terça-feira, 25 de janeiro de 2011

História das Histórias em Quadrinhos - 2a. Edição - 2a. Parte

Olá.
Hoje, continuando a publicação da segunda edição revista e ampliada da minha História das HQ, trago hoje a vocês as décadas de 30 e 40. Vocês podem perceber, inclusive, que existem leves diferenças entre as postagens originais e estas novas.



ANOS 30, PERÍODO DE EXPLOSÃO OU “ERA DE OURO” DAS HQ (1929 – 1940)
Foi o período em que grande quantidade de personagens célebres surgiu – a maior parte nos EUA. As HQ, até então marcadas por personagens infantis e aspectos cômicos, passam a investir em tramas de aventura (adventure strips). Esse tipo de HQ tem sua origem ligada aos pulps, as revistas de contos e novelas de ficção que, para serem baratas, eram impressas em papel de má qualidade. Foi nos pulps que surgiram personagens como Tarzan, Sombra, Conan o Bárbaro e Buck Rogers. E a aceitação do novo gênero foi facilitada pelo clima da Grande Depressão Americana (1929 – 1933), onde o pessimismo reinante estimulou a fantasia e o escapismo – e, na época, as HQ eram uma forma barata de entretenimento, que fazia sucesso juntamente com os seriados de cinema e os já referidos pulps. As adventure strips compreendem diversos subgêneros, de acordo com os locais onde se passam as aventuras: a selva (caso de Tarzan), a cidade (Dick Tracy), o espaço sideral (Buck Rogers e Flash Gordon), etc. A partir de 1933, circula um novo veículo de divulgação de HQ, as revistas em quadrinhos, que se consolidaram com as histórias de super-heróis. Fatos e personagens representativos do período:
• 1929 – Nos EUA, Tarzan, adaptação do canadense Harold (Hal) Foster para o personagem criado em 1912 pelo escritor Edgar Rice Burroughs; o marinheiro Popeye é incluído no Thimble Theatre de Elzie Segar e, mais tarde, vira o personagem principal da série. Popeye é considerado, por alguns especialistas, o primeiro herói com poderes das HQ (além de vários episódios de desenho animado, Popeye ganha uma versão cinematográfica em 1980, por Robert Altman); e Buck Rogers, criado pelo escritor Philip Nowlan (no romance Armaggedon 2419, publicado em 1928), e adaptado para as HQ por Nowlan e Dick Calkins (com assessoria de John F. Dille), o primeiro herói de ficção científica das HQ; Na Bélgica, Tintin, de Hergé (Georges Rémi), no jornal Le XXe Siècle, uma das mais conhecidas HQ de aventura européias; 1930 – Nos EUA, Blondie (Belinda), de Chic Young (Murat Bernard Young), a primeira tira a ser publicada em mais de 1000 jornais (marca que seria alcançada – e ultrapassada – posteriormente, por tiras como Recruta Zero, Peanuts, Hagar o Horrível, Garfield e Calvin) e uma das três mais vendidas do mundo (ao lado de Peanuts e Garfield). A personagem ganha ainda 28 filmes, de 1938 a 1950, além de várias séries para o rádio e a televisão; Joe Palooka (Joe Sopapo), de Ham Fisher, que se tornaria o primeiro personagem de HQ a se engajar na 2ª. Guerra (o autor também foi cercado de polêmica quando foi revelado que Fisher explorava seus assistentes – entre eles, Al Capp, no início de sua carreira);• 1931 – Nos EUA, Dick Tracy, de Chester Gould, uma das mais famosas séries policiais das HQ e reflexo do gangsterismo do período (o personagem ganha uma premiada adaptação cinematográfica em 1990, por Warren Beatty), e Betty Boop, de Max Fleischer, estréia nos desenhos animados. A personagem, que chega às HQ em 1935, é uma das precursoras do erotismo nas HQ, ainda que de forma inocente (à frente do estúdio de animação Fleischer Studios, junto aos irmãos Dave e Joe, Max também faz adaptações, para desenho animado, de personagens de HQ como Popeye, Pinduca e Superman); No Japão, Norakuro, de Suiho Tagawa, uma das mais famosas animal strips do país;• 1932 – Nos EUA, Henry (Pinduca ou Carequinha), de Carl Thomas Anderson, HQ que inicialmente dispensava palavras e balões (com o adoecimento de Anderson, acometido de artrite, a série passa a ser produzida por Don Trachte e John Linney); Na Inglaterra, Jane Poucarroupa, de Norman Pett;• 1933 – Nos EUA, Brick Bradford, de William Ritt e Clarence Gray; Rádio Patrulha, de Eddie Sullivan e Charlie Schmidt; Nancy (Periquita, na América Latina) aparece pela primeira vez dentro da série Fritzi Ritz (criada em 1922), criação de Ernie Bushmiller; é lançada a Funnies on Parade, a primeira revista em quadrinhos, iniciativa de George Janosik, Harry Wildenberg e Maxwell C. Gaines. As primeiras 10 mil cópias das revista eram distribuídas através de cupons para produtos da Proctor & Gamble. Ainda nesse ano, Gaines lança sua segunda revista, Famous Funnies: A Carnival of Comics, esta a primeira revista vendida ao público;• 1934 – Nos EUA, Mandrake, de Lee Falk e Phil Davis; Alley Oop (Brucutu), de Vincent T. Hamlin; simultaneamente, após um concurso promovido pela King Features Syndicate, saem Flash Gordon, Jim das Selvas e Agente Secreto X-9, todas de Alex Raymond (o último, com texto do escritor noir Dashiel Hammet), criados para concorrer, respectivamente, com Buck Rogers, Tarzan e Dick Tracy. Das três, Flash Gordon é a mais conhecida obra de Raymond, e foi a mais influente, já que a NASA, posteriormente, utiliza croquis de naves retirados dessa série para resolver problemas em seus foguetes – bem como antevê a minissaia e o trem-bala. Além disso, Flash Gordon foi um dos primeiros heróis de HQ adaptados para o cinema, em forma de seriado, a partir de 1936, e, além de várias outras séries (inclusive de animação), ganhou um filme, em 1980, por Mike Hodges; Li’l Abner (Ferdinando), de Al Capp (Alfred G. Caplin), family strip que revoluciona ao satirizar o american way of life de então (o escritor John Steinbeck cogitou indicar Capp para o prêmio Nobel de literatura. Além disso, Ferdinando ganhou, em 1957, um musical para a Broadway, e em 1959, foi adaptado para o cinema, por Melvin Frank); Terry e os Piratas, de Milton Caniff, artista conhecido como o Rembrandt dos quadrinhos; Reizinho, de Otto Soglow; o Pato Donald, de Walt Disney, estréia nos desenhos animados (o personagem chega às HQs em 1938); Na França, Prof. Nimbus, de A. Daix;• 1935 – Nos EUA, Bronco Peeler (Red Ryder), de Fred Harman, Rei da Polícia Montada, de Allen Dean, e Lone Ranger (Zorro), personagem radiofônico criado por George Trendle e Fran Striker e adaptado às HQ por Charles Flanders, são as pioneiras HQs de faroeste; Little Lulu (Luluzinha), de Marjorie (Marge) Henderson Buell, uma das séries precursoras do feminismo nas HQ (Marge é considerada a primeira mulher na profissão de cartunista) – as histórias da personagem para os gibis eram produzidas por John Stanley e Irving Tripp; O major Malcolm Wheeler-Nicholson cria a editora National Allied Publishing, que daria origem à DC Comics. Aliás, o primeiro título da National, New Fun, revoluciona por apresentar HQs inéditas (até então, as revistas em quadrinhos limitavam-se a compilar tiras de jornal). O primeiro herói da editora é o Dr. Oculto, criação de Jerry Siegel e Joe Shuster; Na Espanha, Cuto, de Jesus Blasco;
• 1936 – Nos EUA, Fantasma, de Lee Falk e Ray Moore (o primeiro herói uniformizado. Em 1996, ele ganha adaptação cinematográfica, por Simon Wincer); o Green Hornet (Besouro Verde) estréia no rádio, criação de George Trendle e Fran Striker (o personagem chega aos quadrinhos na década de 40, e ganha um seriado de TV em 1966); Burne Hogarth, artista considerado o “Michelângelo dos Quadrinhos”, assume as histórias de Tarzan, com a saída de Hal Foster; Em Portugal, surge a revista O Mosquito, um dos mais importantes títulos de HQ (por lá, Banda Desenhada ou BD) do país. A revista publica material de artistas estrangeiros e locais; destes, um dos mais importantes foi Eduardo Teixeira Coelho (E. T. Coelho ou ETC); 1937 – Nos EUA, Príncipe Valente, de Hal Foster, sua obra-prima (HQ que não utiliza balões em seu texto, apenas legendas. A HQ ganhou duas adaptações cinematográficas, em 1954 [primeira superprodução hollywoodiana baseada em HQ] e 1997); Família Adams, de Charles Adams (a tenebrosa família ganha duas séries em live-action em 1964 e 1998, duas séries em desenho animado em 1973 e 1993, e três adaptações cinematográficas, em 1991, 1993 e 1998); Sheena, de William Thomas (pseudônimo usado por Will Eisner) e Jerry Iger (Sheena é apenas uma das inúmeras criações de Eisner e Iger, ambos à frente da S. M. Iger Studios [ou Eisner-Iger Studios], que também deram vida a personagens como Lady Luck, Doll Man, Blackhawk e Wonderman, este último um dos primeiros plágios do Superman. Além disso, Eisner também revela artistas como Jack Kirby, Bob Kane, Jules Feiffer e André LeBlanc, todos ex-assistentes seus); surge a revista Detective Comics, pela editora homônima (cujos donos eram Harry Donenfeld e J. S. Liebowitz), o título mais longevo das HQ americanas (é publicado até hoje, pela DC Comics). Mais tarde, a Detective Comics se associa à National de Wheeler-Nicholson, originando de fato à DC Comics (a editora só adotaria o nome definitivo em 1976); 1938 – Nos EUA, o detetive oriental Charlie Chan, criação literária de Earl Derr Biggers (1925), chega às HQ, por Alfred Andriola; Superman, de Jerry Siegel e Joe Shuster, publicado na revista Action Comics # 1, da National, é o precursor dos super-heróis (a Action Comics # 1 é a revista mais cara da atualidade, tendo sido arrematada em leilão por 1,5 milhão de dólares). É o início da chamada Era de Ouro dos super-heróis, uma vez que muitos “supertipos” surgem no rastro do Superman; Na Bélgica, surge a revista Spirou;
• 1939 – Nos EUA, Batman, de Bob Kane (a primeira aventura do homem-morcego foi escrita por Bill Finger, mas Kane é o único creditado como criador do personagem), na revista Detective Comics # 27; Capitão Marvel, de Bill Parker e Charles Clarence Beck, na revista Whiz Comics # 2, da editora Fawcett (das tantas “cópias” do Superman, esta foi uma das mais bem-sucedidas. Tanto que, nos anos 40, origina uma batalha judicial entre as editoras Fawcett e National, por plágio ao Superman – que a Fawcett acabou perdendo. Mais tarde, o Capitão Marvel é incorporado à DC Comics. Ele também foi o primeiro super-herói, em 1941, a ganhar um seriado de cinema, seguido mais tarde por Batman, em 1943, e Superman, em 1948); a editora Timely, de propriedade de Martin Goodman (fundada nesse mesmo ano), lança a revista Marvel Comics # 1, onde debutam Namor, o príncipe submarino, criação de Bill Everett, e Tocha Humana, de Carl Burgos (Namor, entretanto, já havia aparecido, meses antes, na revista Motion Picture Funnies Weekly, a ser distribuída nos cinemas, no entanto sem êxito. A história desta revista foi, depois, ampliada para o lançamento na Marvel Comics # 1). A Timely, mais tarde, torna-se a Marvel Comics;• 1940 – Nos EUA, Brenda Starr, de Dale (Dalia) Messick (a personagem ganha uma adaptação cinematográfica em 1989, por Robert Ellis Miller); Invisible Scarlet O’Neil, de Russell Stamm, uma das primeiras heroínas com poderes; The Spirit, de Will Eisner, revoluciona as HQ através da introdução de novos elementos em sua linguagem: fusões, cortes, ângulos insólitos e cinematográficos e o uso peculiar das sombras (o personagem ganha dois filmes, em 1986 e 2008); na revista Flash Comics # 1, da editora All-American Publications (de propriedade de Maxwell C. Gaines, fundada em 1938), surgem Flash (Jay Garrick, o Joel Ciclone) e Gavião Negro, ambos com texto de Gardner Fox e arte, respectivamente, de Harry Lampert e Dennis Neville; na revista All-American Comics # 16, surge o Lanterna Verde, de Bill Finger e Martin Nodell; na revista Adventure Comics # 40, aparece Sandman (Wesley Dodds, o primeiro a adotar o codinome na história das HQ); na revista PEP Comics # 1, da editora MLJ (companhia fundada em 1939 por Maurice Coyne, Louis Silberkleit e John L. Goldwater), surge The Shield, o primeiro herói patriótico americano (outro herói importante da editora foi The Comet, o primeiro super-herói a morrer em cumprimento ao dever); na revista Nickel Comics # 1, da editora Fawcett, aparece Bulletman, de Bill Parker e Jon Smalle (esse herói ganharia posteriormente uma parceira – a Bulletgirl seria uma das primeiras heroínas a atuar junto a um herói. Mais tarde, aparece o exemplo mais célebre da tendência: Hawkgirl [Mulher Gavião], que atua ao lado do Gavião Negro); a introdução do personagem Robin (Dick Grayson), dentro das aventuras do Batman (na revista Detective Comics # 38), desencadeia a onda dos sideckicks (parceiros-mirins de super-heróis, cujos outros representantes mais notórios são: Bucky [Capitão América], Centelha [Tocha Humana], Kid Flash [Flash], Aqualad [Aquaman], Ricardito [Arqueiro Verde] e Moça-Maravilha [Mulher Maravilha]); já em Batman # 1, aparece pela primeira vez o vilão Joker (Coringa), antagonista mais representativo do homem-morcego, cuja criação é atribuída a Jerry Robinson; O Sombra, célebre personagem dos pulps e do rádio, chega às HQ (em 1994, o personagem ganha adaptação cinematográfica, por Russel Mulcahy).
Convém que se citem aqui, também, as chamadas dirty comics (ou eight pagers, por serem em formatinho e geralmente com oito páginas), revistas clandestinas escritas por autores anônimos, carregadas de deboche e sexo explícito. A sátira e o senso de humor dessas publicações influenciam a revista Mad, nos anos 50, e os quadrinhos underground da década de 60.

DÉCADA DE 40 (1940 – 1948)Com a II Guerra Mundial, a produção de HQ, tanto na Europa quanto nos EUA, entra em crise. Entre os motivos, estão a proibição dos comics americanos em diversos países da Europa (com o intuito de incentivar a produção nacional, apesar de os países europeus estarem enfrentando racionamento de papel e tinta e das críticas de entidades políticas e religiosas) e o fato de muitos desenhistas terem se alistado para lutar na Europa. Muitos personagens, como os super-heróis, colaboram na propaganda de guerra, tanto para incentivar os soldados no front quanto na arrecadação de fundos. No final da Guerra, há uma crise no mercado, por causa das baixas vendas. As editoras norte-americanas passam a investir em HQ de terror e crime, cuja popularidade acaba desencadeando uma histeria anti-quadrinhos nos anos 50. O renascimento da indústria, na Europa, ocorre a partir de 1946. Representantes do período:
• 1941 – Nos EUA, dentre inúmeros super-heróis, estréiam: Capitão América, de Jack Kirby e Joe Simon, na revista homônima, da editora Timely; Aquaman e Arqueiro Verde, ambos com texto de Mort Weisinger e arte, respectivamente, de Paul Norris e George Papp, ambos na revista More Fun Comics # 73, da National; Mulher Maravilha, de Charles Moulton (William Moulton Marston), na revista All Star Comics # 8, da All-American; Plastic Man (Homem-Borracha), de Jack Cole, na revista Police Comics, da editora Quality; e a Sociedade de Justiça da América, na revista All-Star Comics # 3, é a primeira equipe de super-heróis, precursora de equipes como a Liga da Justiça (DC Comics, que aparece em 1960) e os Vingadores (Marvel, que aparece em 1963); Archie, de John L. Goldwater, na revista PEP Comics # 22 (a primeira história do personagem, que apesar de publicado em uma revista de super-heróis não era um, foi escrita por Vic Bloom e desenhada por Bob Montana, embora o personagem tenha sido concebido por Goldwater. O sucesso do personagem fez com que a editora MLJ mudasse seu nome, em 1946, para Archie Comics, que permanece até hoje. Dentro das histórias de Archie, surgem outros personagens célebres, que também ganhariam seus próprios títulos – e desenhos animados –, como Sabrina, a Bruxa Adolescente e Josie e as Gatinhas); É fundada oficialmente a editora Harvey Comics, pelos irmãos Alfred, Robert e Leon Harvey. Nessa editora, publicaram-se personagens que ficaram célebres também nos desenhos animados, como Casper (Gasparzinho, o Fantasminha Camarada), Richie Rich (Riquinho), Hot Stuff (Brasinha) e muitos outros;• 1942 – Nos EUA, Private Breger, de D. Breger, série que gera o termo G. I. Joe (Pracinha) para designar os soldados americanos; Male Call, de Milton Caniff, cuja personagem principal, a sensual Miss Lace, era popular entre os soldados; a partir desse ano, Carl Barks assume as HQ do Pato Donald. Ele revoluciona as histórias do personagem, incluindo aí tramas de aventura, e seu universo, criando os personagens Tio Patinhas, Gastão, Maga Patalógika, Prof. Pardal e Metralhas, dando destaque a outros já anteriormente criados, como Margarida e Sobrinhos, bem como criando e desenvolvendo a cidade onde Donald vive, Patópolis; Maxwell C. Gaines cria a editora Educational Comics (ou E. C. Comics), que posteriormente, sob o comando de seu filho William (Bill) M. Gaines (que assume após a morte de Maxwell), muda seu nome para Entertaining Comics. Essa editora, em títulos como The Vault of Horror, The Crypt of Horror e Crime SuspenStories, publica séries de terror e policiais (ela seria a responsável pela popularização desses gêneros, gerando o célebre “estilo EC”) até a década de 50, quando se desencadeia a “cruzada antiquadrinhos”. A editora revelou artistas como Harvey Kurtzmann, Frank Frazetta, Jack Davis, Bill Elder, Wallace Wood e Al Feldstein. Também essa editora seria responsável por publicar a revista Mad;• 1943 – Nos EUA, Buz Sawyer, de Roy Crane;
• 1944 – Nos EUA, aparece pela primeira vez, na revista More Fun Comics # 101, o personagem Superboy, a versão jovem do Superman (a idéia, proposta pelo próprio criador do personagem, Jerry Siegel, era a do Superman combatendo o crime desde adolescente). O personagem também ganhou uma série de TV própria, em 1988. No entanto, nos anos 80, durante a reformulação dos heróis pós-Crise empreendida pelo artista John Byrne, o Superboy foi eliminado da cronologia oficial do Superman – entretanto, nos anos 90, o personagem seria reformulado, mas sem ligação com o passado do Superman. Este personagem ainda é alvo de uma disputa judicial pelos seus direitos, entre a editora DC Comics e os familiares de Siegel;• 1945 – Nos EUA, Drago, obra autoral de Burne Hogarth, de pouco sucesso, fazendo seu criador retornar às HQ de Tarzan, mas agora também na condição de roteirista; A editora National Allied compra os heróis da All-American Publications (Flash, Lanterna Verde, Mulher-Maravilha, etc.). É a primeira das compras de editoras que publicam super-heróis que a futura DC Comics fará ao longo da vida: em 1956, a Quality (Homem-Borracha) é comprada; em 1973, a Fawcett (Capitão Marvel); em 1984, a Charlton (Besouro Azul, Capitão Átomo); e, em 1998, a Wildstorm (Wildcats, The Authority e Planetary);• 1946 – Na Bélgica, Lucky Luke, de Morris (Maurice de Bèvere) [a partir de 1955, com roteiros de René Goscinny], na revista Spirou, marca o renascimento; Surge a revista Tintin, um dos principais veículos dos artistas da Escola de Bruxelas; Nos EUA, Rip Kirby (Nick Holmes), de Alex Raymond; é também lançado, pela National Cartoonists Society (NCS), o Reuben, a primeira premiação específica para as HQ, cujo primeiro premiado é Milton Caniff; No Japão, Sazae-san, de Machiko Asegawa, a mais famosa family strip daquele país;
• 1947 – Nos EUA, Steve Canyon, de Milton Caniff; no Japão, com Shin Takarajima, seu primeiro grande sucesso, Osamu Tezuka inicia sua carreira. Ele é considerado o “pai” das modernas HQ japonesas (mangá), pois foi ele quem cunhou os personagens “de olhos grandes”, característicos dessas HQ. Tezuka também fundou o estúdio de animação Mushi, tornando-se assim um dos pioneiros da indústria japonesa dos desenhos animados (por lá conhecidos como animes). A obra de Tezuka é tão relevante, tanto nas HQ quanto na animação japonesa, que ele seria elevado à categoria de Deus do Mangá (Mangá no Kami-Sama). Outras obras relevantes de Tezuka são: Metoroporisu (Metrópolis, 1949), Jungle Tatei Leo (Kimba, o Leão Branco, 1950), Tetsuwamu Atomu (Astro Boy, 1952, que geraria o primeiro anime produzido no Japão), Ribon no Kishi (A Princesa e o Cavaleiro, 1953, considerado o primeiro mangá para garotas), Hinotori (Fênix, 1954), Black Jack (1973), Adolf no Tsugu (Adolf, 1983), entre outras; também nesse ano, aparece, em mangá, o personagem Ogon Batto (Fantaman), de Takeo Nagamatsu. Personagem nascido em 1930 no kami-shibai (teatro de ilustrações) – criação de Nagamatsu e Ichiro Suzuki –, Fantaman daria origem à memorável série de animação dos anos 60 (exibida no Brasil como Fantomas);• 1948 – Nos EUA, Pogo, de Walt Kelly, estréia nas tiras de jornais (a primeira aparição do personagem, na verdade, data de 1943, na revista Animal Comics, da editora Dell Comics). É a primeira reação americana à crise, com animais questionando os seres humanos; Pela editora Timely, aparecem os faroestes Two-Gun Kid e Kid Colt, esta a HQ do gênero mais duradoura dos EUA (Kid Colt foi publicado até 1979); Dentro das tiras de Ferdinando, Al Capp introduz o personagem Shmoo, símbolo do socialismo, que provoca polêmica em todo o mundo – sobretudo entre os partidários do macarthismo vigente; Na Itália, Tex, de Giovanni Luigi Bonelli e Aurelio Galleppini (é o início da Casa Bonelli [anteriormente, Edizioni Audace, atualmente Sergio Bonelli Editore], a maior editora das HQ italianas [fumetti], que posteriormente, sob o comando de Sergio Bonelli, filho de Giovanni, lança títulos célebres: Zagor [1961, de Guido Nollita – pseudônimo de Sérgio Bonelli – e Gallieno Ferri], Mister No [1975, de Nollita e Ferri], Ken Parker [1977, de Giancarlo Berardi e Ivo Milazzo, considerada a melhor HQ de faroeste da editora], Martin Mystère [1982, de Alfredo Castelli], Dylan Dog [1986, de Tiziano Sclavi], entre outros).No final da Segunda Guerra, aparece também, na Itália, o importante Grupo de Veneza, do qual fizeram parte, entre outros: Hugo Pratt, Alberto Ongaro, Fernando Carcupino, Bellavitis, Ivo Pavone. Muitos dos artistas do Grupo, em 1949, migraram para a Argentina – entre eles, Pratt.
Foi nessa época, também, que floresceu, nos Países Baixos (Bélgica e Holanda) a chamada Escola de Bruxelas, cujo precursor foi Hergé, o criador de Tintin. A característica mais marcante dos artistas integrantes dessa escola é a arte, que utiliza muito a técnica da linha-clara (traço limpo, sem hachuras, quase sem sombras e com o mínimo uso possível do preto). Dentre os maiores expoentes dessa escola, além de Hergé, estão Edgar-Pierre Jacobs (Blake e Mortimer), Paul Cuvelier (Corentin) e Jacques Laudy (Hassan e Kadour).

Para encerrar, mais um triplex de Bitifrendis.
Vai ser assim: a cada postagem desta História das HQ, vão se alternando as tiras de Letícia e as de Bitifrendis, todas inéditas. Continuem acompanhando!
Até mais!

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