sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

MIRACLEMAN 13 - A verborragia da imprevisibilidade

Olá.
Os últimos meses, compreendendo o segundo semestre de 2015 até agora, início de 2016, tem sido confusos para os colecionadores de gibis, pois muitos títulos estão com seu ritmo de chegada às bancas muito imprevisível. Já não se sabe mais se os gibis que esperamos chegarão no dia certo, ou semanas, até mesmo meses depois. Ainda mais os gibis das editoras "maiores" do mercado brasileiro, como a Panini, a Abril e a JBC.
Falando na Panini, um dos gibis dos quais tenho falado há tempos é o do Miracleman, criação de Mick Anglo, a partir do super-herói estadunidense Capitão Marvel (por isso seu primeiro nome era Marvelman), reinventado por Alan "Escritor Original" Moore e amigos, vitimado por um jogo de empurra entre editoras e autores ávidos por suas partes nos direitos, adquirido pela Marvel Comics e publicado no Brasil pela Panini. Devido ao lapso entre edições ocorrido entre outubro e dezembro de 2015, houve alguma confusão quanto à chegada do gibi em bancas, que a editora parece estar compensando: cerca de duas semanas depois de a editora ter lançado a edição 12, já está nas bancas a edição 13. Esta aí, de baixo...


MIRACLEMAN # 13
Com data de capa de dezembro de 2015, mas lançada nas bancas entre janeiro e fevereiro de 2016.
Cada vez mais fica a sensação de que acompanhar a saga do super-herói inglês vale cada vez menos a pena: além do ritmo imprevisível nas bancas, as histórias da fase de "Escritor Original", desenhadas por John Totleben (autor também da capa acima), estão cada vez mais surrealistas, verborrágicas, pecando pela prolixidade dos textos e, por isso, contra-indicado para os leitores mais comuns, desacostumados à ficção científica "de alto nível" - penso, sim, no público menos, digamos assim, acostumado às letras, nesta realidade de imagens por segundo, redes sociais e frases de 140 caracteres. Na atual fase, o livro três, Olimpo, "Escritor Original" tem priorizado menos a ação, o que seria típico de uma HQ de super-herói, e mais os questionamentos filosóficos sobre a vida, o universo e as culturas alienígenas. E a republicação do material, da forma como tem sido levada pela Marvel e pela Panini, também não tem ajudado muito: de um gibi de 52 páginas (contando capa), 16 são reservadas à história principal; 23 aos bastidores da série (os esboços e artes originais dos artistas); cinco a uma HQ clássica do Marvelman de Mick Anglo; e o restante são créditos e ilustrações pin-up de colaboradores. Bão, mas ao menos temos atendido o desejo de muito tempo: poder ler as aventuras do Miracleman por "Escritor Original" em português e sem precisar recorrer a scans mal-traduzidos da internet. Well, o episódio de hoje do livro 3 se chama Hermes (Miracleman 13, da editora Eclipse Comics, novembro de 1987). Miracleman, vivendo em uma realidade utópica e surreal, continua relembrando o que aconteceu desde o nascimento da filha e a aparição de Miraclewoman, dos Qys e dos Ferreiros Cósmicos - e já deixa claro aos leitores que uma tragédia se abaterá: a morte de Asa Chorn, o Ferreiro Cósmico. Como o alien morreu, ficará para as próximas edições. Esta aqui começa quando os alienígenas Qys, metamorfos, e seus adversários em trégua temporária, os Ferreiros Cósmicos, especialistas em teleporte a velocidades absurdas, levam Miracleman e sua versão feminina, Miraclewoman, ao planeta natal dos primeiros. Os heróis são instigados a parlamentar com a criatura que comanda o planeta Qys, o "reirrainha" conhecido como Sue, sobre os últimos acontecimentos. Vamos relembrar: foi a partir de restos dos cadáveres de alienígenas Qys, que caíram na Terra, que o cientista Dr. Gargunza criou os heróis Miracleman, Miraclewoman, Jovem Miracleman, Kid Miracleman, o Miracledog e o vilão Jovem Torpe, combinando DNA humano e alienígena. É graças à capacidade Qys de mudar de forma que os heróis podem assumir a forma heróica e a civil a partir de uma palavra mágica - e essa descoberta mudou praticamente tudo o que o próprio Miracleman sabia a seu respeito, e, por consequência, anulando a origem estabelecida por Mick Anglo nos anos 1950. Como não bastasse, o híbrido masculino, Miracleman, teve, com uma humana, Liz Moran, uma filha, Winter, e o DNA alienígena pode ser o responsável pelo rápido desenvolvimento do bebê. Bem, voltando à história: a conferência entre os heróis e os Qys não termina mal graças a Miraclewoman, que apresenta sua solução para o conflito a ser estabelecido. Brevemente, visualizamos o que acontece com Jonathan Bates, o Kid Miracleman, na luta para não deixar seu alter-ego maligno vir à tona - ainda que isso implique submeter-se ao bullying dos colegas da instituição onde está internado. Quem tem dificuldades de aceitar todos os acontecimentos é Liz, sofrendo com as flutuações de humor possivelmente provocadas pela influência de Winter - e, por isso, cogita deixar temporariamente Miracleman, para esfriar a cabeça. Já está previsto o clímax da saga para a próxima edição... Mas, no mais, não é leitura que o leitor possa fazer uma só vez para entender tudo. Para intelectual, mesmo. Depois das páginas de bastidores, com os esboços e artes originais de Totleben para o presente episódio, o penúltimo episódio de Marvelman e o Grande Mistério de Gargunza (Marvelman 76, janeiro de 1955), aventura clássica do herói por Mick Anglo, para a revista semanal do Marvelman. No presente episódio de quatro páginas, o Dr. Gargunza, depois de resolver os contratempos com sua nova invenção, é traído pelo ditador da Boromânia depois de explicar o funcionamento da sua nova arma; e agora fica na dependência de que Marvelman, que já estava no seu encalço, salve sua vida. Completam o gibi ilustrações pin-up para as capas alternativas, por Sara Pichelli, Mike Perkins e Alex Ross (isso já lhes interessou, né, safados?).

O preço continua a R$ 7,50, e é bom que assim continue. Só nos resta rezar ao Grande Desenhista do Universo para que o próximo número não demore a chegar. Depende agora da boa vontade da Panini em não atrasar, ou na pior das hipóteses, suspender a publicação do Miracleman no Brasil. A Marvel, até onde sei, fez sua parte direitinho.
Para encerrar, hoje resolvi fazer uma ilustração mais psicodélica: a dos Qys, em todas, ou quase todas, as formas que os irmãos Smith assumiram na HQ, em seus encontros com o Miracleman. Isso inclui as formas humanas. E, em frente a eles, Sue, o "reirrainha". Não ficou fiel ao gibi, até reconheço, assim todo colorido e estranho, mas lembrem-se: os Qys podem assumir uma infinidade de formas, e, com Sue, não seria diferente se suas formas de tumor também não assumissem diversas conformações e/ou cores.
Botando os negócios de volta aos eixos, aos poucos, depois que terminei alguns compromissos assumidos recentemente... depois dou os detalhes.
Até mais!

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