terça-feira, 10 de setembro de 2019

MACÁRIO - Capítulo 68: "O Mistério do Depósito"

Olá.
Hoje, um novo episódio de meu folhetim ilustrado para adultos, MACÁRIO. Terça-feira passada eu estava planejando a publicação de um novo capítulo, mas acabou coincidindo com o aniversário do blog, então... Adiamos para hoje.
ATENÇÃO: leitura não recomendada para menores de 18 anos. Contém cenas de exposição de partes mutiladas de pessoas e animais, quebra de leis da física, bisbilhotagem de objetos alheios e embriaguez.



Tenho de saber. Tenho de curar essa inquietação repentina...
Luce não estava em casa, então eu poderia saber o que realmente havia naquele depósito.
Tantas vezes eu havia olhado o depósito de relance. Sabia que ele tinha prateleiras, e caixas, mas até então nunca havia me preocupado, de fato, em saber o que realmente estava sendo guardado ali.
A porta, como que deixada destrancada de propósito.
Pensando bem, Luce nunca me advertiu para não mexer naquele depósito. Nunca falou nada no quartinho do depósito. Então, não havia problema.
Entro, procurando fazer o menor barulho possível. Acendo a luz.
O depósito tinha a mesma aparência de quando olhei de relance das outras vezes. Uma larga prateleira, ocupando quase todo o espaço da parede paralela à janelinha, cheia de caixas de papelão e alguns vidros, e alguns itens soltos. No chão, haviam mais caixas empilhadas. Atrás das caixas, as sacolas com os produtos de limpeza que ele comprara no dia anterior. E também vassouras, rodos, esfregões, apoiados na parede oposta. E duas caixas de engradado empilhadas, cheias de garrafas – mas vazias: a bebida que havia sido consumida na festa que Luce dera, e nos outros dias. Em breve ele deverá dar um destino àquelas garrafas – talvez comprar mais bebida.
Dei uma olhada primeiro na prateleira. Junto com as caixas e os vidros, haviam objetos diversos, como uma bola de cristal translúcido, uma gamela de madeira e um quadro oval, com bordas de porcelana meio gasta pelo tempo. Me detive no quadro oval, que retratava três pessoas, em um desenho evidentemente pintado a mão. Apesar do desgaste da moldura, a pintura mantinha as cores vivas, como se tivesse sido pintado a apenas alguns anos.
Não foi preciso esforço em reconhecer que uma das pessoas era Luce, apesar do cabelo penteado para trás e do terno com gravata borboleta; os outros dois eram uma mulher e um rapaz mais alto. A mulher, que ostentava uma cabeleira negra e esvoaçante, certamente devia ser Andrômeda, antes da tal desilusão amorosa que ela me contou. Realmente, era muito diferente. Mais magra, até. Até seus seios pareciam menores.
O terceiro indivíduo, o mais alto, certamente, deveria ser o tal do Abraxas, o irmão de Luce que foi assassinado. Ele também tinha um cabelo negro e brilhante, como que alisado com gel. Usava um terno com gola de babados – com isso já dava para supor que o retrato foi pintado presumivelmente no final do século XIX. E sorria do mesmo jeito que o irmão.
Os três sorriam. E... era impressão minha, ou seus olhos fizeram um movimento em direção ao observador do retrato?
Assustado, desvio meu olhar do retrato. Vamos ver o que mais tem aqui...
Na prateleira abaixo do retrato, ao lado da bola de cristal, estava uma gamela de madeira. Não, aquela era a banheira mágica que foi usada anteontem. Encolhida, era uma simples tigela de madeira que parecia feita com palitos de sorvete emendados. Num átimo, pego a tigela e resolvo testar.
A técnica era apenas estica-la para os lados; e, de fato, apesar de ser de madeira, a tigela era maleável como borracha, mas depois ficava sólida como... madeira. E até que era divertido moldar aquele objeto na forma que eu quisesse. Primeiro, a deixei do tamanho de um balde (ela não esticava apenas para os lados, como também para cima e para baixo); depois, estiquei o balde para cima, deixando-o da minha altura, como se fosse uma pequena caixa d’água; fiz o balde encolher de novo, e o estiquei levemente para os lados, deixando-o na forma de uma bacia redonda; esticando de novo, deixei-a na forma de uma banheira para bebês; esticando de novo, ela já ficou do tamanho de um ofurô. Abaixando as laterais, também pude fazê-la assumir uma forma parecida com a de uma piscina infantil inflável. Depois, como a banheira já ocupasse parte do espaço livre do depósito, ajusto-a para que voltasse a ficar do tamanho de uma tigela, e devolvi-a à prateleira.
Me deu vontade de rir.
Depois, resolvi dar uma olhada nos vidros. Quem sabe neles haveria alguma coisa chocante...
Bem, de chocante mesmo, só estava ali o vidro com a orelha do menino Maicon, flutuando no formol. Por que o Luce estava guardando aquela relíquia macabra ali? Aliás, por que eu ainda estava guardando aquela orelha cortada? Deus me livre que alguém descubra que estou guardando aquilo...
Os outros vidros, sem etiquetas de identificação ou qualquer tipo de rótulo, estavam cheios de líquidos coloridos e semitransparentes. O vidro com a orelha era o único com líquido cristalino; os outros tinham cores berrantes. Nesses líquidos, estavam imersos coisas que, à primeira vista, pareciam ser frutas. Mas umas frutas que eu nunca havia visto antes, não parecem ser nativas do Brasil. Então, aqueles vidros eram de... licor?
Mas por que Luce não etiquetou os licores para...
Não, espere. Estou diante de um vidro com o líquido amarelo; e, olhando mais de perto, as coisas no fundo do vidro não eram frutas: eram enormes insetos enrolados sobre seus próprios corpos. Uma espécie de lagarta que eu não conhecia até então. Seu corpo segmentado lhes dava a aparência de pitangas.
No vidro de líquido púrpura, haviam besouros enormes. Pareciam, à primeira vista, jabuticabas.
No vidro com líquido vermelho haviam joaninhas enormes, que pareciam morangos.
Neste vidro com líquido verde... ah, estes sim eram frutas. Podia ver que eram pedaços de kiwi...
Estranho que nenhum dos vidros estava etiquetado, nem para explicar seu conteúdo. Nem as caixas tinham alguma coisa escrita nas suas laterais.
Me senti tentado a pegar um desses vidros, abrir e cheirar, talvez experimentar, ver que o líquido onde aquelas coisas flutuavam era aguardente ou formol. Mas, quando já ia esticando a mão, ouço um barulho.
Luce chegou!
Corri para o corredor. Olho para os lados, ando em direção à sala de visitas. Não, não havia nada. Luce não estava ali ainda.
Ah, se tivesse sido ele, certamente eu teria ouvido também o tilintar do molho de chaves abrindo a porta, mas não ouvi.
Mas eu havia ouvido um barulho, como uma batida...
Ouço de novo.
Mas não havia nada, em nenhum dos cômodos. Ouço o barulho pela terceira vez: vinha de uma das paredes da sala. Encosto o ouvido na parede.
Concluo: ah, deve ser o vizinho do apartamento ao lado. Devia estar mexendo em alguma coisa dentro do apartamento dele. Mudando algum móvel de lugar, pelos rangidos que vieram a seguir das batidas. Mas que estranho, ele estar mexendo na mobília da casa às cinco da manhã, quando todos estão dormindo. O notívago deveria ser unicamente eu. Pô, que susto você me deu, seja lá quem for.
Bem, isso me deixava um pouco mais tranquilo. Mas não totalmente. Vai que um desses barulhos acabe sendo o do Luce chegando...
Volto ao depósito. E me perguntando mentalmente: ah, Macário, o que há com você? Está com medo do Luce? Pra quê? Ele aloprou com a sua vida até agora, é justo que você encontre agora algo para aloprar com a dele...
Mas me perguntava: o quê? E como eu ia usar esse “o quê” contra o Luce?
Olho agora para as caixas das prateleiras, lisas, sem identificação. Hm... Espere, talvez seja melhor começar com as caixas que estão no chão.
Não eram caixas muito pesadas; e, como pareciam mais sólidas, devo supor que elas estejam cheias de livros.
As abas das tampas estavam cruzadas, mas não foi difícil abrir uma dessas caixas.
Fiquei muito surpreso: não eram livros. Aquela caixa estava cheia de... gibis!
Meu sentido de filho de bibliófilo logo identificou aquele material: era uma pilha de antigos gibis de terror, publicadas ao longo do século XX. De diversas datas.
Sento no chão. Pego alguns desses gibis para folhear. Eles estavam em excelente estado de conservação. Pareciam novos, as folhas estavam quase branquinhas. Meu pai também tinha alguns gibis assim, mas não tão bem conservados quanto estes.
E, de fato, eram gibis de terror, cada um com uma história aterradora – umas realmente assustadoras, outras nem tanto assim – desenhados de forma impactante em preto-e-branco, por artistas de esmero. Alguns desses gibis estavam em inglês, eram de editoras estrangeiras; outros em português, de editoras locais. Eu havia ouvido falar que os gibis de terror já foram os preferidos dos brasileiros, e que muitos brasileiros ficaram famosos desenhando nesse estilo – e que muitas editoras brasileiras do século XX sobreviviam dessas publicações.
Olhem só. Histórias de lobisomens, vampiros, múmias, frankensteins, criaturas da lagoa, bruxas, esqueletos e/ou simplesmente assassinos seriais. As capas de alguns desses gibis tinham monstros e/ou imagens de pessoas prestes a matar outras pessoas, quando não exibindo as partes já cortadas dos corpos das vítimas, geralmente as cabeças. Alguns traziam mulheres sensuais na capa, de roupas mínimas ou rasgadas – em pose ao mesmo tempo lânguida e acuada pelo monstro e/ou assassino. Sexo e terror não eram gêneros dissociados um do outro...
Examino a capa de um desses gibis: Mirza, a Mulher Vampiro. Trazia uma mulher com longos cabelos negros na capa. Aí, me lembro da Morgiana, a sereia. Ela também tinha cabelos negros longos e lisos, mas não tinha os lábios carnudos da Mirza. Meus olhos se voltam para o retrato oval na prateleira: ei, a Andrômeda já foi parecida com a Mirza, também. Folheando rapidamente o gibi, sim, tratava-se de uma vampira sensual. Seduzia suas vítimas e depois sugava-lhes o sangue.
Tenho de rir. Quem iria imaginar, um vampiro interessado em gibis...
Mas será que ele realmente lê essas coisas?
Com todo o cuidado, coloco os gibis de volta à caixa, praticamente na mesma posição em que estavam antes. Tive cuidado para não tirar os gibis da ordem. E fecho a caixa, do mesmo modo em que estava.
As outras caixas também estavam cheias de gibis. Todas do mesmo tema. Encontro outro gibi com uma vampira sensual em sua capa: Vampirella. E trajando um escandaloso maiô vermelho que não cobria quase nada. Na mesma caixa, haviam ainda revistas com histórias do Conde Drácula. Bem, devo concluir, era natural um vampiro colecionador de gibis de terror... Talvez goste de ver como os quadrinhistas representavam sua espécie nessas histórias. Um dia Andrômeda disse que nem tudo o que escreveram a respeito dos vampiros era verdadeiro. Bem, hoje não sei mais o que é verdadeiro, de fato...
Da mesma maneira, ajeito os gibis na caixa e fecho.
Quem sabe todas as caixas da prateleira também não estavam cheias de gibis? Com cuidado, tiro uma caixa da prateleira. Estranho, esta estava mais leve.
Abrindo, vejo que não tinha gibis. Eram pratarias. Candelabros, bandejas, uma taça. Todas finamente trabalhadas, e impecavelmente polidas e brilhantes, como se fossem novas.
Não mexo naquelas coisas – algo me diz que podem estar amaldiçoadas. Em um desses gibis tinha uma história sobre um colar que matava quem o usasse. Fecho a caixa, coloco de novo na prateleira, mexo vigorosamente os dedos para constatar se não havia pego alguma maldição daquela prataria, pego outra caixa.
Nessa caixa, mais objetos. Desta vez eram facas com bainhas de couro com detalhes em metal; mais candelabros; e estojos de couro para joias.
Mesmo tentado a pegar uma daquelas facas e desembainha-la para conferir o fio, fecho essa caixa, ponho de volta na prateleira, pego uma caixa mais comprida.
Engulo em seco ao ver seu conteúdo: eram ferros de marcar, chicotes, cordas, garrotes e outras miudezas que deviam ser usadas para tortura.
O que se podia esperar de um vampiro? Fecho a caixa novamente.
Pego mais uma caixa. O seu conteúdo me deixou ruborizado: consolos, chicotes, máscaras, garrotes... tinha até uma lingerie de couro com detalhes em metal. Em suma, brinquedos sexuais. Luce devia usar essas coisas com frequência. Menos a lingerie, claro: quem a usa deviam ser suas eventuais parceiras.
Que gostos esquisitos tem esse cara. Pior que ele tinha o devido poder aquisitivo para utilizar aquelas coisas, e obrigar pessoas inocentes a usa-las. Será que ele usava aqueles ferros de marcar em suas amantes durante suas sessões de masoquismo?
Só podia ser: em uma caixa pequena, empilhada sobre outra de tamanho médio, encontro agora um uniforme masculino completo para sadomasoquismo, todo em couro preto com pontas de metal. E, na caixa que estava embaixo, uma pilha de revistas pornográficas. Só pelas capas dava para ver que eram revistas de temática sadomasô, cheios de mulheres vestidas com máscaras, lingeries pretas, botas de cano alto, portando cordas e chicotes, olhando para a câmera como se estivesse prestes a devorar o fotógrafo.
Ajeito as caixas como estavam.
Pego agora uma caixa que está na prateleira bem de baixo: era pesada. Pudera, estava cheia de vidros – mais vidros com líquidos coloridos, com coisas boiando nelas. Mas agora fiquei chocado: as coisas que boiavam nos vidros eram mais aterradoras que os insetos em conserva. Eram olhos, partes de animais, como patas e fetos, uma cobra em conserva, coisas de forma indefinida que pareciam ser órgãos desidratados ou tumores extraídos – tomara que estes não sejam humanos. E nada estava etiquetado, ainda por cima. Pô, Luce, você não sabe que essas coisas em conserva sempre precisam vir com etiqueta de identificação do conteúdo?
Mesmo já habituado a ver coisas assim nas aulas de Medicina da faculdade, eu sentia que ia ter pesadelos com isso na hora que deitasse. Podia ser impressão minha, mas tenho certeza que uma daquelas coisas, que parecia um coração murcho, deu uma pulsada no instante em que ergui o vidro à altura dos olhos.
Ponho a caixa no lugar. E, zonzo, saio do depósito. Não estava com vontade de vasculhar mais nada – nem a bola de cristal me interessou. O que vi até ali já era suficiente.
Sento no sofá. Respiro fundo. E me ponho a pensar no que vi.
O que será que Luce estava planejando no apartamento? Por que ele encheu o depósito com aqueles objetos? Bem, os gibis de terror e as pratarias, vá lá, aquelas bandejas, candelabros e facas podem ser expostas como enfeites – se Luce realmente instalar uma cristaleira ou uma prateleira no apartamento, à vista das visitas. Mas e aqueles objetos de tortura? Os chicotes, espetos, ferros de marcar... Quem sabe ele não esteja pensando em trazer garotas para cá, a fim de promover sessões de masoquismo... talvez lamber o sangue delas? Porque aqueles chicotes pareciam feitos mesmo para ferir a pele. Pude ver que tinham pontas afiadas...
E qual era a finalidade daquelas conservas de partes de animais? E os produtos de limpeza?
Ah, se Andrômeda estivesse aqui para me alertar sobre o que ia acontecer...
Nervoso, mas não tanto, fui para a cozinha, me servi de uns biscoitos de água e sal com leite. Suspirei.
Com isso que eu vou me jogar na cama e dormir, apenas dormir. Ah, nada indicava algo fora do normal. Não ia ter nem sexo. Mas espero que, em sonhos, eu não seja posto para assistir cenas de sexo. Ou de masoquismo.
Mas, quando eu já ia me encaminhando para o quarto, eis que ouço o tilintar de um molho de chaves, e o trinco da porta se mexe. E Luce entra.
Estava, evidentemente, muito “alto”. Entrava segurando o terno, e com a gravata na testa em vez do pescoço.
- Luce? – pergunto.
- Oh! Macário! – Luce me cumprimenta, sorrindo. – Meu amor, você estava me esperando?!
- Esperando você? – pergunto, indignado. – Eu, hein! Quem pensa que sou, sua esposa?!
- Está me estranhando?! Meu negócio é mulher, saca?
Seus passos ébrios pela sala se assemelhavam a uma dança. Seus passos ébrios como sua risada.
- O meu também, saca? – retruquei. – Mas diz aí, onde você e o Marto Galvoni estiveram?!
- Galvoni? Que Galvoni?! – Luce pergunta, sentando no sofá.
- Você e o Galvoni estavam juntos lá no bar.
- Ah... Ah, sim, é mesmo. O Galvoni. Fomos tratar de negócios. Combinar uma nova exposição no mês que vem.
- Hum. Pelo jeito não foram só negócios, pois olhaí, você está...
- ...Altinho? Tontinho? B... Bêbado? Hmmmmm... É, não posso negar que depois a gente saiu para comemorar...
Estava na cara que Luce lutava, internamente, contra a embriaguez. Sugou sangue de um bêbado, aposto.
- Decerto a negociação foi um sucesso.
- Claro... Investir no Galvoni é lucro certo.
- A comemoração foi na boate, não foi?
- Boate?! – Luce riu, ebriamente. – Quem te disse isso?!
- A gangue do Breevort.
- A gan... Bre... Como assim?! Você esteve conversando com o Breevort?!
- Foi por acaso. Ele que veio conversar comigo.
- E como é que a gangue dele ficou sabendo sobre mim?!
- Eles estavam seguindo o Galvoni.
- E para que estavam seguindo o italiano, aqueles metidos?!
- Hm... Aí não sei...
Algo dizia que eu não devia ter contado ao Luce sobre essas coisas. Tentei desviar o assunto, não podia contar que os elfos negros estavam seguindo os passos de Geórgia e de Marto Galvoni.
- Ah, aquele Breevort causador de problemas. Ainda vamos ter uma conversa muito séria. Ele e a gangue dele. Eu tiro eles da marginalia e olha como me agradecem...
- Bom... Você se divertiu esta madrugada? – pergunto.
- Claro, Macário... Como sempre. Ah, cara, por que você não se diverte também? Olha pra você aí, tão sério, tão...
- Sou o garçom, Luce, esqueceu? Não sou rico como você.
- Ah, meu amor. Eu ainda vou te levar para se divertir com minha galera. Você está precisando se soltar, Macário. Se divertir.
- Como posso me divertir? Você e sua galera me fizeram de brinquedo até agora.
- Pare com isso, Macário. Você ainda não viu nada. Você ainda vai ver o que é a verdadeira diversão. E vai gostar, eu garanto. E está muito enganado se pensa que eu te fiz de brinquedo. Quem fez isso foram as garotas.
Que cínico. Pior que um cínico, só um cínico bêbado.
- O que ia fazer agora, Macário?
- Eu ia... Não, eu vou deitar e dormir. Por que, o que quer que eu...
- Não, Macário, só perguntei. Pode ir dormir. Ninguém vai tirar o teu sono hoje. As garotas estão sumidas.
- Bem, assim espero.
- Eu também preciso descansar. – e tirou a gravata da cabeça.
- Bem... Bom descanso. Até a tarde.
- Vou tomar banho.
E se dirigiu ao depósito. Fico apreensivo: será que ele vai perceber que estive mexendo nas coisas dele? Não: ele sai dali rapidamente, com a tigela de madeira nas mãos. Ia usar a banheira. Nem olhou mais para mim.
Dou um suspiro. E vou me preparar para me deitar.

Não vai ter nada para perturbar meu sono... não vai... Oh, digam-me que não vai...

Próximo capítulo em breve. Não é possível prever.
Mas, até aqui, como está ficando: bom? Ruim? Precisa alterar? Parar simplesmente? Censurar?
Manifestem-se nos comentários!
Até mais!

Nenhum comentário: