sábado, 18 de dezembro de 2010

MIYUKI-CHAN IN WONDERLAND - dance, boogie wonderland...

Olá.
De volta de mais uma semana terrível, hoje as coisas andarão como o planejado.
Por conta de imprevistos, as postagens que eu estava planejando para as semanas passada e retrasada não saíram. Agora, hoje saem.
Hoje vou falar de mangá. E, desta vez, mangá de um nome bastante conhecido e renomado.
Certamente, muita gente já deve, em algum momento, em leituras ou conversas sobre mangás japoneses, ter ouvido falar do grupo CLAMP.
Bem. Chegou ao Brasil mais um mangá desse renomado grupo: MIYUKI-CHAN NO PAÍS DAS MARAVILHAS, ou, no original, MIYUKI-CHAN IN WONDERLAND.


ANTES DE FALAR DE MIYUKI-CHAN...
...vamos falar do grupo CLAMP. Para os menos informados, o CLAMP é um dos mais renomados grupos de artistas de mangá, sucesso no mundo todo graças às suas histórias densas e seus personagens bonitos, esguios e simpáticos. Tanto nos mangás como nos animes.
O CLAMP é formado por quatro mulheres, que trabalham de forma harmoniosa na produção de mangás - suas obras são classificadas basicamente como shoujo mangá (mangá para meninas), embora suas obras também sejam bastante apreciadas pelo público masculino.
Essas quatro mulheres são remanescentes de um grande grupo de fanzineiros, que contava com 12 pessoas, formado em 1984 e que produzia quadrinhos nos tempos de estudante. Porém, esse grupo se dispersou, e só sobraram sete integrantes - Nanase Ohkawa, Mokona Apapa, Mick Nekoi, Satsuki Igarashi, Tamayo Akiyama, Leeza Sei e Sei Nanao - quando o grupo lançou seu primeiro mangá profissional, RG Veda, em 1989.
No ano seguinte, apenas Igarashi, Nekoi, Apapa e Ohkawa seguiram no grupo. E não pararam mais. Lançaram um sucesso atrás do outro - geralmente séries curtas, mas de temas bastante variados. Funções: Nanase Ohkawa é a roteirista e líder do grupo; Mokona Apapa é a desenhista principal; Mick Nekoi é a desenhista auxiliar e Satsuki Igarashi é a ilustradora e assistente de arte. São delas simplesmente: RG Veda (1989), Tokyo Babylon (1990), Clamp School Detectives (1992), X (1992, seu mangá mais longo mas interrompido na metade), Guerreiras Mágicas de Rayearth (1994), Wish (1996), Sakura Card Captor (1996), Angelic Layer (1999), Chobits (2001), XXX Holic, Tsubasa Reservoir Chronicle (ambos lançados simultaneamente em 2003) e muitos outros.
Em seus mangás, o grupo também brinca com seu próprio universo de personagens. É comum encontrarmos em seus mangás referências a seus mangás anteriores ou mesmo personagens. Por exemplo, personagens de Tokyo Babylon aparecem em X; o mascote Mokona, o coelhinho gorducho com um cristal incrustado na testa que aparece em Guerreiras Mágicas de Rayearth aparece em vários mangás do grupo - como XXX Holic; e os personagens principais de Sakura Card Captor, Sakura e Shoran, também protagonizam Tsubasa Reservoir Chronicle. E por aí vai.
O grupo também interfere bastante nas versões em anime de seus mangás. Por exemplo, na versão animada de Sakura Card Captor, o grupo incluiu a menina Meiling, que não existia no mangá - e mais cartas para a protagonista caçar, esticando a história.
Também há espaço para reflexão nos mangás do CLAMP. O exemplo mais forte é Chobits, que propõe a discussão da relação entre homens e máquinas.
No aniversário de 15 anos do grupo, as quatro integrantes mudaram seus nomes. Nanase Ohkawa, nascida em 2 de maio de 1967 em Osaka, mudou para Ageha Ohkawa; Mokona Apapa, nascida em 16 de junho de 1968 em Kyoto, passou a assinar apenas Mokona; Mick Nekoi, nascida em 21 de janeiro de 1969 em Kyoto, mudou para Tsubaki Nekoi; e Satsuki Igarashi, nascida em 8 de fevereiro de 1969 em Kyoto, só mudou o modo como seu nome é escrito em japonês - a pronúncia continua igual.

MIYUKI-CHAN
A editora JBC foi quem publicou no Brasil as obras do CLAMP. Já foram lançados Sakura Card Captor, Guerreiras Mágicas de Rayearth (ambos estão entre os primeiros mangás da editora, lançados no início dos anos 2000), Tokyo Babylon, X (o primeiro mangá da editora brasileira lançado em formato tankoubon [livro] - os outros mangás dividiam os volumes japoneses ao meio), Angelic Layer, Chobits (o primeiro mangá da editora a incluir páginas coloridas), XXX Holic e Tsubasa Reservoir Chronicle. MIYUKI-CHAN vem se juntar aos mangás do CLAMP lançados no Brasil - e mais uma vez pela JBC.
MIYUKI-CAN IN WONDERLAND (Fushigi no Kuni no Miyuki-chan) foi lançado pela primeira vez em 1995, em volume único pela editora Kadokawa Shoten. Trata-se de um dos mangás mais malucos e mais safados lançados pelo grupo. Sabe-se que é do CLAMP por causa do traço dos personagens, sempre esguio e convencional, com todo jeito de shoujo mangá.
O mote de MIYUKI-CHAN é o erotismo, numa recriação bastante amalucada de Alice no País das Maravilhas. Trata da história de Miyuki (o nome equivale, no Japão, a Alice), uma bonita estudante colegial, que costuma cair em mundos inusitados, todos habitados por belas mulheres (não há um único homem neste mangá!), que tentam sempre seduzir a pobre garota.
Miyuki é bastante recatada e sofre de "síndrome de mocinha": diante dos perigos e das situações para ela constrangedoras, a única coisa que sabe fazer é chorar, gritar e correr - não necessariamente nessa ordem. Tem como principal preocupação impedir que suas roupas sejam tiradas, caso contrário, se ela for vista nessa situação, ela nunca poderá casar - pelo menos é o que ela acredita. No entanto, ela nunca consegue impedir que as belas mulheres que aparecem na sua frente rasguem ou tirem à força suas roupas - ou, no mínimo, espiem por baixo de sua saia. Na verdade, nunca se sabe qual é a das personagens dessa série: por que elas insistem em querer tirar a roupa da pobre Miyuki?
Com essas características, é evidente que Miyuki é uma das personagens menos carismáticas do CLAMP. Tão certinha que chega a ser irritante.
E não se sabe, ainda, se tudo pelo que Miyuki passa é real ou imaginação dela. Porque, ao final dos sete capítulos curtos que compõem o volume, ela acorda de um sonho - porém, se depara com a mesma situação que se apresenta no início do episódio, naquela sensação de "ih, vai começar tudo de novo!". Temos a sensação de que, se tudo se passa apenas na cabeça da pobre Miyuki, é porque ela deva ter alguma espécie de desejo reprimido quanto à própria sensualidade - ela é bonita, mas não abusa de sua beleza. Teses psicanalíticas à parte, é um mangá bastante descompromissado, visando somente a diversão no estilo ecchi, ou "mostruário de calcinhas".
Bem. Ao todo, são sete mundo pelos quais a pobre Miyuki passa. São eles:
País das Maravilhas - Miyuki, ao sair correndo de casa, atrasada para a escola, encontra no meio do caminho uma mulher vestida de coelha, andando de skate e ouvindo walkman, e as duas acabam caindo em um buraco. Chegando ao mundo subterrâneo, Miyuki encontra Chou-li e Tou-li (equivalentes e Twiddle-Dee e Twiddle-Dum), duas lutadoras que desafiam a garota para uma luta literalmente arrasadora; a Chapeleira Maluca, acompanhada da Lebre de Março e da Ratinha, as três mulheres de roupas bastante sumárias; a Gata Risonha, sensual e safada; e a Rainha de Copas, numa vestimenta sadomasoquista.
País do Espelho - Miyuki, em seu quarto, se arrumando para ir ao colégio, surpreende sua imagem no espelho se mexendo de modo diferente - e é puxada pela mesma até um mundo invertido. Lá ela é raptada pela demônia Jabberwocky, com seu traje sumário; cai em um tabuleiro de xadrez, onde encontra a elegante Humpty-Dumpty; e acaba sendo desafiada a jogar xadrez consigo mesma. A perdedora deverá tirar as roupas!
País da TV - Miyuki, numa madrugada em que não consegue dormir, liga a TV e é puxada, por um par de pernas que sai da tela da TV, para o universo do filme Barbarella, ficção-científica erótica baseada na HQ francesa de Jean-Claude Forest.
País do Trabalho Temporário - Miyuki-chan está atrasada para seu trabalho de meio-período em um restaurante. Ao chegar lá correndo, surpreende-se ao ver montado, no meio do saguão, um ringue de luta-livre. E ela é desafiada pelas outras garçonetes do local para uma luta mortal!
País do Mahjong - Enquanto lê um mangá sobre Mahjong (um jogo de mesa de origem chinesa), Miyuki se surpreende quando três garotas saem de dentro do livro! Ela rapidamente é desafiada a jogar mahjong pelas moças - e quem perder cada rodada, é obrigada a tirar a roupa! As coisas ficam mais imprevisíveis quando uma das jogadoras veste uma armadura de batalha! É o único segmento do mangá onde Miyuki assume uma atitude corajosa, enfrentando suas adversárias no mano-a-mano.
País do Videogame - Enquanto está jogando videogame, Miyuki se surpreende quando o game faz uma pergunta na tela de continue; ao clicar "sim", Miyuki é sugada para dentro do jogo, onde encontra mais quatro guerreiras que a obrigam a ser uma "paladina", a guerreira mais forte, para lutar contra o último chefão do jogo - uma ideia que não agrada nadinha a garota. Ainda mais quando revela-se que o chefão é... a própria Miyuki!!!
País de X - É o CLAMP brincando com o próprio universo de personagens. Enquanto está assistindo a versão animada de X nos cinemas, Miyuki acaba sendo sugada para dentro do filme! Lá, a pobre garota cruza com os personagens femininos da série - e todas querem que ela seja ou o Dragão da Terra ou o Dragão do Céu, no lugar do Kamui (para entenderem, procurem o mangá X, do CLAMP).
O volume é caprichado, publicado dentro do selo Graphic Novel da editora JBC (pelo qual também saíram os três volumes de Golgo 13 e Hiroshima - A Cidade da Calmaria). Porém, pelo roteiro, a gente mal reconhece ser um mangá do CLAMP. Nos primeiros capítulos, referência às obras de Lewis Carroll, os personagens secundários mal têm tempo de se apresentar; as situações acontecem muito depressa, em um só fôlego. Nos capítulos seguintes, as situações acontecem com mais calma, mais tranquilidade. Porém, como o mote é o erotismo, as situações que acontecem em cada um dos mundos são bastante constrangedoras. Tudo é desculpa para as roupas de Miyuki-chan sumirem ou serem rasgadas impiedosamente. Porém, as cenas de nudez não são totais. No máximo, Miyuki consegue ficar com a roupa íntima. Mas as mulheres da série, quase todas, usam roupas pra lá de provocantes - mas também nunca ficam completamente nuas, no máximo de relance. Têm todas corpo esguio e bonito. São todas safadas e desinibidas - ao contrário da própria Miyuki. Além disso, as cópias dela do País do Espelho e do País do Videogame são o contrário dela - safadas e desinibidas. A Miyuki do espelho, por exemplo, nem se incomoda em tirar a roupa na frente dela!
Sendo assim, não dá para reconhecer, pelo roteiro que seja um shoujo do CLAMP. Apesar do traço, MIYUKI-CHAN parece ser mais dirigida ao público masculino. Mas é só a safadeza - sem nudez total. Quem esperava isso em MIYUKI-CHAN pode ter uma decepção. Sendo assim, trata-se de um mangá picante, porém bem leve - e bem desenhado. Impróprio para menores de 16 anos - se fosse 18 anos, aí sim seria preocupante. Vale mais pela arte que pelo roteiro.
A edição também inclui uma galeria das ilustrações criadas para a série - páginas coloridas, em papel couché - e a galeria com a arte conceitual criada para a versão em OVA (Original Video Animation). Isso mesmo: MIYUKI-CHAN ganhou uma versão em anime! Mas dela falaremos na próxima postagem.
Para quem se interessou por MIYUKI-CHAN, o mangá custa R$ 14,90.

PARA ENCERRAR...
Como não tinha muita ideia do que desenhar de apropriado para a ocasião, resolvi fazer um desenho de fadinhas.
Isso mesmo. Desenhar fadas também é um exercício para desenhar corpos femininos - supondo que as fadas sejam humanos em miniatura e alados - , já que esses pequenos seres da natureza também se apresentam como figuras sensuais. Que o diga a Sininho, a fadinha da Disney, que é uma personagem sexy desde sua concepção.
Na próxima postagem: MIYUKI-CHAN, o OVA!
Até mais!

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