quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

História das Histórias em Quadrinhos - 2a. Edição - 4a. Parte

Olá.
Hoje, continuo a publicação da versão revista e ampliada da História das HQ, uma vez que aproxima-se o dia 30 de janeiro, dia do Quadrinho Nacional. Próximo a esse dia, começarei a publicar a História das HQ no Brasil.
Dando segmento à empreitada, eis as décadas de 70 e 80.



DÉCADA DE 70 OU PERÍODO DE ENTRESSAFRA
A recessão econômica que tem início em 1973, em função da crise do petróleo, provoca queda nos títulos. Algumas criações isoladas se destacam, como Garfield, Hagar e Corto Maltese. Além dessas, destacam-se também os seguintes fatos:
• 1970 – Nos EUA, Doonesbury, de Garry Trudeau, sátira política e primeira HQ a ganhar o Prêmio Pullitzer, em 1975; Conan, o Bárbaro, personagem literário criado por Robert E. Howard em 1932, nos pulps, chega às HQ, pela editora Marvel (texto de Roy Thomas e desenhos de Barry-Windsor Smith; o nome que ia se sobressair na arte de Conan, no entanto, é o de John Buscema, nos anos seguintes). O personagem ganha duas adaptações cinematográficas, em 1982 e 1984; inicia-se a célebre saga Lanterna Verde e Arqueiro Verde, de Denny O’Neill e Neal Adams, onde, dentro de uma HQ de super-heróis, discutem-se temas sociais e uso de drogas; É criado o célebre evento San Diego Comic Con, uma das maiores convenções de HQ da atualidade, sediada na cidade de San Diego, estado da Califórnia, EUA (nesse evento, atualmente, também acontece a entrega do prêmio Eisner, o “Oscar” das HQ); Na França, Paulette, de Georges Wolinski (autor célebre por seus desenhos de humor) e Georges Pichard;• 1971 – Nos EUA, Vampirella, de Forest Ackerman; Primeira aparição do personagem Monstro do Pântano, numa história da revista House of Secrets # 92 (por Len Wein e Berni Wrightson); Jack Kirby, que no ano anterior mudara-se da Marvel Comics para a DC Comics, inicia a série Novos Deuses. Com efeito, Kirby se tornaria o primeiro desenhista a ganhar “tratamento especial” de uma grande editora, e abriu caminho para que os artistas passassem a ter voz ativa dentro das editoras; A Marvel polemiza, nesse ano, ao publicar uma história do Homem Aranha (nas revistas Amazing Spider-Man # 96 a 98) onde um dos personagens aparece consumindo drogas; Na Argentina, Dick El Artillero ou Gunner, de Alfredo Julio Grassi e José Luis Salinas, HQ que tematiza o futebol; No Chile, é publicado o polêmico livro Para Ler o Pato Donald, de Ariel Dorfman e Armand Mattelart, que relaciona os quadrinhos Disney ao imperialismo norte-americano (seus autores tinham orientação socialista). Mais tarde, Dorfman e Mattelart admitem terem exagerado nas críticas feitas no livro;• 1972 – Nos EUA, Animal Crackers (Os Bichos), de Rog Bollen (a partir de 1994, com a morte de Bollen, a tira passa a ser desenhada por seu assistente Fred Wagner), e Frank e Ernest, de Bob Thaves; aparecem pela primeira vez: pela Marvel, o Motoqueiro Fantasma, por Roy Thomas, Gary Friedrich e Mike Ploog, representativa combinação de super-heróis com horror (o personagem foi adaptado para o cinema em 2006, por Mark Steven Johnson), e, pela DC Comics, o caubói Jonah Hex, de John Albano e Tony De Zuñiga; Na França, surge a célebre revista humorística Écho des Savanes, iniciativa de Claire Brétecher (que lança, nessa revista, Les Frustres [Os Frustrados], sua obra mais conhecida), Marcel Gotlib e Nikita Mandryka; Na Argentina, Boogie, o Seboso, de Roberto “El Negro” Fontanarrosa (criador, também, do gaúcho Inodoro Pereyra, Fontanarrosa é conhecido, também, por suas charges sobre futebol, sua obsessão máxima); No Japão, Hadashi Gen (Gen, Pés Descalços), de Keiji Nakazawa, o retrato mais contundente da tragédia da bomba atômica de Hiroshima, e Berusaiyu no Bara (A Rosa de Versalhes), de Ryoko Ikeda, série considerada a definidora de todas as características dos shoujo mangá;• 1973 – Nos EUA, Hagar, o Horrível, de Dik Browne (após a morte de Dik, em 1989, a tira passa a ser desenhada por seu filho Chris Browne); a saga A Morte de Gwen Stacy, dentro das histórias do Homem-Aranha, é considerada o marco inicial da chamada “Era de Bronze” dos super-heróis, quando os heróis deixaram, de certa forma, de serem invencíveis. Além disso, as HQ passaram a tratar de temas até então tabus dentro desse tipo de publicação, como as drogas e o alcoolismo; primeira aparição do personagem Howard the Duck, criação de Steve Gerber (o personagem ganha adaptação cinematográfica em 1986, por Willard Huyck, fracasso de público e crítica);• 1974 – Nos EUA, aparecem pela primeira vez, pela Marvel, os personagens Wolverine e Punisher (Justiceiro), os mais destacados anti-heróis das HQ, dentro de histórias, respectivamente, do Hulk (Incredible Hulk # 181) e do Homem Aranha (Amazing Spider-Man # 129). O Justiceiro ganharia, mais tarde, seu próprio título (e três adaptações cinematográficas, em 1989, 2004 e 2008); já o Wolverine seria incorporado aos X-Men, tornando-se seu membro mais popular (e ganhando também, mais tarde, seu próprio título e uma adaptação cinematográfica em 2009, spin-off dos filmes dos X-Men, por Gavin Hood); Na França, Papyrus, de Lucien de Gieter, na revista Spirou;• 1975 – Nos EUA, na revista Giant-Sized X-Men # 1, estréia a nova formação dos heróis mutantes: era o primeiro passo para os X-Men se tornarem realmente populares; Na França, surge a revista Metal Hurlant, influente publicação de fantasia e ficção (iniciativa de Jean Pierre Dionnet, Moebius, Phillippe Druillet e Bernard Farkas), que mais tarde geraria uma famosa “filha” nos EUA, a revista Heavy Metal (surgida em 1977, por iniciativa de Len Mogel. Dentre os vários artistas que publicaram na Heavy Metal, um de seus maiores destaques foi Richard Corben e sua série Den. Em ambas as revistas, também já publicaram trabalhos Jordi Bernet, Alejandro Jodorowsky, Magnus, Enki Bilal, Paolo Serpieri, entre outros). Além disso, a revista inspira, em 1981, um polêmico e cultuado filme de animação. Na Argentina, Alack Sinner, de José Muñoz e Carlos Sampayo; No Japão, Orpheus no Mado (Janela de Orfeu), de Ryoko Ikeda; Candy Candy, de Kyoko Mizuki (baseado no seu romance homônimo) e Yumiko Igarashi; é criado o evento Comic Market (ou Comiket), por iniciativa de um grupo de artistas marginais liderados por Yoshihiro Yonezawa (que se torna presidente do evento), Harada Teruo e Aniwa Jun. De um início modesto, o evento evoluiu para a maior feira de fanzines do país. Os fanzines japoneses (por lá chamados doujinshis) são de grande importância no Japão, uma vez que não apenas artistas consagrados nos mangás iniciaram suas carreiras nas publicações alternativas, mas também alguns fanzines ajudam a alavancar o sucesso de alguns mangás e animes consagrados.• 1976 – Nos EUA, Cathy, de Cathy Guisewite, uma das mais conhecidas HQ feministas; é publicado o primeiro crossover (encontro de personagens) entre heróis de diferentes editoras: do Superman (DC) com o Homem-Aranha (Marvel), escrito por Gerry Conway e desenhado por Ross Andru. Os crossovers tornam-se bastante comuns nas décadas de 90 e 2000; o funcionário público Harvey Pekar começa a escrever a série American Splendor, HQ autobiográfica desenhada por artistas como Robert Crumb, Frank Stack e Joe Sacco (Pekar é considerado o primeiro autor a fazer HQ a partir da vida real. Em 2003, a HQ ganha adaptação cinematográfica em forma de documentário: Anti-Herói Americano, de Shari Springer e Robert Pulcini); Na Argentina, Alvar Mayor, de Carlos Trillo e Enrique Breccia (filho de Alberto Breccia, que atualmente também desenha para editoras dos EUA); No Japão, Garasu no Kamen (Máscara de Vidro), de Suzue Miuchi, o maior e mais importante mangá shoujo da autora, um dos maiores nomes do gênero;• 1977 – Nos EUA, Cerebus, de Dave Sim, revista independente, bastante conhecida pelo fato de seu autor ter estabelecido seu término no # 300; Na Inglaterra, surge a célebre revista 2000 A. D., iniciativa de Pat Mills e John Wagner. Dentre os vários personagens célebres surgidos nessa revista, estão Judge Dredd, de John Wagner e Carlos Ezquerra, Rogue Trooper, de Gerry Finley-Day e Dave Gibbons, e Slaine, de Pat Mills e diversos artistas (os mais célebres foram Glenn Fabry e Simon Bisley). Outros artistas conhecidos que publicaram nessa revista foram Brian Bolland, Alan Moore, Alan Davis e Grant Morrison. Além disso, Judge Dredd ganha uma adaptação cinematográfica em 1995, por Danny Cannon; No Japão, Captain Harlock e Galaxy Express 999, ambas de Leiji Matsumoto, célebre também como o co-criador do anime Patrulha Estelar – Yamato (em 1974); • 1978 – Nos EUA, Garfield, de Jim Davis, atualmente a tira mais vendida do mundo (o personagem ganhou vários especiais em desenho animado desde 1982, uma série de animação em 1988, dois filmes em live-action, em 2004 e 2006, e três filmes em computação gráfica, em 2007, 2009 e 2010); Elfquest, de Richard e Wendy Pini; Um Contrato com Deus, de Will Eisner (esta obra é considerada a precursora das graphic novels [tirando assim a primazia pertencente à compilação das histórias de Barbarella], uma vez que consta que foi o próprio Eisner quem popularizou o termo, cunhado por Henry Steele, em 1966. A partir daí, até sua morte, em 2005, Eisner se dedicaria quase que exclusivamente a esse tipo de HQ, lançando ainda: Life in Another Planet [Um Sinal do Espaço, 1978], A life force [A Força da Vida, 1979], New York, the big city [1981], The Dreamer [O Sonhador, 1986], O Edifício [1987], No Coração da Tempestade [1991], Avenida Dropsie [1995], O último dia no Vietnã [2000], O Nome do Jogo [2002], Fagin, o Judeu [2003], The Plot [O Complô, 2006, álbum póstumo], entre tantos outros); Estréia também o primeiro filme longa-metragem do Superman, dirigido por Richard Donner, considerado até recentemente a melhor adaptação cinematográfica de uma HQ (o Superman estrela mais quatro filmes, em 1980, 1983, 1987 e 2006); Jerry Robinson, que começou a se dedicar nessa década às charges (suas séries mais conhecidas são A Still Life, só com objetos inanimados, e Life With Robinson, sátira política), funda a Cartoonist and Writers Syndicate, que representa e distribui trabalhos de artistas do mundo todo – chegou inclusive a defender cartunistas perseguidos no Uruguai e na União Soviética; Na França, Ranxerox, de Stefano Tamburini e Tanino (Gaetano Liberatore), e Os Olhos do Gato, de Alejandro Jodorowsky e Moebius, uma das primeiras parcerias entre os dois artistas antes de O Incal; No Japão, Urusei Yatsura, o primeiro grande sucesso de Rumiko Takahashi, a “princesa do mangá”, atualmente a mangaká mais rica do país e representante maior da categoria das mulheres desenhistas de shounen mangá (outros exemplos notáveis dessa tendência são Hiromu Arakawa [Fullmetal Alchemist] e Katsura Hoshino [D. Gray-Man]);• 1979 – Nos EUA, Frank Miller assume a arte do personagem Demolidor (e, posteriormente, os roteiros), revolucionando suas aventuras. O ponto alto dessa fase ocorre com a introdução da personagem Elektra (em 2005, essa personagem ganha uma adaptação cinematográfica, por Rob Bowman, spin-off da adaptação do Demolidor, feita em 2003 por Mark Steven Johnson); Pela DC, sai a minissérie World of Kripton, considerada a precursora do conceito das sagas. A partir daí, a pretensão das HQ de super-heróis é se tornarem inesquecíveis.Nas décadas de 60 e 70, muitos desenhistas se tornariam célebres nas histórias de super-heróis: além dos citados Jack Kirby, John Buscema, Neal Adams, Frank Miller, Dave Gibbons e Barry Windsor Smith, podemos citar também, entre outros, os nomes de Jim Steranko, Berni Wrightson e Gil Kane.
Outro destaque da década é Jean Giraud, o Moebius. Nos anos 60, ele trabalhava com o western Tenente Blueberry. Ao adotar o pseudônimo artístico, Moebius passa a tratar de temas fantásticos e poéticos, sobretudo nas histórias publicadas nas revistas Metal Hurlant (que ele ajudou a fundar) e Heavy Metal (suas principais obras nessa temática são: Garagem Hermética, Arzach e a célebre O Incal, com texto do chileno Alejandro Jodorowsky).

DÉCADA DE 80
É a época em que se cristaliza o conceito dos “quadrinhos adultos”: as edições tornam-se mais luxuosas e as histórias mais violentas. A arte dos álbuns de luxo ficaria mais requintada, com o uso de técnicas como a aquarela e a colagem. Os japoneses começam a se tornar conhecidos no mercado ocidental (as obras publicadas no Japão anteriormente citadas só chegam ao ocidente a partir do final da década de 80), e aparecem como os maiores produtores e consumidores de HQ, ao lado dos americanos. Aliás, dali em diante, a produção japonesa influenciaria a ocidental. Destaques:
• 1980 – Na França, Enki Bilal, artista nascido na Iugoslávia, inicia sua Trilogia Nikopol (composta por Os Imortais, A Mulher Enigma e Frio Equador), a mais conhecida da vasta obra de ficção científica deste autor (e que foi, em 2004, adaptada para o cinema [Immortel, escrita e dirigida pelo próprio Bilal]); Alejandro Jodorowsky e Moebius iniciam O Incal, uma das mais importantes HQ de ficção científica de todos os tempos (posteriormente, Jodorowsky expande o universo do Incal em outras séries: Antes do Incal, com arte de Zoran Janjetov, e A Casta dos Metabarões, com arte de Juan Gimenez); No Japão, Dr. Slump, de Akira Toriyama, seu primeiro grande sucesso antes de Dragon Ball;• 1981 – Na Espanha, inicia-se a série Torpedo 1936, de Enrique Sanchez Abuli e Alex Toth (desenhista americano também conhecido como o criador dos personagens Space Ghost e Homem Pássaro, para os desenhos animados dos estúdios Hanna-Barbera). Dois anos depois, Torpedo passa a ser desenhado por Jordi Bernet. A série de violência cínica destaca-se na produção espanhola (com efeito, Barcelona e Bruxelas tornam-se os principais centros irradiadores de HQ na Europa, enquanto que França e Itália enfrentam uma crise de mercado nos anos 90); No Japão, Captain Tsubasa (Super Campeões), de Yoichi Takahashi, mangá que estimulou a prática do futebol entre os jovens;
• 1982 – Nos EUA, Maus, de Art Spiegelman, HQ agraciada com o prêmio Pullitzer de literatura; Pela DC, sai Camelot 3000, de Mike W. Barr e Brian Bolland, considerada a primeira HQ “adulta” da editora (essa HQ é revolucionária pelos elementos “adultos” que introduz, até então inéditos no gênero heróis: violência acima dos padrões de então, nudez e até lesbianismo); Groo, o Errante, de Mark Evanier e Sergio Aragonés (série que satiriza as histórias de bárbaros – do gênero de Conan – que na época faziam sucesso); Os irmãos Gilbert e Jaime Hernandez iniciam a revista Love & Rockets, importante publicação de HQ underground; Dreadstar, de Jim Starlin; Na Inglaterra, V for Vendetta (V de Vingança), de Alan Moore e David Lloyd, na revista Warrior (que também publica as histórias de Marvelman [Miracleman nos EUA] de Moore e Alan Davis) – a obra chega aos EUA em 1988, de carona no sucesso de Watchmen, e ganha adaptação cinematográfica em 2006, por James McTeigue; Na Espanha, Sarvan, a primeira parceria entre Antonio Segura e Jordi Bernet (no ano seguinte, os dois publicam Kraken, outra célebre série - concomitante ao trabalho de Bernet com Torpedo); No Japão, saem: Akira, de Katsuhiro Otomo (uma das HQ de ficção científica mais influentes do mundo, e grande representante do gênero gekigá [Otomo também dirige, em 1988, a adaptação de Akira para anime, bem como os filmes Memories, de 1996, e Steamboy, de 2004, exemplos da contribuição do autor para a animação japonesa]), e Kaze no Tani no Naushika (Nausicäa do Vale do Vento), de Hayao Miyazaki, um dos mais importantes animadores japoneses da atualidade, à frente do estúdio de animação Ghibli (dentre a obra de Miyazaki nos animes, podemos destacar: Tenku no Shiro Rapyuta [Laputa – Castelo no Céu, 1986], Tonari no Totoro [Meu Vizinho Totoro, 1988], Mononoke Hime [Princesa Mononoke, 1997, o maior sucesso de bilheteria dos cinemas japoneses], Sen to Chihiro no Kamikakushi [A viagem de Chihiro, 2001, o primeiro anime japonês a ganhar o Oscar de Melhor Longa-Metragem de Animação, em 2003], Hauru no Ugoku Shiro [O Castelo Animado, 2004], entre outros);• 1983 – Nos EUA, Ronin, de Frank Miller; American Flagg, de Howard Chaykin; Em uma história dos Omega Men, personagens interplanetários da DC Comics, aparece pela primeira vez o personagem Lobo, um dos heróis mais violentos das HQ (por Keith Giffen e Roger Slifer, mais tarde por Alan Grant e Simon Bisley, sob novo conceito); Na Itália, aparece, na cidade de Bolonha, o grupo vanguardista Valvoline (um de seus fundadores foi Lorenzo Mattotti), que revolucionou as HQ italianas, tanto no aspecto estético quanto lingüístico; O Clic, de Milo (Maurilio) Manara (o artista italiano é considerado o maior autor erótico das HQ, ao lado de nomes como Guido Crepax, Paolo Serpieri, Rotundo, Magnus e Vittorio Giardino. Além de suas obras-solo [entre elas, Giuseppe Bergman, publicada em 1978, Kama Sutra e Gullivera], Manara é conhecido pelas parcerias com artistas como o cineasta Frederico Fellini [Viagem a Tulum], Hugo Pratt [El Gaucho e Verão Índio], Neil Gaiman [uma história do álbum Sandman: Noites Sem Fim] e Alejandro Jodorowsky [a série Bórgia]); • 1984 – Nos EUA, Calvin and Hobbes (Calvin e Haroldo), de Bill Waterson, uma das últimas grandes kids strips; na DC Comics, o inglês Alan Moore assume os roteiros do personagem Monstro do Pântano, revolucionando a série e tornando-a um clássico das HQ; A Marvel, por sua vez, inicia o megaevento Guerras Secretas, que, apesar de irregular, exerce grande importância na cronologia dos heróis da editora; Teenage Mutant Ninja Turtles (As Tartarugas Ninja), de Kevin Eastman e Peter Laird, uma das mais bem-sucedidas HQ independentes de todos os tempos (a série ganhou três filmes em live-action em 1990, 1991 e 1993, duas séries de desenho animado em 1987 e 2003 e uma série em live-action em 1997); Na Inglaterra, A Balada de Halo Jones, de Alan Moore e Ian Gibson, na revista 2000 A. D. (concomitante ao trabalho do autor com Monstro do Pântano); Na Itália, Little Ego, de Vittorio Giardino (paródia erótica do Little Nemo in Slumberland de McCay); Na França, XIII, de Jean Van Hamme e William Vance; No Japão, Akira Toriyama inicia Dragon Ball, o mangá mais vendido de todos os tempos e uma das séries de maior sucesso no Ocidente (além da série de anime e dos inúmeros longa-metragens de animação, em 2009 a série ganhou uma adaptação cinematográfica live-action produzida nos EUA, por James Wong); • 1985 – Nos EUA, Will Eisner publica o livro Comics and Sequential Arts (Quadrinhos e Arte Sequencial), um dos mais importantes livros teóricos de HQ (outra importante obra teórica de Eisner é Graphic Storytelling [Narrativas Gráficas]); a DC lança a saga Crise nas Infinitas Terras (texto de Marv Wolfman e arte de George Perez), com o objetivo de tornar seu universo de super-heróis mais coeso; Em uma história do Monstro do Pântano, é introduzido o personagem John Constantine, que mais tarde ganharia seu próprio título (Hellblazer) e uma adaptação cinematográfica, em 2005, por Francis Lawrence; Pela Marvel, sai Moonshadow – um conto de fadas para adultos, de John M. DeMatteis e Jon J. Muth; Na Itália, Druuna, de Paolo Serpieri, uma das mais importantes personagens eróticas das HQ italianas; No Japão, Appleseed, de Masamune Shirow, autor mundialmente consagrado por suas obras de ficção científica;• 1986 – Nos EUA, surgem as revolucionárias séries: Batman – O Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller (que definiu o padrão a ser usado, dali em diante, nas HQ do personagem, bem como o estilo de narrativa usado por Miller influenciou diversos artistas e, principalmente, cineastas), e Watchmen, de Alan Moore e Dave Gibbons (a partir desta obra, única HQ a figurar na lista das 100 obras literárias em língua inglesa mais importantes de todos os tempos, o mito do super-herói começa a ser fortemente questionadoe a obra ganha adaptação cinematográfica em 2008, por Zach Snyder), ambas pela DC, que também inicia uma grande reformulação, pós-Crise nas Infinitas Terras, de seus super-heróis (a mais famosa é a do Superman, pelas mãos do inglês John Byrne, que fez importantes trabalhos para a DC e a Marvel – mas, hoje, é mais lembrado pelas diversas brigas com essas editoras); pela Marvel, saem dois trabalhos escritos por Frank Miller: Elektra Assassina,(arte de Bill Sienkiewicz) e Demolidor: A Queda de Murdock (arte de David Mazzuchelli); com a compra da Marvel pelo empresário Ron Perelman, inicia-se a chamada “era do chamariz”, marcada pelas agressivas estratégias de marketing das editoras e pelas sagas quilométricas, que chegam a se estender por diversos títulos, tudo para chamar a atenção dos leitores e aumentar as vendas de HQ. Nesse ambiente, Mike Richardson funda a editora Dark Horse, uma das cinco maiores editoras de HQ dos EUA, famosa por seus vínculos com Hollywood, que permitiu as adaptações em HQ de séries célebres do cinema, como Robocop, Star Wars, Alien, Predador e Exterminador do Futuro, bem como adaptações cinematográficas de seus personagens, como O Máskara; Omaha, a Stripper, de Kate Worley e Reed Walker; Usagi Yojimbo, de Stan Sakai; Concreto, de Paul Chadwick; É fundada a editora Malibu, por Dave Olbrich e Tom Mason, conhecida por sua linha de super-heróis, o chamado Ultraverso. Em 1994, a Malibu é comprada pela Marvel Comics; Na França, Cédric, de Raoul Cauvin e Laudec, na revista Spirou; No Japão, Chibi Maruko-chan, de Sakura Momoko, mangá shoujo do qual é derivado o segundo anime mais assistido da televisão japonesa (atrás apenas da versão animada de Sazae-san), e Saint Seiya (Cavaleiros do Zodíaco), de Masami Kurumada, série responsável por um verdadeiro “boom” japonês no Ocidente nos anos 90, graças à versão em anime (posteriormente, aparecem títulos complementares da série em mangá: Episódio G, de Kurumada e Megumu Okada, lançado em 2002; Next Dimension, de Kurumada, de 2006; e Lost Canvas, de Kurumada e Shiori Teshirogi, também de 2006); • 1987 – Nos EUA, Batman: Ano Um, de Frank Miller e David Mazzuchelli; Violent Cases, de Neil Gaiman e Dave McKean; Na Alemanha, Der Bewegte Mann (O Homem Ideal), de Ralf König, o mais bem-sucedido cartunista alemão da atualidade (König, criador também da série Conrad e Paul, tematiza o mundo dos homossexuais, e com isso estes ganham seu espaço nas HQ. O Homem Ideal ganha adaptação cinematográfica em 1994); No Japão, Crying Freeman, de Kazuo Koike e Ryoichi Ikegami (este mangá de muito sucesso ganhou, em 1995, uma adaptação cinematográfica produzida nos EUA, por Christophe Gans);• 1988 – Nos EUA, aparece Sandman, com textos de Neil Gaiman, considerado, com certo exagero, “deus” entre os fãs de HQ (o autor inglês, mais Alan Moore e Frank Miller, tornam-se, com suas histórias densas e adultas, os principais destaques dos anos 80 e 90. Além disso, Moore e Gaiman consolidam a “invasão britânica” nos EUA, quando diversos roteiristas e artistas da Irlanda e do Reino Unido, como Grant Morrison, Alan Davis, Brian Bolland e Dave McKean, fazem sucesso nas editoras americanas). Vários títulos complementares à série regular aparecem posteriormente, como as estreladas por Morte, uma das personagens mais populares do universo de Sandman; Batman – A Piada Mortal, de Alan Moore e Brian Bolland, torna-se um dos maiores clássicos do personagem; Na saga Batman – Morte em Família, o segundo Robin (Jason Todd) é assassinado, e de uma forma polêmica: quem decidiu seu destino foram os leitores norte-americanos, através de votação por telefone; O canadense Todd McFarlane, que na década seguinte se torna o primeiro milionário da indústria das HQ, assume a arte do personagem Homem-Aranha, tornando o título o mais vendido até então (muito se devendo a isso o fato de Spider-Man # 1, a edição de estréia do artista, ter tido nove versões de sua capa, fazendo muitos fãs comprarem a mesma edição da revista para colecionar todas, procedimento que a editora Marvel repetiria com outros títulos); São instituídos, nesse mesmo ano, os importantes prêmios Eisner e Harvey de HQ (homenagem, respectivamente, a Will Eisner e Harvey Kurtzmann); Na Inglaterra, Tank Girl, de Alan Martin e Jamie Hewllet (este também é conhecido como o co-criador da banda virtual Gorillaz, ao lado de Brian Allbarn). A personagem ganhou uma adaptação cinematográfica em 1995, por Rachel Talalay; No Japão, Mai, a Garota Sensitiva, de Kazuia Kudo e Ryoichi Ikegami, Patlabor, de Masami Yuuki, e Berserk, de Kentaro Miura;• 1989 – Nos EUA, Dilbert, de Scott Adams, sátira do mundo corporativo que torna o artista uma das revelações dos anos 90; O Corvo, de James O’Barr, a mais famosa HQ gótica (que ganha uma célebre adaptação cinematográfica em 1994, dirigida por Alex Proyas [famosa pelo fato de seu ator principal, Brandon Lee, ter morrido acidentalmente durante as filmagens], mais três filmes em 1996, 2000 e 2005, e uma série televisiva, em 1998); Daniel Clowes inicia a publicar, em capítulos, na revista Eightball, Como uma Luva de Veludo Moldada em Ferro, HQ que coloca seu autor entre os maiores nomes do underground; o coreano Jim Lee, o artista cujo estilo de desenho foi o mais copiado dos anos 90, assume a arte dos X-Men, influenciando a série a partir de então (X-Men # 1, a edição de estréia do artista, foi bastante vendida – 8 milhões de exemplares, uma das maiores vendas de todos os tempos – pelo fato dessa revista ter 5 capas diferentes, que formavam um pôster); Orquídea Negra, de Neil Gaiman e Dave McKean; Batman – Asilo Arkham, de Grant Morrison e Dave McKean (no mesmo ano, é lançado o primeiro filme do Batman, dirigido por Tim Burton [o personagem estrela outros cinco filmes, em 1992, 1995, 1997, 2005 e 2008]. Dos tantos títulos caça-níqueis lançados no embalo do filme, Asilo Arkham é, por excelência, a obra-prima do ano); No Japão, Ranma ½, de Rumiko Takahashi; Kokaku Kidotai (Ghost in the Shell), de Masamune Shirow (sua obra mais conhecida, de clara inspiração no movimento cyberpunk); Hajime no Ippo, de George Morikawa; e com RG Veda, o grupo CLAMP inicia sua carreira (formado por quatro mulheres [Satsuki Igarashi, Mokona Apapa, Mick (Tsubaki) Nekoi e Nanase (Ageha) Ohkawa], remanescentes de uma grande turma de fanzineiros, o grupo é um dos mais queridos entre os fãs dos mangás e animes japoneses nos anos 90 e 2000; seus mangás, inicialmente dirigidos ao público feminino, conquistam também os rapazes e adultos, com seus enredos densos e sua arte bastante convencional. Entre as obras do CLAMP, destacam-se também: Tokyo Babylon [1991], X [1992], Guerreiras Mágicas de Rayearth [1994], Sakura Card Captor [1996], Chobits [2001], entre outros).Outros destaques da década são os desenhistas italianos Massimo Rotundo (autor de Ex Libris Eroticis e O Detetive Sem Nome, este escrito por Luigi Mignacco) e Magnus (Roberto Raviola, autor de Necron e As 110 Pílulas), destacados autores de HQs eróticas. Os italianos acabaram se tornando, ao longo do tempo, os maiores especialistas em HQ eróticas e de faroeste.
Outro artista de grande relevância nesse período é o espanhol Miguelanxo Prado, autor de, entre outras obras, Fragmentos de História Délfica, Stratos e Quotidiano Delirante.

Para encerrar, mais um triplex de Bitifrendis, conforme o combinado.
Na próxima postagem, encerramos com as décadas de 90 e 2000.
Até mais!

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