terça-feira, 5 de março de 2019

MACÁRIO - Capítulo 54: "O Desaparecido"

Olá.
Já se passaram mais de quinze dias desde a publicação do último capítulo de meu folhetim ilustrado para adultos, MACÁRIO. O presente episódio deveria ter sido publicado na semana passada a esta, mas imprevistos impediram. Agora, nesta terça-feira de carnaval, mais um episódio.
ATENÇÃO: leitura não recomendada para menores de 18 anos. Contém diálogos de teor sexual e cenas de constrangimento.



- E aí, Macário. Você não acreditou nas promessas daquelas três, acreditou? – ia falando Luce, caminhando a meu lado sob o sol do final da tarde, quase noite, a bolsa a tiracolo.
- O que eu não acredito é que você até há pouco esteve de ressaca. – retruquei, secamente, a mochila nas costas.
- Vampiros se recuperam rápido. – Luce sempre sorrindo.
- Confesse que você nunca esteve bêbado de verdade.
- Só se você confessar que adorou esta tarde. Diz aí, Macário. Foi legal, não foi? Três de uma vez... e se não fosse a minha ajuda, hein? Hein? Certamente a Âmbar é quem ia te matar...
- Eu teria dado conta sozinho. – continuei no mesmo tom seco. – Aliás, eu tenho de dar conta sozinho.
- Tem não, meu bem. Achava que eu ia ficar de fora de toda essa diversão? Achava que o direito era só seu, Sr. John Kennedy brasileiro?
- John Kennedy brasileiro? Como assim?
- Ué, que o saudoso presidente americano, que foi assassinado, também era mulherengo. Uma de suas amantes até cantou “Parabéns a Você” para ele.
Não gostei dessa referência.
- Bem. Agora você sabe que eu posso ser um predador sexual até pior do que você. – prosseguiu Luce, ao pé do meu ouvido.
Engoli em seco. E dei uma olhada, com o canto do olho, para a genitália de Luce, escondida sob a calça, mas só de lembrar o tamanho do membro dele... E da voracidade com que ele avançou sobre as mulheres, àquela hora...
Eu mesmo mal acreditava que, cerca de uma hora antes, eu havia saído de uma orgia com Andrômeda, Morgiana e Âmbar. Primeiro, Morgiana, após a festa promovida por Luce, conseguiu ficar escondida no nosso apartamento para depois dormir comigo; depois, acabei presenciando Âmbar e Luce transando, os dois bêbados (e custo a acreditar que Luce estava realmente bêbado, não me sai da cabeça que sua ressaca não passou de encenação); depois de uma discussão entre Âmbar, Luce, Morgiana, Andrômeda e eu, teve mais sexo, agora na banheira, com Morgiana, depois com Andrômeda e Âmbar, que entraram de penetras; depois, no meu quarto, a luxúria continuou, mas agora o penetra foi Luce, que...
Enfim, e mesmo depois de todo esse atletismo sexual, eu ainda tinha forças para agora estar a caminho da faculdade. Com os dois olhos roxos. E ainda tendo de suportar o sorriso sacana daquele vampiro ainda mais sacana – foi ele quem me “deu” aqueles olhos roxos.
- Agora diga, Macário. – Luce prosseguiu, com aquele sorriso odioso. – Voltando ao assunto: você não acreditou nas promessas daquelas três, acreditou?
- Que promessas? Que três? – pergunto, com acento de ironia.
- Ara. Da Andrômeda, da Morgiana e da Âmbar. Você está acreditando mesmo que as gostosas vão te deixar em paz até sábado, meu amor? Pois sinto lhe dizer que você está sendo otário. É claro que aquelas três não vão cumprir a promessa.
- Por que não posso acreditar que desta vez elas vão? – fiz muxoxo.
- Aquelas três não vivem sem sexo, Macário. E te escolheram. Claro que elas vão te procurar durante a semana para sugar os teus fluidos. Não dou dois dias para que, no mínimo, a Andrômeda não venha sugar os seus fluidos pelo... pelo... – e, me olhando com o canto do olho, sempre sorrindo: – Macário, como é que você apelida o seu... hum... você sabe? Seu quinto membro.
Com essa eu até senti o rosto enrubescer.
- Hm... Bernardão. – respondi secamente.
- “Bernardão”? “Ber-nar-dão”?! – Luce soltou uma risada alta. – Você chama “isso” de “ão”?!
Hein?! Luce estava prestes a me humilhar ainda mais?! Agora ia descontar no meu...?
- Qual é o seu problema? – procurei não me irritar.
- Com todo respeito, Macário. Seu... parceiro... não chega a ser grande coisa. Tudo bem, ele alcança os vinte centímetros, mas... bem, conheço gente muito mais bem dotada que você.
Oras, ele não pode ficar se achando só porque seu “parceiro” é maior que o meu!!
- Bah, eu sei. – retruquei. – Você está se achando porque o seu ultrapassa os trinta centímetros, né? Mas então... como é que eu consigo agradar as mulheres com tão pouco? – falei com um sorrisinho. – Se tamanho fosse mesmo documento...
- Não estou falando de mim, meu bem. – Luce sequer se alterou. – Falo, por exemplo, do MC Claus. Do Flávio Urso. Do Flávio Dragão... Eles, sim, tem o que se pode chamar de “canhões”.
Arregalei o olho só de imaginar.
- O meu é comprido, mas é muito fino. Não satisfaz completamente... Comparado com o MC Claus, o meu é um lápis. Entra muito frouxo...
- Ah, sim, acredito. – fiz outro muxoxo, lembrando da expressão de prazer de Âmbar nos momentos em que transou com ele.
- Ah, cara, mas não pode chamar o seu... parceiro... de “bernardão”. Não no aumentativo. No máximo, chamaria de “bernardo”. “Bernardão” é exagero. Isso é soberba, rapaz. É pecado.
Eu não acho.
- É assim desde que perdi a virgindade, cara. – tentei me gabar, mesmo sabendo que era inútil. – Foi uma garota do passado quem chamou por esse apelido, e eu acabei gostando. Ela disse que era o maior que ela já tinha visto. Eu, modéstia a parte, era o mais bem dotado da escola onde estudava.
- Você?! – Luce deu mais um sorriso. – Então imagine como deviam ser os seus colegas... Tudo “pintinho”.
Ele já estava começando a me irritar. Aquela conversa sobre pênis em plena rua estava criando desconforto. Imagine se alguém ali, na rua, estivesse prestando atenção a dois rapazes falando abertamente sobre pênis em plena rua.
- Mas, enfim, Macário. Voltando de novo ao assunto. Por que você está acreditando no papo daquelas... mulheres? Você é bonzinho demais, Macário. Não é capaz de resistir a um rabo-de-saia, hein? Se deixa enganar facilmente pelas mulheres... Deixa que aquelas lá te façam de gato e sapato, hein?! Acha que mulher tem sempre razão? E você, como fica?
- Cale a boca. – respondi secamente, mas baixinho.
- Você não vai ter sossego esta semana, Macário, acredite em mim. Elas não vão te deixar dormir tranquilo. Você desrespeitou as regras do parque, alimentou as feras, deu-lhes comidinha na boca e ensinou-as a pedir mais e mais... Entende?
- Cale a boca. – continuei falando baixinho, mas agora cerrando os punhos.
- Acredite em mim, Macário. Se não dá para confiar nas mulheres humanas, imagine confiar nas criaturas fantásticas. Ninfas, sereias, vampiras, dragoas, mutantes, bruxas... Essas são traiçoeiras.
- Cale a boca. – meu tom de voz já começava a se alterar.
- Pô, Macário, só estou te alertando. Por que me manda calar a boca no meio de um conselho de amigo? E, olha. Mesmo que a Andrômeda, a Âmbar e a Morgiana “consigam” cumprir essa promessa, você não está a salvo. Tem muito mais fêmeas no nosso grupo. – e chegou mais perto do meu ouvido. – Os Animais de Rua, por exemplo. Lá tem quatro fêmeas prontas para dar o bote. A Fifi, aquela predadora, literalmente. A Aura, que acha que pode fazer o que quer porque pode mudar de forma, esticar o corpo e se esconder. A Eliane, a serva de Afrodite e de Príapo, a que vendeu a alma aos demônios da luxúria em troca de poder. E a Gil... ela quer que você pense que ela é fiel ao namoradinho porco. Mas a mim elas não enganam. Elas vão aproveitar para... nhac! – e arrematou com uma risada maldosa.
Engoli em seco. O Luce estava conseguindo me envolver com suas palavras. Não estava conseguindo manda-lo calar aquela maldita boca.
- E o que dizer dos Dinossauros que Sorriem?! Aquelas lá... Jussara e Sulídea, elas também comem carne, Macário. Carne de Macário com leite!! E as irmãs da Morgiana, então! Se eu te contasse o que elas faziam com os marinheiros dos navios afundados... E tem mais garotas que você ainda não conheceu, meu amor... Só estou te prevenindo... Você não vai ter paz esta semana, apesar das promessas que você ouviu. Pode ser que aquelas três te deixem em paz, mas as outras... podem aproveitar a brecha. Porque foram só a Âmbar, a Andrômeda e a Morgiana que fizeram aquela promessa para você... Só elas três. As outras, não...
E lambeu o beiço.
Engoli em seco. Até suava frio.
- Você... você está tentando me confundir. – respondo, trêmulo.
- Só estou alertando, amigão. Para o seu bem, meu bem. Pode se preparar.
Uma parte de mim estava admitindo que aquele cínico tinha razão.
E se as garotas dos Animais de Rua me procurassem?
E se as garotas dos Dinossauros que Sorriem me procurassem?
E se as irmãs da Morgiana também aproveitassem a brecha?!
E se a... oh, céus, será que a Anfisbena... ou talvez as irmãs de Âmbar...
Não, ele está tentando me confundir, sim. Encher minha cabeça de caraminholas para me confundir... Esse desgraçado tem segundas intenções para mim.
Não falei mais nada. Luce também se calou – finalmente. E ambos seguimos nosso caminho até a faculdade.

Nos separamos. Ele ia para o curso dele, eu ia para o meu.
Respirei fundo, agora aliviado.
Ah, cursinho meu de Medicina, estava com saudades, pensava eu enquanto me aproximava do prédio. Que saudades do cheiro do formol.
Será que os meus colegas já desconfiam da minha mudança de apartamento?
Nem bem eu formulei esse pensamento, ouço uma voz atrás de mim.
- Macário?!
Levo um pequeno susto. Olho para trás: era... era... como é mesmo o nome dela?
- Macário! – exclamou a garota.
- Hã... oi... você. Digo... vocês.
Haviam três garotas atrás de mim. Mas... puxa, como é mesmo o nome delas?! Deu branco agora!! São minhas conhecidas, mas eu estava tão confuso que...
- Macário? Você está bem?! – pergunta a gordinha de cabelo castanho.
- Quem, eu?
- Macário!! Parece que você não nos reconhece mais!! – falou a morena de óculos. – Pô, sou eu, a Créssida!
Créssida... Ah, sim! Agora estava desanuviando minha cabeça:
- Ah! Créssida! Maura! Loreta!
Mas nenhuma delas sorriu.
Ah, cara, não acredito que eu esqueci os nomes delas. Toda essa loucura do final de semana...
- Macário! Você está bem mesmo?! – falou Maura, indignada, arqueando a sobrancelha. Decerto, ela saiu diretamente do hospital: ainda estava com o uniforme da enfermagem. Decerto, Créssida e Loreta a chamaram às pressas.
- Estou, sim. Estou. – falei. – Desculpem, garotas, eu estou confuso.
- É, certamente que está. – Maura continuou. – Os socos que você levou afetaram sua cabeça.
- Socos? Que socos?! – pergunto.
- Como, que socos?! – pergunta Créssida. – Olhe só para você! Está com os dois olhos roxos!! Andou levando uma surra?!
- Hum? Ah... ah, sim, sim. É que eu estava... hum... discutindo com um amigo, há umas duas horas atrás. Ele perdeu a paciência. Ai...
Senti uma pinicada de dor nos olhos. Até já estava esquecendo disso.
- Pelo jeito, foi uma discussão acalorada, hein? – Loreta deu um sorrisinho.
- Questão acadêmica. – retruquei. – O tal amigo... Não é do nosso curso.
- Macário, onde você se enfiou? – pergunta Maura.
- Hum?
- O que está havendo com você, hein, Macário? – pergunta Créssida. – Você some no final de semana e depois reaparece com os olhos roxos e...
- Como assim, sumi? – pergunto com um sorriso amarelo. Elas sabiam da mudança!
- Sumiu, Macário, com todas as suas coisas! – Loreta falou. – Você muda de apartamento e não avisa ninguém?!
- Hm... Ah, sim. Eu mudei de apartamento, sim. Mudei. – falo, trêmulo. – Sei que foi repentino, e... Vocês foram me procurar?
- Fomos, sim, Macário. – fala Créssida. – Sábado à tarde. Você furou a reunião do Clube da Mordida! Estão todas loucas atrás de você!
- Todas... Clube da... Ah, sim. – Com tanta coisa que aconteceu desde sábado, estava difícil concatenar as ideias, mas fui aos poucos me lembrando de tudo. – Vocês todas... todas as garotas... vieram me procurar?! E não me acharam no apartamento?
- Todas, Macário!! – Créssida era a mais indignada. – Puxa vida, onde você esteve?! Para onde você se mudou, caramba?! Podia ter nos avisado!!
- De... desculpa, meninas, mesmo. – falei, acuado. – Desculpa. É que me pediram para não avisar ninguém. Meus novos parceiros de quarto.
- Hein?! – Créssida fez cara de ponto de interrogação, e depois abriu um sorriso irônico. – Você, Macário?! Dividindo apartamento?! Logo você, um lobo solitário?!
- Eu nunca disse que era lobo solitário. – falei. – É que é... um parente. É! Um primo que eu não via há muitos anos. Sim. Ele pediu transferência para cá e... bem, ele pediu para dividir apartamento comigo. Foi tudo tão de repente. Não deu nem para avisar. Ele mesmo pediu para não avisar ninguém.
Até eu me surpreendi com a capacidade de criar uma história assim na hora.
- Ah... – Maura já parecia estar se convencendo, mas de repente notou uma falha no diálogo: – Ei, mas você disse parceiros, Macário! Tem mais de um?!
- Não. – respondi. – Digo, é só a irmã dele. Ela só ficou o final de semana. Foi embora hoje. Só ficou para ajudar a organizar tudo e... bem...
- Aah, irmã, hein? – Maura deu um sorriso. – Sua prima, hein? Ah, estava desconfiada de que, em se tratando do Macário Monstro, tinha mulher no meio... Você não dormiu com ela, dormiu?
Engoli em seco.
- Eu não. Digo... foi ela quem...
- E ainda diz que não?!
- Não foi por iniciativa minha. Além do mais, ela era muito gorda. Muito rechonchuda. Muito mais do que você, Loreta. Nem era sensual. Fui obrigado. Pode se dizer que desta vez eu me dei mal. Mas usei camisinha.
Suei frio a cada palavra. Mas Loreta não levou a mal – é sempre bom saber que existe gente com mais problemas de peso que nós próprios...
Aah, mas Andrômeda vai me matar se souber que falei isso!! Além disso, parece que as meninas não estão acreditando na minha história!
- Pô, Macário. E nós pensando que você fugiu da cidade!! – Maura falou, com indignação. – Como você conseguiu fazer uma mudança sem ninguém notar?!
- Alguém deve ter notado. – retruquei. – Conheço mais gente, tem mais gente que me conhece, alguém deve ter notado o caminhão da mudança. Que horas vocês foram me procurar?
- Ao final da tarde, Macário. – falou Loreta. – Quem mais ficaram fulas ao saber do seu sumiço foram a Viridiana e a Geórgia.
- Elas também vieram?
- Sim, Macário. – Maura emendou. – E também aquela sua loira. Valtéria, né? Essa aí chorou feito um bebê. Como pode, Macário, fazer uma mulher chorar assim?
- Sim, mas que pouca vergonha, Macário. – Créssida falou, com ironia. – Tanta gente preocupada com o seu sumiço e você se divertindo com uma gorda. Você com a cabeça entre dois grandes seios, né? A sua prima gorda ao menos tinha seios enormes, não é?!
Senti-me acuado.
- Mas meninas!... Eu posso explicar...
- Comece agora, então. – uma voz falou atrás de mim. Uma voz tão familiar que cheguei a levar um bom susto.
- Oh, não... Geórgia. – sussurrei.
Olhei para trás: era ela mesma. Geórgia.
- Aí está você, Macário. – ela falou secamente. – Vivo e bem. E nós preocupadas a toa.
- Ahn, Geórgia, eu não diria que ele está bem. – falou Maura. – Olhe aí, ele está com os dois olhos roxos!
- Aham, e só por isso eu tenho que sentir pena dele? – Geórgia não alterou o tom.
- Nem estou pedindo para que sintam pena de mim. – falei. – Olhem, meninas, eu sei que dei bolo, que fiz coisa errada... mas não foi por vontade minha, juro! Foi meu primo! Ele que pediu para não contar nada a ninguém!
- Primo, hein? – Geórgia me olhava como se facas fossem saltar de suas órbitas em minha direção. – Ou por acaso não seria prima, hein?
- Já disse! Minha prima já foi embora! Agora só estamos eu e meu primo!
- E onde está esse seu primo, Macário?
Geórgia estava realmente desconfiada de alguma coisa. Ela já não acreditava mais em mim. Ela ia me desmascarar na frente das outras! Hoje não é meu dia...
- Opa, Macário! – chamou outra voz, desta vez masculina.
Luce!!
- Aí está você, Macário! – falou Luce, com simpatia teatral. – Quem são as suas garotas, hein? Não vai me apresentar? Hein, primão?
Eu já estava desconfortável diante das meninas, agora Luce reapareceu, assim, de repente! Será que ele estava ouvindo nossa conversa escondido quando simulou que ia para outro prédio?
- Hã... hum... – balbuciei.
- Esse que é o seu primo, Macário? – pergunta Loreta.
- Sou, sim, sou primo dele. – falou Luce, de bate-pronto. – Oh, há quanto tempo eu não via meu primo Macário, que dizem ter tanta sorte com as mulheres! E vejo que ele está certo, olhem só quantas garotas bonitas ao redor dele... Hein, seu garanhão?
Ele me fez dar um sorriso amarelo.
- Hã... hum... meninas, este aqui é o Lúcio. – apresentei.
Porém, Geórgia olhava para Luce como se já o tivesse visto antes – claro que era verdade. Será que ela ia nos desmascarar?!
- Muito prazer. – cumprimentou Luce, alegremente. – Vocês são todas colegas dele, né?
- Não, só eu que sou. – falou Créssida. – As outras são de outros cursos.
- Mas somos todas amigas. – falou Maura. – Todas amigas dele também. Do Macário.
- Imagino que sim. – falou Luce. – Mas por que estavam pressionando tanto meu primo?
- Bem, é que ele... – começou Loreta, mas Luce interrompeu.
- Ah, sim, deve ser por causa da questão do apartamento. Da mudança dele. Vocês não o encontraram no antigo apartamento... e devo admitir que foi minha culpa, mesmo. É que fazia tanto tempo que não nos víamos, coitado... Estávamos atando os laços até então desatados, então, privei vocês da companhia dele, peço desculpas.
Apesar de Luce estar parecendo muito canastrão, ele parecia estar convencendo as meninas. Noto que elas estavam se envolvendo na conversa.
- Era muito importante o que vocês queriam falar com o Macário neste final de semana, meninas? – continuou Luce.
- Hã... sim, sim. – falou Créssida. – Sim, era importante. Quer dizer...
- Aah, era?! Puxa, peço desculpas outra vez, meninas. Mas não se preocupem. Depois o Macário passa o endereço novo para vocês e aí vocês podem nos visitar, viu? Ainda estamos em processo de adaptação, entendem? Mas vocês podem aparecer a qualquer momento para tratar desse assunto importante. Imagino o quanto deve ser importante para que a mudança causasse tanta indignação.
Isso pareceu acalmar todo mundo. E, ao que parece, Geórgia também se acalmou. Ela não deu sinais de haver reconhecido Luce.
- Só me deem um instantinho, sim, meninas? Eu esqueci de falar uma coisa com ele antes, e tive de voltar para falar. Quero trocar uma última palavrinha com o Macário antes de ir para o meu curso, e eu o dele, tá? Cinco minutinhos.
Luce me pegou pelo ombro e me afastou das garotas, que olhavam atônitas, com jeito de não estarem entendendo nada.
Fomos para um canto junto à parede do prédio do curso. Depois, ele começou a cochichar comigo.
- E aí, amigão, te salvei, não foi?
Engoli em seco.
- Que saia justa, hein? Mas ainda bem que eu estava por aqui.
- Você estava ouvindo tudo?! – pergunto.
- Quase tudo. – disse Luce, sorrindo. – Achou ruim eu ter aparecido?
- N... não, não foi ruim. Aliás, obrigado.
Luce alargou o sorriso.
- Disponha, meu amor. Que péssimo contador de mentiras você é.
- Estava sob pressão. – retruquei.
- Bem, para todos os efeitos, agora sou seu primo...
- Claro.
- E... por que primo?
- Foi o que me ocorreu de plausível. Pior se elas fossem parentes minhas, não é verdade? Elas poderiam de delatar a gente mais graúda... meus pais, por exemplo.
- Por mim, não tem problema, seremos primos. Mas... Devemos manter também a parte da prima gorda? Hum... se bem que essa parte foi a melhor de todas... – e Luce deu uma risadinha.
- Só falta a Andrômeda ter me ouvido chamando-a de rechonchuda.
- Depois vocês dois que se entendam. Eu segurei sua barra até agora, viu, Macário? E espero ter convencido. Porque a Geórgia, ali...
- Será que ela reconheceu você? O cara que lhe deu carona.
- Espero que não. Mas eu dou um jeito de alterar a memória dela, Macário, se você quiser. E... bem... essas garotas...
- Sim, Lúcifer, são as garotas de quem você sugou sangue em algum momento. Você e a Andrômeda. Oxalá elas não reconheçam você, e não tenham a mínima lembrança daquelas noites... Porque certamente a Créssida descobriu alguma nova pista sobre o “Maníaco Mordedor” e queria dividir comigo. Ela está perto do nosso segredo.
- Acho que eu não devia ter batido na cabeça dela... Devia ter ficado com o clorofórmio, como fiz com a gordinha... Fique frio, amigo, deixe tudo comigo. Aja naturalmente. O resto deixe comigo.
Ambos estávamos nervosos. Eu podia notar que Luce estava tão nervoso quanto eu diante dessa situação, em que quase fomos desmascarados.
E fomos nos reunir com as outras garotas, que espero que não tenham entreouvido esse diálogo.

As quatro estavam de sobrancelha erguida.

Próximo episódio com previsão de sair na próxima terça-feira, a fim de compensar a semana perdida.
Até aqui, como está ficando? Está bom? Ruim? Deve continuar? Parar, ainda que na metade da história? Deve sofrer alterações?
Manifestem-se nos comentários!
E até mais!

Nenhum comentário: