sábado, 21 de novembro de 2009

A Primeira Charge do Brasil

Olá.
Nesta semana, é bem provável que não dê para eu atualizar o blog - por conta do trabalho de professor. Assim, além de já ter deixado o aviso de que não se sabe quando voltarei a atualizar o Estúdio Rafelipe - o mais provável é: QUEM SABE - vou escrevendo, enquanto posso, sobre um assunto referente à nossa história.
Recentemente, encontrei na internet - graças ao pedido de uma correspondente, que solicitou uma ajuda em uma pesquisa sobre as HQ no Brasil - uma reprodução da primeira charge publicada no Brasil.
Ela intitula-se A Campainha e o Cujo, e foi publicada em 1837, no Jornal do Comércio do Rio de Janeiro. Sua autoria foi atribuída a Manoel de Araújo Porto-Alegre.

Nessa charge, vemos duas figuras, uma de pé, elegantemente trajada, e outra ajoelhada, em atitude servil. A figura em pé, com a mão direita segura uma sineta, e com a outra segura um saco de dinheiro, que oferece à figura ajoelhada. Outros, ao fundo, fogem da cena. O texto abaixo:

A Campainha
Quem quer; quem quer redigir
O Correio Oficial!
Paga-se bem. Todos fogem?
Nunca se viu coisa igual
O Cujo
Com três contos e seiscentos
Eu aqui'stou, meu senhor
Honra tenho e probidade
Que mais quer d'um redator?

O desenho faz referência ao pagamento de propina ao jornalista Justiniano José da Rocha (1812-1862), que era considrado favorável ao governo imperial.
Como se dá para perceber, A Campainha e o Cujo foi a ilustração que abriu caminho para os atuais artistas de desenho de humor que, com verve característica, criticam a nossa realidade nacional. Como se vê, corrupção não é coisa de hoje. Faltava alguém para ironizá-la em forma de ilustração - que caiu no gosto popular, é claro. Na época, a caricatura e o desenho de humor ainda eram novidades na nossa imprensa - no nosso país, leia-se.
Mais tarde, outros artistas viriam, e ficariam célebres na era Imperial brasileira. O mais célebre, é claro, foi o italo-brasileiro Ângelo Agostini.
E é preciso que se saiba também: o Segundo Reinado Brasileiro é considerado o período onde a imprensa brasileira teve maior liberdade de expressão. Isso porque D. Pedro II, apesar de ser constantemente ironizado nos desenhos de humor dos periódicos, não sentia-se ofendido. Pelo contrário, o Imperador percebeu que as caricaturas davam uma simpatia maior ao cargo que exercia.
Eis o link para um artigo, escrito pelo cartunista Gilberto Maringoni, onde se permite saber mais sobre A Campainha e o Cujo:

Para encerrar, vou colocar para vocês mais duas tiras de Letícia, inéditas. Desta vez, não são partes de nenhum arco - estes ficam para outra vez.

Fica o aviso: provavelmente, só atualizarei o blog em duas semanas, por motivo do trabalho. Mas dentro desse período, posso dar um jeito nisso...
Até lá, QUEM SABE.
Até mais!

Nenhum comentário: