Hoje, novamente vou falar de quadrinhos. E de personagens conhecidos.
Quem assistia TV nos anos 80 e 90 há de lembrar desses personagens. Bem, eles fizeram muito sucesso na TV, através de uma clássica série de animação, mas poucos sabem que a origem deles foi nos quadrinhos.
Estou falando deles: os guerreiros mais estranhos e ao mesmo tempo mais carismáticos já criados. Os maiores fãs de pizza que se conhece: as Tartarugas Ninja!
Bão... os maiores fãs de pizza, na verdade, em termos. Já explico. Mas antes, vamos desde o início falando deles.
Recentemente, tive acesso aos – em outras palavras, comprei os – quadrinhos das Tartarugas Ninja. Mas disso falo mais adiante.
Para começar, é fato que muita gente lembra das Tartarugas Ninja através da clássica série de desenho animado doa anos 80. E também dos diversos produtos licenciados, como os bonecos, mochilas, videogames, skates... Mas a verdadeira gênese das Tartarugas Ninja foi nas histórias em quadrinhos. As Tartarugas Ninja são, na verdade, as protagonistas da série de quadrinhos independentes mais bem-sucedida da atualidade. Na verdade, a mais bem-sucedida série em HQ independente em preto-e-branco, mas isso não importa muito.
As Tartarugas Ninja foram criadas em 1983 nos EUA, por Kevin Eastman e Peter Laird. O título original em inglês é Teenage Mutant Ninja Turtles, ou, literalmente, Tartarugas Adolescentes Mutantes Ninja. Bão, a tradução brasileira foi abreviada apenas para Tartarugas Ninja, o que talvez seja mais do que suficiente. Afinal, já era bastante surpreendente, na época, uma tartaruga ninja. A tartaruga, pô, um dos bichos mais lentos que se conhece e um dos menos propícios para atuar como ninja!
É certo que temos hoje muitos ícones ninjas de grande notoriedade, como as diversas encarnações do herói japonês Hattori Hanzo em diversas mídias, ou mesmo o Naruto. Mas as Tartarugas Ninja já conquistam pelo conceito.
Bem. Como já dito, as Tartarugas Ninja foram criadas por Kevin Eastman e Peter Laird em 1983, mas seu lançamento oficial foi no ano seguinte. Eastman e Laird eram dois amigos que residiam em Northampton, estado do Massachusetts, EUA, e que tinham em comum a paixão pelos quadrinhos, particularmente os do “rei” Jack Kirby. Kevin, nascido em Portland, no Maine, em 1962, conheceu Peter, nascido em North Adams, Massachusetts, em 1954, segundo dizem, quando, voltando do trabalho, numa noite em 1982, encontrou no chão do ônibus um fanzine chamado SCAT, cujos desenhos chamaram sua atenção; e, no final, havia um endereço para contato, o de Peter. Kevin, naquele momento, trabalhava em um restaurante especializado em lagostas, e desenhava quadrinhos nas horas vagas – embora já tivesse alguns trabalhos publicados em algumas revistas independentes, como a Comix Wave e a Goodies, em 1980 e 1981. Já Peter há anos batalhava para entrar no mercado dos quadrinhos, e se sustentava com ilustrações editoriais e publicitárias, vivendo, segundo alguns, o estereótipo de então do “artista faminto vivendo no terceiro andar de um pardieiro”. Ao descobrirem tantas afinidades em comum, Kevin e Peter resolveram criar quadrinhos juntos. Fundaram, desse modo, a Mirage Comics, uma editora independente que nem era uma editora – era apenas a sala de estar do apartamento de Kevin, e desse modo, o nome Mirage (miragem) era adequado naquela situação. Quando eles criaram as Tartarugas Ninja, eles já haviam forrado uma parede com cartas de recusa das editoras às quais eles mandavam trabalhos.
Foi numa noite de 1983 que eles tiveram a idéia, após um dia exaustivo de trabalho, sem nada para fazer e depois de algumas cervejas. Kevin, um tanto bêbado, saiu com a idéia de rabiscar num pedaço de papel uma ilustração de uma tartaruga segurando uns nunchakus (aquelas armas ninja, os dois pedaços de pau unidos com uma corrente), e passou a folha para Peter, mais bêbado que ele. Este devolveu o papel com uma versão melhorada do desenho de Peter; em seguida, Kevin resolveu desenhar um quarteto de tartarugas, e Peter, além de artefinalizar o desenho, devolveu o papel com um título de acréscimo: “Tartarugas Adolescentes Mutantes Ninja”. O que era para ser uma piada que ambos faziam um para o outro se tornou uma grande idéia em pouco tempo.
Após uma grande sessão de risadas, os dois resolveram desenvolver a idéia. Estabeleceram um quarteto de tartarugas ninja, ao invés de apenas uma; deram a elas, como mestre um rato também mutante; escreveram uma história de origem, parodiando os dois maiores sucessos das HQ “adultas” do momento, o Demolidor e o Ronin, ambos de Frank Miller, e outros heróis “sérios e durões” daquele tempo; e ainda desenharam-na a quatro mãos. Como Kevin e Peter tinham um estilo de desenho parecido, algumas páginas eram desenhadas por um e artefinalizadas por outro, e vice-versa.
Diante de mais recusas das editoras às quais eles mandaram essa estranha idéia, Kevin e Peter resolveram lançar o gibi de forma independente. Aproveitando um cheque de 500 dólares que Kevin recebera da devolução do imposto de renda, mais 700 dólares emprestados de um tio de Kevin, os dois resolveram imprimir o gibi de 40 páginas, em preto e branco, em uma gráfica que produzia um encarte com a programação da TV local. Por um engano na encomenda, o gibi saiu em formato magazine (o tamanho do tal encarte de TV), ao invés do tradicional formato americano das HQ estadunidenses. E, com o restante do dinheiro, pagaram um anúncio de página inteira em uma popular publicação informativa de HQ, o Comic Buyer’s Guide.
O gibi foi impresso em 1º de abril de 1984 (pouco mais de três meses antes do meu nascimento, 10 de julho de 1984!), e a tiragem inicial foi de 3000 exemplares. Os esquisitos personagens, por alguma razão, cativaram os distribuidores e a seguir os leitores: vários distribuidores se ofereceram para revender o gibi nas gibiterias (a idéia inicial era vender as revistas pelo correio ou de mão em mão), e a primeira tiragem, lançada em 5 de maio numa convenção de quadrinhos em Portsmouth, New Hampshire, esgotou rapidamente. A segunda tiragem, de 15 mil cópias, esgotou também, bem como a terceira, de 35 mil. Esse lançamento pegou os Estados Unidos de surpresa!
A revista, bem como a Mirage Studios, ganharam, ainda em 1984, matérias em diversos jornais impressos e noticiários de rádio. A popularidade dos quadrinhos crescia à medida em que mais números saíam e mais personagens eram acrescentados. Mas foi em 1987 que o sucesso se tornou planetário: com o auxílio do agente Mark Freedman, a Mirage Studios fechou um contrato com uma pequena empresa de animação, a Murakami, Wolf, Swenson Inc., para a produção de uma série animada das Tartarugas Ninja. É essa série que se tornou clássica, apesar de ter amenizado o tom pesado dos quadrinhos para o público infantil. As diferenças entre a HQ e o desenho animado são aparentes – veja adiante. Mas o sucesso dos personagens foi estrondoso. O desenho da Murakami, Wolf, Swenson Inc. durou 10 temporadas, de 1987 a 1996, totalizando 194 episódios. Ao mesmo tempo, a companhia Konami começou a produzir os célebres videogames das Tartarugas. E o merchandising veio com tudo, com os personagens estampando os mais diversos produtos. Aliás, o desenho animado veio para que fossem produzidos os bonecos dos personagens, pela empresa Playmates Toys Inc., que então estava iniciando no ramo das figuras de ação.
Em 1990, foi produzido o primeiro filme das Tartarugas Ninja, em live action (com atores). As tartarugas dos filmes são bonecos animatrônicos, criados pela companhia de Jim Henson (criador do Muppet Show). E esse filme, grande sucesso de bilheteria, teve duas continuações, em 1991 e 1993 – o terceiro filme teve uma bilheteria, digamos assim, razoável. Em 2007, saiu um quarto filme, em computação gráfica. Notícias recentes falavam em um quinto filme das Tartarugas, cujo projeto foi muito criticado porque o filme propunha mudar a origem dos personagens. Se vai sair, agora não sei.
Em 1997 e 1998, as Tartarugas ganharam uma nova série em live action, produzida pelo estúdio Saban (o mesmo dos Power Rangers). Aliás, em um dos episódios da temporada Galáxia Perdida (se não me engano) dos Power Rangers, houve um encontro entre eles e as Tartarugas Ninja!
Em 2003, foi produzida uma nova série animada das Tartarugas. Produzida pela Fox Network e pela 4Kids Entertainment, a série durou cinco temporadas, e é mais fiel aos quadrinhos (já que a Mirage Studios, ao contrário da série anterior, participou da produção).
E uma nova série das Tartarugas chegou este ano, 2012! Produzida pela Nickelodeon, a nova série é em computação gráfica. Agora, se vai repetir o sucesso das séries anteriores, só o tempo dirá.
Com tudo isso, inútil dizer que Eastman e Laird ficaram ricos. Mas não se limitaram ao sucesso dos personagens. Eastman, por exemplo, fundou a editora independente Tundra, em 1989, que tinha por política garantir ao quadrinhista independente o pagamento justo pela publicação de sua obra nessa editora. Após a Tundra ser vendida ao lendário editor Denis Kitchen, Eastman comprou, em 1991, a popular revista de quadrinhos de ficção Heavy Metal, e ajudou a reerguer essa publicação, que então atravessava um período de desgaste. Também ajudou essa publicação o fato de Eastman, antes de tudo, ser um leitor de quadrinhos, e saber o que o público quer – dois dos ídolos quadrinhísticos de Eastman, Richard Corben e Vaughn Bodé, também publicavam para a Heavy Metal nos anos 70. Até onde sei, Eastman ainda dirige a publicação.
OS PERSONAGENS
Talvez o segredo do sucesso das Tartarugas Ninja tenha sido a combinação de uma idéia maluca com uma boa estratégia de marketing. Ou foi mais a segunda razão, né. Mas o certo é que as Tartarugas Ninja ainda cativam pelo conceito: afinal, a tartaruga, um dos seres mais baixos da natureza, atuando como ninja?! Ainda mais com o casco atrapalhando seus movimentos?
Atualmente, poucos são os que nunca ouviram falar de Leonardo, Rafael, Michelangelo e Donatelo, as quatro tartarugas. O charme maior dos personagens também são os seus nomes, tirados de artistas do Renascimento Artístico, substituindo o senso comum, de usar nomes tipicamente orientais. Outra característica que contraria esse senso é o fato de os trajes das tartarugas se diferenciarem do tradicional estereótipo do ninja vestido de preto da cabeça aos pés.
E todos sabem também que as Tartarugas, antropomórficas por terem sido, na infância, atingidos por um estranho produto químico, vivem nos esgotos de Nova York, foram – e ainda são – treinados por Splinter, um velho e sábio rato, também mutante, e possuem características distintivas entre si. O líder do grupo é Leonardo, sensato mas também severo quando é preciso ser, e cujas armas são duas katanas (espadas longas); Rafael, armado com duas sais (aquelas adagas com três pontas) é o mais rebelde e agressivo; Michelangelo, armado com as nunchakus, é o mais brincalhão da trupe; e Donatelo, cuja arma é um bastão longo, é o gênio do grupo, mais entendido em equipamentos elétricos e mecânicos. Por serem tartarugas mutantes e também ninjas, eles precisam se esconder da humanidade nos esgotos – embora estejam do lado “do bem”, eles dificilmente seriam bem compreendidos pela humanidade. Apesar da cara de poucos amigos, as tartarugas também sabem enxergar o lado bom da vida, e estão sempre dispostas a ajudar. Quem vê as tartarugas adolescentes mutantes, a princípio, acha que são pessoas fantasiadas; mas essa opinião muda quando elas começam a lutar – e os cascos nem atrapalham!
Segundo os quadrinhos, a origem das tartarugas, relatada logo na primeira aventura, é a seguinte: tudo começa no Japão, quando Splinter ainda era um simples rato de estimação de um ninja chamado Hamato Yoshi, que pertencia a um clã de ninjas assassinos chamado Clã do Pé. Mas, um dia, Yoshi, durante uma briga para salvar sua amada, Tang Shen, de ser agredida, acaba matando o rival, Oroku Nagi, membro do mesmo clã. Tendo se desonrado diante do rígido código ninja, Yoshi resolve fugir para a América junto com Tang Shen, levando Splinter com ele – e em Nova York funda uma escola de artes marciais.
Enquanto isso, o Clã do Pé resolve treinar o irmão de Nagi, Saki, que deseja vingança contra Yoshi. Após superar seus mestres, Oroku Saki é escolhido para dirigir uma divisão do Clã do Pé nos Estados Unidos. Oroku Saki acaba se transformando no assassino conhecido como Shredder (Destruidor), com a armadura característica. E, ao localizar Yoshi, o mata junto com Tang Shen. Splinter escapa, e passa a viver no becos de Nova York.
É aqui que a origem das Tartarugas é ligada ao do herói Demolidor, da Marvel Comics: um dia, um jovem impede que um velho seja atropelado por um caminhão, e desse caminhão cai um tubo de produtos químicos que cai em seus olhos – esse jovem seria Matt Murdock, o alter-ego do Demolidor, de quem Eastman e Laird era fãs. Mas foram além: esse mesmo tubo, quicando na rua, atinge um aquário, carregado por um garoto que passava naquele instante, onde estavam quatro pequenas tartarugas. Estas caem dentro de um esgoto, e salvas por Splinter. O tubo de produtos químicos arrebenta, e os cinco personagens são impregnados pela substância nele contida. Splinter e as tartarugas ganham inteligência, tamanho de um ser humano e a habilidade de se locomover sobre duas patas e usar os braços, bem como falar como seres humanos. Splinter, que havia aprendido as habilidades ninja observando Hamato Yoshi em seu dojo, resolve treinar as quatro tartarugas por treze anos. Retirou seus nomes de um livro sobre arte renascentista catado dos esgotos, e montam uma toca em um dos bueiros, com biblioteca, sala de treinamentos e até uma televisão.
Treze anos depois, Splinter revela aos seus pupilos a missão para o qual foram treinados: eles devem vingar a morte de Hamato Yoshi, destruindo o Destruidor. E, logo na primeira aventura, eles (aparentemente) tem sucesso, após uma luta duríssima contra Oroku Saki, vulgo Destruidor, e os ninjas do Clã do Pé.
É na segunda aventura das tartarugas que entra em cena a primeira grande aliada humana das tartarugas, April O’Neill. A garota era ajudante de um cientista chamado Baxter Stockman, que desenvolvera os mousers, pequenos robôs destinados a caçar ratos. Porém, Stockman enlouquece, e começa a usar os mousers para cometer atentados terroristas. E com os robôs de dentes afiados, ele ameaça a própria assistente, que, fugindo desesperada pelos esgotos, acaba encontrando Splinter e as Tartarugas. Após resolverem o problema dos mousers, numa aventura tensa e arrepiante, April e as tartarugas tornam-se aliados. A garota vai ter muita importância nas aventuras posteriores.
Pouco depois, entra em cena o segundo aliado humano das tartarugas. Enquanto esfriava a cabeça durante um de seus acessos de raiva, Rafael conhece Casey Jones, um maluco que atua como justiceiro mascarado, perseguindo e tentando matar bandidos nas ruas da cidade. Casey, que usa como armas tacos de hóquei, golfe, beisebol ou qualquer coisa que tenha cabo, se torna outro grande aliado das tartarugas.
Bão. Nos quadrinhos, é assim. Além disso, as tartarugas tem cara de poucos amigos, e só dá para diferenciá-las através das armas que carregam na mão ou por suas atitudes. E sem contar que elas também matam! Elas, que já chegaram a viver aventuras em outros planetas, às vezes travam lutas mortais com seus inimigos. Felizmente, a violência usada por Eastman e Laird nas primeiras histórias não é tão explícita.
Já nos desenhos animados, a história é outra. O tom foi amenizado para o público infantil, foi ressaltado mais o humor e leves, mas significativas, mudanças foram feitas. Foi nos desenhos animados da Murakami, Wolf, Swenson Inc. que foi estabelecido o gosto das tartarugas por pizza, as cores distintivas de cada uma em suas máscaras, caneleiras e joelheiras (Leonardo usa azul; Rafael, vermelho; Michelangelo laranja e Donatelo roxo), bem como as fivelas, em seus cintos, com as iniciais de cada um, as pupilas dos olhos aparecendo sob as máscaras (bem como um visual mais “fofo” e simpático) e uma personalidade mais “cuca-fresca”; que April O’Neill se tornou repórter, tendo como marca registrada o macacão amarelo; e que o Destruidor se tornou inimigo freqüente das tartarugas, mas comandado por um estranho alienígena chamado Krang, um cérebro que dirige uma roupa humanóide bizarra e que tenta dominar o mundo de dentro de uma nave-tanque redonda como a nave do Astronauta, da Turma da Mônica. Além disso, o Destruidor é assessorado por dois outros mutantes, o rinoceronte skinhead Bebop e o javali punk Rocksteady (ou é o contrário: o rinoceronte é o Rocksteady e o javali é o Bebop? Nunca lembro direito). Sem falar que a origem das tartarugas foi levemente mudada: Splinter é o próprio Hamato Yoshi, que foi transformado em rato com a ação dos tais produtos químicos. Ah, eu ia esquecendo: foi também no desenho animado que apareceu o célebre grito de guerra das tartarugas: “Cowabunga!”. Foi a série de animação que acabou servindo de base para os três primeiros filmes de live-action.
Mas foi a série da Saban quem desceu mais baixo, ao introduzir uma quinta tartaruga ao grupo: uma fêmea, chamada Vênus de Milo, que havia sido criada na China e que, por ordem de seu mestre, migrou para a América, onde passou a viver com os quatro “rapazes”. Essa foi uma das razões, infelizmente, que fez a série da Saban ser abominada pelos fãs. Não se pode acertar sempre, certo?
Independente de qual mídia tem mais razão, o certo é que com as Tartarugas Ninja a diversão é garantida.
OS QUADRINHOS
Os quadrinhos originais das Tartarugas Ninja, produzidos por Eastman e Laird, já foram publicados no Brasil anteriormente. As primeiras aventuras já haviam saído em um álbum colorido, pela editora Nova Sampa, em 1987. Mas a edição que serve de base para esta postagem foi publicada pela editora Devir, em 2007, no embalo do quarto filme das Tartarugas. Um álbum de 264 páginas, reunindo as sete primeiras aventuras produzidas por Eastman e Laird. Na verdade são seis aventuras e um especial solo com o Rafael – é nesse especial que Rafael conhece Casey Jones. O álbum da Devir tem introdução do editor Leandro Luigi Del Manto, na qual é contada a história as tartarugas – foi uma das fontes para este post.
Bão. Pela leitura do álbum, podemos ver as diferenças gritantes entre a HQ e o desenho animado. Sem falar que a arte de Eastman e Laird é outro ponto diferencial: incrivelmente detalhada, mas desajeitada em alguns lugares (alguns fãs chamam esses desenhos de “garranchos sujos e violentos”), enchendo os espaços com tantos detalhes que exigem do leitor uma visão apurada para captar cada detalhe. As páginas se alternando entre páginas com vários quadros, poucos quadros, quadros de página inteira e ilustrações de página dupla, no sistema de quadrinização dinâmica que começou a se popularizar nos quadrinhos americanos nos anos 80, com influência dos mangás japoneses. E também um pouco suja, cheia de retículas carregadas, cinzas e preto que cobrem alguns detalhes dos desenhos. Os roteiros, entretanto, são bem conduzidos, divertidos acima de tudo, com momentos de suspense, e as sequências de luta são bem trabalhadas. Embora em alguns quadros faltem as linhas de movimento, dando um efeito estático às cenas de ação, como se fossem fotografias.
Podem notar, quem ler: em nenhum momento do álbum, as Tartarugas consomem pizza ou gritam “Cowabunga!”. O Destruidor é (aparentemente) detonado na primeira aventura, após uma luta mortal. April ainda é a ajudante do cientista louco Stockman. O ponto alto é a segunda aventura, onde a tensão é constante enquanto as tartarugas tentam parar os mousers, depois de nocautearem Stockman (Leonardo, Rafael e Michelangelo enfrentando os robozinhos nos túneis, enquanto April e Donatelo tentam desligá-los através dos computadores), e eles só conseguem salvar o dia na última página.
Porém, as coisas vão de mal a pior em instantes: na terceira aventura do álbum, ao voltarem para casa, as Tartarugas descobrem que Splinter desapareceu durante o ataque dos mousers. A luta das Tartarugas passa a ser, com a ajuda de April, tentar encontrar o mestre. Frise-se também: no álbum, o visual de April muda – a todo, são três looks diferentes. E a terceira aventura também é legal porque as tartarugas vão se refugiar no prédio onde April mora; mas antes, precisam escapar da polícia numa emocionante perseguição de carros, April dirigindo uma Kombi. Nessa aventura, no epílogo, também são introduzidos os integrantes de uma estranha raça alienígena, “cérebros” que se locomovem através de corpos robóticos humanóides – esses alienígenas certamente inspiraram o personagem Krang dos desenhos, muito embora seus objetivos sejam diferentes dos do vilão. E esses alienígenas estão escondidos em um edifício incógnito de Nova York, a estranha empresa T. C. R. I.. Essa sigla também aparece no tubo do produto químico que deu origem às tartarugas. Esses alienígenas encontram e localizam o moribundo Splinter, que levou a pior durante uma luta com os mousers.
No interlúdio, entre a terceira e quarta aventuras, está encaixado o especial Eu e Eu Mesmo, a aventura onde Rafael conhece Casey Jones. Mas este não tem participação ativa nos episódios seguintes.
As tartarugas encontram o laboratório da T. C. R. I. na quarta aventura, após um novo combate com os membros sobreviventes do Clã do Pé. Na tentativa de salvar o Mestre Splinter, que está aprisionado no tal laboratório, as tartarugas caem numa armadilha e vão parar em outro planeta.
Na quinta aventura, as tartarugas vivem uma aventura, no distante planeta urbano D’Hoonib, ao lado do Fugitóide, um personagem criado por Eastman e Laird antes da criação das tartarugas. O Fugitóide é um robô na qual foi incorporada, acidentalmente, a mente de um cientista aposentado; e esse robô, cujo nome verdadeiro é Honeycutt, agora está sendo perseguido por uma federação que quer o segredo de um aparelho que está na mente do robô. As tartarugas, numa tentativa de retornar à Terra, unem-se e tentam proteger Honeycutt, mas não impedem que ele seja capturado por uma raça de alienígenas, os Triceratons, que também querem o segredo guardado com Honeycutt. Os Triceratons, dinossauros tricerátopes antropomorfizados (os tricerátopes são outra paixão de Laird), ainda obrigam as tartarugas a se submeterem a uma arena de gladiadores na tentativa de salvar Honeycutt.
E, infelizmente, é nesse ponto que para o álbum da Devir. E ainda não há notícias de que a editora vá lançar um segundo volume com a continuação da aventura.
Um anúncio recente foi feito: a editora Panini vai lançar uma revista em quadrinhos das Tartarugas! Porém, são aventuras inéditas, produzidas no início do século XXI, e os quatro primeiros números serão centrados, cada número, em cada uma das tartarugas.
Mas é esperar pra ver o que vai acontecer – agora com a nova série animada das Tartarugas chegando à TV. Fiquemos ligados! E na torcida que possamos conhecer o restante das primeiras aventuras produzidas por Eastman e Laird.
É isso aí.
Para encerrar, uma ilustração minha da tartaruga Rafael. Ou melhor... na verdade, é uma caricatura minha, trajada como a tartaruga xará minha. Não creio que tenha ficado bom, ainda mais pintado de verde... buá!
Cowabunga, pessoal!
Até mais!
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