sábado, 25 de julho de 2009

Batman rules!

Olá.
Existem certas oportunidades na vida que não podemos perder. Sejam elas importantes, como uma proposta de emprego, uma chance de recomeçar depois de um fora; sejam não tão importantes assim, como a de ler um grande clássico da literatura; enfim, algo que mude radicalmente uma vida.
Bem, quando vi este livro na prateleira de uma das bancas de minha cidade, pensei: é uma oportunidade que não posso perder!
Não se trata de um livro qualquer: trata-se de um clássico das HQ. Batman - A Piada Mortal. Este não é simplesmente o primeiro clássico das HQ que leio; é também o primeiro Alan Moore que eu pude ler na íntegra.

A Piada Mortal. O maior clássico de Batman depois de O Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller. De 1988. Escrito por Alan Moore, mundialmente consagrado com o agora transposto para o cinema Watchmen, e desenhado pelo também britânico Brian Bolland (tenho em casa três números de outra obra consagrada desse desenhista, Camelot 3000, feita em parceria com Mike W. Barr).
A presente edição do clássico que chegou às bancas foi publicada pela Panini, edição especial de luxo, capa dura, prefácio de Tim Sale e posfácio do próprio Bolland. E ainda é mais especial pois esta edição foi recolorizada pelo próprio Bolland (as cores da primeira edição foram de John Higgins).
Tudo bem, mas o que A Piada Mortal tem de tão especial? Se é só uma aventura de Batman? Escrita por Alan Moore, grande coisa! Provavelmente vocês dirão.
Como bom fã de quadrinhos, tenho de fazer alguma defesa da obra, e alguma rasgação de seda: Só uma aventura de Batman não! Esta história é uma das mais perturbadoras já escritas e desenhadas do personagem! Eis alguns motivos:
Primeiro, porque o roteiro mostra que o Batman e o Coringa são como dois lados de uma mesma moeda - apenas suas motivações são diferentes. É uma espécie de tratado sobre a loucura - na visão do Coringa. O mote? Afinal, qualquer pessoa pode enlouquecer se tiver um dia ruim? É o que o palhaço do crime tenta mostrar ao Comissário Gordon, que sente tudo na pele ao ver sua filha adotiva Bárbara Gordon ser aleijada pelo criminoso, bem na sua frente, e depois ser torturado psicologicamente em um parque de diversões (argumento básico).
Segundo, o roteiro constitui uma tentativa de dar um passado para o Coringa, até então misterioso (hoje, para muitos, é tida como a versão "oficial" da origem do palhaço do crime). Um comediante fracassado que aceita participar de um assalto a uma indústria para poder sustentar a mulher, e vê tudo desmoronar quando esta morre... é obrigado a participar do tal assalto, sob o codinome Capuz Vermelho... e cai em um tanque de produtos químicos, após ser perseguido pelo homem-morcego, saindo de lá com os cabelos verdes, a pele branca e totalmente insano (é clássica a imagem do Coringa com as mãos na cabeça, dando sua risada macabra).
Terceiro, porque os quadros de Bolland para o texto de Moore são muito bem compostos. As amarrações da história principal com os flashbacks da história do Coringa são bem trabalhadas. Não foi à toa que Bolland levou cinco anos (dizem) para compor as 48 páginas da história. Ainda mais com todo o indispensável jogo de luz e sombra. E o que dizer da nova colorização, que ressalta detalhes das cenas como os vermelhos dos flashbacks sobre o total ocre das cenas? Uma aula de composição dos quadrinhos.
A Piada Mortal foi publicada no Brasil primeiramente pela Abril, cujas edições são muito procuradas - sob o pomposo título de Graphic Novel. A história também foi incluída no recente álbum Grandes Clássicos DC - Alan Moore, editado pela Panini, que trouxe também as clássicas histórias curtas do autor para o Superman. Esta edição da Panini também é especial porque inclui duas histórias de brinde: a curta Sujeito Inocente, escrita e desenhada por Bolland; e a primeira história do Coringa, de 1940, por Bob Kane, criador do Batman (suspeita-se que o Coringa teria sido criado por Jerry Robinson, o que ainda não foi confirmado até agora).
Bem, custou-me R$ 19,90, mas não podia perder essa oportunidade. Afinal, era meu aniversário.
E eu recomendo: Vocês não se arrependerão. Afinal, trata-se de um clássico. Uma oportunidade imperdível para fãs de Histórias em Quadrinhos.

FALANDO NISSO...
Já que falamos em Batman, eis mais uma oportunidade que eu seria louco de perder: a de apresentar a vocês um clássico da internet.
Batman Dead End. Este fanfilm instigante foi feito por Sandy Collora em 2003, e até o lançamento do filme Batman Begins, foi considerada a melhor adaptação do herói para o cinema. Afinal, os filmes anteriores foram acusados de não terem transposto para as telas toda a essência do personagem.
Eis aqui um Batman cinematográfico que todos curtem: roupa de pano e temperamento sombrio, além de um Coringa pra lá de insano (reparem como ele ri). Mais: um super-desafio para nosso herói, quando um Alien e um Predador aparecem em seu encalço. Para um fanfilm, é surpreendente!
Tive sorte de encontrar, no YouTube, uma versão legendada em português. Assim, vocês podem compreender bem o diálogo entre o Batmane o Coringa, que faz eco a Batman - A Piada Mortal.
Não foi à toa que, à época do lançamento, o filme foi muito procurado na convenção de HQ em que estreou, em San Diego, Califórnia, States (de uma sala para 250 pessoas, a exibição foi transferida para uma sala para 5 mil!). Vejam e constatem.


E, para encerrar, a ilustração de hoje traz mais uma heroína que criei: Alzira. Ilustração a lápis. Um dia, espero desenvolvê-la.
Até mais!

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