Olá.
O
mês de novembro – ao menos para mim, que escrevo – foi um tanto insípido. O mês
inteiro, quase, sem disposição para escrever, ou mesmo para desenhar.
Disposição que finalmente volta, aos poucos. Não queria terminar novembro sem
ter dado alguma satisfação a meus 17 leitores, que podem ter notado meu
sumiço...
E
espero que esses 17 leitores sejam leitores e apreciadores de quadrinhos, e
também de Graphic MSP, porque é disso que vou falar hoje: do mais recente
lançamento do selo de narrativas maduras da Maurício de Sousa Produções.
Eis,
então, LOUCO – FUGA. De projeto tido como duvidoso, para uma das maiores
candidatas a obra-prima da série.
Seria
meio dispendioso relembrar detalhes já conhecidos sobre a série Graphic MSP,
mas pensando em um pretenso 18º leitor que esteja chegando agora...
Bem.
A série Graphic MSP é uma série de álbuns, editados por Sidney Gusman (também
editor do site Universo HQ), e publicados pela editora Panini Comics (atual
casa publicadora da Maurício de Sousa Produções), cuja proposta é reinterpretar
os clássicos personagens criados por Maurício de Sousa através do traço de
novos talentos das HQ nacionais. Para o bem e para o mal, a série Graphic MSP
está limpando a barra das HQ nacionais, tão malvistas, servindo de parâmetro
para a atual produção nacional de HQs e aumentando a fama de autores que já
tinham alguma consagração antes de serem convidados por Maurício e Gusman para
interpretar um personagem à sua maneira.
Contando
com o mais recente álbum, já foram dez álbuns publicados. Começou em outubro de
2012, com Astronauta – Magnetar, de
Danilo Beyruth e Cris Peter, inaugurando a primeira leva de álbuns; depois, em
maio de 2013, Turma da Mônica – Laços, dos
irmãos Vítor e Lu Cafaggi; em agosto de 2013, Chico Bento – Pavor Espaciar, de Gustavo Duarte; e, encerrando a
primeira leva, Piteco – Ingá, de
Shiko, em novembro de 2013. A segunda leva de álbuns, estimulada pelo sucesso
da primeira, começou com Bidu – Caminhos,
de Eduardo Damasceno e Luís Felipe Garrocho, em agosto de 2014; depois,
Beyruth e Peter repetiram a dose em Astronauta – Singularidade, em dezembro de 2014; em seguida, Penadinho – Vida, de Paulo Crumbim e Cristina Eiko, em maio de
2015; Turma da Mônica – Lições, de
julho de 2015, é a nova dose dos irmãos Cafaggi; e, finalmente, Turma da Mata – Muralha, de Artur
Fujita, Roger Cruz e Davi Calil, em setembro de 2015.
Agora,
em novembro de 2015, saiu LOUCO – FUGA. O lançamento oficial foi no Festival
Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte, MG (FIQ), em novembro último.
E
foi na FIQ que saíram novidades sobre os álbuns que virão. Foi anunciado: o
álbum do Papa-Capim, por Marcela
Godoy e Renato Guedes, que faria parte dessa segunda leva, inicialmente, e que
agora fará parte da terceira leva, será lançado em março de 2016! Pelo menos,
uma pergunta que fazíamos foi respondida! E tem mais: Bidu vai ganhar um segundo volume, pelos mesmos Damasceno e
Garrocho; e Astronauta também vai
ganhar um terceiro volume, pelos mesmos Beyruth e Peter! A novidade ficará por
conta de um novo álbum da Mônica, por...
Bianca Pinheiro, nacionalmente conhecida pela série Bear! E é bem provável que outros personagens de Maurício sejam
incluídos de “penetra”, assim como foi com este álbum do Louco...
O
POETA
O
autor de LOUCO – FUGA é o ilustrador Rogério Coelho. E este álbum é sua
primeira HQ longa. Quer dizer: HQ no sentido explícito, com balões,
quadrinhos...
Fora
algumas HQ curtas em antologias, como a história com que participou do álbum MSP Novos 50, e uma participação na
coletânea de ilustrações Mônica(s), de
2014, Rogério Coelho limitou sua produção artística às ilustrações de revistas
e livros, infantis e didáticos, pelos quais já ganhou muitos prêmios. Nascido
em São Paulo, em 1975, mora em Curitiba desde 1980, é casado e tem três filhos.
Trabalha como ilustrador desde 1997.
Ele
também já escreveu e ilustrou títulos próprios, como O Gato e a Árvore, selecionado para o Programa Nacional Biblioteca
na Escola (PNBE), e O Barco dos Sonhos, ambos
pela editora Positivo. Estes livros são praticamente HQs sem palavras, já que
suas páginas ilustradas compõem narrativas sequenciais. LOUCO – FUGA pode ser
considerado seu primeiro álbum de HQ propriamente dita.
Conheçam
mais trabalhos de Rogério Coelho no blog pessoal dele: http://rogeriocoelhoilustrador.blogspot.com.br/.
Bem,
isso é o básico por enquanto para saber sobre o autor. E esperamos que, depois
desse, venham outros álbuns de HQ desse artista, cuja arte é uma das mais excepcionais
já vistas.
O
MALUCO
Quando
um álbum do Louco foi anunciado, em setembro de 2014, houve algum ceticismo.
Afinal, tratava-se de um autor que não tinha grandes referências no mundo das
HQ – diferente de todos os outros autores, que tinham pelo menos dois gibis ou
álbuns de HQ publicados antes de serem convidados para a série Graphic MSP. E
tratava-se de um personagem, digamos assim, secundário do universo da Turma da
Mônica.
A
estreia do Louco nos quadrinhos foi em 1973. Dos protagonistas da série Graphic
MSP até o momento, foi o único que não estreou nas tiras de jornal. Sua estreia
foi na primeira edição da revista Cebolinha,
da editora Abril, numa história, apropriadamente, chamada Uma História Muito Louca. E, logo na
estreia, o Louco interage com sua vítima favorita, o Cebolinha.
Louco
foi criado por Márcio Araújo, irmão de Maurício de Sousa e na época roteirista
do Estúdio, e seu visual foi inspirado no do desenhista Sidney Lozano Salustre,
que também trabalhava nos Estúdios Maurício de Sousa.
Bem,
a aparência do Louco mudou pouco desde sua estreia: cabelos loiros e
arrepiados, camiseta vermelha, calça rosa e sapatos marrons. Mas sua
personalidade é praticamente a mesma: é um louco. Um personagem de ações
imprevisíveis e ilógicas, sem sentido, que mudam a todo instante. De acordo com
o autor das histórias onde aparece, o Louco pode agir tanto como um simples
chato, que apenas enche a paciência de seu interlocutor com sua interpretação
literal das palavras do interlocutor, como alguém que é capaz de distorcer a
realidade ao seu redor, fazer expressões populares se comportarem ao pé da
letra, etc. Os grandes sustentáculos das histórias do Louco são o nonsense e a
metalinguagem dos quadrinhos. O Louco brinca com os elementos das HQ como
poucos, pondo em dúvida, às vezes, se o personagem é humano, se ele existe na
realidade dos personagens ou se ele é fruto da imaginação do Cebolinha.
Como
já dito antes, a vítima favorita das loucuras do Louco é o Cebolinha. Em
algumas das primeiras histórias, a impressão inicial é que apenas o Cebolinha
conseguia ver o Louco, já que o cara aprontava só na presença dele, mas sumia
quando algum outro personagem entrava em cena; mas, logo depois, o personagem
passou a interagir com outros personagens da turminha. Desse modo, a Mônica é a
segunda vítima preferencial do Louco – que, aliás, como um bom louco, nega a
própria loucura (toda vez que alguém diz “É o Louco!”, ele começa falando: “Um
louco?! Onde?!”, como se não fosse com ele).
Outro
ponto polêmico é seu nome verdadeiro. Em algumas histórias, o Louco é chamado
de Louco Doidivanas da Silva; foi em uma edição do gibi Parque da Mônica que foi revelado que seu verdadeiro nome é Licurgo
Orival Umbelino Cafiaspirino de Oliveira – um acróstico (frase ou nome formada
a partir das iniciais de uma palavra) da palavra “louco”.
Ao
lado de Cebolinha e Mônica, o Louco viveu aventuras divertidas e desprovidas de
sentido, bem ao seu estilo de vida. Uma das mais memoráveis só foi publicada em
gibi muito depois de aparecer em outra mídia curiosa: a história Uma Loucura de Chicle foi lançada como
uma série de figurinhas colecionáveis nos chicletes da companhia alimentícia
Sonric’s, em 1994.
O
Louco nunca ganhou gibi próprio, mas já ganhou almanaques com melhores
histórias e algumas edições especiais pelas editoras Globo e Panini (que
sucederam a Abril na publicação dos gibis da Turma da Mônica). Já apareceu nos
desenhos animados da Turma da Mônica, naturalmente. Em Turma da Mônica Jovem, versão adolescente do universo da Turma da
Mônica, o Louco se tornou um professor.
E
isso é tudo. Porque o que vamos falar a seguir pode exigir da cabeça dos
leitores.
A
POESIA
LOUCO
– FUGA é, digamos assim, o álbum mais “difícil” da série Graphic MSP. Porque
trata, de forma complexa, de temas complexos. Já explico. Ou tentarei, pelo
menos.
O
álbum começou de forma descompromissada: foi o próprio Coelho quem, na lata,
propôs o projeto a Sidney Gusman, que, após ser contatado pelo ilustrador,
submeteu alguns desenhos iniciais do autor a Maurício de Sousa, que prontamente
aprovou o projeto. Isso foi ainda em 2013. Isso quem conta é o próprio
Maurício, na introdução do presente álbum.
E
Rogério Coelho não trabalhou sozinho: ele teve a assistência, nas cores, de
Francis Ortolan, que fez as cores de base; o roteiro, desenhos iniciais e
acabamento nas cores são de Coelho. Bem, é mais ou menos o caso de Cris Peter
nos álbuns do Astronauta de Danilo
Beyruth, e de Priscila Tramontano e Paula Markiewicz nos álbuns da Turma da Mônica dos irmãos Cafaggi:
Ortolan não recebe, ao menos agora, créditos oficiais (seu nome aparece nos
créditos internos, não na capa).
Na
parte dos desenhos, Coelho e Ortolan criam um universo impactante, fortemente
estilizado e muito detalhado, onde o claro e o escuro, as linhas retas e as
linhas curvas, a luz e as sombras, convivem em um mesmo universo. Os
personagens possuem um forte estilizado, traços finos e retos, como se tivessem
sido montados e fotografados a partir de colagens de origami, metal e papel
metalizado picado ao invés de desenhados e pintados; e os cenários são
fortemente influenciados pelo estilo art-nouveau
e rococó, uma variação do barroco. Na parte das cores, chega a ser difícil
acreditar que a pintura é digital; sim, parece que as páginas foram pintadas a
mão. Em alguns momentos, dá para notar a presença de manchas, como respingos de
água em cima de uma aquarela. No mais, as cores garantem o efeito
tridimensional aos desenhos, apresentados quase todos em páginas duplas.
O
roteiro é que é a parte mais difícil de explicar. Isso porque Coelho cria uma
verdadeira história de sonho, de nonsense total, praticamente captando o
pensamento caótico do personagem, retratado como alguém que, á sua maneira, é
capaz de distorcer a realidade. A metalinguagem das HQ se faz mais forte em
LOUCO – FUGA que em outros álbuns, mais até que em Bidu – Caminhos. A proposta de Coelho foi criar, com LOUCO – FUGA,
uma ode à liberdade de criação e ao universo infantil traduzido em imagens e
palavras, enfim, à tradução do velho adágio “de poeta e louco todo mundo tem um
pouco”. Por isso, o álbum não é para iniciantes: é para iniciados em quadrinhos
poéticos e ao universo das ilustrações de livros infantis. A liberdade de
criação é uma necessidade humana que não pode ser tolhida – principalmente nos
quadrinhos. E é isso que, infelizmente, até eu estou constatando: existe gente,
na internet mesmo, querendo inibir a liberdade de criação dos quadrinhos, em
nome de uma suposta ideia de bom gosto baseada nas HQ produzidas até os anos
1970 – onde as limitações de criação eram maiores, até a ascensão do ideário
trazido pelas HQ underground nos anos 1960.
O
enredo básico de LOUCO – FUGA é o seguinte: a constante corrida do personagem
título através das histórias para escapar dos Guardiões do Silêncio e libertar
um pássaro.
Ao
contrário dos outros álbuns da série Graphic MSP, LOUCO – FUGA não se preocupa
em ao menos tentar dizer de onde o personagem veio, nem para onde vai: o Louco
simplesmente existe, vive sua existência, com sua capacidade de distorcer a
realidade como desejar – a sua realidade, a que se descortina diante de seus
olhos, e nos convidando a enxergar essa mesma realidade pelos olhos dele. Detalhe:
a história é narrada em primeira pessoa pelo próprio Louco, que, no álbum de
Coelho, parece muito mais lúcido que nos gibis de linha. Mais um poeta sonhador
do que um louco careteiro, que estamos acostumados a ver nos gibis.
Talvez
o grande diferencial com relação às HQ de linha onde ele participa seja a
tentativa de imaginar a sua infância: por conta do recurso do flashback, ora
podemos vislumbrar o Louco como adulto, ora como um menino. E é tanto como um
menino, que descobre os poderes do pássaro, como o adulto que os redescobre,
que o Louco se envolve em aventuras através dos sonhos e das histórias, com o
intuito de libertar esse pássaro.
Não
se trata de um pássaro qualquer: é um pássaro muito especial, com um canto
poderoso. Esse pássaro é mais que um pássaro: é o símbolo da liberdade de
criação. O pássaro cujo canto, o mais belo do mundo, inspira as histórias, a
criatividade, a poesia, as invenções. O pássaro que foi criado por um escritor,
que também criou os vilões da narrativa.
E,
insistindo em aprisionar esse pássaro, estão os tais vilões, os Guardiões do
Silêncio, o grande símbolo das limitações para a criatividade: os obstáculos
impostos por outros, as críticas negativas, a apatia dos autores de histórias,
que, desestimulados, não conseguem mais contar as histórias que criaram. Os
Guardiões do Silêncio tem a aparência de robôs, de olhos luminosos, com uma
grande fechadura no peito, e cujas armas assemelham-se a chaves. E eles são
acompanhados, em suas aparições, de bandos de corvos metálicos. Para eles, é
importante que o pássaro fique preso, pois seu canto pode destruí-los.
Tudo
em LOUCO – FUGA é metáfora, que confunde-se com a realidade, para tentar
explicar as ideias de Coelho.
Ainda
menino, Licurgo Orival Umbelino Cafiaspirino de Oliveira viu o pássaro
capturado, pedindo ajuda com o olhar; e o Louco assumiu, portanto, a missão de
libertar o pássaro. Invadir o lúgubre e metálico esconderijo dos Guardiões do
Silêncio. Produzir cópias de si mesmo para distrair os guardas e seus corvos, e
assim chegar até onde o pássaro está aprisionado, guiado por seu canto. Escalar
uma montanha de gaiolas para libertar o pássaro. Segui-lo, e vislumbrar todas
as possibilidades trazidas pelas histórias. A partir das histórias, ser o que
quiser. E, com esse poder, voltar ao resgate do pássaro, tão logo os Guardiões
do Silêncio o aprisionem de novo. Mas será que tudo o que ele foi capaz de
fazer da primeira vez, dará certo na segunda vez? Ou será que a vitória desta
vez será dos Guardiões do Silêncio? A menos que o pássaro resolva ajudar, como
ajudou uma vez...
Nessa
aventura, o Louco, atravessando as histórias em busca do pássaro, interage com
Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali, ora como um mágico em um circo, ora como um
contador de histórias, ora como ele mesmo, convidando as crianças a ver a
realidade através de seu olhar. Em outro momento, ele age como um herói, e aqui
ele interage com o cachorrinho Bidu, salvando-o de cães ferozes, distorcendo a
realidade e fazendo a pintura de um muro grafitado ganhar vida e levar o
cãozinho de volta para casa. Nessa aventura, o Louco ensina, mas também
aprende: para salvar o pássaro, ele precisa entender o sentido da existência
dos vilões, qual a importância dos mesmos para a existência dos heróis.
COMO
UM GUARDIÃO DO SILÊNCIO...
A
presença da Turma da Mônica acaba ressaltando a importância do lúdico e do
olhar infantil, tanto no universo do Louco quanto nas ilustrações de Coelho,
ora o enxergando como um simples homem excêntrico (só ele consegue enxergar a
ameaça dos Guardiões do Silêncio), até conseguir compreender o seu ponto de
vista do mundo. As crianças são as que mais se equiparam ao Louco, por isso,
fora o Louco e os Guardiões do Silêncio, não há mais nenhum adulto na narrativa
do álbum. Por isso, a Turma da Mônica acaba ganhando um traço fortemente
estilizado, lembrando personagens feitos para um desenho animado em stop motion (bonecos de “massinha”)
estilo Tim Burton. Pensando bem, LOUCO – FUGA não seria bem um álbum de
quadrinhos, mas um grande storyboard (roteiro
desenhado) para uma animação em stop
motion. Dá até para imaginar uma trilha sonora, com caixinhas de música,
realejos, órgãos emitindo marchas circenses e, naturalmente, cantos de pássaros
e sons metálicos.
Coelho
não se limita, também, ao próprio traço: em alguns momentos, ele emula os
traços de Maurício de Sousa, em todas as fases de criação do universo da Turma
da Mônica, e também dos colegas do selo Graphic MSP. Afinal, todas essas
possibilidades presentes no universo de Maurício de Sousa fazem parte das
visões de mundo do Louco. São universos que há décadas encantam os brasileiros.
O pássaro trouxe mais possibilidades para a expansão do universo legitimamente
brasileiro de Maurício de Sousa.
A
metalinguagem das HQ também é uma constante. Coelho brinca com os saltos do
Louco entre quadros; os faz com diferentes formas, redondos, quadrados,
enormes, pequenos, páginas pôster, vários quadros e movimentações sequenciais
sob um mesmo “eixo” de cenário (no caso, uma árvore)...
Por
isso que eu disse que LOUCO – FUGA não é para iniciantes. A falta de sentido e
de um roteiro “explicadinho” pode não fazer bem a leitores desacostumados a
quadrinhos “artísticos” e mais “cerebrais”. A quem, por exemplo, nunca ouviu
falar do Little Nemo de Winsor McCay nem a quem, só de birra, passa longe do
Sandman de Neil Gaiman.
Apesar
que LOUCO – FUGA é uma leitura bem rápida: os textos são bem econômicos,
espremidos em grandes espaços de ilustrações. O álbum pode ser lido todo em
menos de 30 minutos – e ainda sobra tempo para admirar os belos desenhos de
Rogério Coelho e Francis Ortolan.
E,
claro, tem os extras! As indispensáveis: introdução de Maurício de Sousa; as
páginas com os bastidores da criação do álbum; biografia do autor; e o posfácio
da quarta capa, por Alexandre Inagaki, jornalista e autor do blog Pensar Enlouquece, Pense Nisso. Oh:
falando em capa, LOUCO – FUGA traz outra inovação ao selo Graphic MSP, assim
como fizeram os irmãos Cafaggi, ao incluir ilustrações de “cenas pós-créditos”
nas páginas de bastidores de Turma da
Mônica – Lições. Desta vez, Rogério Coelho fez questão de fazer uma capa
dupla, cuja ilustração ocupa a primeira e a quarta capas.
Well.
Com tudo isso, podemos dizer: LOUCO – FUGA já é uma obra-prima. Já foi capaz de
dar uma “mexidinha” no ranking pessoal do Estúdio Rafelipe de álbuns do selo
Graphic MSP. Podem discordar deste ranking baseado em colocações pessoais, mas,
na colocação dos dez álbuns lançados até agora, ficou o seguinte:
1º -
Turma da Mônica – Lições
2º -
Louco – Fuga
3º -
Turma da Mônica – Laços
4º -
Bidu – Caminhos
5º -
Piteco – Ingá
6º -
Penadinho – Vida
7º -
Chico Bento – Pavor Espaciar
8º -
Astronauta – Magnetar
9º -
Astronauta – Singularidade
10º
- Turma da Mata – Muralha.
Sim,
isso mesmo: LOUCO – FUGA foi capaz de superar Turma da Mônica – Laços, mas ainda não teve o suficiente para
superar Lições. Talvez por ser muito
complexo?
De
todo modo, o álbum já está nas bancas: a R$ 21,90 a versão em capa cartonada e
a R$ 31,90 a versão em capa dura. Vale o investimento. Vale um assalto à
poupança.
PARA
ENCERRAR...
Ilustrações
minhas. Desta vez, fiz uso de fotografias para trazer a vocês dois exemplares
de um período surrealista que tive quando ainda estudava artes na ASVAAL –
Associação Vacariense de Atelier Livre, escola de artes da minha cidade,
Vacaria, RS. Já que falamos de loucura, de sonhos e de fantasia nonsense, estes
são meus exemplares... Ambos foram feitos entre 2001 e 2002.
O
primeiro é um quadro. Pintado a giz de cera e nanquim sobre papelão, esta
ilustração é baseada numa explicação de uma professora sobre o cubismo: “peque
um homem, desmonte-o e o remonte à sua maneira”. OK, não ficou cubista, mas foi
como entendi a explicação da professora. O quadro é importante porque, graças a
ele, ganhei menção honrosa em uma exposição de artes daqui de Vacaria, RS.
Graças a essa menção honrosa, fiz um curso de espanhol! Mas eu conto essa
história com mais detalhes depois...
O
segundo exemplar é uma figura, a lápis 6B. Uma espécie de viagem surreal – nem
eu mesmo sei explicar o que eu quis dizer com esse desenho. A qualidade da foto
deixa um pouco a desejar, bem como a do desenho em si: feito sobre uma folha de
cartolina tamanho A3, foi pescado do fundo de um armário, onde estava dobrado e
enrolado.
Bem,
agora é aguardar 2016, uma possível melhora dos ventos sociais e econômicos; se
não, para compensar, pelos próximos lançamentos do selo Graphic MSP. À espera
do álbum do Papa-Capim!
Enquanto
isso, aguardemos pelas novidades aqui no Estúdio Rafelipe – se a apatia não me
afetar novamente!
Até
mais!
2 comentários:
Muito legal! Também tenho expectativas para o álbum do Papa-Capim. E a Tina e o Horácio, será que vão entrar nessa série futuramente?
Carái, Rafael!
Essa é uma das melhores postagens!
Lúcido teus comentários sobre a loucura do Louco, cheio de informações. Também curto pacas a liberdade de criação e histórias e modos de contar histórias assim!
Parabéns pela tela premiada!... muy loca!
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