espiada no quarto dele: não estava. Sequer no banheiro. Mas a banheira mágica
ainda estava ali no box, ainda com água. E não estava nem no quartinho que se
tornou depósito – a porta estava trancada. Mas nem havia barulho vindo dali.
Bom, então é só pegar minha mochila e me
mandar para a faculdade...
Tranquei a porta e desci as escadas.
Mas tomei um grande susto assim que saí do
prédio.
- Oi, Macário... você não acreditou nelas de
verdade, acreditou?
- Argh. Luce. Você estava aí...
- Vai para a faculdade? Vamos juntos, vamos
conversando...
- De automóvel?
- Não, hoje vamos a pé. Preciso andar, estou
ficando enferrujado...
Difícil acreditar que, há algumas horas
atrás, ele estava de ressaca. De fato, ele parecia muito revigorado.
Próximo capítulo daqui a 15 dias (ou outra data a confirmar).
Até aqui, como está ficando? Está bom? Ruim? Continuo? Paro? Volto a aumentar a quantidade de textos e ilustrações, que, vocês já devem ter reparado, está diminuindo?
Manifestem-se nos comentários!
Até mais!
Nenhum comentário:
Postar um comentário