terça-feira, 21 de outubro de 2008

História das Histórias em Quadrinhos - 6a. Parte

Olá.
Continuando a História das HQ, os anos 70.
Apesar de poucas criações se destacarem, foi uma época bastante movimentada no mundo das HQ, como minha pesquisa apontou. Vejam:



DÉCADA DE 70 OU PERÍODO DE ENTRESSAFRA
A recessão econômica que tem início em 1973, em função da crise do petróleo, provoca queda nos títulos. Algumas criações isoladas se destacam, como Garfield, Hagar e Corto Maltese. Além dessas, destacam-se também os seguintes fatos:
· 1970 – Nos EUA, Doonesbury, de Garry Trudeau, sátira política e primeira HQ a ganhar o Prêmio Pulitzer, em 1975; Conan, o Bárbaro, personagem literário criado por Robert E. Howard em 1932, nos pulps, chega às HQ, pela editora Marvel (texto de Roy Thomas e desenhos de Barry-Windsor Smith; o nome que ia se sobressair na arte de Conan, no entanto, é o de John Buscema, nos anos seguintes); inicia-se a célebre saga Lanterna Verde e Arqueiro Verde, de Denny O’Neill e Neal Adams, onde, dentro de uma HQ de super-heróis, discutem-se temas sociais e uso de drogas; É criado o célebre evento San Diego Comic Con, uma das maiores convenções de HQ da atualidade, sediada na cidade de San Diego, estado da Califórnia, EUA (nesse evento, atualmente, também acontece a entrega do prêmio Eisner, o “Oscar” das HQ); Na França, Paulette, de Georges Wolinski (autor célebre por seus desenhos de humor) e Georges Pichard;· 1971 – Nos EUA, Vampirella, de Forest Ackerman; Primeira aparição do personagem Monstro do Pântano, numa história da revista House of Secrets 92 (por Len Wein e Berni Wrightson); Jack Kirby, que no ano anterior mudara-se da Marvel Comics para a DC Comics, inicia Novos Deuses. Com efeito, Kirby se tornaria o primeiro desenhista a ganhar “tratamento especial” de uma grande editora, e abriu caminho para que os artistas passassem a ter voz ativa dentro das editoras; A Marvel polemiza, neste ano, quando publica uma história do Homem Aranha (nas revistas Amazing Spider-Man nos. 96 a 98) onde um dos personagens aparece consumindo drogas; No Chile, é publicado o polêmico livro Para Ler o Pato Donald, de Ariel Dorfman e Armand Mattelart, que relaciona os quadrinhos Disney ao imperialismo norte-americano (seus autores tinham orientação socialista). Mais tarde, Dorfman e Mattelart admitem terem exagerado nas críticas feitas no livro;· 1972 – Nos EUA, Animal Crackers (Os Bichos), de Rog Bollen (a partir de 1994, com a morte de Bollen, a tira passa a ser desenhada por seu assistente Fred Wagner), e Frank e Ernest, de Bob Thaves; aparece pela primeira vez o herói Motoqueiro Fantasma, de Roy Thomas, Gary Friedrich e Mike Ploog, pela Marvel, representativa combinação de super-heróis com horror (o personagem foi adaptado para o cinema em 2006 por Mark Steven Johnson); Na França, surge a célebre revista humorística Écho des Savanes, iniciativa de Claire Brétecher (que lança, nessa revista, Les Frustres [Os Frustrados]), Marcel Gotlib e Nikita Mandryka; Na Argentina, Boogie, o Seboso, de Roberto "El Negro" Fontanarrosa (criador, também, do gaúcho Inodoro Pereyra, Fontanarrosa é conhecido, inclusive, por suas charges sobre futebol, sua obsessão máxima); No Japão, Hadashi Gen (Gen, Pés Descalços), de Keiji Nakazawa, o retrato mais contundente da tragédia da bomba atômica de Hiroshima, e Berusaiyu no Bara (A Rosa de Versalhes), de Ryoko Ikeda, série considerada a definidora de todas as características dos shoujo mangá;· 1973 – Nos EUA, Hagar, o Horrível, de Dik Browne (após a morte de Dik, em 1989, a tira passa a ser desenhada por seu filho Chris Browne); a saga A Morte de Gwen Stacy, dentro das histórias do Homem-Aranha, é considerada o marco inicial da chamada “Era de Bronze” dos super-heróis, quando os heróis deixaram, de certa forma, de serem invencíveis. Além disso, as HQ passaram a tratar de temas até então tabus dentro desse tipo de publicação, como as drogas e o alcoolismo; primeira aparição do personagem Howard the Duck, criação de Steve Gerber (o personagem ganha adaptação cinematográfica em 1986, por Willard Huyck);
· 1974 – Nos EUA, aparecem pela primeira vez os personagens Wolverine e Justiceiro, os mais destacados anti-heróis das HQ, dentro de histórias, respectivamente, do Hulk (Incredible Hulk no. 181) e do Homem Aranha (Amazing Spider-Man no. 129). O Justiceiro ganharia, mais tarde, seu próprio título; já o Wolverine seria incorporado aos X-Men, tornando-se seu membro mais popular (e ganhando também, mais tarde, seu próprio título); Na França, Papyrus, de Lucien de Gieter, na revista Spirou;
· 1975 – Nos EUA, na revista Giant-Sized X-Men no. 1, estréia a nova formação dos heróis mutantes: era o primeiro passo para os X-Men se tornarem realmente populares; Na França, surge a revista Metal Hurlant, influente publicação de fantasia e ficção (iniciativa de Jean Pierre Dionnet, Moebius, Phillippe Druillet e Bernard Farkas), que mais tarde geraria uma famosa “filha” nos EUA, a revista Heavy Metal (surgida em 1977, por iniciativa de Len Mogel. Dentre os vários artistas que publicaram na Heavy Metal, um de seus maiores destaques foi Richard Corben e sua série Den; além disso, a revista inspira, em 1981, um polêmico e cultuado filme de animação. Em ambas as revistas, também já publicaram trabalhos Jordi Bernet, Alejandro Jodorowsky, Magnus, Enki Bilal, Paolo Serpieri, entre outros); Na Argentina, Alack Sinner, de José Muñoz e Carlos Sampayo; No Japão, é criado o evento Comic Market (ou Comiket), por iniciativa de um grupo de artistas marginais liderados por Yoshihiro Yonezawa (que se torna presidente do evento), Harada Teruo e Aniwa Jun. De um início modesto, o evento evoluiu para a maior feira de fanzines do país. Os fanzines japoneses (por lá chamados doujinshis) são de grande importância no Japão, uma vez que não apenas artistas consagrados nos mangás iniciaram suas carreiras nas publicações alternativas, mas também alguns fanzines ajudam a alavancar o sucesso de alguns mangás e animes consagrados.
· 1976 – Nos EUA, Cathy, de Cathy Guisewite; é publicado o primeiro crossover (encontro de personagens) entre heróis de diferentes editoras: do Superman (DC) com o Homem-Aranha (Marvel), escrito por Gerry Conway e desenhado por Ross Andru. Os crossovers tornam-se bastante comuns nas décadas de 90 e 2000; o funcionário público Harvey Pekar começa a escrever a série American Splendor, HQ autobiográfica desenhada por artistas como Robert Crumb, Frank Stack e Joe Sacco. (Em 2003, a HQ ganha adaptação cinematográfica: Anti-Herói Americano, de Shari Springer e Robert Pulcini); Na Argentina, Alvar Mayor, de Carlos Trillo e Enrique Breccia (filho de Alberto Breccia, que atualmente também desenha para editoras nos EUA); No Japão, Garasu no Kamen (Máscara de Vidro), de Suzue Miuchi, o maior e mais importante série shoujo da autora, um dos maiores nomes do gênero;· 1977 – Nos EUA, Cerebus, de Dave Sim, HQ independente, bastante conhecidapelo fato de seu criador ter estabelecido, desde o início, seu término no no. 300; Na Inglaterra, surge a célebre revista 2000 A. D., iniciativa de Pat Mills e John Wagner. Dentre os vários personagens célebres surgidos nessa revista, estão Judge Dredd, de John Wagner e Carlos Ezquerra, Rogue Trooper, de Gerry Finley-Day e Dave Gibbons, e Slaine, de Pat Mills e diversos artistas (os mais célebres foram Glenn Fabry e Simon Bisley). Outros artistas célebres que publicaram nessa revista foram Brian Bolland, Alan Moore, Alan Davis e Grant Morrison. Além disso, Judge Dredd ganha uma adaptação cinematográfica em 1995, por Danny Cannon; No Japão, Captain Harlock e Galaxy Express 999, ambas de Leiji Matsumoto, célebre também como o co-criador da série de anime Patrulha Estelar - Yamato (em 1974);· 1978 – Nos EUA, Garfield, de Jim Davis, atualmente a tira mais vendida do mundo (o personagem ganhou vários especiais em desenho animado desde 1982, uma série animada em 1988, dois filmes em live-action em 2004 e 2006, e um filme em computação gráfica em 2007); Elfquest, de Richard e Wendy Pini; Um Contrato com Deus, de Will Eisner (esta obra é considerada a precursora das graphic novels [tirando assim a primazia pertencente à recompilação das histórias de Barbarella], uma vez que consta que foi o próprio Eisner quem popularizou o termo, cunhado por Henry Steele, em 1966. A partir daí, até sua morte, em 2005, Eisner se dedicaria quase que exclusivamente a esse tipo de HQ, lançando ainda: Life in Another Planet [Um Sinal do Espaço, 1978], New York, the big city [1981], The Dreamer [1986], O Edifício [1987], No Coração da Tempestade [1991], Avenida Dropsie [1995], O último dia no Vietnã [2000], Fagin, o Judeu [2003], The Plot [O Complô, 2006, álbum póstumo]) entre tantos outros; Estréia também o primeiro filme longa-metragem do Superman, dirigido por Richard Donner, considerado até recentemente a melhor adaptação cinematográfica de uma HQ (o Superman estrela mais quatro filmes, em 1980, 1983, 1987 e 2006); Na França, Ranxerox, de Stefano Tamburini e Tanino (Gaetano Liberatore), e Os Olhos do Gato, de Alejandro Jodorowsky e Moebius, uma das primeiras parcerias entre os dois artistas antes de O Incal; · 1979 – Nos EUA, Frank Miller assume a arte do personagem Demolidor (e, posteriormente, os roteiros), revolucionando suas aventuras. O ponto alto dessa fase ocorre com a introdução da personagem Elektra; Pela DC, sai a minissérie World of Kripton, considerada a precursora do conceito das sagas. A partir daí, a pretensão das HQ de super-heróis é se tornarem inesquecíveis.
Nas décadas de 60 e 70, muitos desenhistas se tornariam célebres nas histórias de super-heróis: além dos citados Jack Kirby, John Buscema, Neal Adams, Frank Miller, Dave Gibbons e Barry Windsor Smith, podemos citar também os nomes de Jim Steranko, Berni Wrightson e Gil Kane, só para citar alguns.
Outro destaque da década é Jean Giraud, o Moebius. Nos anos 60, ele trabalhava com o western Tenente Blueberry. Ao adotar o pseudônimo artístico, Moebius passa a tratar de temas fantásticos e poéticos, sobretudo nas histórias publicadas nas revistas Metal Hurlant, que ele ajudou a fundar, e Heavy Metal (suas principais obras nessa temática são: Garagem Hermética, Arzach e a célebre O Incal, com texto do chileno Alejandro Jodorowsky).

Em breve: os anos 80.
Fiquem agora com Letícia.

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