sábado, 4 de outubro de 2008

História das Histórias em Quadrinhos - 1a. Parte

Olá.
Conforme anunciei dias atrás, estou iniciando hoje a postar minha versão da História das HQ. E em capítulos, pois minha pesquisa saiu bastante extensa.
Sem mais delogas, eis a 1a. Parte da História das Histórias em Quadrinhos, segundo pesquisa de Rafael Grasel.



As Histórias em Quadrinhos são, inegavelmente, a arte mais fascinante e eficiente de todos os tempos. Desde o final do século XIX, as HQ seguem firmes como um dos principais veículos culturais e de comunicação, perdendo importância apenas para o cinema, a televisão e, atualmente, a Internet – e isso que um, às vezes, dependa de outro, ou tornam-se aliados: diversos personagens de HQ ganham outras mídias, aumentando sua popularidade.
Fazer uma história coerente e completa das HQ constitui um trabalho hercúleo, já que o campo de análise é vasto, e existem muitos e muitos trabalhos relevantes de serem citados – e vários outros vão surgindo, tornando difícil o trabalho de atualização de qualquer lista. Aqui, far-se-á um pequeno esforço, trazendo um apanhado com as obras mais fundamentais e/ou conhecidas. É parte de um universo vasto, mas é suficiente para conhecê-lo.
NOTA EXPLICATIVA: as datas referidas levam em conta o ano em que determinada HQ aparece ou é iniciada. Priorizar-se-ão, aqui, os personagens mais conhecidos, sempre que possível, e com uma pequena explicação de sua importância para a história das HQ. Também, sempre que possível, os nomes dos personagens aparecem no original, acompanhados dos nomes como ficaram conhecidos no Brasil. Muitos dos personagens aqui referidos, principalmente no que concerne aos mangás, podem ser conhecidos apenas por especialistas na área, mas por sua importância, não pode-se deixar de referenciá-los, aqui. E, como de praxe, quando uma HQ tiver dois autores (o roteirista e o desenhista), o nome do roteirista aparecerá antes do nome do desenhista.

ORIGEM DAS HQA origem das HQ está no início da civilização humana. Nas inscrições rupestres das cavernas pré-históricas (como as de Lascaux, na França, e Altamira, na Espanha), nos baixos-relevos da Mesopotâmia, nos hieróglifos egípcios (século IV a. C.), nas tapeçarias medievais, nos estandartes chineses, nas vias-sacras e vitrais góticos (séculos V a XIII d. C.)... Nisso tudo, e muito mais, observa-se o princípio básico das HQ, ou seja, a preocupação constante de narrar acontecimentos através de desenhos sucessivos.

No século XIV, ilustrações européias introduzem os filactérios – faixas com palavras escritas junto à boca dos personagens – considerados a gênese dos balões. O primeiro exemplar de uma ilustração com um filactério teria sido datado de 1370 (a Tábua Protat, um pedaço de madeira onde um centurião romano, diante do Calvário, aponta um dedo para a cruz e declara: “Vere filius Dei erat iste” [sim, na verdade este homem era o filho de Deus]).
A invenção da imprensa, no século XV, e o aperfeiçoamento das técnicas de impressão de ilustrações, como a xilogravura e a litografia, constituem um impulso a mais. No século XIX, o texto passa a acompanhar sistematicamente o desenho – as ilustrações humorísticas já existiam nos periódicos europeus (jornais e revistas) da época. Dentre os exemplos mais célebres de publicações que ressaltavam ilustrações, estão: Le Magasin Pittoresque (surgido na França, em 1833), Punch (Inglaterra, 1841) e Harper’s Weekly (Estados Unidos, 1857).
No pioneirismo das HQ, há hoje quem coloque os japoneses como pioneiros, tirando assim a primazia dos europeus. É que, segundo alguns especialistas, existem rolos de pergaminho com histórias narradas através de textos e desenhos no Japão desde o século VIII – portanto, as HQ japonesas (mangá) seriam já muito antigas. Aliás, o termo mangá foi cunhado no século XIX pelo gravurista japonês Katsushita Hokusai, para denominar sua célebre série de gravuras, os Hokusai Mangá (imagens irrisórias de Hokusai), produzidas entre 1814 e 1849. Mangá é a junção dos termos japoneses manketsu (conto, história), e fashiko (ilustração), porém alguns especialistas traduzem o termo como imagens irrisórias, engraçadas. O estilo dos mangás produzidos antes da década de 40, e publicados em periódicos (jornais e revistas), era diferente de como o conhecemos hoje, que só seria desenvolvido a partir do trabalho do mangaká (desenhista) Osamu Tezuka, na referida época.


PRECURSORES DAS HQ MODERNAS
O primeiro “modelo” das HQ como hoje as conhecemos, segundo especialistas, foram as chamadas Estampas de Épinal, desenvolvidas na França por Jean Charles Péllerin, a partir de 1820. De fato, a chamada literatura de estampas é o meio mais próximo das HQ modernas, com desenhos (divididos em quadros) e textos (em forma de legendas) usados para representar uma ação contínua, mas ao mesmo tempo com cortes de tempo e espaço na narrativa. Era a literatura aliada ao desenho, freqüentemente exibindo situações cômicas.
Além de Péllerin, consideram-se os primeiros autores de HQ – os primeiros a produzirem histórias com uma personagem fixa – os europeus:
· O suíço Rudolf Töpffer, com Sr. Vieux-Bois (1827);
· O alemão Wilhelm Busch, com Max und Moritz (Juca e Chico, 1865);
· O francês Christophe (Georges Colomb), com Família Fenouillard (1889).
O chamado período da pré-história das HQ, segundo especialistas, vai de 1820 a 1895.

Aguardem: em breve, a segunda parte.
Para terminar, um desenho meu.

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