Olá.
Hoje,
as resenhas de livros e gibis estão finalmente retornando, depois de um longo
período. Estive ocupado com uma série de projetos e problemas pessoais e... eu
vou explicando mais tarde.
Para
hoje, escolhi falar de uma adaptação de livro clássico brasileiro para HQ da
qual eu já havia falado anteriormente – porém, desta vez, tive acesso a uma
segunda versão. E vou comparar com a primeira da qual falei.
Hoje
vou falar, de novo, de MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS, de Machado de Assis; e
a versão para HQ de hoje foi a feita por Luiz Antônio Aguiar e César Lobo.
PARA INÍCIO DE CONVERSA...
Meio
que me pondo a reescrever a resenha anterior, vou também complementar algumas
informações anteriormente dadas. Não se incomodem, por favor, pela repetição.
MEMÓRIAS
PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS, publicado pela primeira vez em 1881, é um dos romances
mais famosos de Machado de Assis (1839 – 1908). Só não digo que é o mais
famoso, porque disputa o título de obra-prima do “Bruxo do Cosme Velho” com Dom Casmurro (1899).
De
todo modo, MEMÓRIAS PÓSTUMAS é um dos livros mais celebrados do mulato,
ex-tipógrafo e co-fundador da Academia Brasileira de Letras, e exemplo maior de
sua genialidade. A forma e o conteúdo, o uso da ironia e da metalinguagem, e a
quebra dos clichês da literatura de seu tempo, já fazem daquele, que muitos
consideram o romance mais “difícil” de Machado de Assis, a obra mais celebrada
do autor. Embora não tenha sido um grande sucesso logo de saída, o tempo ajudou
o romance a se firmar nos anais da literatura nacional.
Well.
Existem três transposições do romance para as HQ disponíveis no mercado
brasileiro. A primeira é de 2004, a da Escala Educacional, por Maria Sonia
Barbosa e Sebastião Seabra – do qual já falei no blog. A segunda é de 2010,
pela série Grandes Clássicos em Graphic
Novel, da editora Desiderata, de Wellington Srbek (roteiro) e João Batista
Melado (arte); e a mais recente, de 2013, saiu pela editora Ática, série Clássicos Brasileiros em HQ, por Luiz
Antônio Aguiar e César Lobo (capa acima) – do qual vou falar agora.
OS AUTORES – VIDAS CRUZADAS...
Vamos,
primeiramente, falar dos autores da nova adaptação.
O
roteirista, Luiz Antônio Farah de Aguiar, e o artista, César Lobo, possuem
vidas que ao mesmo tempo se cruzam e seguem em paralelo. A começar, ambos
nasceram no Rio de Janeiro, em 1955. Quer dizer, Lobo esconde a sua idade, não
a revela sequer em sua biografia “oficial” divulgada na web, mas a Enciclopédia dos Quadrinhos, de Goida e
André Kleinert (L&PM, 2011), no verbete referente a Lobo, crava o ano de
1955 como o de seu nascimento. Se ele porventura estiver lendo esta resenha,
espero que não se importe – se já está até mesmo justificada. Bem, seguimos em
frente...
O ESCRITOR...
Luiz
Antônio Aguiar é carioca, nasceu em 1955 (isso, ele deixa claro), é Mestre em
Literatura Brasileira pela PUC-RJ e possui uma longa e consolidada carreira
como escritor de livros infanto-juvenis e roteirista de HQ. Sua obra
infanto-juvenil é mais numerosa que a sua produção de HQ. E podemos dizer
também que Aguiar é um grande especialista em Machado de Assis, logo não foi
por acaso que ele foi escolhido para adaptar BRÁS CUBAS para HQ, do mesmo modo
que ele fez com O Alienista.
Bem.
A carreira de Aguiar começou mesmo como roteirista de HQ, a partir de 1977,
conforme relato próprio. Ele escreveu roteiros, inicialmente, e a partir desse
ano, para os gibis do Sítio do Picapau
Amarelo, então publicados pela Rio Gráfica Editora (atual Editora Globo);
e, em 1979, foi contratado como assistente e redator da editora. A partir de
1981, começou a escrever para outras editoras: para os gibis de terror da
editora Vecchi; e para a Abril, onde roteirizou histórias para os estúdios Disney
brasileiros, para as HQ nacionais de Luluzinha e Bolinha, para o gibi dos
Trapalhões (a terceira versão dos personagens televisivos nos quadrinhos, a
infantilizada com design de César Sandoval), e para outros gibis de personagens
estrangeiros que tiveram histórias produzidas aqui, como He-Man, She-Ra, Bravestarr, e Spectreman
(oh: este último era publicado pela editora Bloch; para essa editora,
também roteirizou histórias para o gibi Mestre
Kim). Ele também foi o roteirista dos gibis da série A Era dos Halley, também publicado pela editora Abril, um dos
braços da iniciativa artístico-comercial da Halleymania, criada em 1984 pelo
empresário Marcelo Diniz para aproveitar a comoção gerada pela passagem do cometa
Halley, que ocorreria em 1986. Aguiar dividiu os roteiros dos seis números
lançados com Ives de Monte Lima e Salete Brentan, e que foram desenhados por
Roberto Kussumoto e Napoleão Figueiredo.
Em
1984, Aguiar publica, pela editora Marco Zero, com desenhos de Jorge Guidacci, seu
primeiro álbum de HQ para o público adulto: Indecências
e Desmandos do Herói Macunaíma em Sua Passagem pela História da Terra Brasilis,
uma livre e politizada adaptação do romance Macunaíma, de Mário de Andrade. Este álbum foi a primeira parceria
entre Aguiar e Guidacci, que ilustraria alguns de seus livros.
Em
1986, em álbum da mesma editora Marco Zero, Aguiar publica Nos Tempos de Madame Satã, primeira parceria com o desenhista Júlio
Shimamoto, uma ficção politizada tendo como personagem principal o célebre
travesti brasileiro. Em 2002, pela editora Opera Graphica, a dupla Aguiar e
Shimamoto publica um segundo álbum do personagem: Madame Satã – Cassino. Esses três álbuns estão esgotados, e só são
encontráveis em sebos ou nas mãos de colecionadores.
Em
1988, Aguiar roteiriza os três números do gibi Futebol e Raça, publicados pela Cedibra, e com desenhos de Mozart
Couto.
Seus
trabalhos com HQ mais recentes foram mesmo as adaptações de clássicos da
literatura brasileira para HQ, todos pela série Clássicos Brasileiros em HQ da editora Ática, e todos com desenhos
de César Lobo: Triste Fim de Policarpo
Quaresma de Lima Barreto (2007), O
Alienista de Machado de Assis (2008) e MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS
(2013).
Mas
é na literatura infanto-juvenil que sua obra é mais extensa e variada. Entre
romances, livros de contos, poemas, participações em antologias e ensaios,
foram mais de 90 livros. Seu primeiro livro infantil foi lançado em 1985, Tristão – As Aventuras de um Menino na
Cidade Grande, pela editora Record. Para não nos estendermos muito, vamos
enumerar só alguns de seus livros: O
Poderoso Zé (1987); a trilogia Dundum, composta por Na Aldeia Fantástica dos Dunduns e Peixes (1987), O Dundum que Caiu do Céu (1990) e O Maior Segredo Dundum (1994); A Cidade Apontada para o Céu (1988); A Cosmoaventura do Mago Ork (1992); Confidências de Um Pai Pedindo Arrego (1993,
vencedor do Prêmio Adolfo Aizen de 1994 e primeiro dos dois prêmios Jabuti
ganhos pelo autor); Terra dos Tesouros (1994);
Os Dados da Maldição (1994); Tudo por Causa Dela! (1995); A Hora das Sombras (1995); Cérbero, o Navio do Inferno (1996); A Garota e o Roqueiro (1995); A Múmia que Dançava Rock’n’Roll (1997);
quatro livros para a coleção Vertentes, da Quinteto Editorial, todos de 1997: E Agora? Meu Irmão Não Está Querendo Nada,
Urgente! Papai Precisa Casar, Socorro! Estou Comprando Tudo, e Perigo! Minha Irmã Está Namorando; Os
Aventureiros da Terra Encantada (1997); Operação
Nova York, seu único título para a Série Vaga-Lume da Editora Ática (1999);
Uróboro – Novela Demoníaca (1999); Renata e Muriel – Uma História de Querer
Viver (1999); O Goleiro e a Fada de
Batom (2000); alguns títulos para a Coleção Descobrindo os Clássicos, da
Editora Ática: Corações Partidos (2001),
Era no Tempo do Rei (2004), O Mundo é dos Canários (2005), Uma Garota Bonita (2007), O Voo do Hipopótamo (2008), O Tempo que se Perde (2008) e Amor? Tô Fora! (2009); Dadá e Dazinha (2003); Aleijado (2006); O Sino que Queria Voar (2007); Almanaque
Machado de Assis (2008, Prêmio Malba Tahan); Machado e Juca (2009); Quem
Matou o Livro Policial? (2011); Os
Anjos Contam Histórias (2012, Prêmio Jabuti de 2014); A Hora das Sombras (2016)... e muitos mais, todos ilustrados por
diversos artistas talentosos. Seu livro mais recente, de 2017, é O Duelo dos Chefs.
Saibam
mais sobre Luiz Antônio Aguiar em seu website oficial, onde tem a bibliografia
mais completa: www.luizantonioaguiar.com.br.
...E O ILUSTRADOR
Agora,
falemos sobre César Lobo, autor conceituado no cartunismo, no quadrinhismo e na
publicidade. Também carioca, também nascido em 1955 e, pelo que consta,
atualmente residente em Curitiba, Paraná. Mas que não dá muita importância a
datas, então, vamos dispensá-las ao longo do relato sobre seu trabalho o mais
possível, por absoluta impossibilidade de encontrá-las. Seus primeiros
trabalhos importantes de HQ foram publicados nos gibis de terror da editora
Vecchi, nos anos 1980: ele participou das revistas Spektro, Pesadelo (na qual publicou sua mais famosa história, O Gênio da Garrafa), Sobrenatural e Almanaque do
Terror. Também escreveu roteiros, desenhados por Zenival e Watson Portela,
e publicou trabalhos na histórica revista Inter
Quadrinhos, da editora Ondas. E também fez ilustrações de cunho erótico para
revistas como Ele & Ela, Playboy,
Status... Lobo também fez ilustrações para publicações infantis, é claro –
ele é assíduo colaborador da revista Ciência
Hoje das Crianças, por exemplo.
Ao
lado de Mathilda Kóvac, Lobo também é co-criador das sarcásticas e hilárias
tiras da personagem Anedônia.
Lobo
também possui trabalhos de HQ publicados no exterior: uma história do
personagem Judge Dredd publicada nos
EUA e dois álbuns de autoria própria publicados na Europa, Brasil 2022 e Lady Lambada.
Nenhum desses trabalhos, entretanto, foi publicado no Brasil. Por quê?!
Lobo
também ficou conhecido pelos livros que ilustrou. Para a série Para Principiantes, da Editora Ática,
escritos por Carlos Eduardo Novaes, Lobo ilustrou, com cartuns altamente
críticos, os volumes Sexo, História do
Brasil e Cidadania. Também
escreveu o livro Andrômeda, e, para a
série Cidades Ilustradas, da editora
Casa 21, ilustrou o volume Curitiba.
Mas,
como acontece com a maioria dos artistas brasileiros, é com o trabalho com
publicidade que César Lobo realmente ganha dinheiro no Brasil. Ele deu forma a
diversos personagens que ficaram célebres como mascotes em campanhas
publicitárias. Por exemplo: Lobo foi cocriador, junto com Carlos Leonam, da
personagem Ararajuba, mascote da
Petrobrás na época da Copa do Mundo de 1994 – e até a segunda metade da década
de 2000; também criou o personagem ecológico Tico, o Brasileirinho, para a rede de supermercados Zona Sul; as
famosas campanhas do Pato Purific; o Bisnaguito,
para a panificadora Plus Vita; os personagens da linha Neokids da
fabricante de canetas Neopen; e mais campanhas para a chocolates Garoto, a
marca de bolinhos Ana Maria...
E
seu trabalho ainda inclui capas de discos e CDs. Um de seus trabalhos mais
conhecidos, nessa área, foi a capa do disco Gororoba,
único disco da banda Baba Cósmica, cujos membros foram os compositores
originais do hit Sábado de Sol, sucesso
na voz dos saudosos Mamonas Assassinas.
E, é
claro, tem no currículo as já citadas adaptações roteirizadas por Luiz Antônio
Aguiar para a série Clássicos Brasileiros
em HQ da Editora Ática.
Conheçam
mais do trabalho de César Lobo, um autor bem despreocupado com datas, em www.lobostudio.com.br/.
BRÁS CUBAS...
Bem,
agora vamos falar do livro de Machado de Assis.
MEMÓRIAS
PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS foi publicado, inicialmente, em formato de folhetim, em
1881 – e só depois compilado em volume único. E, como se não bastasse,
colocando em termos de hoje, ainda, por assim dizer, gerou um romance spin-off. Já falo mais a respeito.
MEMÓRIAS
PÓSTUMAS tem por maior destaque, em sua forma e conteúdo, o uso extensivo da
metalinguagem e da ironia, ao colocar como narrador-personagem um defunto! O
personagem principal, Brás Cubas, já está morto quando resolve relatar ao
leitor suas memórias. Tanto que o livro começa com a célebre dedicatória: “Ao verme que
primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver, dedico como saudosa lembrança
estas memórias póstumas”.
A
metalinguagem já começa aí – e são constantes as vezes em que Brás Cubas
conversa com o leitor, enquanto relata sua vida “com a pena da galhofa e da
melancolia”. Pequenos episódios aparentemente insignificantes, como um dinheiro
achado no chão ou dois cães vira-latas brigando por um osso na rua, já servem
de mote para reflexões filosóficas.
Olha,
já cheguei a pensar, brincando, na hipótese de que BRÁS CUBAS é o primeiro
romance psicografado brasileiro. Afinal, só seria possível a um morto escrever
um livro mediante as mãos, no plano material, de um médium, certo? Mas talvez
não. Afinal, os livros psicografados, ou espíritas, geralmente trazem lições de
vida e aprendizado dos espíritos no além-túmulo. Brás Cubas, ao contrário, não
parece arrependido de nenhum dos erros que cometeu em vida – e não são poucos. Ele
nem está disposto a deixar ao leitor alguma mensagem edificante, ou ao menos
palavras de consolo e lições de moral. Ele até mesmo ironiza a vida que poderia
ter sido, e não foi. Cinicamente, MEMÓRIAS PÓSTUMAS pode ser visto como uma
sátira aos livros espíritas, ao olhos modernos. O espiritismo começou a se
popularizar no Brasil ainda na segunda metade do século XIX, mas é pouco
provável que já circulassem romances espíritas no Brasil na época em que
Machado de Assis escreveu MEMÓRIAS PÓSTUMAS. Logo, o recurso do autor-cadáver é
apenas algo que diferencia o romance machadiano de todos os outros de sua
época. Mas, no momento em que foi lançado, MEMÓRIAS PÓSTUMAS não foi um best-seller, ao contrário de O Mulato, de Aluísio Azevedo, lançado no
mesmo ano – e que foi muito mais polêmico.
Bem,
de todo modo, MEMÓRIAS PÓSTUMAS foi o ponto alto da escola literária do
Realismo, que se opunha ao Romantismo literário. O Realismo, que conviveu com o
Naturalismo de Aluísio Azevedo, estava limitado à prosa escrita; na poesia, a
expressão era o Simbolismo – de acordo com a definição dos estudiosos da
literatura nacional. O Realismo, para quem não sabe, ou fugiu da escola, era
uma escola literária fundamentada na representação da realidade como é observada
pelo escritor, sem idealizações; nas tramas de teor pessimista, que geralmente
não terminam bem para o personagem principal; na análise psicológica aprofundada
do ser humano; no retrato de uma realidade hostil, baseada na mal disfarçada
“lei da selva”, onde o mais forte (geralmente, o mais rico, o homem da elite)
se impõe sobre o mais fraco (o pobre, ou o homem da classe média que entra no
“jogo dos ratos” e acaba perdendo).
Bem.
MEMÓRIAS PÓSTUMAS reúne várias dessas características, e mais algumas. O
personagem principal se define como um perdedor, alguém que buscou alcançar a
celebridade, a fortuna (no sentido da boa sorte, porque dinheiro nunca lhe
faltou) e o amor, e não conseguiu. Ou por conta dos próprios erros, ou por
conta das barreiras impostas por outros. Ele morreu pobre – não de dinheiro,
mas de realizações em vida. Brás Cubas sempre foi um membro da elite carioca do
século XIX, herdeiro de propriedades e de escravos; mas o que lhe faltou,
mesmo, e apesar de ter tido condições para tal, foi algo que deixasse seu nome
gravado na História; faleceu solitário aos 64 anos.
Ele
começa narrando suas memórias através da causa de sua morte, ocorrida em agosto
de 1869: pneumonia, causada por uma corrente de ar vinda da janela de seu
escritório. Mas ele nos diz: não foi tanto a pneumonia, mas uma ideia fixa. Ele
estava trabalhando em seu último projeto para alcançar a celebridade, um
emplasto anti-hipocondria, ou seja, uma espécie de remédio para curar todas as
doenças, incluindo as imaginárias – tal projeto era mais para ver seu nome
estampado na embalagem do que para beneficiar a humanidade. Mesmo tratado com
sua invenção, Brás Cubas acabou morrendo. E, antes do último suspiro, acaba
tendo um delírio, envolvendo sua conversão em barbeiro chinês, na Suma
Teológica de São Tomás, uma cavalgada em um hipopótamo e uma conferência com
uma cruel mãe-natureza personificada em Pandora, a primeira mulher da mitologia
grega, que o leva a uma viagem através das épocas, passado e futuro.
Só
aí o nosso “herói” parte para relatar sua vida, desde o nascimento, em 20 de
outubro de 1805. Ele teve uma infância feliz, em família bem-aquinhoada (e que
dava muita importância à genealogia e ao título de nobreza), embora fosse muito
travesso, mal-educado e maltratasse demais os escravos da casa – ele,
inclusive, relata um acontecimento ocorrido aos nove anos: durante um banquete
promovido por seu pai, ele interrompe, aos gritos, um poeta que, com suas
glosas (poesias improvisadas) ininterruptas, estava retardando a hora da sobremesa,
e, retirado da mesa sob protesto, acaba ficando sem sobremesa; e, mais tarde,
se “vinga” do poeta ao flagrá-lo aos beijos com uma das convidadas da festa –
ambos eram casados – e conta para todo mundo.
Na
escola ele não foi bom aluno e gostava de gazear, mas ali conhece seu maior
amigo, Quincas Borba, que tem grande importância no decorrer da trama.
Na
juventude, mais ou menos fim da adolescência, à época da Independência
brasileira, Brás Cubas conhece sua primeira paixão, a prostituta espanhola
Marcela. Brás Cubas corteja-a bastante e cogita tirar Marcela daquela vida, mas
ela nem ao menos corresponde à sua afeição – ama o moço “durante quinze meses e
onze contos de réis, nada menos”. A fim de fazer Brás Cubas esquecer a
prostituta, que lhe dera muitos gastos, o pai do moço o manda estudar em
Coimbra, Portugal – e Marcela ainda trai o projeto de Brás Cubas de levá-la
junto. Os dois se reencontram anos depois: Marcela está viúva, empobrecida e
perdera a beleza, o rosto com marcas de varíola, tendo de cuidar de um armazém
falido; ele, envolvido com outros amores e assuntos. E o encontro foi por
acaso: Brás Cubas procurava um relojoeiro, e acaba entrando no armazém.
Brás
Cubas se forma mediocremente em Direito, e passa mais tempo se divertindo com
os amigos. Na formatura, inclusive, conta um causo a respeito de uma mula
empacada em uma estrada: e revela que sentiu remorsos quando ofereceu uma
recompensa ao homem que ajudou a mula a desempacar – ainda que fossem apenas
algumas moedinhas de cobre. Mas a “vida boa” é interrompida por conta do
adoecimento da mãe, que obriga o mancebo a voltar ao Brasil. Após o falecimento
da mãe, Brás Cubas passa um tempo refugiado em uma propriedade da família no
bairro da Tijuca. O pai, pouco depois, e para tirar o filho do ócio e da
depressão, cogita conseguir para o filho uma colocação na política, como
deputado. E, de quebra, um casamento, com Virgília, filha do Conselheiro Dutra
– que poderia influir na carreira política de Brás Cubas.
Após
a morte do pai, há um desentendimento entre Brás Cubas e a irmã, Sabina, pela
partilha dos bens, determinando um afastamento temporário entre eles.
Bem,
o casamento não sai, nem a carreira política dá certo, mas Brás Cubas e
Virgília acabam tendo uma relação oscilante em todo o livro. Mesmo tendo
iniciado um breve romance com Eugênia, uma moça pobre e que, apesar de bonita,
é manca de uma perna (por isso Brás Cubas não leva o relacionamento adiante),
Brás Cubas se torna mais íntimo de Virgília, que se torna sua amante. Virgília
acaba se casando com Lobo Neves, principal adversário de Brás Cubas na
política, mas continua amante deste, com quem se encontra às escondidas, em uma
casa, sob intermediação da velha D. Plácida, cuja vida fora muito sofrida – e que,
inclusive, se escandaliza ao saber que fora corrompida, e está acobertando
sem-vergonhices. Virgília chega até mesmo a engravidar de Brás Cubas, mas acaba
abortando. E, por um triz, o adultério não é descoberto por Lobo Neves. Que,
aliás, é promovido para representar uma província distante no governo – isso, e
o aborto, foram determinantes para a separação de Brás Cubas e Virgília. Mas os
dois voltam a se encontrar várias vezes, por ocasião da morte de Lobo Neves
e... quando Brás Cubas já está no leito de morte.
Ainda
há de se citar o breve noivado entre Brás Cubas e Eulália Damasceno, a
Nhá-Loló, arranjado por Sabina. Nhá-Loló, no entanto, morre de febre amarela
antes do casamento.
Quicas
Borba é outro personagem importante do livro – ele meio que se torna um guia
espiritual de Brás Cubas. Quando os dois se reencontram, anos depois da escola,
Quincas Borba é um mendigo. Brás Cubas lhe dá uma boa esmola, mas, ainda assim,
o amigo consegue lhe roubar o relógio quando dá-lhes um abraço. Vem um novo
reencontro, tempos depois: Quincas já está bem de vida, sabe-se lá como
(possivelmente recebera uma herança de um parente distante), e até mesmo
devolve o relógio de Brás Cubas. Quando o ex-mendigo é visitado pelo “herói”,
Quincas Borba expõe uma nova filosofia de vida, o humanitismo, uma sátira à
“lei do mais forte” da natureza. Brás Cubas chega a se converter à nova
filosofia, mas depois a renega. Ainda assim, Quincas Borba é acolhido por Brás
Cubas no momento em que morre, louco.
Aliás,
Quincas Borba e sua filosofia do humanitismo, também conhecida como filosofia
do “ao vencedor, as batatas”, voltam em outro romance de Machado de Assis,
chamado justamente Quincas Borba (1891),
que podemos dizer que é um romance spin-off
(gerado a partir) de MEMÓRIAS PÓSTUMAS. Quincas
Borba, o romance, é centrado na figura do ingênuo Rubião, que recebe do
filósofo: sua fortuna, que o protagonista acaba perdendo ao longo da trama; a
incumbência de cuidar de seu cachorro, que também se chama Quincas Borba (!);
e, claro, os preceitos do humanitismo. Como é que nenhuma editora se interessou
ainda em adaptar Quincas Borba para
os quadrinhos?!
Bão.
Voltando a MEMÓRIAS PÓSTUMAS. De todo modo, Brás Cubas fracassou em tudo: em
seguir carreira política (é até eleito senador, mas não consegue se reeleger,
depois que apresenta um fracassado projeto para diminuir o tamanho da barretina
dos soldados da Guarda Nacional), no amor, na tentativa de fazer o emplasto. E
parece conformado com isso, depois que morreu, encarando seus fracassos com um
acento irônico. Ou, como ele diz: “Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui
ministro, não fui califa, não conheci o casamento. (...) Ao chegar a este outro
lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa
deste capítulo de negativas: - Não tive filhos, não transmiti a criatura alguma
o legado de nossa miséria.”
E,
com isso, tanto Brás Cubas quanto Quincas Borba subvertem o modelo do homem de
sucesso, observado na maioria dos romances, do self-made man. Nenhum deles teve sucesso ou deixaram um legado duradouro
– morreram como a maioria dos homens morre. Afinal, quantos de nós buscamos a
prosperidade pelas vias honestas e sem se converter a alguma religião... e não
tivemos sucesso em nossos empreendimentos? E o mesmo cabe aos outros
personagens do romance: em boa parte representantes da parte hipócrita da
sociedade, nenhum deles ficou, no final do romance, em uma situação melhor que
a de Brás Cubas, nem mesmo Virgília. Ao mesmo tempo, é promovida uma severa
crítica às instituições estanques do século XIX: as elites, os políticos, a
questão escravocrata, a imprensa... Isso é Realismo, isso é humanitismo. Isso é
o básico para se entender o romance.
Há
ainda de ressaltar que, em vários momentos do romance, Machado de Assis promove
brincadeiras com a própria forma narrativa, ao incluir, ao longo do romance,
alguns trechos que quebram a hierarquia do livro em si, como, por exemplo, dois
capítulos sem palavras – “O Velho Diálogo de Adão e Eva”, que quase só tem
pontos e sinais gráficos, e “De como não fui Ministro”, só com pontos –
deixando que o leitor deduza do que aconteceu.
O
livro pode ser encontrado em edições de várias editoras. Afinal, já caiu em
domínio público, ou seja, pode ser adaptado sem necessidade de pagamento de
direitos autorais. É bem fácil encontrar versões na forma de e-book, para
leitura em computador e/ou tablets e/ou smartphones.
Além
das adaptações para HQ, MEMÓRIAS PÓSTUMAS também teve uma paródia literária – Memórias Desmortas de Brás Cubas, de
Pedro Vieira, que imagina que o emplasto teria transformado o personagem em um
zumbi – e adaptações para cinema. A primeira, meio que indireta (tendo o
romance como base para uma história própria), foi feita em 1967 por Fernando
Cony Campos, intitulado Viagem ao Fim do
Mundo; a segunda, já uma adaptação direta do romance, foi dirigida por
Júlio Bressane em 1985; e a terceira, mais fiel ao romance, foi dirigida por
André Klotzel em 2001.
ANTES DE PROSSEGUIRMOS...
Este,
senhores, é o primeiro título que resenho da importante coleção Clássicos Brasileiros em HQ, da editora
Ática – e queira o Grande Desenhista do Universo que eu tenha a oportunidade de
resenhar os outros. Logo, é bom que eu faça, rapidamente, uma rápida explanação
a respeito da coleção.
Como
muitos bibliófilos brasileiros sabem, a Editora Ática é especializada em livros
didáticos, infantis e infanto-juvenis, publicações, portanto, que sejam de
utilidade para escolas, universidades, a educação em geral – essa editora, por
exemplo, é que mantém a célebre série Vaga-Lume de literatura juvenil.
Bem,
foi na década de 2000 que a editora também passou a investir em séries de
quadrinhos, visto que estes passaram a ser incluídos entre os livros
distribuídos em escolas públicas e particulares. Mas, claro, essas séries de
quadrinhos precisam ter utilidade na educação de crianças e adolescentes, e a
moda é investir em adaptações de clássicos literários brasileiros em HQ,
desenhadas por grandes artistas brasileiros. Assim, a partir de 2008, começa a
série Clássicos Brasileiros em HQ, competindo
diretamente, em preferência, com outras séries de outras editoras, como a Literatura Brasileira em Quadrinhos da
Escala Educacional e a Grandes Clássicos
em Graphic Novel, da Agir/Desiderata.
E, no geral, os títulos da série da Ática são os que tem angariado as melhores
críticas dos veículos especializados, às vezes causando comoção na época de seu
lançamento, com ampla cobertura da mídia – foi, por exemplo, o caso da
adaptação de O Guarani.
Atualmente
estão disponíveis treze títulos: O
Alienista, de Machado de Assis, por Aguiar e Lobo; Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, por Aguiar e
Lobo; O Guarani, de José de Alencar,
por Ivan Jaf e Luís Gê; O Cortiço, de
Aluísio Azevedo, por Jaf e Rodrigo Rosa; Memórias
de um Sargento de Milícias, de Manoel Antônio de Almeida, por Jaf e Rosa; A Escrava Isaura de Bernardo Guimarães,
por Jaf e Eloar Guazzelli; Noite Na
Taverna, de Álvares de Azevedo, por Reinaldo Seriacopi, Arthur Garcia,
Franco de Rosa, Rodolfo Zalla, Rubens Cordeiro, Sebastião Seabra e Walmir
Amaral; Dom Casmurro, de Machado de
Assis, por Jaf e Rosa; O Quinze, de
Rachel de Queiroz, por Shiko; O Ateneu, de
Raul Pompeia, por Marcello Quintanilha; MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS, por
Aguiar e Lobo; e os dois títulos mais recentes, anunciados este ano, Amar, Verbo Intransitivo, de Mário de
Andrade, por Jaf e Guazzelli, e Macunaíma,
de Mário de Andrade, por Rosa.
Todos
os álbuns possuem, ao final, um bônus: biografias dos autores, uma
contextualização da época em que se passa a história, com explanação de todos
aspectos presentes ao longo das narrativas, e segredos dos responsáveis pela
adaptação – o making of da HQ, onde
são relatadas as dificuldades encontradas para adaptar o texto original à
linguagem gráfica.
MEMÓRIAS GRÁFICAS DE BRÁS CUBAS – O
RETORNO...
É
isso aí: agora, sim, falemos da adaptação para HQ. E, de saída, vamos dizer: em
uma disputa entre as adaptações disponíveis no mercado, a adaptação de Aguiar e
Lobo (Ática) já tem uma vitória parcial em cima da de Barbosa e Seabra (Escala
Educacional). Ainda não tive acesso à adaptação de Srbek e Melado (Desiderata),
mas isso fica para mais tarde.
Bem:
o álbum da Escala Educacional (Barbosa e Seabra) tem 48 páginas bastante
exíguas, sem contar capa, sendo que a história ocupa menos de 40; já o da Ática
(Aguiar e Lobo) tem 96 páginas, sem contar capa, e a história ocupa cerca de 80.
Logo, a história do defunto-autor tem mais espaço para se desenvolver.
E
como se desenvolve! Porque não é a primeira vez que Aguiar mexe com Machado de
Assis, e nem com Brás Cubas. Ele meio que recriou a história de Brás Cubas no
livro O Voo do Hipopótamo; e lida com
a vida de Machado de Assis em alguns dos títulos que publicou, como o Almanaque Machado de Assis e em Machado e Juca.
Quem
conhece a arte de César Lobo (que afirma que BRÁS CUBAS é seu livro favorito)
sabe que ela é fortemente caricatural, distorcida, arredondada, altamente
detalhada e caracterizada pelas cores vivas e psicodélicas; mas, nesta
adaptação de Machado de Assis, Lobo aposta em uma arte mais realista, com um
nível maior de detalhamento, com personagens anatomicamente bem construídos, com
linhas arredondadas e com efeito de inacabado (diferenciando-se, assim, do
traço fortemente quadrado, mas altamente mais realista, de Seabra) e cores
quase chapadas. Aguiar e Lobo criaram uma adaptação de Brás Cubas que é
caracterizada, em grande parte, pela morbidez.
Isso
porque: na adaptação de Barbosa e Seabra, mais clara e “ensolarada”, Brás Cubas
narra sua história ao leitor na forma de um fantasma cinicamente sorridente; já
na de Aguiar e Lobo, mais sombria e melancólica, Brás Cubas se apresenta ora
como fantasma, ora como um morto-vivo, cujo corpo vai se deteriorando à medida
que se aproxima do fim da história, até acabar transformado em pó.
Ambas
as adaptações, embora façam deslocamentos de situações em relação à estrutura
original do livro, seguem a linha do tempo proposta por Machado de Assis:
iniciam com o velório de Brás Cubas, a causa de sua morte, o delírio com o
hipopótamo e com Pandora e só aí parte para a narração, de forma não-linear, da
vida do defunto-autor. Mas a adaptação de Aguiar e Lobo ressalta muito bem
episódios menos significativos do livro, como a história de Dona Plácida e uma
cena de delírio de Brás Cubas – um diabo velho distribuindo moedas de um saco
para outro – que Barbosa e Seabra ignoraram. E até acha um jeito de adaptar os
capítulos sem palavras do livro!
O
Brás Cubas de Barbosa e Seabra, em princípio, parece mais simpático ao leitor,
sempre sorrindo, e nada arrependido dos erros de sua vida (e com a aparência
possivelmente influenciada pela adaptação cinematográfica de André Klotzel), um
tanto ao contrário do Brás Cubas de
Aguiar e Lobo: este tem gestos mais teatrais e mais tiradas filosóficas, mas é
bem menos sorridente e mais melancólico, afeito a enxergar sua vida como uma
sucessão de tragédias – que deixariam uma pessoa mais tristonha e amargurada.
Na
adaptação de Barbosa e Seabra, os eventos duram menos páginas: os autores,
devido às limitações impostas pela editora (decerto), foram obrigados a
“espremer” quadrinhos e situações de modo que durem poucas páginas, deixando a
sua adaptação menos arejada e dando menpos descanso ao olho do leitor. Bem ao
contrário da de Aguiar e Lobo: as situações tratadas consomem mais páginas por
causa dos desenhos grandes, às vezes em página pôster de duas páginas, em
estilo cheio de dinamismo, splash pages, os
desenhos às vezes saltando dos quadrinhos, ocupando todo o espaço da página;
embora o leitor tenha dificuldade em saber qual é a ordem de leitura dos textos
dos balões.
Por
exemplo: no álbum de Barbosa e Seabra, o episódio do delírio do hipopótamo dura
duas páginas; no de Aguiar e Lobo, dura oito. No primeiro álbum, o incidente do
glosador, durante a infância de Brás Cubas, leva só duas páginas; no segundo,
leva quatro. Já a narrativa da mula empacada em Portugal, que Brás Cubas narra
na sua festa de formatura, leva apenas uma página no álbum de Barbosa e Seabra;
no de Aguiar e Lobo, leva quatro. E por aí vai...
Podemos
dizer que a alta dose de dinamismo empregada por Lobo, incluindo sequências que
se fundem e se confundem, sem estarem separadas pelas tradicionais calhas entre
quadrinhos, deixa a história de Brás Cubas mais surreal e delirante aos olhos
do leitor, ganhando ares de narrativa de terror, sem se prender às regras dos
quadrinhos e ao espaço dos painéis, como fez Seabra. Lobo procurou ressaltar os
cenários e personagens, com uma rica reconstituição da época da história, nos
cenários, nas vestimentas dos personagens, na reprodução gráfica dos costumes
da época.
A
leitura: nesse sentido, é até covardia fazer a comparação entre os álbuns.
Porque o álbum da Escala Educacional tem dimensões menores (23,7 x 17 cm em
média), e letras muito pequenas; já o da Ática é maior (26 x 19 cm) em tamanho
e tem letras bem maiores. Mas ambos os álbuns apresentam, nos rodapés, notas
com os significados dos termos mais difíceis ao leitor.
Logo,
fica a impressão de que a adaptação de Barbosa e Seabra foi feita a toque de
caixa, enquanto Aguiar e Lobo tiveram mais liberdade para ousar na transposição
da vida de Brás Cubas para a linguagem gráfica. Ao que parece, Aguiar e Lobo,
previamente, leram as adaptações anteriores e souberam onde e como evitar
vícios e erros que poderiam comprometer a sua adaptação. Resultado: vitória de
Aguiar e Lobo. Pelo menos, até termos acesso à adaptação de Srbek e Melado.
Não
deve ser difícil ao leitor encontrar, na biblioteca de sua escola ou de sua
cidade, esta adaptação, e as outras da série da Ática. E quiçá as de outras
editoras. Hoje em dia, adaptar BRÁS CUBAS em imagens parece moleza. E quem
traçou o caminho foi... o cineasta André Klotzel.
É o
que tentarei provar na próxima postagem: a resenha da adaptação cinematográfica
de BRÁS CUBAS por Klotzel.
PARA ENCERRAR...
...minha
HQ folhetinesca, O Açougueiro, retorna
depois de meses de hiato! E do ponto onde parei da última vez! Mas, como as
páginas inéditas se iniciam com a parte final de uma canção que foi
interrompida, republico, antes, a última página publicada, com o início da
canção.
Para
as próximas postagens, já estou preparando várias páginas inéditas dessa HQ –
que muitos dos meus 17 leitores já devem estar sentindo falta. Acabou o tempo
de melancolia: hora de voltar ao trabalho. Só fica parado, vendo as coisas
acontecerem, quem acredita na crise brasileira.
Fiquem
conosco e aguardem novidades.
Até
mais!
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