Na última postagem, eu falei do clássico cinematográfico Metropolis (1926), de Fritz Lang.
Bem, hoje vou falar de Metropolis de novo. Mas desta vez, de outro Metrópolis. É o METROPOLIS DE OSAMU TEZUKA.
Trata-se de um dos mais bem-feitos animes japoneses de todos os tempos. Foi produzido em 2001, e foi dirigido por Rintaro (Shigeyuke Hayashi).
Bem, desse filme eu também já havia falado, em 2007, em um dos Ciclos de Cinema Histórico da Universidade Federal de Santa Maria, RS. Bem, vou falar de novo, mas desta vez para o blog. Em versão condensada. A versão integral do artigo que escrevi a respeito do filme está no livro Uma História a Cada Filme - Volume 2, organizado por Alexandre Maccari Ferreira, Diorge Alceno Konrad e Rogério Ferrer Koff (Santa Maria, FACOS - UFSM, 2007).
METROPOLIS, o anime, é baseado no mangá de mesmo nome do "deus mangá" Osamu Tezuka. O título nem é exagero. No Japão, Tezuka é considerado o "deus" do mangá, de tão relevante que foi seu trabalho para o mangá e para as animações japonesas. No entanto, seu trabalho só recentemente começou a ser reconhecido pelo ocidente - apesar de aqui também passarem na TV vários animês baseados em mangás seus, tais como Kimba e A Princesa e o Cavaleiro.
Bem. METROPOLIS, o mangá, foi publicado em 1949, em edição encadernada. E foi baseado (mais ou menos) onde? No filme de Fritz Lang, é claro. Mas levemente, porque o filme de Lang e o mangá de Tezuka são bem diferentes entre si. As únicas semelhanças são: o local onde se passa a história, que possui uma parte alta, cheia de arranha-céus, monotrilhos e máquinas voadoras, e uma parte subterrânea, onde vive a classe marginalizada; a presença de um cientista louco; e um robô humanóide entre os personagens mais importantes.
Bem. Em 2001, foi produzido a versão em anime, no formato longa-metragem. O roteiro é do lendário artista japonês Katsuhiro Otomo, simplesmente o autor do clássico Akira, mangá e anime. E também é um marco da animação japonesa, já que foi feito com a combinação de animação convencional e animação 3D nos cenários. Na época, foi considerado o anime japonês mais caro da história - cerca de 15 milhões de dólares. Esse valor foi ultrapassado pelo Steamboy de Otomo, que custou 20 milhões.
O anime e o mangá METROPOLIS concentram-se bastante na questão da substituição do homem pelas máquinas, e na miséria e no ódio contra os robôs resultante disso. Uma crítica à civilização semi-automatizada de nossos dias, combinando drama, humor e ação. A ambientação é menos sombria que no filme de Lang, embora o anime, ao contrário do mangá, aproxime-se bastante do filme alemão. E a música do filme, que casa temas de jazz com música instrumental, dá um caráter retrô ao filme. Entre as músicas do filme, está - pasmem! - I Can't Stop Loving You, de Ray Charles, e justo em uma cena de destruição! No caso, a sequência final, em que o edifício principal da cidade é destruído.
O filme conta a história de Tima, um robô com aparência humanóide. Ela havia sido "encomendada" por Duke Red, o homem mais importante da cidade de Metropolis, e construída pelo Dr. Laughton, um cientista criminoso. Foi justamente atrás desse cientista que chegam à cidade o detetive Shunsaku Ban e seu sobrinho Kenichi. No entanto, eles chegam apenas para presenciar a destruição do laboratório de Laughton em uma explosão criminosa. No meio do tumulto gerado, Kenichi encontra Tima - no entanto, o garoto nem desconfia que ela é um robô - nem mesmo ela sabe disso. Assim, os dois se apaixonam um pelo outro.
Os dois acabam caindo nos subterrâneos da cidade. E, em uma incrível jornada, os dois conhecem as outras zonas da cidade, que são escondidos pela parte próspera - ou seja, a parte podre da grandiosa cidade. Até mesmo os robôs que lá operam são divididos em classes - de acordo com as zonas onde operam. Ainda por cima, os robôs são ameaçados pelos humanos, que querem vingança contra eles por conta do desemprego e da miséria. Uma revolução está em curso.
Pior ainda: o violento Rock, um protegido de Duke Red, está perseguindo Tima e Kenichi. Por ciúme, já que não admite que o "pai" goste mais de um robô do que dele.
Shunsaku Ban também está à procura de Kenichi. E nisso ele tem o auxílio de um robô detetive, que ele chama de Pero.
Duke Red também está à procura de Tima, pois a andróide possui um segredo, que é a chave para os planos do senhor de Metrópolis - e que pode significar o destino da humanidade. Trata-se de um poderoso dispositivo, chamado Omotenium, uma máquina tão poderosa que pode influenciar nas manchas solares. Mas onde Tima se encaixa nisso?
É algo complexo, mas sabemos mais ou menos o caráter da andróide quando sua pele brilha ao sol e seus cabelos esvoaçam. Salvação ou condenação da humanidade? Porém, quando ela descobrir sua verdadeira natureza - já que, até certo momento do filme, ela crê ser humana - vai ser pior.
Tima difere-se de Maria, do filme de Lang, por sua natureza. Maria, que é um robô na qual foi colocada uma aparência humana, é uma mulher fatal, que seduz os homens e os conduz à ruína; já Tima comporta-se como uma garota inocente, quase uma criança.
Mas METROPOLIS, o anime, não deixa a dever para o filme de Lang. Vale a pena, já que as mãos que conduzem o filme são as mais competentes possíveis. Um filme que faz se emocionar e pensar. Vejam e constatem se o filme realmente merece as palavras de James Cameron, o diretor de Titanic:
"METROPOLIS é um novo marco em anime (...). Tem beleza, mistério, e acima de tudo... sentimento. As imagens desse filme vão ficar com você para sempre. (...)"
Para encerrar, mais uma imagem que fiz para os Ciclos de Cinema Histórico. Bem, a sombra (teoricamente) é de Alfred Hitchcock, prestes a ser encurralado pelo Alex de Laranja Mecânica.
Saiu pequenininho, pois eu tirei-a do meu e-mail... droga. Deveria ter escaneado o original, para que saísse grande...Até mais!
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