Olá.
Faz
dias que eu não publico nada no blog, muito por conta de minhas crises
pessoais. Preciso dar um jeito na minha vida, mesmo.
Bem,
hoje, aproveitando uma dessas oportunidades que a vida oferece, pago uma dívida
que eu tinha com meus 17 leitores, desde o segundo semestre de 2015.
Quem
acompanha o blog, sabe que andei, entre 2013 e 2015, resenhando os gibis da
Luluzinha, que a Pixel colocara de volta ao mercado, primeiro em gibis comuns,
depois em álbuns. A última vez que escrevi sobre uma publicação com a
personagem foi em junho de 2015! E só a alguns meses de completar três anos
desde então, consegui adquirir o álbum da coleção da Pixel Media que faltava.
Aqui
está, então, LULUZINHA – AVENTURAS COM BOLINHA. Antes tarde do que nunca.
Eu
já havia resenhado, aqui no blog, quase todos os álbuns que a Pixel Media –
selo do grupo Ediouro, atualmente em atuação muito discreta no setor dos
quadrinhos (nunca mais tive notícias de novos álbuns de HQ lançados) – havia
lançado com HQs clássicas de Luluzinha. Relembremos: em abril/maio de 2013,
veio o primeiro álbum, Luluzinha –Primeiras Histórias; em julho do mesmo ano, veio Luluzinha – Meninos x Meninas; este LULUZINHA – AVENTURAS COM
BOLINHA apareceu em agosto. Em dezembro, foi a vez de Luluzinha – A Turma do Barulho. Em março de 2014, foi a vez de Bolinha e os Homenzinhos de Marte, único
álbum solo do “aminimigo” de Luluzinha; em
junho desse ano, veio Luluzinha – Pirralhos espertos; e, em agosto de 2014, Luluzinha – Turma da Zona Norte. Quase todos publicados enquanto os gibis de banca ainda estavam em
publicação, pela mesma editora.
Cada
um dos álbuns de Luluzinha traziam as seguintes características: colorido, capa
cartonada, 128 páginas em papel couché. Cada álbum tinha histórias selecionadas
conforme o tema escolhido, abordando a evolução dos traços de seus autores – Homenzinhos de Marte, Pirralhos Espertos e
Turma da Zona Norte passaram a trazer
histórias que já haviam saído anteriormente nos gibis regulares, ao contrário
dos primeiros álbuns, que traziam HQs mais antigas e inéditas nos gibis de
banca. AVENTURAS COM BOLINHA não foge a essas características, ou à maioria
delas.
Os
cinco primeiros álbuns da série traziam histórias em ordem cronológica, com as
devidas datas de publicação, resgatando o trabalho do pai de criação da
personagem Luluzinha, John Stanley, e seu período inicial como criador dos
gibis (lembrem-se: Luluzinha foi criada por Marjorie “Marge” Henderson Buell em
1935, como um cartum semanal para a revista Saturday
Evening Post; a personagem, de sucesso praticamente consolidado nos anos
1930, ganhou os gibis em 1945, pela editora Dell Comics, com produção de John
Stanley, que, inicialmente, trabalhava sozinho, e, só mais tarde, teria ajuda
de assistentes, sendo o mais destacado Irv Tripp).
AVENTURAS
COM BOLINHA compila dez HQs longas do período formativo da personagem,
1945-1947, todas publicadas na revista-teste Four Color, onde as aventuras iniciais de Luluzinha e Bolinha eram
publicadas antes de ganharem gibi próprio. Quase todas as histórias, como o
título entrega, são centradas em pequenas “excursões” de Luluzinha ao lado de
seu amigo/rival Bolinha – o único coadjuvante criado por Marge. Nenhuma traz os
coadjuvantes – Aninha, Carequinha, Alvinho, Glorinha, Plínio, etc. (todos
seriam criados por Stanley e os outros colaboradores).
Aqui,
os dois aparecem ainda como crianças ingênuas e peraltas, que aprontam e causam
prejuízos aos adultos, mas sem más intenções. Ambos ainda não são os gênios
precoces do período posterior, dedicados a pregar peças um no outro, ou nos outros
coadjuvantes. E dá para notar que, nesse período inicial, Bolinha parece muito
mais gordo, em contraponto a Luluzinha. Mas em algumas histórias transparece a
característica mais marcante da série, a crítica ao machismo infantil presente
na época – a tradicional separação entre meninos e meninas, cada qual com suas
respectivas brincadeiras, e, em tese, nenhum lado poderia se envolver com o
outro. E, nesse álbum, o leitor também pode vislumbrar um dos primeiros casos
de detetive de Bolinha e Luluzinha – embrião das futuras aventuras do
“detetive” Aranha.
Começando
com Luluzinha Vai à Praia (junho de
1945). Nela, está uma das primeiras trapalhadas que a dupla Lulu e Bolinha
cometem em um passeio à praia – só eles dois, Alvinho só entraria mais tarde.
Boias que acabam entalando em locais que não deveriam, maré alta, salva-vidas
humilhados, roupas de banho rasgadas... receita de desastre, em suma.
A
seguir, O Concurso (fevereiro de
1946) é a principal HQ que lida com questões de gênero, à maneira da época.
Luluzinha (estranhamente, com apenas um de seus tradicionais coques na testa),
depois de ser humilhada por Bolinha, está decidida a superá-lo em um concurso
de aeroplanos de brinquedo. Embora o resultado de seu esforço em montar um
avião tenho saído tosco, Lulu consegue se sair bem no final.
As Viagens de Bolinha (fevereiro
de 1946) é de um tempo em que era bem mais fácil enganar uma criança, fazendo-a
crer que um país pode sumir do mundo simplesmente rasgando a página onde o país
aparece no atlas. Bem: Bolinha resolve fugir de casa, e Lulu faz o possível
para fazê-lo mudar de ideia. E tem de ser rápida, antes que ele decida fazer
companhia a um daqueles vagabundos que se escondem no matagal, e que acreditam
que é possível viver bem sem a presença das mulheres.
Em O Piquenique (fevereiro de 1946), a
dupla passa por um verdadeiro aperto só para conseguir um lugar para fazer seu
lanche no campo. Vacas, travessia de riachos, montanhas, ursos, chuva, brigas
por causa da cesta...
A
seguir, Caça ao Tesouro (junho de
1946). A dupla vai atrás de um possível tesouro que pode ser encontrado com uma
forquilha, dessas que comumente são usadas para encontrar água. O mais que
conseguem é ajudar um velhinho.
Em Os Gazeteiros (março de 1947), Luluzinha
e Bolinha acabam faltando à aula. Mas a ideia foi de Bolinha, e Luluzinha
simplesmente entra na dança. A parte mais difícil da série de trapalhadas, que
envolve até perda de sapatos pelo caminho, é tentar despistar suas respectivas
mães.
Em Fruto Proibido (maio de 1947), a dupla
consegue causar um prejuízo considerável a um senhor, quando resolvem
simplesmente roubar uma maçã de uma árvore. A história demonstra as
fascinações, tanto de uma fruta no pé para uma criança dos anos 1940, quanto a
da recém-popularizada televisão. Mas, na confusão armada, quem mais sofre é
Luluzinha, que se engasga com uma bolinha de pingue-pongue e quase de afoga em
uma inundação no porão...
Doce Confusão (agosto
de 1947) mostra o que acontece com quem se intromete em assuntos alheios.
Quando Bolinha vai para a padaria, Lulu resolve ir junto. Porém, suas sugestões
de como lidar com um bolo condenado mais pioram a situação do que resolvem.
O Caso do Sonho Roubado (outubro
de 1947) é o embrião das futuras aventuras do Detetive Aranha – alcunha que
Bolinha só adotaria algum tempo depois. A receita é praticamente a mesma de
todas as histórias detetivescas posteriores: Luluzinha é acusada de um “crime”
doméstico que não cometeu; ela pede ajuda a Bolinha, que vai fazer a
investigação usando um disfarce estapafúrdio; e, ao fim das “investigações”,
ele consegue provar que o pai da menina é o culpado. Uma linha de roteiro que
praticamente deu certo enquanto Luluzinha ainda era publicada.
E,
encerrando o volume, Um Passeio Diferente
(janeiro de 1947), a história mais longa do álbum, e uma aventura solo de
Luluzinha, em uma típica comédia de enganos. Luluzinha acaba se encontrando,
por acaso, com a filha de um milionário; e, na sequência, Lulu acaba sendo
capturada por engano por uma dupla de bandidos muito atrapalhados – mas ninguém
percebe que está sendo enganado... Na sequência de acontecimentos, acontece de
tudo o que era considerado reprovável nos anos 1940: além do sequestro em si,
tem rajadas de metralhadora, tentativa de sepultar um cadáver que não morreu, crianças
jogando pôquer a dinheiro, agressão física... Mas, no final, Luluzinha sai
ilesa. De todas as histórias do álbum, esta foi a que teve o melhor roteiro.
Assim,
a coleção agora está completa. Hoje, dá para encontrar o álbum a preço menor
que os R$ 16,90 da época.
E,
assim, encerramos um ciclo aqui no blog. Encerramos as postagens sobre todo
material de Luluzinha Clássica publicado pela Pixel Media. Agora, vai depender
de outra editora para que Luluzinha volte a ser publicada no Brasil. Claro que
a Pixel não publicou todas as histórias dos personagens.
Para
encerrar, claro que vou lançar mão de minha Luluzinha, a Letícia.
Semanas
atrás, publiquei no blog dela uma HQ curta e inédita. Essa HQ foi produzida a
lápis e caneta esferográfica, como um teste.
Em
breve, devo retomar a produção das tiras de Letícia, que estás paralisada.
Enquanto isso, dá para curtir as tiras anteriores em https://leticiaquadrinhos.blogspot.com.br/.
E,
bem, por enquanto era isso.
Aguardem
novidades para breve. Para assim que eu conseguir sair da fossa onde agora me
encontro. Porém, não vou deixar meus 17 leitores sem notícias. Isso não.
Até
mais!
Um comentário:
Conheci seu blog so hoje (uma pena) gostei bastante do seu conteúdo. Também sou de Belém. Adorei o fato de saber que ainda exisyex fãs da turma da Luluzinha e personagens Harvey. Eu achava que era o único. Tenho todas as edições da pixel destes personagens. Lamentei que eles tenham encerrado. Eu ainda tinha esperança que lançassem as revistas da Bolota. Um grande abraço! IVAN ( WWW.FACEVOOK.COM/PROJETOPAC )
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