Olá.
Já faz mais de um ano, eu resenhei, aqui no blog, a série japonesa IKKITOUSEN (conhecida nos EUA como Battle Vixens). Representante dos animes ecchi (ou “quase-hentai”), essa série, baseada no mangá de Yuji Shiozaki (publicada desde 2000, totalizando até este momento 17 volumes), compreende uma franquia, que neste momento soma quatro séries.
A primeira, de 2003, foi produzida pelo estúdio JCStaff – Genco, com direção de Takashi Watanabe.
A partir da segunda série, Ikkitousen Dragon Destiny (2007), quem assume a produção da série animada é o Estúdio ARMS, especializado em animes “mostruário de calcinhas”. Quem dirigiu a segunda série foi Koichi Ohata, que também dirigiu a terceira série da franquia, Ikkitousen Great Guardians (2008).
Pois, em 2010, meio que de surpresa (não estava previsto no final da série anterior), o Estúdio ARMS lança a quarta série da franquia, IKKITOUSEN XTREME XECUTOR (a grafia é assim mesmo, embora também se possa escrever Extreme Executor). Também sob a direção de Ohata, que desta vez também assume os roteiros.
Esta nova série tem por pretensão retornar aos conceitos originais das séries anteriores – a adaptação para os tempos modernos do Romance dos Três Reinos, uma importante crônica histórica chinesa – e também retomar o clima soturno e violento observado em Dragon Destiny. Esses conceitos haviam sido deixados meio de lado em Great Guardians. Mas uma coisa não mudou: as lutas entre garotas gostosas, cujas roupas são “estrategicamente” rasgadas, suas calcinhas expostas sob as saias curtinhas e, vez por outra, seus seios aparecem nus (quando elas não aparecem nuas de corpo inteiro, mas escondendo a genitália).
Para quem chegou agora, uma explicação rápida: IKKITOUSEN trata das guerras empreendidas pelos estudantes de sete colégios, que fazem as vezes dos reinos da antiga China. Esses estudantes são reencarnações de antigos guerreiros chineses da era dos Três Reinos (uma das épocas mais turbulentas da história chinesa), e têm seus destinos impressos em jóias em formato de vírgula chamadas magatamas. É nesse contexto de delinqüência juvenil justificada que se insere a protagonista da série, Sonsaku Hakufu, a bela e imbecil guerreira que é tida como a reencarnação do imperador mais poderoso do período.
IKKITOUSEN XTREME XECUTOR têm também, em seus 12 episódios, uma estrutura diferente das séries anteriores: ao invés dos títulos de episódios longos de Great Guardians, IXX têm títulos curtos e só colocados no final dos episódios. Mas mantém algo que se observa desde as séries anteriores: o nome das séries têm iniciais iguais.
Bão.
IXX inicia-se com um rápido flashback do que aconteceu anteriormente. Esse clipezinho, que contém algumas imagens contraditórias em relação às séries anteriores, vai até o final de Dragon Destiny, quando Hakufu e Ryuubi Gentoku, a líder do colégio Seto, derrotam Sousou Moutoku, o líder do colégio Kyosho. Depois dessa apresentação dos fatos, começa a série de verdade.
Ah, sim, eu já ia esquecendo: em IXX, novos personagens são introduzidos, e alguns que fizeram aparições meteóricas nas séries anteriores têm grande importância. (um dos grandes defeitos da franquia é o excesso de personagens e de ligações entre eles, que são meio difíceis de entender).
De personagens novos, logo no primeiro episódio conhecemos a primeira delas: Bachou Mouki, uma ruivinha simpática, que se entope de doces, tem pavor de cobras e é bastante impulsiva – mas não chega a ser imbecil como Hakufu, é só atrapalhada. Ela, também a reencarnação de um antigo guerreiro da Era dos Três Reinos, invade o colégio Kyosho (cujo líder, Moutoku, retornara recentemente, nos braços do melhor amigo, o simpático Kakouton) com um objetivo: enfrentar Moutoku e vingar o irmão, que teria sido assassinado por ele. Porém, ela não consegue de primeira. Primeiro, porque Moutoku não estava na escola naquele momento; segundo, porque acaba batendo de frente com as defesas de Kyosho, representadas pela nervosinha Soujin Shikou, uma estudante metida e que usa uma touca peruana, e da grandalhona Shikou Kyocho (que aparecera em Dragon Destiny), que usa um uniforme de jogadora de vôlei e que, apesar do tamanho, é meiga e devotada a proteger Moutoku. Mouki é nocauteada por Kyocho.
Envergonhada, e sob a chuva, Mouki é encontrada e acolhida por Ryuubi Gentoku, a líder de Seto. A adorável e meiga amante dos livros (que também não é muito boa em falar em público) ainda é protegida pelas amigas, a melancólica Kan’u Unchou, a gostosona-mor da série, a nervosinha Chochi Ekitoku (que, é revelado, irmã de Kan’u!!!), a tranqüila Shiryu Chou’un, a espadachim, e a estrategista mirim Koumei. A princípio, Mouki decide treinar suas habilidades em Seto, para poder enfrentar Moutoku. Mas as coisas mudam durante um assalto que quase vitima Mouki e Gentoku – as duas são salvas por Hakufu (que aparece no final do segundo episódio). Vendo o modo como a líder de Nanyou detonou uma quadrilha de guerreiros, Mouki pede a Hakufu para ser a sua mestra! Mesmo sem entender direito o que está acontecendo, Hakufu aceita treinar Mouki, ainda que sob a discordância do estressado Shyuyu Koukin, o primo da imbecil estudante (e que não se dá muito bem com Mouki). Hakufu chega até a construir um gigantesco boneco articulado para treinar Mouki!
Ah, sim: as coisas parecem correr em paz em Nanyou. Quem também marca presença na série é Ryomou Shimei, a garota do tapa-olho branco, que ainda está cheia de dúvidas quanto aos verdadeiros sentimentos de Ouin Shishi (o safado lutador que adotava a alcunha de Saji Genpou, de cama depois dos ferimentos sofridos nos eventos finais de Great Guardians) para com ela.
No entanto, ficamos sabendo da existência de um colégio que antes não havia: o Nanban, que se localiza em uma ilha (!). Nesse colégio, também estão estudantes que planejam enfrentar os líderes dos outros colégios e controlar a região de Kanton. É desse colégio que provém duas das outras personagens novas: as irmãs Mouyuu (espadachim melancólica que usa um tapa-olho e um casaco sob o top e o short) e Moukaku (irônica e violenta, veste um curtíssimo uniforme de motoqueira e tem como arma um chakram – um aro de metal para lançar).
É aí que entra o grande vilão da série: o misterioso Kentei, ávido em dominar o mundo. O vilão, que se esconde por trás de uma armadura e de uma máscara, faz um acordo com Mouyuu e Moukaku para auxiliá-lo a eliminar os heróis, impecílios de sua pretensão de dominar os colégios.
O plano de Kentei inclui organizar um grande campeonato de lutadores dos colégios. Cada colégio deve enviar seus representantes ao torneio. Os representantes de Kyosho são Shukou e Soujin; os de Seto são Kan’u e Ekitoku; e os de Nanyou acabam sendo Koukin e Ryomou (na sua famosa roupa de empregada doméstica). Além de vários outros guerreiros de outros colégios. Mouki também embarca no navio até Nanban, de gaiata. Hakufu até pretendia ir também, mas perde o navio porque... acabou dormindo dentro do metrô!!!
Depois dessa burrada, Hakufu, chateada, recebe um postal: é de sua amiga Chuubou (a menina que se dizia irmã da guerreira em Great Guardians), que naquele momento vive uma vidinha feliz ao lado de Saji Genpou (a maga, vilã de Great Guardians, que passou para o lado do bem). Para se aliviar da humilhação, Hakufu decide passar uns dias com Chuubou e Genpou, onde demonstra também ser capaz de manipular a água.
Enquanto isso, os guerreiros que foram ao torneio acabam percebendo que tudo não passava de uma armadilha. O navio é atacado por guerreiros de Nanban (que mais parecem monges do que estudantes), tendo à frente Ten’i, a fanática religiosa (que quase matou Ryomou em Dragon Destiny) que também está sendo influenciada por Kentei. E todos os guerreiros acabam aprisionados. Exceto Kan’u e Ekitoku, que acabam feridas e se atiram no mar. Entretanto, as duas acabam sendo capturadas por Moukaku.
Porém, Mouki e Shukou conseguem escapar quando todos estavam sendo conduzidos ao colégio (que mais parece um castelo antigo). Embora ainda ressentida por ter sido nocauteada pela grandalhona em Kyosho, Mouki segue junto com Shukou a explorar a ilha.
Enquanto isso, Seto é atacada. Ryuubi, que havia ficado, sofre diversos atentados, que a fazem perder o controle do poder de seu dragão interno (enquanto que Hakufu conseguiu dominar o seu em Dragon Destiny). No primeiro ataque, Chou’un enfrenta Mouyuu, que havia sido mandada para matar Ryuubi (detalhe: Chou’un enfrenta a espadachim caolha nua, recém saída do banho!). No entanto, as duas têm uma revanche, que é contida por Ryuubi, que sempre se opôs à violência. Ao ver que sua vida foi poupada, Mouyuu resolve auxiliar as garotas de Seto.
Porém, o outro ataque a Seto é mais violento. Um guerreiro de Nanban, o monstruoso Bokuroku (uma espécie de versão japonesa do Dentes de Sabre dos X-Men) ataca com o auxílio de lobos. E faz com que Ryuubi, diante da violência presenciada, perca o controle de seu dragão. O pior só não acontece com Ryuubi e seus amigos porque Hakufu, que recebera uma mensagem telepática de Moutoku, intervém.
Fica evidente, nessa quadra de tempo, que tudo não passa de um ardil de Kentei – o campeonato e tudo. O pior é que Ryuubi não consegue recuperar o controle de seu dragão, e corre o risco de morrer. A única solução, para evitar uma tragédia, é trazer Kan’u – a única que pode controlar o dragão de Ryuubi – de volta para Seto. Assim, Hakufu, Chou’un, Koumei e mais alguns guerreiros de Nanyou e de Seto embarcam para Nanban – em um iate emprestado por Moutoku. Ah: antes da partida, Kakouton entrega a Hakufu uma espada com poderes extraordinários.
Mas não será simples. Kan’u, que sofrera o diabo para escapar viva do atentado ao navio, foi influenciada pelo megalomaníaco Kentei, desprovido de qualquer humanidade, a lutar (sem a sua famosa lança) e a se deixar dominar pelo ódio. O que é pior: Kentei chama Ryomou para lutar contra Kan’u. E vai ser uma luta daquelas: na China antiga, o Ryomou Shimei original matara o Kan’u Unchou original. Por isso, Kan’u não hesita em tentar matar Ryomou, que tenta se esquivar a todo custo. Porém, a coisa fica pior quando sabemos que Kentei está usando o sangue que escorre das guerreiras para realizar um plano ainda mais macabro – o que explica que esteja crescendo uma estranha árvore embaixo das fundações de Nanban!!!
Enquanto isso, Hakufu, dentro do castelo, volta a encontrar Mouki (que penetrou nas dependências junto com Shikou – e as duas, de um modo bem atabalhoado, resolvem salvar Koukin e os outros. As duas juntas são garantia de comédia!
E a série, cheia de reviravoltas, vai se encaminhando, com várias batalhas imprevisíveis, até o confronto final entre as garotas e Kentei, que revela ser, sob a máscara, alguém conhecido das séries anteriores. Pior: Hakufu, que já escapara da morte nas vezes anteriores, acaba tendo uma nova chance para morrer.
Mas, até o final da série, são respondidas as seguintes perguntas: quem é Kentei? Será que Ryomou, Chou’un, Ekitoku e Hakufu conseguirão trazer Kan’u de volta à razão? Será que elas conseguirão salvar a vida de Ryuubi? Será que o poder da amizade é capaz de vencer o ódio e o abuso do poder – os “valores” que mais importam a Kentei?
Essa série reedita, de certa forma, o clima soturno e violento de Dragon Destiny – embora retome também alguns elementos da levezinha Great Guardians. Principalmente porque o ambiente de Nanban é muito obscuro, em comparação ao dos outros colégios da série. Alguns personagens que apareceram nas séries anteriores têm grande importância, como a já citada Shukou Kyocho e Ten’i; outras, como a charmosa Kakounen Myousai (de Kyosho), Goei (a mutcholoca mãe de Hakufu) e Ryofu Housen (da primeira série e de Great Guardians) fazem aparições meteóricas – a de Myousai, entretanto, é a mais idiossincrática.
O humor da série é sustentado por Hakufu e sua estupidez; Mouki e sua impulsividade; e por Soujin, reclamona e bastante convencida. E os flashbacks, como as das lembranças de Mouki de seu finado irmão, e a da primeira vez em que Ryuubi, Kan'u e Ekitoku se encontraram em Seto, são reveladores.
No mais é o que acostumamos a ver na franquia: demonstrações coerentes de artes marciais, aquela cascata de “destino guerreiro” e as garotas gostosas tendo suas roupas rasgadas em combate. E o que é pior: o final da série fica em aberto, cheio de pontas soltas, aventando a possibilidade de uma nova série da franquia estar a caminho!!!
Para os fãs de artes marciais e do ecchi. Essa quarta série também é acompanhada de uma seriezinha de OVA de seis episódios de três minutos (que acompanham a versão em vídeo), no qual são mostrados alguns sonhos – meio bizarros – das guerreiras da série. É a safadeza que já havia sido vista nos OVAS de Dragon Destiny e Great Guardians (e uma tradição do Estúdio ARMS, que também acompanha as outras séries que produziu com OVAs desse tipo).
Para conferir essa série, os sítios recomendados para baixá-la são o Anime House (http://www.an-house.net/). e o Sakura Animes (www.sakuraanimes.com/). Neste último, os episódios - e mais os OVAs - podem ser encontrados, no formato MP4.
Para encerrar mais esta postagem, resolvi fazer um desenho da Kan’u Unchou, a gostosona-mor da série. Não que tenha ficado bom, mas pelo menos achei essa ilustração melhor que a que eu fiz da Ryomou Shimei (que ilustra a minha postagem sobre Great Guardians).
Até mais!
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