Existem certas oportunidades na vida que não podemos perder. Sejam elas importantes, como uma proposta de emprego, uma chance de recomeçar depois de um fora; sejam não tão importantes assim, como a de ler um grande clássico da literatura; enfim, algo que mude radicalmente uma vida.
Bem, quando vi este livro na prateleira de uma das bancas de minha cidade, pensei: é uma oportunidade que não posso perder!
Não se trata de um livro qualquer: trata-se de um clássico das HQ. Batman - A Piada Mortal. Este não é simplesmente o primeiro clássico das HQ que leio; é também o primeiro Alan Moore que eu pude ler na íntegra.
A Piada Mortal. O maior clássico de Batman depois de O Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller. De 1988. Escrito por Alan Moore, mundialmente consagrado com o agora transposto para o cinema Watchmen, e desenhado pelo também britânico Brian Bolland (tenho em casa três números de outra obra consagrada desse desenhista, Camelot 3000, feita em parceria com Mike W. Barr).
A presente edição do clássico que chegou às bancas foi publicada pela Panini, edição especial de luxo, capa dura, prefácio de Tim Sale e posfácio do próprio Bolland. E ainda é mais especial pois esta edição foi recolorizada pelo próprio Bolland (as cores da primeira edição foram de John Higgins).
Tudo bem, mas o que A Piada Mortal tem de tão especial? Se é só uma aventura de Batman? Escrita por Alan Moore, grande coisa! Provavelmente vocês dirão.
Como bom fã de quadrinhos, tenho de fazer alguma defesa da obra, e alguma rasgação de seda: Só uma aventura de Batman não! Esta história é uma das mais perturbadoras já escritas e desenhadas do personagem! Eis alguns motivos:
Primeiro, porque o roteiro mostra que o Batman e o Coringa são como dois lados de uma mesma moeda - apenas suas motivações são diferentes. É uma espécie de tratado sobre a loucura - na visão do Coringa. O mote? Afinal, qualquer pessoa pode enlouquecer se tiver um dia ruim? É o que o palhaço do crime tenta mostrar ao Comissário Gordon, que sente tudo na pele ao ver sua filha adotiva Bárbara Gordon ser aleijada pelo criminoso, bem na sua frente, e depois ser torturado psicologicamente em um parque de diversões (argumento básico).
Segundo, o roteiro constitui uma tentativa de dar um passado para o Coringa, até então misterioso (hoje, para muitos, é tida como a versão "oficial" da origem do palhaço do crime). Um comediante fracassado que aceita participar de um assalto a uma indústria para poder sustentar a mulher, e vê tudo desmoronar quando esta morre... é obrigado a participar do tal assalto, sob o codinome Capuz Vermelho... e cai em um tanque de produtos químicos, após ser perseguido pelo homem-morcego, saindo de lá com os cabelos verdes, a pele branca e totalmente insano (é clássica a imagem do Coringa com as mãos na cabeça, dando sua risada macabra).
Terceiro, porque os quadros de Bolland para o texto de Moore são muito bem compostos. As amarrações da história principal com os flashbacks da história do Coringa são bem trabalhadas. Não foi à toa que Bolland levou cinco anos (dizem) para compor as 48 páginas da história. Ainda mais com todo o indispensável jogo de luz e sombra. E o que dizer da nova colorização, que ressalta detalhes das cenas como os vermelhos dos flashbacks sobre o total ocre das cenas? Uma aula de composição dos quadrinhos.
A Piada Mortal foi publicada no Brasil primeiramente pela Abril, cujas edições são muito procuradas - sob o pomposo título de Graphic Novel. A história também foi incluída no recente álbum Grandes Clássicos DC - Alan Moore, editado pela Panini, que trouxe também as clássicas histórias curtas do autor para o Superman. Esta edição da Panini também é especial porque inclui duas histórias de brinde: a curta Sujeito Inocente, escrita e desenhada por Bolland; e a primeira história do Coringa, de 1940, por Bob Kane, criador do Batman (suspeita-se que o Coringa teria sido criado por Jerry Robinson, o que ainda não foi confirmado até agora).
Bem, custou-me R$ 19,90, mas não podia perder essa oportunidade. Afinal, era meu aniversário.
E eu recomendo: Vocês não se arrependerão. Afinal, trata-se de um clássico. Uma oportunidade imperdível para fãs de Histórias em Quadrinhos.
FALANDO NISSO...
Já que falamos em Batman, eis mais uma oportunidade que eu seria louco de perder: a de apresentar a vocês um clássico da internet.
Batman Dead End. Este fanfilm instigante foi feito por Sandy Collora em 2003, e até o lançamento do filme Batman Begins, foi considerada a melhor adaptação do herói para o cinema. Afinal, os filmes anteriores foram acusados de não terem transposto para as telas toda a essência do personagem.
Eis aqui um Batman cinematográfico que todos curtem: roupa de pano e temperamento sombrio, além de um Coringa pra lá de insano (reparem como ele ri). Mais: um super-desafio para nosso herói, quando um Alien e um Predador aparecem em seu encalço. Para um fanfilm, é surpreendente!
Tive sorte de encontrar, no YouTube, uma versão legendada em português. Assim, vocês podem compreender bem o diálogo entre o Batmane o Coringa, que faz eco a Batman - A Piada Mortal.
Não foi à toa que, à época do lançamento, o filme foi muito procurado na convenção de HQ em que estreou, em San Diego, Califórnia, States (de uma sala para 250 pessoas, a exibição foi transferida para uma sala para 5 mil!). Vejam e constatem.
E, para encerrar, a ilustração de hoje traz mais uma heroína que criei: Alzira. Ilustração a lápis. Um dia, espero desenvolvê-la.
Até mais!
Até mais!
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