Olá.
Tem
lançamento no mundo das HQB independentes!
E,
ultimamente, a respeito da parte do Brasil que está produzindo quadrinhos, ou
mais precisamente, dos quadrinhos independentes do Brasil, publicados às custas
dos próprios artistas, tenho falado mais do personagem Benjamin Peppe, o
surfista ecologista de macacão vermelho, criação do meu amigo Paulo Miguel dos
Anjos. Afinal, sou um dos que estão mais diretamente envolvidos em sua
empreitada artístico-comercial, o Projeto Benjamin Peppe, onde artistas enviam
ilustrações e quadrinhos, com a liberdade de interpretar o personagem em seu
próprio estilo. Enquanto o Benjamin ainda não ganha novas mídias, como os
desenhos animados, um programa de TV ou uma peça de teatro, os gibis são seu
principal veículo de divulgação.
E, é
claro, tem gibi novo dele! A Universo Editora Independente, casa do personagem
há pouco mais de dois anos, já liberou mais um número do gibi! Este é o oitavo
número pela editora!
BENJAMIN
PEPPE # 8 tem data de agosto de 2017 – o lançamento oficial, portanto, é este
mês. Em relação ao número anterior, o gibi “emagreceu” – são 28 páginas,
contando capa. Mas o preço um pouco elevado – R$ 9,90 – tem justificativa: o
gibi é colorido, e impresso em papel couché, qualidade profissional. Não
totalmente colorido, porque algumas colaborações de artistas para o Projeto, no
presente número, são em preto e branco; mas as bordas das páginas são todas
coloridas. Os editores Paulo Miguel dos Anjos e Gil Mendes estão investindo
cada vez mais em profissionalismo na publicação do gibi. Mas tal
profissionalismo, entretanto, não é sempre acompanhado pelos colaboradores do
Projeto: muita gente que participa enviando suas HQ e ilustrações enviam
trabalhos altamente amadores, deixando a desejar em termos de traço e/ou
roteiro, afastando-se da qualidade que é esperada pelo leitor “contaminado”
pelos comics e mangás, portanto, muito exigente.
Bão:
o presente número do gibi volta a ter mais ilustrações do que quadrinhos – é o
que mais enviam para o Anjos, ilustrações pin-up do personagem, coloridas ou
preto-e-branco, mas interpretando o personagem em seu próprio traço. Mas, no
presente número, temos mais ilustrações de quadrinhistas altamente conhecidos.
Assim, a chamada de capa não mente: grandes nomes da nona arte emprestam seus
estilos para o surfista mais querido do Brasil!
Não
que seja a primeira vez que quadrinhistas brasileiros conhecidos tenham
aparecido nas páginas dos gibis do Benjamin Peppe: muita gente reconhecível,
como Júlio Shimamoto, Bira Dantas, Adauto Silva e Omar Viñole já deram,
anteriormente, suas contribuições. Mas nesta ocasião temos mais gente “famosa”
entre os apreciadores das artes pictóricas brasileiras.
Comecemos
falando das colaborações em HQ, desenhos de mais de um quadro. Começando
comigo, Rafael Grasel, com uma página de tiras cômicas, em preto-e-branco com
cinzas a lápis. E eu não estava nos meus melhores dias quando produzi essas
tiras, que usam como mote um conhecido poema de Carlos Drummond de Andrade... Afinal, a página foi produzida anteriormente ao trabalho de restauração que resultou na nova edição de Letícia e Benjamin Peppe Contra o Lixo (BP # 7, lançada em maio). Talvez até mesmo essas tiras solo do BP também passem pelo processo de restauração e colorização, em breve.
A
seguir, o baiano Eduardo Santana, que já presenteara Anjos com um novo
personagem para a turma, o gato Hawaii, colabora com uma HQ de quatro páginas
em preto e branco. Na história, bem simples: a namorada do “herói”, Diana, e o
gato Hawaii assistem ao personagem surfar e treinar suas manobras. Claro que o
gato tem sua chance de brilhar com suas próprias tiradas ao longo da história.
Mas a qualidade dos desenhos é que deixou um pouco a desejar: é que Edu Santana
construiu os desenhos copiando o traço original de Anjos, como se fosse uma
colagem de pedaços das histórias antigas produzidas pelo criador do personagem.
Quem já viu as outras páginas de HQ com as quais Edu Santana colaborou com o
Projeto vai estranhar o trabalho com aparência de desleixo. Até as hachuras,
que são características do trabalho de Santana (quem acessa o blog Planetiras
conhece bem) são dispensadas. Só as “intervenções” do Hawaii que garantem a
salvação. Sinto muito...
O
próximo a colaborar com uma tirinha é Leo Vieira, editor do blog Coliseu dos
Quadrinhos (https://coliseudosquadrinhos.blogspot.com.br/), que
faz seu personagem Leo Terário
interagir com o surfista, em uma tirinha muito rápida. Mas o traço é rústico –
o rapaz evidentemente produziu os desenhos no programa Paint, e usando o mouse
para desenhar! Destoa bastante dos trabalhos do restante do gibi.
A
última HQ tem apenas três páginas, descontando a ilustração de entrada. E falo
dela pisando em ovos. O polêmico Rod Tigre Gonzalez, criador do super-herói Blenq e representante da ala
ultranacionalista das HQB (quem lê os blogs que ele mantém, sabe como ele
costuma jogar duro em suas críticas e na defesa das HQ brasileiras, doa a quem
doer), colabora escrevendo o roteiro de Surfe
na Pororoca, com desenhos de Castelo. Na história, Benjamin é desafiado por
um rival, o mal-encarado e fedorento Heitor Molusco, em uma disputa de surfe. O
adversário tenta garantir sua vitória mandando um grupo sequestrar Benjamin
Peppe; porém, Blenq e seu parceiro, o alienígena Luã, conseguem salvar Peppe e
garantir que ele chegue a tempo para a competição. E a vitória do Peppe é
garantida graças à covardia do adversário... Bom, a história foi marcada pela
boa intenção, o crossover entre Benjamin Peppe e Blenq, afinal, ambos são
surfistas (Peppe surfa na água com a prancha de surfe e em terra com o skate;
Blenq surfa no ar com sua prancha voadora) e ambos defendem o meio ambiente.
Mas a impressão é que ela termina muito rápido. Os heróis resolvem o problema
rapidamente, e a interação entre Benjamin e Blenq é muito limitada – o
super-herói só salva o amigo e volta pro seu lugar para assistir a competição.
O tema da HQ podia ser desenvolvido em mais páginas. E podia ter deixado claro
se a trama se passa na região do Rio Amazonas, onde é mais noticiada a
ocorrência do fenômeno da pororoca (o violento encontro entre as águas do rio e
as do mar na foz do Amazonas – e tem gente que realmente pratica surfe nas
ondas que se formam, ainda que com muito risco). Os desenhos de Castelo são
bem-feitos, em linha-clara e com acertos na anatomia dos personagens, mas
simplórios – podia ter ousado mais, e posto mais cenário. A forma como o vilão
é punido tenta ser divertida, mas acaba meio constrangedora. E, no fim, o que
mais posso dizer? Os autores não estavam em seus melhores dias, e, sem se
preocupar com a qualidade, resolveram entregar “qualquer coisa” para participar
do Projeto Benjamin Peppe. Me desculpem os autores, mas podia ter sido melhor. Melhor
que os leitores julguem por si mesmos. Eu sei que já atraí a ira do Rod Tigre
(ele que já se irou comigo porque “ataquei” o Blenq aqui no blog) e dos fãs do
Blenq, eu sei... Só espero não ter atraído a ira dos fãs do Benjamin Peppe.
Posso ter algo contra o Blenq, mas nada contra o Benjamin Peppe. Não mais...
Bem.
Agora, falemos das ilustrações. Nessa parte, temos gente consideravelmente boa,
e conhecida dos apreciadores de quadrinhos brasileiros. A começar pelo
responsável pela capa, Marcos Fabiano Lopes, bastante conhecido por suas
versões dos super-heróis brasileiros em super-deformed.
E tem ainda: Eduardo Vetillo, um dos responsáveis pelo sucesso do gibi d’Os Trapalhões nos anos 1980; Dell
Carvalho; Chagas Lima, criador do Icfire,
colaborando mais uma vez; Rafael Grasel (eu), com duas ilustrações já
publicadas aqui no blog; Gil Mendes, tradicionalmente editor e roteirista, exercitando-se
no desenho (e não se saiu mal); Waine Beraldo, que roteirizou a HQ da edição #
4; Denison Lemos; Paulo Roberto de Lima, ora Paulo 16 ora Paulo 17 (O Capilé);
Rogério Curiel; Castelo, Johnny e Cláudia, responsáveis pela ilustração de
abertura de Surfe na Pororoca; Rai
Guimarães, criador do Galo Costa;
Júlio Shimamoto, dando sua contribuição mais uma vez (inédita do samurai das
HQB); César Cavelagna, quadrinhista e animador (célebre pela série animada
brasileira Simão e Bartolomeu); e Eduardo
Manzano, atualmente assinando como Ed Oliver, o co-fundador da saudosa editora
SM/Júpiter 2, que também já foi casa do Benjamin Peppe.
Com
temores de ter atraído a ira de muita gente da ala radical das HQB (afinal, eu
também sou um leitor “contaminado” pelos comics e mangás estrangeiros), encerro
por aqui.
Não,
esperem, ainda tem mais a dizer.
A
primeira coisa a dizer é: adquiram seu exemplar – e os outros da coleção –
através dos seguintes contatos: com o próprio Anjos (anjospaulo@zipmail.com.br ou benjaminpeppe@gmail.com) ou
com a editora (universoeditoraindependente@gmail.com).
Conheçam
outras publicações da Universo Editora Independente no site da editora (www.editorauniverso.com/ - mas
torçam para que ele não saia do ar como muitas vezes tem acontecido...).
E
tem mais! Recentemente, foi divulgada uma entrevista que Paulo Miguel dos Anjos
deu a Rafael Spacca para a revista Bravo!.
Conheçam o pensamento do criador do Benjamin Peppe no seguinte link: https://medium.com/revista-bravo/o-mundo-mudou-eu-tamb%C3%A9m-a434c07fc329.
E,
para encerrar, divulgo agora a página cômica do Benjamin Peppe, feita por mim,
que saiu no gibi número 5 da coleção. Apenas uma das várias páginas que enviei
tempos atrás para Anjos, e que estão sendo publicadas aos poucos. Mas no Anjos
se pode confiar, do mesmo modo como ele confia nos colaboradores do Projeto
Benjamin Peppe. Inclusive eu. Talvez todos deveríamos aprender com o Paulo Miguel dos Anjos: ele não discrimina ninguém ao receber as colaborações para o Projeto Benjamnin Peppe. Independente da qualidade do traço, ou do roteiro da HQ, ele aceita. Por que eu, ou outros críticos das HQ brasileiras, não podemos fazer o mesmo?
E aguardem: para breve, haverá novas surpresas envolvendo o Benjamin Peppe, combinadas entre o Anjos e eu! Vocês terão as devidas notícias acompanhando o Benjamin Peppe no Facebook e no Google+.
E você,
que desenha e escreve: não vai colaborar também para tornar um personagem
nacional mais conhecido? Só porque o Benjamin Peppe é o personagem mais
politicamente correto da atualidade? Só porque ele é surfista, ecologista, e
não está envolvido em política... enfim, politicamente correto? Só porque ele
não bebe como a Rê Bordosa ou o Edibar, não fuma nem diz palavrão como o Wood
& Stock ou o Detetive Diomedes, nem é violento e desbocado como os Piratas do
Tietê ou o Quebra Queixo, nem é malandro como o Zé Carioca ou os Los Três
Amigos?
Bem...
Até
mais!
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