Dias atrás, falei de um blog em português de Portugal, o Reféns da BD. Com as novas regras da ortografia que estão aos poucos entrando em vigor, de repente pensamos muito nos países de língua portuguesa, tendo também de se adaptar às regras de uniformização da escrita. O fim do trema, dos acentos diferenciais, etc. Tudo isso pode causar estranhamento para quem esteve acostumado até agora.
Bão... hoje vou falar de HQ. Há algum tempo atrás, comprei, a baixo preço, numa banca de Santa Maria, RS, uma raridade. Trata-se de uma HQ européia, provavelmente importada há muitos anos e revendida, já que, pela aparência do volume e pelo pó que acumulou no balcão, deduzo que passou muito de mão em mão. Trata-se de ALADINO, versão em HQ da história de Aladim, pelos espanhóis Carlos A. Cornejo (argumento) e Chiqui de la Fuente (desenhos). Só pelo título já dá para se perceber a origem do volume.
O livro foi publicado pela editora Futura, de Portugal, e é tradução do original espanhol. Uma HQ no melhor estilo europeu, de desenho caricatural, mas muito bem trabalhado. Me faz lembrar muito o nosso querido Asterix - os estilos de Albert Uderzo e Chiqui de la Fuente são parecidos.
A história? É bem básica: a conhecida história do garoto pobre que, instigado por um mago, acha uma lâmpada mágica, com um gênio capaz de realizar desejos. Nada muito ousado, é apenas a adaptação do famoso conto d'As Mil e Uma Noites para as HQ - até o cenário é conhecido, a lendária Arábia de Sherazade. Quem conhece outra versão do conto pode estranhar a história, mas é a bem conhecida fábula do garoto dividido entre a necessidade de aprender um ofício e a utópica alternativa da magia.
É uma BD (vamos usar a expressão portuguesa) já difícil de se encontrar hoje no Brasil - lembro-me de um livro de português, que eu usei no colégio, que continha trechos dessa BD. O linguajar usado pelos personagens é bem lusitano, ô pá. Mas é divertido tentar ler a BD com sotaque lusitano, para ver como é que fica. No texto, aparecem expressões como "miúdo", para se referir aos garotos, "como pode ser meu tio se és preto?", como exemplo da correta utilização da 2a. pessoa do singular, "puto" no sentido de menino, garoto, diversas frases com verbos no particípio ao invés do gerúndio que cá usamos (por exemplo: "estes berlindes com que estão a brincar são as rolhas das minhas garrafas!") entre outras expressões de português carregado. De resto, nada que surpreenda muito. Para entreter, ALADINO é melhor do que nada (sem ofensas aos presentes...)
Para encerrar, mais um desenho que já expus com o grupo Quadrinhos S. A.
Ah: e antes que me esqueça, e se não puder escrever até o dia 25... Feliz Natal a todos!
Nenhum comentário:
Postar um comentário