Já se passaram duas semanas. É tempo, portanto, de um novo capítulo de meu folhetim ilustrado para adultos, MACÁRIO.
Excepcionalmente, devido a este domingo ser Dia dos Pais, portanto data de respeito, o capítulo desta quinzena está sendo publicado um dia antes, no sábado. O próximo será publicado normalmente, no domingo da próxima quinzena.
ATENÇÃO: leitura não recomendada e terminantemente proibida para menores de 18 anos. Contém cenas de sexo hardcore, canibalismo, masturbação, consumo de bebidas alcoólicas, maus-tratos a animais e fanservice. Sim, a partir deste capítulo, as coisas começam a ficar mais pesadas...
Entrei em meu quarto, e tomei um susto: era
Âmbar, em meu quarto.
- Oi, Macário. – ela falou, sorridente.
- A... Âmbar!
Ela estava deitada em minha cama, ou no que
parecia ser a minha cama, de lingerie vermelha – só calcinha e sutiã. Em pose
lânguida, como se estivesse posando para uma pintura – estava tal e qual uma
das majas do pintor Goya, em posição
invertida: nem a maja desnuda, nem a maja vestida; era uma maja de lingerie, um meio termo entre a
desnuda e a vestida.
- Não vai entrar? Entra.
Entrei no quarto. Porém olhando ao redor, não
parecia o meu quarto. Os móveis eram diferentes. Parecia um quartinho de
nobreza, todo decorado com entalhes dourados, cetim, móveis de madeira
colonial. Era como se a porta de meu quarto, de repente, tivesse me dado acesso
a outra dimensão. Será que eu ainda estava em meu apartamento?
Tudo o que eu lembro é que eu estava, há
poucos minutos, na área de serviço, lavando a calcinha que ganhei “de presente”
de Loreta, que passou a noite anterior comigo; dei uma passada rápida no
banheiro, e, quando voltei ao quarto... já não era mais o meu quarto.
- Fecha a porta – ordenou Âmbar.
Obedeci, fechei a porta atrás de mim. Eu
estava de calças, sem minha camisa, o apanhador de sonhos pendurado em meu
pescoço. Estava assustado. E não conseguia falar, sequer formular alguma
pergunta.
- Venha, Macário. Vem logo. – ordenou Âmbar,
estendendo os braços.
Seria este o apartamento de Âmbar e Mc Claus?
Era um lugar bastante luxuoso, uma suíte de realeza europeia, embora tivesse o
mesmo tamanho do meu quartinho, no meu apartamento. Será que, de alguma forma,
a porta de meu quarto fez com que eu fosse parar no quarto de Âmbar? Mas a cama
não era grande, de casal: tinha o tamanho de uma cama de solteiro. Olhando
melhor, nem era uma cama, era um divã, coberto com cetim estrategicamente
drapeado, e um almofadão, onde Âmbar repousava e se exibia, de lingerie. A lingerie
vermelha contrastava chocantemente com sua pele muito clara.
- Macário, por que você não vem logo, rapaz?
Venha logo.
Devagar, me aproximei. Não é possível: seria
mesmo a Âmbar, me convidando a deitar com ela? O pior é que ela era
irresistível: Âmbar tinha um corpo perfeito, seios grandes e redondos, abdome
enxuto, pernas mais que torneadas... Ah, se eu conseguisse ver sua bunda, mas
acho que ela vai mostrar, daqui a pouquinho... Enfim: Âmbar destoava
completamente de todos os outros “monstros” que passaram a frequentar o bar
onde eu trabalhava, exceto pelo cabelo curto, repicado e oxigenado a ponto de
ficar branco (nesta ocasião; nas outras, seu cabelo estava colorido com cores claras,
como rosa, amarelo e azul celeste, ou misturando todas elas) e as unhas
compridas como garras.
- Ai, Macário, não me deixe esperando! Por
que tanta timidez?!
Finalmente, consegui soltar a voz:
- Onde eu estou?
- No meu quarto, Macário. Bem vindo.
- S-seu quarto? C... como vim parar aqui? Eu
estava lá no meu... hã...
- Eu explico mais tarde, Macário. Melhor que
não queira explicações agora, mas que aproveite o momento... Agora venha. Você
não me quer?
E ela removeu o sutiã, libertando os seios
enormes e redondos, e jogando-o em minha direção, fazendo-me agarrá-lo no ar.
Estava difícil resistir. Mas o mais que consegui fazer, no embate entre o
instinto animalesco de ir com bastante sede ao pote e o autocontrole para
evitar estragar tudo, foi sentar no divã, e ficar olhando para ela.
- Âmbar, eu...
- Macário, venha, pode vir. Olha, eu até
cortei as minhas unhas especialmente para hoje. Não vou te machucar...
E mostrou as mãos: agora suas unhas não
estavam compridas como garras, foram cortadas e arredondadas. Unhas de garota
normal. Nem pintadas estavam. As unhas estavam perfeitamente rosadinhas.
- Macário, por que você não me ligou? – ela
me cortou. – Eu deixei meu número de telefone com você e você não ligou.
- É que... hum, sabe aquele assalto que eu
contei para você? Quando machuquei o nariz? Meu celular foi destruído, e...
- Seu celular destruído? – disse, colocando
os dedos sobre os lábios. – Oh, nossa, que chato, Macário. Então foi por
isso...
- Além do mais, muita coisa aconteceu nesses
dias todos, e...
- Isso não importa agora, Macário. Já que
você não ligou, eu tive de tomar uma providência...
- P... providência?! Um momento, isto aqui é
um sonho ou...
- Eu te disse, Macário, eu explico mais
tarde. Ou melhor, você saberá depois. Desculpe, querido, é que eu já não
aguentava mais. Eu passo dias, horas, só pensando em você. – tocou meu rosto. –
E mal consigo dormir, pensando em seus olhos, nesse seu cabelo, tentando imaginar
qual o tamanho do teu pinto... Diz aí: você também esteve me desejando, não
esteve?
- Bem... – eu disse, corando muito. – Eu
estive, estaria mentindo se dissesse que não estava, hum, admirado por esses,
hum, esses seus seios, digo... certo, admito que estive, secretamente... hum...
te desejando, mas da mesma forma como outros homens te desejariam, do jeito
como você se veste, com aquele decotão, e... e...
Eu estava muito atrapalhado, mas Âmbar nem
parecia se importar.
- É, eu sei. Mas você não tem culpa. Você é
diferente. Você tem um jeito mais tímido. Você tem jeito de ser um cara
bonzinho, não um animal como os outros...
Bufei. Agora ela me “ofendeu”...
- Não, você não me conhece direito. – disse,
lascivamente, pronto para me tornar sexualmente agressivo. – Não sabe como eu
sou com relação às mulheres.
- Então, acho que vou descobrir agora.
E me puxa em direção aos seus lábios, e me
beija.
O desejo subiu à minha cabeça, como um peso
daquele brinquedo de medir força de um parque de diversões – aquele em que você
martela com uma marreta em uma gangorra, para fazer o peso subir até tocar um
gongo na parte de cima. Foi assim com o desejo: Âmbar martelou a “gangorra”, e,
do baixo-ventre, o peso, ou melhor, o tesão, subiu em alta velocidade e atingiu
o gongo em minha cabeça, fazendo-a reboar. Aquele beijo, com sabor de brilho
labial de cereja, me envenenou. E acabei me atirando em cima de Âmbar.
- Uau, Macário! Você me desejava tanto assim?
- Não tanto... quanto agora.
Passamos alguns minutos nos beijando. Minha
boca desceu até aqueles seios enormes.
- Vai, Macário, me trata como uma p(...), já
que eu me visto como uma...
- Eu sabia. Nessas horas, mulher é tudo
iguaaalll... – falei, cheio de cinismo. Dane-se o decoro e a boa educação.
Depois, ela desceu, abriu minha calça e me
estimulou com um oral. Ela estava mesmo pegando fogo. Quase “disparei” em sua
boca de tão bom que estava. Aí, ela arrancou minha calça, deixou-me peladão.
Por fim, não aguentando mais, removi a calcinha
dela – sua virilha era depilada! – e foi minha vez de lhe aplicar o oral, e ela
gemia e bufava e se contorcia, queimando de prazer (modéstia à parte, sou bom
nisso), igualzinho uma cena do mais ordinário dos filmes pornôs. A falta dos
pelos pubianos deixava sua x(...) muito sensível. Eu estava contente de estar
conseguindo fazer aquela mulher queimar de prazer. Que se dane o MC Claus,
aquele gordão com certeza não era mais capaz de dar prazer como eu estava
dando. Era evidente que Âmbar estava buscando um amante bem mais jovem, bem
mais cheio de energia, bem mais...
- Macário, vem logo... eu quero o seu
p(...)...
- Espera.
Consegui recuperar o controle: lembrei de
algo que não dá para esquecer nessas horas. Alcancei minha calça do chão. Ainda
bem que eu tinha uma camisinha esquecida no bolso traseiro.
- Preservativo, hmmm... põe para eu ver...
Puxa, ela era favorável ao uso de
preservativos, legaaaal...
Não demorei muito para colocar a camisinha e finalmente
penetrá-la.
Hmmm, como ela era apertada... ela estava me
comendo, me mastigando, de sugando pela b(...), chupando a “bala” com papel e
tudo... eu vou explodiiiirrr...
Se isso for sonho, não posso acordar agora,
não, não acorde agora, Macárioooohh...
- Assim mesmo Macário, assim, ah-sim, aaah-ssssimmmm,
oohhhh...
Primeiro, a possuí ficando eu por cima,
depois ela que ficou por cima, me cavalgando, rebolando, salivando...
- Aah, Macário, você é bem como eu imaginava,
aahhh... Eu tenho tanta inveja das garotas que vão para a cama com você...
ooohhhh...
- Aah, Âmbar, você é tão gostosa, hmm... Eu
queria dormir aqui todas as noites...
Mais ela não disse.
O gozo acabou vindo como uma erupção
vulcânica. Ela teve o orgasmo simultaneamente.
E caiu em cima de mim, exausta. Eu estava me
sentindo fraco, mas muito feliz de não ter acordado. Garota assim a gente não
pega todo dia.
- Hmm, Macário... Você é bem como eu
imaginava.
- Você é a realização de um desejo masculino,
Âmbar. Você não parece ser deste mundo... – sussurrei.
Ela sorriu, e lambeu os beiços.
- Quero ir de novo. Mas agora sem camisinha.
- Âmbar...
- Agora eu quero sugar todo seu leite... E
não se preocupe, hoje eu não estou no meu período fértil... Não vou
engravidar...
Não havia como resistir. Ela removeu a
camisinha usada, deu o nó e jogou para o lado. E começou a me estimular de
novo. E, de novo, cavalgou. Estava me apertando muito.
- Aah, Âmbar, tenha piedade de mim...
- Aaah, Macário, eu quero mais, sempre
mais...
Não bastou um segundo orgasmo. Ela quis uma
terceira vez... e uma quarta... e uma quinta... Eu estava sendo “ordenhado”,
esvaziado...
E aí, comecei a ter uma sensação esquisita...
Sem a camisinha, agora a sensação era de que
Âmbar estava me sugando, pela b(...), como se fosse um suco de caixinha. As
minhas forças estavam sendo sugadas...
Aos poucos, primeiro lentamente, depois com
maior intensidade, e por fim de uma vez só, minhas forças foram drenadas.
Fiquei muito fraco. Mais que fraco, estava morrendo. Comecei a sentir que meu sangue,
meus fluidos, meus órgãos internos... estavam sendo sugados pelo meu
pintoooo...
- Me perdoe, Macário, pelo que eu vou ter de
fazer... – foi a última coisa que ouvi ela falar.
E a última visão que tive, antes de apagar –
ou seria de morrer? – foi que, de repente, Âmbar começou a se metamorfosear, a
se transformar em uma imensa fêmea de louva-a-deus, com antenas saindo do
cabelo, asas saindo de suas costas, os braços se transformando em garras com
espinhos, de sua boca saindo um par de palpos afiados que desceram para cima de
mim, e ela... ela... ela ia me... me morder, devorar o que restava de meu
corpo, meus ossos... me... me...!
Abri os olhos.
Eu estava morto?
Eu estava... Eu estou... Onde eu estou?!
O quarto de Âmbar sumiu. Os móveis de
realeza, os arranjos de cetim... tudo. Tudo sumiu!
Eu estava deitado em uma cama. Olhei em
volta: eu conhecia aquela mobília. Era... o meu quarto!
O relógio despertador da cabeceira marcava
três da tarde. Ainda estava claro, o sol entrava pelas frestas da janela
fechada.
Levantei. Estava vivo! Âmbar não se
transformou em louva-deusa! Âmbar não me devorou! Âmbar... sequer transou
comigo! Era tudo um sonho!
Senti uma umidade nas calças que ainda usava:
foi sonho, e todo aquele prazer que senti era polução noturna, só podia ser.
Preciso lavar essas calças! Tirei a calça e a cueca e deixei no tanque. Quanto
trabalho será que dá tirar manchas de sêmen da calça jeans? Coloquei também a
roupa de cama para lavar: para um simples sonho erótico, acabei emporcalhando a
cama. Afinal, foram cinco ou seis “disparos”, disso eu lembro.
Porém... eu estava fraco. Minhas pernas
estavam bambas. Estava cambaleante, fraco, como se eu não tivesse comido há
muitos dias. A barriga roncava. Até me sentia mais magro.
Cambaleei, peladão, até a cozinha (as janelas
felizmente estavam fechadas) e abri a geladeira. Encontrei uma caixa de leite
ainda cheia, meio pão de forma, queijo, presunto. Um pouco fraco, fiz para mim
um sanduíche, pus leite gelado e chocolate em pó no copo, comi e bebi. Mas não
foi suficiente: tive de fazer outro sanduíche e beber mais leite. E mais um. E
mais um... Acabei com o pão de forma, com o queijo, com o presunto, lá se foi a
caixa de leite. Cinco sanduíches. Mas senti as forças voltando.
Depois, mesmo com a barriga cheia, caminhei
até o banheiro e tomei um banho. Lavei bem o pinto, e ainda sentia o espasmo. Só
de lembrar do sonho, daquele corpo delicioso da Âmbar, daqueles seios
poderosos... eu já sentia um formigamento no pinto, e... acabei “descascando
uma mandioquinha” (na expressão usada pela Maura) ali mesmo, embaixo do
chuveiro – a água que escorria se encarregou de levar a p(...) despejada para o
ralo.
Cheguei a passar mal, se masturbar depois de
comer não faz muito bem, mas consegui aguentar. Estava muito frustrado, talvez
uma eventual congestão acabe sendo uma bênção. Mas ela não veio. O sonho
parecia tão real. Eu havia sentido tanto prazer. Então, eu não fiz sexo de
verdade com a Âmbar, aquela gostosa. Ou será que a Âmbar do sonho era apenas
idealização minha? Estava tão bom...
Pelo menos houve uma compensação nesse sonho:
eu não acordei na hora do clímax, como geralmente acontece com que tem esse
tipo de sonho. Sabe, acordar bem na hora do início do ato sexual com a mulher
desejada, às vezes antes que você possa ver o corpo dela totalmente nu... Fui
até o fim. Não acordei na hora em que Âmbar gozou. E ainda fui capaz de ir
novamente. Ainda que acabasse melando a cueca. Se minha mãe estivesse aqui,
teria ficado horrorizada.
Mas, pensando bem, no final do sonho, Âmbar
começou a sugar minhas forças. E tentou comer o que restava de meu corpo, como
uma louva-deusa. São as fêmeas de louva-a-deus que decepam e comem o corpo dos
machos após o ato sexual, não é?
Será que eu estava vivo por causa do
apanhador de sonhos do pajé Mateus? Talvez tenha sido ele quem esteja evitando
o pior dentro dos sonhos. Talvez seja a proteção do pajé Mateus que estava
garantindo que eu acordasse vivo depois de ter sonhos terríveis... Talvez
tivesse sido o apanhador que me impediu de acordar no melhor do sonho erótico. O
apanhador não evitava, infelizmente, que eu fosse morto nos sonhos, mas
garantia que eu acordasse depois de ser morto. Talvez fosse isso. É, ainda bem
que acabei dormindo com isto.
Mas engraçado, não lembro de ter deitado na
minha cama. Teria sido o drinque que Andrômeda me pagou, que fez efeito e me
fez ter um delírio? Bem que achei que a margarita estava com um gosto estranho,
como se uma substância tivesse sido acrescentada ao sal da borda da taça... se
é que foi sal que ela colocou na borda da taça... Mas eu vi ela colocando o sal
na borda da taça... Não sei de mais nada...
Saí do banho. Ainda estava triste por causa
do sonho. Bem, foi sonho, fazer o quê. E, mesmo para um sonho, me deixou muito
fraco. Fiz mais exercício dormindo e sonhando com sexo do que indo a uma
academia, ah, ah... O que me restava agora era me arrumar e ir para a
faculdade, e depois ir trabalhar, não tinha outro jeito...
Me dirijo ao tanque onde estava a roupa a ser
lavada, de molho. E olho, com surpresa: mais uma calcinha. Vermelha! Igual a
que Âmbar usava no sonho! E ainda tinha cheiro de fluidos corporais!
Isso já estava ficando muito estranho e
assustador. Terá sido sonho mesmo?!
Procurei aparentar calma durante a aula. Mas
seguia perturbado com todos aqueles acontecimentos inexplicáveis. Já não sabia
se o que eu estava vivendo era sonho ou realidade.
Mas, na aula, tudo pareceu normal. Os
colegas, o professor, a lição. Ali próximo, Créssida deu mais uma piscada para
mim. Para me certificar que não estava sonhando, várias vezes me belisquei, e
com a ponta das unhas para que doesse mesmo.
Depois da faculdade, fui direto ao bar. Ou
melhor, antes, resolvi passar na lanchonete.
Apesar de eu ter jantado bem no Restaurante
Universitário, eu ainda sentia fome. E fraqueza. Sentia como se não fosse
aguentar trabalhar hoje, se eu não me preenchesse “mais”, afinal, Âmbar, mesmo
no sonho, me “esvaziou”. Mas bastou comer um hambúrguer com fritas e milk-shake
para eu me sentir melhor. O que estava acontecendo comigo?!
Agora aqui estou eu, uniformizado e em minha
posição marcial no balcão do bar, pronto para servir. Parafraseando Mussolini:
se vivo para servir, sirvo para viver. Ah, ah... (Não que eu concordasse com os
ideais do fascismo).
Hoje, não teve muito movimento no bar:
compareceram menos “monstros”. Foi o que eu constatei: o bar estava mais
espaçoso. Havia menos gente que nos outros dias. O pessoal mais conhecido estava
lá, Luce e seus “asseclas” (até mesmo Âmbar), mas uma parte do pessoal
excêntrico não veio. O movimento estava tão baixo que dava até para ouvir as
conversas.
- E aí, Macário. – cumprimentou Luce, que
estava com o cabelo repartido, mas pintado de azul-caneta.
- Oi, Luce. Onde está todo mundo? –
perguntei.
- Como assim? Estamos aqui, Macário, não nos
reconhece? – pergunta Beto Marley, as trancinhas dreadlock quietas hoje.
- Reconheço, sim, mas parece que só veio
metade do pessoal... Olhem aí, só uns quatro ou cinco no bilhar, uns poucos ao
redor das mesas, e vocês aí, no balcão...
- Pois é. – falou Andrômeda. – É mesmo, não
veio todo mundo. Olha quanto espaço de sobra...
- É, e alguns aqui nem são dos “nossos”... –
reconheceu Jorge Miguel.
Olhando melhor, alguns clientes do fundo nem
eram “monstros”, eram ébrios mais comuns – nem eram clientes frequentes, do
tipo que eu reconheceria.
- O pessoal não anda muito inspirado... –
comentou Breevort. – E aí, Macário, não sai um chope pra gente?
Servi todo mundo.
- Acho que o pessoal não está mais
impressionado. – comentou Jorge Miguel, bebericando sua caneca. – Vão começar a
procurar outro espaço de reunião. Já cansaram deste aqui...
- Relaxem. – falou Luce, sorvendo a espuma de
seu chope com barulho. – O pessoal virá em peso amanhã quando o Galvoni iniciar
sua exposição. Eles não podem ignorar.
- Galvoni? – perguntei.
- Ah, Macário, não te passaram o aviso ainda?
– Luce voltou para mim. – Marto Galvoni, o célebre pintor do underground italiano, vai expor seus
quadros aqui no bar. Por uma noite, este bar vai se transformar em um museu. Já
deixamos acertado com o proprietário.
- Isso. – acrescentou Flávio Dragão. – Amanhã
cedo estaremos aqui organizando o bar para a vernissage da nova coleção de
quadros do Galvoni.
- É, mas só queria saber por que o Galvoni
fez questão que a exposição dele fosse aqui, no bar. – pergunta Morgiana, com
acento cético. – O espaço aqui é meio claustrofóbico para uma exposição de
arte. E os quadros dele são de alta qualidade.
- O Galvoni disse que aqui é perfeito! –
emenda MC Claus. – Essa iluminação difusa, esse clima tétrico e transgressor
que se faz apenas com a nossa presença. Combina com a temática dele.
- Ah, Macário, e não se esqueça, você garante
a bebida para nós, hein? – Luce dirigiu-se novamente a mim. – O Galvoni quer
muito conhecer você. Falamos bastante a seu respeito para ele. E ele espera que
a exposição seja um sucesso!
Flávio Urso soltou um arroto, à guisa de
concordância. E lá foi Morgiana outra vez repreende-lo... Por que a morena era
o que mais implicava com o “lenhador”?
E sei lá quem é Marto Galvoni. Nunca ouvi
falar desse pintor. Decerto é um artista revelação, de bienal. Nem costumo ler
revistas de arte, ou a seção de espetáculos do jornal, com notas sobre
exposições itinerantes de arte. Museus, eu visito mais quando alguém me
convida. Mas não que eu não tenha interesse por arte, meu pai tinha em casa uma
coleção de catálogos de artistas célebres, e isso já bastava...
Mas havia uma excitação entre o pessoal, o
tal Galvoni devia ser mesmo famoso na Itália. Uma atração internacional,
humm... Mas, se ele faz questão que sua vernissage seja no bar... Então que
seja.
Mas o que mais me perturbava era que Âmbar
estava evitando olhar para mim. Todas as vezes que nossos olhares se
encontravam, ela me olhava constrangida. E eu, mais constrangido ainda. Ela
parecia a menos excitada com a tal exposição do italiano.
Ela continuava linda e gostosa. Mas hoje estava
bebendo muito. Pelas primeiras duas horas, tudo o que eu ouvi dela foram
pedidos de bebida. Ela esvaziou a caneca de chope, e pediu outra. E uma
terceira. Depois pediu um conhaque, e depois um uísque, e depois outro
conhaque, e... e eu servindo-a, sem questionar, sem coragem para questionar o
motivo de sua tristeza.
Será que ela teve o mesmo sonho que eu? Por
isso o constrangimento?
E, reparando, ela estava com as unhas
cortadas, como no sonho.
Um pouco antes do expediente acabar, o grupo
de Luce foi um dos últimos a sair. Digo, Luce, Flávio Dragão, Breevort, Beto
Marley e Jorge Miguel saíram antes; Âmbar, Mc Claus, Morgiana, Andrômeda e
Flávio Urso ficaram mais um pouco.
E como Âmbar bebeu: além das três canecas de
chope, consumiu, sozinha, duas garrafas de uísque, duas de conhaque, duas de
vermute, e várias outras bebidas puras... Estava até bebendo vodca no gargalo
da garrafa! Me preocupei: com o tanto que ela bebeu, ela já deveria estar em
coma agora, mas ela parecia estar aguentando firme. Espero que não seja ela
quem esteja dirigindo. Ela, sozinha, garantiu o faturamento do dia do bar, ah,
ah... Sério, agora.
Ela esteve um tanto macambúzia, com um olhar
triste. Estava, na verdade, muito triste, deprimida, como se estivesse
arrependida de ter cometido algum crime. Só ali pelo final do expediente eu
resolvi puxar o papo com ela, enquanto Mc Claus estava novamente envolvido em
seus assuntos particulares com outros, nas mesas de bilhar.
- Âmbar, eu...
- Macário... – ela me olhou com tristeza. Os
olhos estavam até vermelhos.
- Hã... o que aconteceu? Você está triste...
e bebeu tanto...
- Eu... Macário (soluço)... eu estou bem.
Eu... (soluço) só estou um pouco tonta (soluço). Bebi demais... – a cabeça
estava quase caindo no balcão – M-mas eu aguento (soluço)...
- Ah, mas não bebeu tanto quanto o Flávio
Urso, eu pude ver... Esteve querendo competir com o Flávio Urso? Ele sim que
bebe feito um... – tentei gracejar, mas não adiantou: nem mesmo Flávio Urso, o
beberrão do grupo, estava tão embriagado. Ela me cortou:
- Macário (soluço)... me perdoe.
Engoli em seco.
- Perdoar? Perdoar o quê?
- Por ontem à noite (soluço). Eu... eu não
pude resistir (soluço).
- O... ontem à...
- Me desculpe, Macário (soluço). Por favor,
entenda que eu (soluço) não quero te ver sofrendo (soluço). Eu estou muito
preocupada com você (soluço), porque eu sou uma pessoa terrível (soluço), aliás
todos somos (soluço) e... (soluço) e... me preocupo demais (soluço) com os
planos que o Luce (soluço) tem para você... (soluço)
- Planos? Mas que...
Ela lacrimejava, e parecia a ponto de
desmaiar.
- De... (soluço) depois a gente se fala, tá?
(soluço) Tenho de ir (soluço). Eu tô passando mal... (soluço)
E se afastou, cambaleante. Amparada por
Morgiana e Andrômeda, que, apesar de terem também consumido álcool, estavam bem
lúcidas.
- Coitada. Não devia ter bebido tanto assim,
amiga...
- Vamos sair daqui antes que você vomite...
Fiquei sem entender nada. Será que o
constrangimento de Âmbar foi por ter tido o mesmo sonho que eu?
Será que ela gostava de mim? Decerto sim,
porque eu pude ouvir ela sussurrando mais um “me perdoe, Macário”... A seu
lado, as outras duas garotas me lançaram o mesmo olhar constrangido.
Fiquei chateado. Com a sensação de que alguém
sabia algo que eu não sabia, e não podia me contar.
Mc Claus passou no balcão para quitar a alta
dívida (“desculpe, amigão”, ele falou para mim, “ela fica sempre assim quando
faz algo terrível... melhor não querer saber agora o que ela fez...”) e depois
foi amparar Âmbar. Estava tão constrangido quanto os outros...
E parece que hoje ninguém quis me pagar um
drinque...
Ou melhor, a meu lado, estava uma caneca de
chope cheia. E, perto dela, a manzorra de Flávio Urso, segurando uma nota de
vinte, e seu rosto barbudo piscando para mim. Parecia indiferente ao
constrangimento. E depois foi embora, sem falar nada. Puxa, ele se deu ao
trabalho de encher um caneco de chope especialmente para mim?! E ainda deixar
pago? Bem, não dá para me fazer de rogado, bebi o caneco, talvez alivie o
constrangimento. E estava com um gosto diferente... como se alguém tivesse
acrescentado remédio à cerveja...
E ninguém ficou para nos ajudar a arrumar o
bar.
Saí do bar chateado. Será que alguém saberia
me explicar o que estava acontecendo?
Será mesmo que Âmbar teve o mesmo sonho que
eu? Será que de alguma forma fizemos sexo por telepatia? E que planos Luce
tinha para mim, segundo ela falou?!
Já que eu não podia perguntar nada, eu joguei
a mochila nas costas e tomei o rumo para casa. Nenhuma garota à minha espera,
nem na porta do bar, nem na rua. Acho que hoje eu vou dormir direto... Mas bem
que eu queria que uma garota topasse comigo. Depois de ontem à noite, eu estava
mesmo louco por uma “bimbada”... Talvez haja alguma na porta do prédio, ou quem
sabe alguma vai bater à minha porta...
De repente, ouço um grito atrás de mim:
- Socorro!!
E, como um foguete, uma garota passa correndo
por mim.
Segundos depois, uma matilha de cães passa
por mim, atrás da garota. Reconheci: eram os mesmos cães que atacaram a mim e a
Viridiana aquela noite!
Tive um mau pressentimento. E,
instintivamente, saí correndo atrás da matilha.
A garota já corria com dificuldade. Ela usava
uma saia preta e justa, o que dificultava seus movimentos, e seu cabelo era
escuro. Em uma tentativa de correr mais rápido, estava correndo sem sapatos, a
meia-calça escura estava já muito desfiada e com grandes buracos, fazendo a
pele clara das pernas contrastar com a meia. Mas os cães já estavam chegando
bem perto.
A garota desviou seu rumo para um beco. Era o
mesmo beco onde fui cercado pelos cães. A lâmpada estava novamente acesa. E
ouvi um barulhão.
A garota esbarrou em uma das latas de lixo e
acabou caindo, quicando no chão e batendo na parede. Ela acabou se machucando.
Ela tentou se levantar. E os cães já estavam
cercando-a, rosnantes, prontos para atacar.
A garota até chorava de tanto medo.
- Afastem-se... por favor... cães
bonzinhos... cãezinhos lindos...
Mas os cães demoníacos não demonstravam serem
bonzinhos nem lindos. Eles queriam carne e sangue. E já estavam prontos para
saltar em cima dela. Um deles já arqueava o corpo para saltar em cima dela. E a
garota já estava com um ferimento na testa, o filete de sangue criando uma
máscara em seu rosto, e com restos de comida da lata de lixo em seu corpo, atiçando
o apetite dos carnívoros.
- Não, por favor... Não, não, não...
Bem na hora que o cão ia saltar, gritei, dali
da entrada do beco:
- Parem agora mesmo!!!
Os cães pararam, e se voltaram em minha
direção. Seis ou sete cães. Pararam de investir contra a moça. E tentaram
investir contra mim. Mas, instintivamente, como naquele dia, o que fiz foi bater
o pé e gritar:
- FORA! SAIAM DAQUI!! PASSA!!!
Os cães demoníacos, como da outra vez,
baixaram suas orelhas e saíram correndo do beco.
Me surpreendi: ora, funcionou de novo! Que
tipo de poder eu tinha?!
A moça me olhava assustada e ofegante. E
surpresa.
- Como você... como você fez isso?!
- Eu não sei... – respondi. – Mas... você
está bem?
- Eu estou... eu estou... eu estou... – ela
mal conseguia falar.
- Um momento, me deixe ver seus machucados.
A sua roupa escura era curta e justa, blusa,
minissaia de couro, meia calça. Me fez lembrar das roupas da Âmbar. A meia e a
saia estavam avariadas, a costura da saia arrebentou por causa da corrida,
criando uma fenda. Com a batida na lata de lixo, a garota teve algumas
escoriações, o cotovelo esfolado, mas, ao que parecia, nada grave. E a lata de
lixo ainda estava cheia, não conseguiu evitar sujeira, manchas de restos de
comida de restaurante. Ainda bem que o beco não estava sujo de sangue, feito o
abatedouro do outro dia, supostamente feito por Valtéria.
O cabelo da moça era escuro e curto, repicado
porém volumoso. A pele pálida, o rosto suave e vagamente familiar.
Da minha mochila, saquei uns pedaços de gaze,
que eu tinha para diversos casos, para aplicar em sua testa. Ela já dava sinais
de que o susto já passara.
- Consegue andar?
- Eu... Acho que consigo... Me ajude a
levantar...
Ajudei. Os pés protegidos apenas pela
meia-calça apresentavam alguns ferimentos por conta do esforço de correr descalça.
Ela devia até ter pisado em alguma pedra pontiaguda, havia um ferimento na sola
de um deles, felizmente não era profundo. Ela sentiu uma dor no pé.
- Aai... acho que pisei em algum prego!! Acho
que não vou poder andar, não...
Enrolei um pouco de gaze em seu pé ferido.
Deve ser o suficiente para estancar o sangramento e chegar em algum lugar menos
contaminado onde eu possa tratar daquele ferimento.
- Venha, eu ajudo você.
Amparei-a. Com uma mão ela segurava a gaze na
testa, com a outra se apoiava em meu ombro. E, fomos andando, ela mancando. E
aí, ela ergueu seu olhar em minha direção.
- M... muito obrigada, eu... – e aí, ela
para, arregala o olho, e balbucia: – Macário? É você?!
Hein? Ela me conhece? Mas aí, sob a lâmpada
acesa, eu olho melhor para o seu rosto: era minha conhecida, sim!
- Geórgia?!
Só me lembro de uma garota, com quem saí, que
possuía uma pintinha preta sob o olho.
- Macário! É você!
- Geórgia! Você por aqui! E, nossa, você
mudou o cabelo!...
- P-puxa... Mas que circunstância atípica
para a gente se reencontrar... – ela deu um sorriso.
Havíamos saído fazia pouco mais de um ano. Geórgia
fazia o curso pré-vestibular. Na época, ela usava o cabelo preto comprido e
muito volumoso, mas também usava roupas negras e curtas, em um estilo meio
gótico. Seu corpo não mudou quase nada, era magro e delicado. E o nosso
encontro foi feliz, era uma garota delicada, estava na fossa devido a um namoro
terminado, e aliviou suas mágoas nos braços do primeiro que encontrou, ou seja,
eu. Quer dizer, na verdade eu que a abordei, e acabei me aproveitando de seu
estado de desespero, mas para ela não fez diferença. Creio que curei sua fossa.
Tanto que ela me procurou mais de uma vez, mas um possível romance não foi
adiante. Nada de compromisso. Uma semana depois, ela se mudou da cidade.
- Pensei que tinha se mudado, Geórgia.
- Mudei. Digo, eu fiquei seis meses na
Capital, tentei entrar na faculdade de lá, não consegui. Nem faculdade, nem um
emprego que garantisse minha permanência. Aí, tentei entrar na faculdade daqui
– ai que dor no meu pé... – e estou de volta. Mesmo que eu não quisesse, pois o
desgraçado do meu ex-namorado continua morando aqui... Eu tinha ouvido falar
que o curso de Letras da capital era bem melhor que o da faculdade daqui, mas
acho que não fui boa o suficiente para eles, ah, ah...
- Oh, entrou no curso de Letras?
- Na metade do ano.
- Ah. Ainda tem a pretensão de se tornar
poeta?
- Disso eu nunca desisti. E material para
meus poemas eu tenho de sobra, do que tirei da vida. Ainda hei de conquistar o
mundo com meus poemas sobre amores fracassados... Isso se eu não for devorada
por cães... aai... Me ajuda que está difícil andar...
- Mas, Geórgia. Como é que você estava sendo
perseguida por...
- Eu sei lá... Só sei que, desde ontem, só
tive azar. Eu resolvi sair, sabe, para conhecer pessoas para tentar superar
mais uma frustração... Me interessei por um carinha, mas ele já era
comprometido, e pior que ele só me contou depois que a gente transou... aaii...
E ele ainda me pagou, como se eu fosse uma prostituta... E aí, além de conhecer
pessoas, eu saí para beber, ia beber até cair, e depois fazer sexo selvagem com
o primeiro que me desse bola, já que eu tinha sido paga... ia gastar o dinheiro
do desgraçado em esbórnia... mas eu acabei sendo assaltada, o pivete passou a
mão na minha bolsa e saiu correndo, mais rápido que eu pude perceber
(soluço)... levou até a chave de casa (soluço)... não posso nem entrar, a minha
colega de quarto foi viajar (soluço) e não deixou chave sobressalente (soluço)...
me restou vagar sem rumo pela cidade ver se encontrava alguém que me desse
abrigo, mas nem isso (soluço)... eu já cogitava oferecer o corpo em troca de
abrigo (soluço), já que estava vestida como uma p(...) (soluço)... e aí, apareceram
esses cachorros ferozes, do nada (soluço), e começaram a me perseguir não sei
por quê (soluço)... eles estavam me perseguindo por umas dez quadras
(soluço)... Olha só, perdi até o sapato... Droga (soluço)...
E lacrimejava, e soluçava mais que a
Viridiana – mas bêbada não estava, não tinha hálito de álcool. A dor era mais
pela frustração da noite ruim do que pelo pé. Com a conversa, ela até esquecia
a dor no pé.
- Meu apartamento é aqui perto, Geórgia. Quer
se tratar das feridas lá?
- Que remédio, não é? (soluço) Depender da
ajuda de outros para me recompor (soluço)... Ainda mais de um carinha que uma
vez (soluço) se aproveitou do meu desespero para... glup... eu... (soluço)
- Eu sei, Geórgia, eu sei que não fui legal
aquela vez. Mas não há outro jeito. Eu sou a única pessoa disponível no
momento.
E a ajudei a subir ao apartamento.
Bem, naquele momento eu bem que desejava uma
“bimbada”, uma garota para superar uma frustração. Mas não imaginava que seria
assim.
Não que eu quisesse abusar da Geórgia, ali no
meu sofá, tristonha. Tendo de usar um roupão meu enquanto sua roupa, mesmo
rasgada, estava no tanque, de molho (mas a meia-calça precisou ir para o lixo,
não servia mais para nada), recém-saída de um banho rápido, que ajudou inclusive
a desinfetar os ferimentos (ela não podia sentar no meu sofá com lixo sobre o
corpo, certo?), mertiolate e curativos nos machucados (que tipo de estudante de
medicina eu seria se não dispusesse de um kit de primeiros socorros em casa,
para emergências, nem de conhecimentos mínimos de primeiros socorros?), apoiando
o pé machucado, já devidamente desinfetado e enfaixado, em um banquinho. Com
uma situação de dar pena, haveria clima para sexo?
Preparei um chá calmante para ela poder se
recompor. E me sentei a seu lado. Ela já estava se sentindo melhor. Mais
reconfortada.
- Obrigada, Macário. Não esperava que fosse
você quem salvasse minha vida, mas você veio como que caído do céu.
- Que é isso, garota. Nem eu esperava por
algo desse feitio...
- E aí, como vão as mulheres? Conseguiu
arranjar uma namorada?
- Não. Digo... sim, quer dizer... “namoradas”
já arranjei várias. Você sabe, ainda sou aquele, hum, mulherengo de um ano
atrás. Mas, ultimamente, tem acontecido muitas coisas esquisitas...
- Está trabalhando?
- Estou, em um bar.
- E você... ainda não se apaixonou de verdade
por alguém?
- Não. Digo... o máximo foi eu me preocupar
com a saúde e o bem-estar de algumas. Elas correram perigo. E eu não gostaria
que algo de ruim acontecesse a elas por minha causa. Se é para uma garota sair
machucada por minha causa, prefiro que seja apenas o coração.
- Ah. E eu ultimamente não tenho tido sorte
em nada. Digo, no amor. Emprego e estudo eu consegui, mas amor... Tenho
material para anos de letras de canções sobre fossa. Eu tenho sido atraente aos
homens, você viu que até como uma p(...) eu estava vestida, eu não tenho jeito
mesmo... tenho ido para a cama com vários, mas infelizmente nenhum corresponde
às expectativas, dão umas três ou quatro “chupadas” e depois vão embora achando
que cumpriram seu papel... Quem vê diz que eu sou uma jovem Rê Bordosa, ah,
ah... Mas bem que eu gostaria mesmo era de um amor. Um peito peludo para apoiar
a cabeça, que me protegesse... por mais de uma noite. Mas não sei o que eu
tenho feito de errado (soluço)...
- E tem feito várias tentativas... Eu sei
como você se sente.
- Que sabe o quê! (soluço)...
- Sério, Geórgia. Ontem à noite mesmo eu...
hum... fiquei muito frustrado depois de... hum... um encontro com uma garota.
Ela... hum... não correspondeu às minhas expectativas. Era bom demais para ser
verdade. Ela que, hum, foi embora dizendo que estava tudo muito bom, muito bem,
e...
Como iria confessar que eu fiz sexo com uma
garota em sonhos? Ela ia pensar que fiquei louco.
- Puxa, Macário. – ela pareceu surpresa. – Quem
diria, você.
- É... é uma longa e inacreditável história.
E...
- Macário...
Ela, com algum esforço, se pôs em pé. E tirou
o roupão. Não estava com nada no corpo, exceto os curativos.
- Eu... Macário, eu não sei de outra forma
para agradecer a você por ter salvo minha vida. Esta é a única forma que eu
pensei. Eu... estive mesmo disposta a dar
para o primeiro que aparecesse, como eu disse, mesmo que não fosse
confiável.
- Geórgia... – falei, mordendo os lábios.
- Macário... mas eu sei que, apesar de você
ser promíscuo e notívago... você é confiável, é bonzinho... Que bom que foi
você...
Geórgia continuava linda. E, nua, continuava
irresistível, mesmo com curativos pelo corpo.
- Macário... eu deixo você fazer o que quiser
comigo... você salvou minha vida, e...
- Não diga mais nada!...
E a enlacei, e nos beijamos.
Eu desejava uma “bimbada”, uma garota para
superar a frustração. Mas não imaginava que seria assim...
Próximo capítulo, em princípio, daqui a 15 dias.
E, vocês repararam? O presente episódio bateu o recorde de ilustrações. Contem: foram 23.
A partir de agora, a novela vai ser mais carregada de sexo e violência. Quem sabe assim atrai mais público...
O que estão achando até o momento? Continuo? Paro? Deixem uma opinião! Ou vou continuar colocando o que eu quiser nesta história...
Até mais!
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