quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Balanço pessoal de 2016 ou: por que cheguei aqui tão cheio de mágoas

Olá.
Dia 4 de janeiro de 2017: esta é a primeira postagem do Estúdio Rafelipe no novo ano que se inicia.
E, aparentemente, nada de muito ruim aconteceu aqui, de onde escrevo. Houve massacres na Turquia, em Manaus e em Campinas – sinto muito pelos leitores desses locais. O Governo até agora não fez nada passível de críticas. Até o momento, Donald Trump não fez nada de ruim. Até o momento.
E, para começar 2017, como tem sido costume neste blog pecador, faço um balanço pessoal da minha vida no ano anterior. Não sei se isso interessa aos meus 17 leitores, já que o que fiz ou deixei de fazer não afetou o resto do Brasil e do mundo em nada... Mas é o que costumo fazer todo início de ano.


Bem. O que 2016 teve de positivo para mim, Rafael Grasel? Ah:
- Continuo trabalhando no Museu Municipal de Vacaria, RS;
- Minha família e eu trocamos de automóvel – agora dirijo um Ford Fiesta preto, em substituição aos dois Fiat Palios vermelhos que dirigia anteriormente;
- Meus três sobrinhos passaram de ano no colégio – o mais novo iniciou a pré-escola, e em 2017 já vai para a primeira série; o do meio concluiu o 3º ano do Fundamental, e o mais velho se formou no Ensino Médio;
- Não precisei trocar nenhuma peça de hardware de meu computador este ano;
- Comprei muitos livros, gibis e revistas – algumas resenhadas aqui no blog;
- Voltei a frequentar a Biblioteca Pública de minha cidade – mais que isso, agora sou membro da Associação dos Amigos da Biblioteca pública Theobaldo Paim Borges (ABT) de Vacaria, RS, e estou colaborando no blog da entidade;
- Participei de reuniões com gente ligada à área da Cultura em minha cidade;
- Voltei ao dentista, e hoje tenho de usar uma placa nos dentes para dormir, a fim de conter uma retração na gengiva (bem, não foi bem um ponto positivo, mas saúde bucal, né?...);
- Finalmente resolvi aderir ao Whatsapp, me engajando, principalmente, em grupos de meus interesses e conhecendo novos amigos com interesses comuns;
- Fiz novos contatos com gente importante dos quadrinhos nacionais;
- Minhas publicações de 2016 em outros veículos foi modesta – só duas participações em gibis do Benjamin Peppe;
- De mais importante em 2016, houve apenas a continuidade de minha série folhetinesca “O Açougueiro”, exclusivamente em formato online;
- Cumpri a meta: não fiquei um único dia de 2016 sem fazer pelo menos um desenho.

O que teve mais em 2016, assim como para a maioria das pessoas, foram aspectos negativos:
- Outro ano em que atravessei dificuldades financeiras, praticamente acompanhando o cenário nacional. Para manter as contas em dia, tive de criar novas dívidas – e ainda tive de emprestar dinheiro para gente que ainda não me pagou, não porque não quer pagar, mas porque no momento não pode (por que eu tenho o coração assim tão mole?!);
- Meu pai teve de fazer bicos este ano para garantir o pagamento das contas e complementar sua aposentadoria;
- Perdi dois parentes este ano: minha avó, falecida em janeiro após uma lenta agonia por conta de paralisia cerebral ocasionada por AVC; e um tio, que se foi em janeiro – a vida de álcool e drogas cobrou o preço de mais um de minha família;
- Tenho outro tio agonizante, por causa de câncer;
- Fui mais uma vez atacado online por causa de coisas que escrevi neste blog;
- As redes sociais se tornaram um local inseguro para pessoas sensíveis como eu. A maior parte de meus amigos, a maior parte do tempo, só soube fazer críticas ao governo, espalhar más notícias, derrubar o astral de todo mundo e tentar impor o “Fora, Temer!” aos que não estão engajados. Por isso, acabei conhecendo o “lado mau” de meus amigos de “esquerda” – e cortando contatos com muitos deles;
- Não participei da Quadrante X (revista do Núcleo de Quadrinhistas de Santa Maria – Quadrinhos S.A.) deste ano. Porque retirei minha participação. Por conta de divergências com os membros ativos quanto ao tema da revista. Enquanto isso, devem ter se divertido na Comic Con Experience (CCXP) ocorrida em dezembro, em São Paulo...;
- O sentimento constante que meu trabalho, tanto com quadrinhos como com História no Museu não está rendendo quanto gostaria;
- Por causa disso, e por causa da troca da administração municipal, não sei que planos eles tem para mim, se permaneço no cargo ou não;
- Não tive mais notícias de trabalhos que fiz em anos anteriores – já estou ficando farto de promessas não cumpridas de gente que achei que podia confiar;
- Fui obrigado – não por superiores em minha profissão, mas por familiares – a fazer um tratamento psicológico, do qual saí logo. Porque eu não precisava, nem do tratamento, nem dos remédios que tive de tomar por três meses. É sério! Disseram para a pessoa errada tomar Quetros;
- A vida parece estar perdendo o gosto para mim. As notícias sobre política são acompanhadas com apreensão, mais pelo risco de encontrar uma enxurrada de opiniões negativas ou charges pessimistas nas redes sociais – e isso tem empurrado meu astral lá embaixo. Sério, bem que estou tentando confiar no Temer e seus “amigos”, lhe conceder o benefício da dúvida, mas parece que o povo não quer que nada do que ele proponha dê certo – porque o que ele propõe, em tese, prejudica a população. Ao que parece, querem que tudo fique como estava quando a Dilma estava no poder – ainda que, comprovadamente, o Brasil quebre de vez (ou serei eu que sou um imbecil em assuntos políticos, já que prefiro dar mais crédito ao que o Bonner fala no Jornal Nacional? Nem adianta comprovar, por diploma, que sou pós-graduando em História, quando trolls de internet que não passaram do ensino médio – aposto – é que são formadores de opinião...);
- Só fiz uma viagem em 2016, foi para Caxias do Sul, ver “Star Wars” no cinema. O filme foi bom, mas, além desse passeio de um dia, não fiz mais nenhuma viagem este ano. Nem para Santa Maria, nem para Porto Alegre, nem para o litoral.

Bem, como podem ver, cheguei a 2017 meio jururu, sem muitas perspectivas. Quero acreditar que 2017 vai ser um ano menos preocupante, mas o pessoal engajado das redes sociais, os jornalistas e o Estado Islâmico, esse bando de vampiros psíquicos que só sabem sugar nossas energias positivas e nossa disposição, não deixam. Permaneço pouco receptivo a mensagens de otimismo – se é que o pessoal quer mesmo me ver bem, feliz, sorrindo. Vindo de algumas pessoas, mensagens de otimismo carregam uma carga de hipocrisia. Não tem mensagens, dessas compartilhadas diariamente via Facebook, Whatsapp, Twitter e outras redes que adiante.
Chego a 2017 ainda como um blogueiro e cartunista desconhecido. Uma base de fãs eu tenho, mas será suficiente? Afinal, nunca lancei um livro ou uma revista custeada com meus próprios recursos, nunca lancei um fanzine... Não sei nem editar um fanzine sem ajuda... E, ao que parece, nem adianta pedir ajuda. Boa parte do material que já publiquei em revistas de outrem, de alguma forma, foi editada, às vezes sem meu conhecimento, descaracterizando meu trabalho, e dando a entender que faço tudo errado... Continuo sendo criticado na surdina, eu sei que estou sendo. Não depositam confiança em mim. Continuo submetido a promessas não cumpridas.
O pior: por causa desta postagem, vou ser novamente criticado. Os que não deixarão um comentário explícito certamente vão me criticar na surdina, por ficar colocando na rede inquietações que nada interessam às suas vidas...

Mas é essa pequena base de fãs que continua me movendo a desenhar, escrever e produzir material. Tiras, quadrinhos, resenhas, pensamentos. Para abastecer os quatro blogs da Rede Rafelipe – Estúdio Rafelipe, Blog da Letícia, Blog dos Bitifrendis e Blog do Teixeirão – e mais os complementares, onde colaboro esporadicamente – o Educar é Viver, o Blog da Biblioteca Pública Theobaldo Paim Borges e o Quadrinhos S.A.
Não posso dizer que, embora sendo um cartunista desconhecido, eu nem tentei sair do anonimato. Posso dizer que pelo menos eu tentei, e tento ficar mais conhecido. Ser um otimista em um meio social que deseja a distopia – prova disso é que a literatura e as mídias envolvendo governos totalitários, apocalipse zumbi e dominação das máquinas continua vendendo.

E, como prova de que ainda não desisti, já renovei o compromisso: haverei de não ficar um dia de 2017 sem fazer pelo menos um desenho. Nem que seja uma folha com esboços aleatórios.
Como esta aqui, embaixo: o primeiro desenho de 2017. Uma folha com esboços, com caneta e lápis. Contendo, inclusive, prévias de material anunciado para 2017.
E, mais abaixo, algumas amostras de desenhos aleatórios produzidos em 2016, e que ainda não mostrei aqui.
Este ano, inclusive, já anunciei que vou manter um diário de desenhos. No final de 2017, ele há de ser revelado. Tudo o que desenhei em 2017. Tudo no que trabalhei, de forma independente ou a serviço, em 2017.
Tenho uma pequena base de fãs – e eu não vou decepcioná-los. Não sou como boa parte dos blogueiros que ficam meses ou anos sem dar notícias: o Estúdio Rafelipe haverá de continuar no ar enquanto Rafael Grasel estiver respirando, enquanto Rafael Grasel ainda puder pagar pela internet, enquanto o Blogger não alterar sua política – e continuar oferecendo serviço gratuito – e enquanto ele estiver a salvo de hackers e malwares.
Acreditem no que foi escrito aqui. E, por obséquio, leiam atentamente antes de criticar. Vários dos ataques que sofri vieram de gente que leu apenas parcialmente as coisas que escrevo.
E ficamos por aqui...
Em 2017, fiquem conosco.

Até mais.

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