Já se passaram mais de quinze dias desde a publicação do último capítulo de meu folhetim ilustrado para adultos, MACÁRIO. O presente episódio deveria ter sido publicado na semana passada a esta, mas imprevistos impediram. Agora, nesta terça-feira de carnaval, mais um episódio.
ATENÇÃO: leitura não recomendada para menores de 18 anos. Contém diálogos de teor sexual e cenas de constrangimento.
- E aí, Macário. Você não acreditou nas
promessas daquelas três, acreditou? – ia falando Luce, caminhando a meu lado
sob o sol do final da tarde, quase noite, a bolsa a tiracolo.
- O que eu não acredito é que você até há
pouco esteve de ressaca. – retruquei, secamente, a mochila nas costas.
- Vampiros se recuperam rápido. – Luce sempre
sorrindo.
- Confesse que você nunca esteve bêbado de
verdade.
- Só se você confessar que adorou esta tarde.
Diz aí, Macário. Foi legal, não foi? Três de uma vez... e se não fosse a minha
ajuda, hein? Hein? Certamente a Âmbar é quem ia te matar...
- Eu teria dado conta sozinho. – continuei no
mesmo tom seco. – Aliás, eu tenho de dar conta sozinho.
- Tem não, meu bem. Achava que eu ia ficar de
fora de toda essa diversão? Achava que o direito era só seu, Sr. John Kennedy
brasileiro?
- John Kennedy brasileiro? Como assim?
- Ué, que o saudoso presidente americano, que
foi assassinado, também era mulherengo. Uma de suas amantes até cantou
“Parabéns a Você” para ele.
Não gostei dessa referência.
- Bem. Agora você sabe que eu posso ser um
predador sexual até pior do que você. – prosseguiu Luce, ao pé do meu ouvido.
Engoli em seco. E dei uma olhada, com o canto
do olho, para a genitália de Luce, escondida sob a calça, mas só de lembrar o
tamanho do membro dele... E da voracidade com que ele avançou sobre as
mulheres, àquela hora...
Eu mesmo mal acreditava que, cerca de uma
hora antes, eu havia saído de uma orgia com Andrômeda, Morgiana e Âmbar.
Primeiro, Morgiana, após a festa promovida por Luce, conseguiu ficar escondida
no nosso apartamento para depois dormir comigo; depois, acabei presenciando
Âmbar e Luce transando, os dois bêbados (e custo a acreditar que Luce estava
realmente bêbado, não me sai da cabeça que sua ressaca não passou de encenação);
depois de uma discussão entre Âmbar, Luce, Morgiana, Andrômeda e eu, teve mais
sexo, agora na banheira, com Morgiana, depois com Andrômeda e Âmbar, que
entraram de penetras; depois, no meu quarto, a luxúria continuou, mas agora o
penetra foi Luce, que...
Enfim, e mesmo depois de todo esse atletismo
sexual, eu ainda tinha forças para agora estar a caminho da faculdade. Com os
dois olhos roxos. E ainda tendo de suportar o sorriso sacana daquele vampiro
ainda mais sacana – foi ele quem me “deu” aqueles olhos roxos.
- Agora diga, Macário. – Luce prosseguiu, com
aquele sorriso odioso. – Voltando ao assunto: você não acreditou nas promessas
daquelas três, acreditou?
- Que promessas? Que três? – pergunto, com
acento de ironia.
- Ara. Da Andrômeda, da Morgiana e da Âmbar.
Você está acreditando mesmo que as gostosas vão te deixar em paz até sábado,
meu amor? Pois sinto lhe dizer que você está sendo otário. É claro que aquelas
três não vão cumprir a promessa.
- Por que não posso acreditar que desta vez
elas vão? – fiz muxoxo.
- Aquelas três não vivem sem sexo, Macário. E
te escolheram. Claro que elas vão te procurar durante a semana para sugar os
teus fluidos. Não dou dois dias para que, no mínimo, a Andrômeda não venha
sugar os seus fluidos pelo... pelo... – e, me olhando com o canto do olho,
sempre sorrindo: – Macário, como é que você apelida o seu... hum... você sabe?
Seu quinto membro.
Com essa eu até senti o rosto enrubescer.
- Hm... Bernardão. – respondi secamente.
- “Bernardão”? “Ber-nar-dão”?! – Luce soltou
uma risada alta. – Você chama “isso” de “ão”?!
Hein?! Luce estava prestes a me humilhar
ainda mais?! Agora ia descontar no meu...?
- Qual é o seu problema? – procurei não me
irritar.
- Com todo respeito, Macário. Seu...
parceiro... não chega a ser grande coisa. Tudo bem, ele alcança os vinte
centímetros, mas... bem, conheço gente muito mais bem dotada que você.
Oras, ele não pode ficar se achando só porque
seu “parceiro” é maior que o meu!!
- Bah, eu sei. – retruquei. – Você está se
achando porque o seu ultrapassa os trinta centímetros, né? Mas então... como é
que eu consigo agradar as mulheres com tão pouco? – falei com um sorrisinho. –
Se tamanho fosse mesmo documento...
- Não estou falando de mim, meu bem. – Luce
sequer se alterou. – Falo, por exemplo, do MC Claus. Do Flávio Urso. Do Flávio
Dragão... Eles, sim, tem o que se pode chamar de “canhões”.
Arregalei o olho só de imaginar.
- O meu é comprido, mas é muito fino. Não
satisfaz completamente... Comparado com o MC Claus, o meu é um lápis. Entra
muito frouxo...
- Ah, sim, acredito. – fiz outro muxoxo,
lembrando da expressão de prazer de Âmbar nos momentos em que transou com ele.
- Ah, cara, mas não pode chamar o seu...
parceiro... de “bernardão”. Não no aumentativo. No máximo, chamaria de
“bernardo”. “Bernardão” é exagero. Isso é soberba, rapaz. É pecado.
Eu não acho.
- É assim desde que perdi a virgindade, cara.
– tentei me gabar, mesmo sabendo que era inútil. – Foi uma garota do passado
quem chamou por esse apelido, e eu acabei gostando. Ela disse que era o maior
que ela já tinha visto. Eu, modéstia a parte, era o mais bem dotado da escola
onde estudava.
- Você?! – Luce deu mais um sorriso. – Então
imagine como deviam ser os seus colegas... Tudo “pintinho”.
Ele já estava começando a me irritar. Aquela
conversa sobre pênis em plena rua estava criando desconforto. Imagine se alguém
ali, na rua, estivesse prestando atenção a dois rapazes falando abertamente
sobre pênis em plena rua.
- Mas, enfim, Macário. Voltando de novo ao
assunto. Por que você está acreditando no papo daquelas... mulheres? Você é
bonzinho demais, Macário. Não é capaz de resistir a um rabo-de-saia, hein? Se
deixa enganar facilmente pelas mulheres... Deixa que aquelas lá te façam de
gato e sapato, hein?! Acha que mulher tem sempre razão? E você, como fica?
- Cale a boca. – respondi secamente, mas
baixinho.
- Você não vai ter sossego esta semana,
Macário, acredite em mim. Elas não vão te deixar dormir tranquilo. Você
desrespeitou as regras do parque, alimentou as feras, deu-lhes comidinha na
boca e ensinou-as a pedir mais e mais... Entende?
- Cale a boca. – continuei falando baixinho,
mas agora cerrando os punhos.
- Acredite em mim, Macário. Se não dá para
confiar nas mulheres humanas, imagine confiar nas criaturas fantásticas.
Ninfas, sereias, vampiras, dragoas, mutantes, bruxas... Essas são traiçoeiras.
- Cale a boca. – meu tom de voz já começava a
se alterar.
- Pô, Macário, só estou te alertando. Por que
me manda calar a boca no meio de um conselho de amigo? E, olha. Mesmo que a
Andrômeda, a Âmbar e a Morgiana “consigam” cumprir essa promessa, você não está
a salvo. Tem muito mais fêmeas no nosso grupo. – e chegou mais perto do meu
ouvido. – Os Animais de Rua, por exemplo. Lá tem quatro fêmeas prontas para dar
o bote. A Fifi, aquela predadora, literalmente. A Aura, que acha que pode fazer
o que quer porque pode mudar de forma, esticar o corpo e se esconder. A Eliane,
a serva de Afrodite e de Príapo, a que vendeu a alma aos demônios da luxúria em
troca de poder. E a Gil... ela quer que você pense que ela é fiel ao
namoradinho porco. Mas a mim elas não enganam. Elas vão aproveitar para...
nhac! – e arrematou com uma risada maldosa.
Engoli em seco. O Luce estava conseguindo me
envolver com suas palavras. Não estava conseguindo manda-lo calar aquela
maldita boca.
- E o que dizer dos Dinossauros que Sorriem?!
Aquelas lá... Jussara e Sulídea, elas também comem carne, Macário. Carne de
Macário com leite!! E as irmãs da Morgiana, então! Se eu te contasse o que elas
faziam com os marinheiros dos navios afundados... E tem mais garotas que você
ainda não conheceu, meu amor... Só estou te prevenindo... Você não vai ter paz
esta semana, apesar das promessas que você ouviu. Pode ser que aquelas três te
deixem em paz, mas as outras... podem aproveitar a brecha. Porque foram só a
Âmbar, a Andrômeda e a Morgiana que fizeram aquela promessa para você... Só
elas três. As outras, não...
E lambeu o beiço.
Engoli em seco. Até suava frio.
- Você... você está tentando me confundir. –
respondo, trêmulo.
- Só estou alertando, amigão. Para o seu bem,
meu bem. Pode se preparar.
Uma parte de mim estava admitindo que aquele
cínico tinha razão.
E se as garotas dos Animais de Rua me
procurassem?
E se as garotas dos Dinossauros que Sorriem
me procurassem?
E se as irmãs da Morgiana também
aproveitassem a brecha?!
E se a... oh, céus, será que a Anfisbena...
ou talvez as irmãs de Âmbar...
Não, ele está tentando me confundir, sim.
Encher minha cabeça de caraminholas para me confundir... Esse desgraçado tem
segundas intenções para mim.
Não falei mais nada. Luce também se calou –
finalmente. E ambos seguimos nosso caminho até a faculdade.
Nos separamos. Ele ia para o curso dele, eu
ia para o meu.
Respirei fundo, agora aliviado.
Ah, cursinho meu de Medicina, estava com
saudades, pensava eu enquanto me aproximava do prédio. Que saudades do cheiro
do formol.
Será que os meus colegas já desconfiam da
minha mudança de apartamento?
Nem bem eu formulei esse pensamento, ouço uma
voz atrás de mim.
- Macário?!
Levo um pequeno susto. Olho para trás: era...
era... como é mesmo o nome dela?
- Macário! – exclamou a garota.
- Hã... oi... você. Digo... vocês.
Haviam três garotas atrás de mim. Mas...
puxa, como é mesmo o nome delas?! Deu branco agora!! São minhas conhecidas, mas
eu estava tão confuso que...
- Macário? Você está bem?! – pergunta a
gordinha de cabelo castanho.
- Quem, eu?
- Macário!! Parece que você não nos reconhece
mais!! – falou a morena de óculos. – Pô, sou eu, a Créssida!
Créssida... Ah, sim! Agora estava
desanuviando minha cabeça:
- Ah! Créssida! Maura! Loreta!
Mas nenhuma delas sorriu.
Ah, cara, não acredito que eu esqueci os
nomes delas. Toda essa loucura do final de semana...
- Macário! Você está bem mesmo?! – falou
Maura, indignada, arqueando a sobrancelha. Decerto, ela saiu diretamente do
hospital: ainda estava com o uniforme da enfermagem. Decerto, Créssida e Loreta
a chamaram às pressas.
- Estou, sim. Estou. – falei. – Desculpem,
garotas, eu estou confuso.
- É, certamente que está. – Maura continuou.
– Os socos que você levou afetaram sua cabeça.
- Socos? Que socos?! – pergunto.
- Como, que socos?! – pergunta Créssida. –
Olhe só para você! Está com os dois olhos roxos!! Andou levando uma surra?!
- Hum? Ah... ah, sim, sim. É que eu estava...
hum... discutindo com um amigo, há umas duas horas atrás. Ele perdeu a
paciência. Ai...
Senti uma pinicada de dor nos olhos. Até já
estava esquecendo disso.
- Pelo jeito, foi uma discussão acalorada,
hein? – Loreta deu um sorrisinho.
- Questão acadêmica. – retruquei. – O tal
amigo... Não é do nosso curso.
- Macário, onde você se enfiou? – pergunta
Maura.
- Hum?
- O que está havendo com você, hein, Macário?
– pergunta Créssida. – Você some no final de semana e depois reaparece com os
olhos roxos e...
- Como assim, sumi? – pergunto com um sorriso
amarelo. Elas sabiam da mudança!
- Sumiu, Macário, com todas as suas coisas! –
Loreta falou. – Você muda de apartamento e não avisa ninguém?!
- Hm... Ah, sim. Eu mudei de apartamento,
sim. Mudei. – falo, trêmulo. – Sei que foi repentino, e... Vocês foram me
procurar?
- Fomos, sim, Macário. – fala Créssida. –
Sábado à tarde. Você furou a reunião do Clube da Mordida! Estão todas loucas
atrás de você!
- Todas... Clube da... Ah, sim. – Com tanta
coisa que aconteceu desde sábado, estava difícil concatenar as ideias, mas fui
aos poucos me lembrando de tudo. – Vocês todas... todas as garotas... vieram me
procurar?! E não me acharam no apartamento?
- Todas, Macário!! – Créssida era a mais
indignada. – Puxa vida, onde você esteve?! Para onde você se mudou, caramba?!
Podia ter nos avisado!!
- De... desculpa, meninas, mesmo. – falei,
acuado. – Desculpa. É que me pediram para não avisar ninguém. Meus novos
parceiros de quarto.
- Hein?! – Créssida fez cara de ponto de
interrogação, e depois abriu um sorriso irônico. – Você, Macário?! Dividindo
apartamento?! Logo você, um lobo solitário?!
- Eu nunca disse que era lobo solitário. –
falei. – É que é... um parente. É! Um primo que eu não via há muitos anos. Sim.
Ele pediu transferência para cá e... bem, ele pediu para dividir apartamento
comigo. Foi tudo tão de repente. Não deu nem para avisar. Ele mesmo pediu para
não avisar ninguém.
Até eu me surpreendi com a capacidade de
criar uma história assim na hora.
- Ah... – Maura já parecia estar se
convencendo, mas de repente notou uma falha no diálogo: – Ei, mas você disse
parceiros, Macário! Tem mais de um?!
- Não. – respondi. – Digo, é só a irmã dele.
Ela só ficou o final de semana. Foi embora hoje. Só ficou para ajudar a
organizar tudo e... bem...
- Aah, irmã, hein? – Maura deu um sorriso. – Sua
prima, hein? Ah, estava desconfiada de que, em se tratando do Macário Monstro,
tinha mulher no meio... Você não dormiu com ela, dormiu?
Engoli em seco.
- Eu não. Digo... foi ela quem...
- E ainda diz que não?!
- Não foi por iniciativa minha. Além do mais,
ela era muito gorda. Muito rechonchuda. Muito mais do que você, Loreta. Nem era
sensual. Fui obrigado. Pode se dizer que desta vez eu me dei mal. Mas usei
camisinha.
Suei frio a cada palavra. Mas Loreta não
levou a mal – é sempre bom saber que existe gente com mais problemas de peso
que nós próprios...
Aah, mas Andrômeda vai me matar se souber que
falei isso!! Além disso, parece que as meninas não estão acreditando na minha
história!
- Pô, Macário. E nós pensando que você fugiu
da cidade!! – Maura falou, com indignação. – Como você conseguiu fazer uma
mudança sem ninguém notar?!
- Alguém deve ter notado. – retruquei. –
Conheço mais gente, tem mais gente que me conhece, alguém deve ter notado o
caminhão da mudança. Que horas vocês foram me procurar?
- Ao final da tarde, Macário. – falou Loreta.
– Quem mais ficaram fulas ao saber do seu sumiço foram a Viridiana e a Geórgia.
- Elas também vieram?
- Sim, Macário. – Maura emendou. – E também
aquela sua loira. Valtéria, né? Essa aí chorou feito um bebê. Como pode,
Macário, fazer uma mulher chorar assim?
- Sim, mas que pouca vergonha, Macário. –
Créssida falou, com ironia. – Tanta gente preocupada com o seu sumiço e você se
divertindo com uma gorda. Você com a cabeça entre dois grandes seios, né? A sua
prima gorda ao menos tinha seios enormes, não é?!
Senti-me acuado.
- Mas meninas!... Eu posso explicar...
- Comece agora, então. – uma voz falou atrás
de mim. Uma voz tão familiar que cheguei a levar um bom susto.
- Oh, não... Geórgia. – sussurrei.
Olhei para trás: era ela mesma. Geórgia.
- Aí está você, Macário. – ela falou secamente.
– Vivo e bem. E nós preocupadas a toa.
- Ahn, Geórgia, eu não diria que ele está
bem. – falou Maura. – Olhe aí, ele está com os dois olhos roxos!
- Aham, e só por isso eu tenho que sentir
pena dele? – Geórgia não alterou o tom.
- Nem estou pedindo para que sintam pena de
mim. – falei. – Olhem, meninas, eu sei que dei bolo, que fiz coisa errada...
mas não foi por vontade minha, juro! Foi meu primo! Ele que pediu para não
contar nada a ninguém!
- Primo, hein? – Geórgia me olhava como se
facas fossem saltar de suas órbitas em minha direção. – Ou por acaso não seria
prima, hein?
- Já disse! Minha prima já foi embora! Agora
só estamos eu e meu primo!
- E onde está esse seu primo, Macário?
Geórgia estava realmente desconfiada de
alguma coisa. Ela já não acreditava mais em mim. Ela ia me desmascarar na
frente das outras! Hoje não é meu dia...
- Opa, Macário! – chamou outra voz, desta vez
masculina.
Luce!!
- Aí está você, Macário! – falou Luce, com
simpatia teatral. – Quem são as suas garotas, hein? Não vai me apresentar?
Hein, primão?
Eu já estava desconfortável diante das
meninas, agora Luce reapareceu, assim, de repente! Será que ele estava ouvindo
nossa conversa escondido quando simulou que ia para outro prédio?
- Hã... hum... – balbuciei.
- Esse que é o seu primo, Macário? – pergunta
Loreta.
- Sou, sim, sou primo dele. – falou Luce, de
bate-pronto. – Oh, há quanto tempo eu não via meu primo Macário, que dizem ter
tanta sorte com as mulheres! E vejo que ele está certo, olhem só quantas
garotas bonitas ao redor dele... Hein, seu garanhão?
Ele me fez dar um sorriso amarelo.
- Hã... hum... meninas, este aqui é o Lúcio.
– apresentei.
Porém, Geórgia olhava para Luce como se já o
tivesse visto antes – claro que era verdade. Será que ela ia nos desmascarar?!
- Muito prazer. – cumprimentou Luce,
alegremente. – Vocês são todas colegas dele, né?
- Não, só eu que sou. – falou Créssida. – As
outras são de outros cursos.
- Mas somos todas amigas. – falou Maura. –
Todas amigas dele também. Do Macário.
- Imagino que sim. – falou Luce. – Mas por
que estavam pressionando tanto meu primo?
- Bem, é que ele... – começou Loreta, mas
Luce interrompeu.
- Ah, sim, deve ser por causa da questão do
apartamento. Da mudança dele. Vocês não o encontraram no antigo apartamento...
e devo admitir que foi minha culpa, mesmo. É que fazia tanto tempo que não nos
víamos, coitado... Estávamos atando os laços até então desatados, então, privei
vocês da companhia dele, peço desculpas.
Apesar de Luce estar parecendo muito
canastrão, ele parecia estar convencendo as meninas. Noto que elas estavam se
envolvendo na conversa.
- Era muito importante o que vocês queriam
falar com o Macário neste final de semana, meninas? – continuou Luce.
- Hã... sim, sim. – falou Créssida. – Sim,
era importante. Quer dizer...
- Aah, era?! Puxa, peço desculpas outra vez,
meninas. Mas não se preocupem. Depois o Macário passa o endereço novo para
vocês e aí vocês podem nos visitar, viu? Ainda estamos em processo de
adaptação, entendem? Mas vocês podem aparecer a qualquer momento para tratar
desse assunto importante. Imagino o quanto deve ser importante para que a
mudança causasse tanta indignação.
Isso pareceu acalmar todo mundo. E, ao que
parece, Geórgia também se acalmou. Ela não deu sinais de haver reconhecido
Luce.
- Só me deem um instantinho, sim, meninas? Eu
esqueci de falar uma coisa com ele antes, e tive de voltar para falar. Quero
trocar uma última palavrinha com o Macário antes de ir para o meu curso, e eu o
dele, tá? Cinco minutinhos.
Luce me pegou pelo ombro e me afastou das
garotas, que olhavam atônitas, com jeito de não estarem entendendo nada.
Fomos para um canto junto à parede do prédio
do curso. Depois, ele começou a cochichar comigo.
- E aí, amigão, te salvei, não foi?
Engoli em seco.
- Que saia justa, hein? Mas ainda bem que eu
estava por aqui.
- Você estava ouvindo tudo?! – pergunto.
- Quase tudo. – disse Luce, sorrindo. – Achou
ruim eu ter aparecido?
- N... não, não foi ruim. Aliás, obrigado.
Luce alargou o sorriso.
- Disponha, meu amor. Que péssimo contador de
mentiras você é.
- Estava sob pressão. – retruquei.
- Bem, para todos os efeitos, agora sou seu
primo...
- Claro.
- E... por que primo?
- Foi o que me ocorreu de plausível. Pior se
elas fossem parentes minhas, não é verdade? Elas poderiam de delatar a gente
mais graúda... meus pais, por exemplo.
- Por mim, não tem problema, seremos primos.
Mas... Devemos manter também a parte da prima gorda? Hum... se bem que essa
parte foi a melhor de todas... – e Luce deu uma risadinha.
- Só falta a Andrômeda ter me ouvido
chamando-a de rechonchuda.
- Depois vocês dois que se entendam. Eu
segurei sua barra até agora, viu, Macário? E espero ter convencido. Porque a
Geórgia, ali...
- Será que ela reconheceu você? O cara que
lhe deu carona.
- Espero que não. Mas eu dou um jeito de
alterar a memória dela, Macário, se você quiser. E... bem... essas garotas...
- Sim, Lúcifer, são as garotas de quem você
sugou sangue em algum momento. Você e a Andrômeda. Oxalá elas não reconheçam
você, e não tenham a mínima lembrança daquelas noites... Porque certamente a
Créssida descobriu alguma nova pista sobre o “Maníaco Mordedor” e queria
dividir comigo. Ela está perto do nosso segredo.
- Acho que eu não devia ter batido na cabeça
dela... Devia ter ficado com o clorofórmio, como fiz com a gordinha... Fique
frio, amigo, deixe tudo comigo. Aja naturalmente. O resto deixe comigo.
Ambos estávamos nervosos. Eu podia notar que
Luce estava tão nervoso quanto eu diante dessa situação, em que quase fomos
desmascarados.
E fomos nos reunir com as outras garotas, que
espero que não tenham entreouvido esse diálogo.
As quatro estavam de sobrancelha erguida.
Próximo episódio com previsão de sair na próxima terça-feira, a fim de compensar a semana perdida.
Até aqui, como está ficando? Está bom? Ruim? Deve continuar? Parar, ainda que na metade da história? Deve sofrer alterações?
Manifestem-se nos comentários!
E até mais!
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