quinta-feira, 30 de outubro de 2008

História das Histórias em Quadrinhos - Última Parte

Olá.
Para terminar o mês, e muito bem, concluo aqui a minha História das HQ. Publico hoje a última parte, com os anos 2000. Confiram:



ANOS 2000Após o período da especulação da década passada, o mercado recupera o fôlego, graças sobretudo ao cinema. Nessa década, os estúdios cinematográficos passam a investir em adaptações de HQ, principalmente de super-heróis, muitos com bastante sucesso, graças ao avanço nos efeitos especiais, que permitem reproduzir os superpoderes dos heróis convincentemente, e o maior respeito possível aos conceitos das HQ. Ao mesmo tempo, muitas reformulações nas HQ clássicas entram em curso; o investimento maior está nas HQ adultas, sobretudo as graphic novels. O mercado japonês é bastante valorizado. Citemos apenas alguns destaques de 2000 a 2008, até porque a história não termina por aqui:
· 2000 – Nos EUA, Jimmy Corrigan – The Smartest Kid on Earth, de Chris Ware, eleito pela crítica o melhor livro do ano; A Marvel Comics balança novamente o mercado, em várias frentes: nesse ano, estréia a adaptação cinematográfica de X-Men, por Bryan Singer, cujo sucesso reacende o interesse dos produtores cinematográficos pelas HQ (os mutantes ganham mais dois filmes, em 2002 e 2006); ao mesmo tempo, a editora lança a linha editorial Marvel Ultimate, que é a repaginação do universo Marvel clássico destinada às novas gerações. Nisso, o cineasta Kevin Smith assume os roteiros do personagem Demolidor, dando novo vigor às suas aventuras, o que não acontecia desde a saída de Frank Miller do título (no ano seguinte, Smith faz o mesmo com as histórias do Arqueiro Verde, na DC). Esse, é apenas um exemplo de uma nova tendência: cineastas e produtores de séries de TV escrevendo HQ. Outros exemplos notáveis são J. Michael Straczynski (do seriado televisivo Babylon 5), que escreveu histórias do Homem Aranha e do Quarteto Fantástico, e Joss Whedon (de Buffy,a caça-vampiros), escrevendo a série Os Surpreendentes X-Men; No Japão, Nana e Paradise Kiss, ambas de Ai Yazawa (a primeira torna-se o mangá shoujo mais vendido da atualidade); Love Junkies, de Kyo Hatsuki, um dos mais destacados mangás eróticos (ero comedy, gênero que se diferencia tenuamente do hentai, ou pornográfico. Enquanto que o hentai é feito por autores anônimos, a ero comedy traz enredos mais leves, mas não menos picantes, feitos por artistas de destaque).· 2001 – Nos EUA, a editora Marvel cria: a linha Marvel Knights, com histórias dos super-heróis clássicos em uma linguagem mais adulta; e o selo Marvel Max, equivalente ao selo Vertigo da DC, publicando histórias de teor adulto, entre elas Viúva Negra, Alias, Poder Supremo e Zumbis Marvel; a minissérie Origens, de Paul Jenkins, Andy Kubert e Richard Isanove, é uma tentativa de dar um passado "oficial" ao personagem Wolverine, até então cercado de mistérios; No Japão, Hagane no Renkinjutsushi (Fullmetal Alchemist), de Hiromu Arakawa;· 2002 – Nos EUA, Y: The Last Man, de Brian K. Vaughan e Pia Guerra; Global Frequency, de Warren Ellis; Frank Miller lança Batman – O Cavaleiro das Trevas 2, continuação da série de 1986 (a qualidade dessa série é considerada, entretanto, inferior à da primeira); Estréia a adaptação cinematográfica de Homem-Aranha, o maior sucesso do ano (o herói ganha mais dois filmes, em 2004 e 2007 - todos os filmes foram dirigidos por Sam Raimi). A partir daí, cinema e HQ se tornam grandes aliados na popularização dos super-heróis – logo, heróis como Hulk, Quarteto Fantástico, Motoqueiro Fantasma, Hellboy, Demolidor e Elektra ganham seus próprios filmes (alguns deles, mais de um); Na França, a iraniana Marjane Satrapi inicia Persépolis, um retrato do Irã contemporâneo (em 2007, essa HQ é adaptada em desenho animado, dirigido por Satrapi e Vincent Paronnaud, que foi indicado ao Oscar de Melhor Animação no ano seguinte); No Japão, Cinderalla, de Junko Mizuno, artista de grande influência no cenário pop japonês, representante do estilo kawaii noir, que combina o bonitinho do shoujo mangá com o grotesco dos mangás de terror;· 2003 – Nos EUA, o arco de histórias do Batman Hush (Silêncio), de Jeph Loeb e Jim Lee, firma este como um dos melhores desenhistas do personagem na atualidade; Runaways (Fugitivos), de Brian K. Vaughan e Adrian Alphona; 30 Dias de Noite, de Steve Niles e Ben Templesmith; é lançado o crossover LJA e Vingadores, de Kurt Busiek e George Pérez, considerado o melhor encontro entre heróis de diferentes editoras;· 2004 – Nos EUA, 1602, de Neil Gaiman, Andy Kubert e Richard Isanove, pela Marvel; Pela DC, sai a linha All-Star, em resposta à linha Ultimate da Marvel, onde são apresentadas visões diferenciadas dos heróis clássicos por autores consagrados. Os primeiros títulos são: Superman, de Grant Morrison e Frank Quitely, e Batman e Robin, de Frank Miller e Jim Lee; À Sombra das Torres Ausentes, de Art Spiegelman, uma das primeiras produções artísticas tematizando os atentados de 11 de setembro de 2001; Ultra, dos Luna Brothers (os filipinos Jonathan e Joshua Luna), pela Image; Fábulas, de Bill Willingham e Lan Medina; Ex-Machina, de Brian K. Vaughan e Tony Harris; No Japão, Bleach, de Tite Kubo (Noriaki Kubo), D. Gray-Man, de Katsura Hoshino, e Death Note, de Tsugumi Ohba e Takeshi Obata;· 2005 – Nos EUA, a DC, após uma complicada rede de histórias interligadas, lança a saga Crise Infinita, a mais recente tentativa de reformulação de seu universo de super-heróis; Estréia, no cinema, uma revolucionária adaptação de uma HQ para o cinema: Sin City, dirigida por Frank Miller e Robert Rodriguez. O sucesso do filme faz com que Miller, antes avesso a adaptações cinematográficas de suas obras, dedique-se também ao cinema - tanto que ele mesmo dirige, em 2008, a adaptação cinematográfica do Spirit de Will Eisner;· 2006 – Nos EUA, a Marvel Comics lança a polêmica megasaga Guerra Civil, que abre caminho para a reformulação de seu universo de super-heróis (uma das consequências mais notáveis do evento foi a polêmica morte do herói Capitão América, no ano seguinte); estréia Lost Girls, de Alan Moore e Melinda Gebbie (série iniciada em 1991, na revista inglesa Taboo, mas que só naquele ano, em uma série de álbuns, que pôde ser concluída. Obra erótica e polêmica, que foi censurada em vários países de língua inglesa); Os Mortos Vivos, de Robert Kirkman e Tony Moore; aparece a editora Virgin Comics, braço artístico do conglomerado Virgin de entretenimento, em parceria com a empresa indiana Gotham Entertainment, conhecida por convidar grandes nomes do entretenimento, como o escritor Deepak Chopra e o cineasta Guy Ritchie, para escrever HQ. Entre os títulos lançados pela editora, estão: Snakewoman, de Shekhar Kapur, Zeb Wells e Michael Gaydos, e 7 Brothers, de John Woo, Garth Ennis e Jeevan Kang. Em 2008, no entanto, a Virgin, por causa das baixas vendas, fecha as portas.
- 2008 - Na França, O Pequeno Príncipe, adaptação em HQ do livro infantil de Antoine de Saint-Exupéry (publicado em 1943), por Joann Sfar (artista conhecido, também, pelas séries O Grande Vampiro, O Pequeno Vampiro e O Gato do Rabino) Em Israel, estréia o documentário em animação Valsa com Bashir, dirigido por Ari Folman e indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2009 (esse filme foi adaptado para HQ, por Folman e David Polansky); Além dos mangás japoneses, outro tipo de HQ oriental, recentemente, foi descoberta pelo ocidente: os manhwa, as HQ produzidas na Coréia do Sul – o governo daquele país, inclusive, incentiva a produção local de HQ. Alguns exemplos notáveis de manhwa são: Ragnarök, de Lee Myung-Jin, Chonchu, o guerreiro maldito, de Kim Sung Jae e Kim Byung Jin, Che, de Kim Yong-Hwe (biografia do guerrilheiro argentino Ernesto "Che" Guevara, projeto semelhante ao dos argentinos Oesterheld e Breccia dos anos 60) e Priest, de Hyung Min-Woo. Isto, só para citar os manhwa de maior sucesso no ocidente.

Pois é, pessoal. Em breve, estarei elaborando uma História das HQ no Brasil. Afinal, nada mais justo, visto que estive me ocupando com a História das HQ no mundo. Aguardem, então!
E, para encerrar, fiquem agora com Letícia.

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