segunda-feira, 11 de abril de 2016

MIRACLEMAN 15 - Perdendo-se em excessos de toda ordem

Olá.
Nos dias que correm, estamos cercados de crises. No Brasil, a crise política e econômica. No mundo, uma crise ambiental e algumas políticas e ideológicas em diversas partes do mundo, incluindo a humanitária, por causa dos migrantes sírios.
E, no plano ficcional, uma crise humanitária gerada por uma catástrofe monstra. Isso, ao menos, na realidade onde vive o Miracleman, o super-herói inglês nascido nos anos 1950, reinventado nos anos 1980, repousado em um limbo desde o final dos anos 1990, vitimado por processos judiciais nesses períodos mais recentes, adquirido e ressuscitado pela Marvel Comics nos anos 2010 e publicado no Brasil pela Panini Comics desde o início de 2015.
Sim, isso mesmo: a mais recente edição do gibi chegou às bancas. Sem atrasos nem imprevistos.


MIRACLEMAN # 15
Com data de fevereiro de 2016, mas chegou às bancas em abril.
A fase de Alan "Escritor Original" Moore e John Totleben à frente do título está chegando ao fim - pelo que andei me informando, a próxima edição é a última; após, se não estou enganado, inicia-se a fase de Neil Gaiman. E a presente edição enfim traz o tão esperado clímax do livro 3, Olimpo. Esta edição já está um pouco mais enxuta: das 52 páginas (contando capa) da edição, 22 são dedicadas à história principal; e mais 22 aos bastidores. O restante são ilustrações e logotipos para preencher espaço. Ou seja: este mês não tem história clássica do Marvelman de Mick Anglo. E o presente episódio, Nêmesis (Miracleman 15, novembro de 1988), não é para crianças e pessoas sensíveis (a menos que elas já tenham se "vacinado" lendo Watchmen e as HQ que vieram depois): "Escritor Original" e Totleben (responsável pela capa acima) promovem uma carnificina geral. Neste episódio, o agora ressuscitado Jonathan Bates, o Kid Miracleman, com uniforme alterado e tudo, promove a destruição de Londres, e o assassinato em massa de sua população, de forma cruel, tudo apenas para chamar Miracleman para a batalha. E pedaços de corpos humanos, junto a escombros de prédios e carros amassados, podem ser vistos por todos os lados nesta história, que podemos considerar o episódio mais sangrento da saga. Claro que o novo Panteão, liderado pelo Miracleman (que, na última edição, foi abandonado pela esposa, viu a filha ir embora para o espaço e, desde então, está se dedicando a ser um novo Deus do Planeta Terra ao lado de Miraclewoman e dos Ferreiros Cósmicos), vai enfrentá-lo, mas não será tão simples. Há algo que devemos lembrar, e que neste episódio é lembrado: na edição # 2 da nova coleção, há uma história extra mostrando Miracleman e Aza Chorn, o Ferreiro Cósmico, viajando no tempo para acumular energia suficiente para enfrentar Jonathan Bates. A batalha acaba caracterizada tanto pela violência extrema (incluindo "teleportar" pedras e barras de metal para dentro do corpo do inimigo) como pelas medidas draconianas tomadas pelo herói para resolvê-la. E o custo é alto: Aza Chorn acaba morto; Londres é destruída, pessoas morrem das formas mais cruéis que se possa visualizar em um quadrinho dos anos 1980; e a paciência do leitor acaba esgotada, pois os layouts de página tem pouco dinamismo, excesso de detalhes que atrapalham um pouco e os textos narrativos (lembre-se, é Miracleman contando a história do que aconteceu) parecem desnecessários, confirmando a verborragia do "Escritor Original". As cenas de ação valeriam mais sem a intervenção do narrador. Ainda bem que as obras posteriores do "Escritor Original" não sofrem tanto desse problema. De toda forma, o mundo de Miracleman nunca mais será o mesmo. Cara, como as HQ inglesas são complexas! E, ainda por cima, levaram essa complexidade para os Estados Unidos em tempos posteriores! As páginas de bastidores são compostas pelas artes originais e esboços de Totleben para as diversas edições. Mas também não precisava tanto, essas páginas são praticamente apenas "encheção de linguiça". Seria imposição da Marvel para aumentar a duração do gibi nas bancas? Inclui ilustração pin-up para a capa alternativa por Bill Sienkiewicz.

O preço, amigos, não foi alterado! Permanece em R$ 7,50! E isso já é uma boa notícia nessa época de instabilidades. A ruim ainda é a evidente perda da qualidade, que tornou a coleção encantadora em seu início. Pensar que este título é aclamado, e foi aguardado pelo leitor brasileiro há tempos... Bem, de todo modo, torçamos para que o Grande Desenhista do Universo nos possibilite continuar acompanhando esta saga.
Para encerrar, tem ilustração especial minha! E, hoje, afinal, sai uma ilustração do vilão Jonathan Bates. Mas resolvi desenhá-lo em três fases: como o menino que tentou há muito custo prender ser alter-ego maligno dentro de si; como o adulto, da forma como o conhecemos ainda nas primeiras edições da nova série; e em sua forma maligna final, vista na presente edição. Assim, no preto-e-branco e vermelho (a caneta esferográfica), refletindo um estado de espírito.

Queira Deus (mesmo que seja Ele o Miracleman) que os próximos dias sejam melhores para todos nós.
Até mais!

Nenhum comentário: