sábado, 24 de março de 2018

LULUZINHA - AVENTURAS COM BOLINHA - A minha dívida com os leitores, finalmente paga!



Olá.
Faz dias que eu não publico nada no blog, muito por conta de minhas crises pessoais. Preciso dar um jeito na minha vida, mesmo.
Bem, hoje, aproveitando uma dessas oportunidades que a vida oferece, pago uma dívida que eu tinha com meus 17 leitores, desde o segundo semestre de 2015.
Quem acompanha o blog, sabe que andei, entre 2013 e 2015, resenhando os gibis da Luluzinha, que a Pixel colocara de volta ao mercado, primeiro em gibis comuns, depois em álbuns. A última vez que escrevi sobre uma publicação com a personagem foi em junho de 2015! E só a alguns meses de completar três anos desde então, consegui adquirir o álbum da coleção da Pixel Media que faltava.
Aqui está, então, LULUZINHA – AVENTURAS COM BOLINHA. Antes tarde do que nunca.

Eu já havia resenhado, aqui no blog, quase todos os álbuns que a Pixel Media – selo do grupo Ediouro, atualmente em atuação muito discreta no setor dos quadrinhos (nunca mais tive notícias de novos álbuns de HQ lançados) – havia lançado com HQs clássicas de Luluzinha. Relembremos: em abril/maio de 2013, veio o primeiro álbum, Luluzinha –Primeiras Histórias; em julho do mesmo ano, veio Luluzinha – Meninos x Meninas; este LULUZINHA – AVENTURAS COM BOLINHA apareceu em agosto. Em dezembro, foi a vez de Luluzinha – A Turma do Barulho. Em março de 2014, foi a vez de Bolinha e os Homenzinhos de Marte, único álbum solo do “aminimigo” de Luluzinha; em junho desse ano, veio Luluzinha – Pirralhos espertos; e, em agosto de 2014, Luluzinha – Turma da Zona Norte. Quase todos publicados enquanto os gibis de banca ainda estavam em publicação, pela mesma editora.
Cada um dos álbuns de Luluzinha traziam as seguintes características: colorido, capa cartonada, 128 páginas em papel couché. Cada álbum tinha histórias selecionadas conforme o tema escolhido, abordando a evolução dos traços de seus autores – Homenzinhos de Marte, Pirralhos Espertos e Turma da Zona Norte passaram a trazer histórias que já haviam saído anteriormente nos gibis regulares, ao contrário dos primeiros álbuns, que traziam HQs mais antigas e inéditas nos gibis de banca. AVENTURAS COM BOLINHA não foge a essas características, ou à maioria delas.
Os cinco primeiros álbuns da série traziam histórias em ordem cronológica, com as devidas datas de publicação, resgatando o trabalho do pai de criação da personagem Luluzinha, John Stanley, e seu período inicial como criador dos gibis (lembrem-se: Luluzinha foi criada por Marjorie “Marge” Henderson Buell em 1935, como um cartum semanal para a revista Saturday Evening Post; a personagem, de sucesso praticamente consolidado nos anos 1930, ganhou os gibis em 1945, pela editora Dell Comics, com produção de John Stanley, que, inicialmente, trabalhava sozinho, e, só mais tarde, teria ajuda de assistentes, sendo o mais destacado Irv Tripp).
AVENTURAS COM BOLINHA compila dez HQs longas do período formativo da personagem, 1945-1947, todas publicadas na revista-teste Four Color, onde as aventuras iniciais de Luluzinha e Bolinha eram publicadas antes de ganharem gibi próprio. Quase todas as histórias, como o título entrega, são centradas em pequenas “excursões” de Luluzinha ao lado de seu amigo/rival Bolinha – o único coadjuvante criado por Marge. Nenhuma traz os coadjuvantes – Aninha, Carequinha, Alvinho, Glorinha, Plínio, etc. (todos seriam criados por Stanley e os outros colaboradores).
Aqui, os dois aparecem ainda como crianças ingênuas e peraltas, que aprontam e causam prejuízos aos adultos, mas sem más intenções. Ambos ainda não são os gênios precoces do período posterior, dedicados a pregar peças um no outro, ou nos outros coadjuvantes. E dá para notar que, nesse período inicial, Bolinha parece muito mais gordo, em contraponto a Luluzinha. Mas em algumas histórias transparece a característica mais marcante da série, a crítica ao machismo infantil presente na época – a tradicional separação entre meninos e meninas, cada qual com suas respectivas brincadeiras, e, em tese, nenhum lado poderia se envolver com o outro. E, nesse álbum, o leitor também pode vislumbrar um dos primeiros casos de detetive de Bolinha e Luluzinha – embrião das futuras aventuras do “detetive” Aranha.
Começando com Luluzinha Vai à Praia (junho de 1945). Nela, está uma das primeiras trapalhadas que a dupla Lulu e Bolinha cometem em um passeio à praia – só eles dois, Alvinho só entraria mais tarde. Boias que acabam entalando em locais que não deveriam, maré alta, salva-vidas humilhados, roupas de banho rasgadas... receita de desastre, em suma.
A seguir, O Concurso (fevereiro de 1946) é a principal HQ que lida com questões de gênero, à maneira da época. Luluzinha (estranhamente, com apenas um de seus tradicionais coques na testa), depois de ser humilhada por Bolinha, está decidida a superá-lo em um concurso de aeroplanos de brinquedo. Embora o resultado de seu esforço em montar um avião tenho saído tosco, Lulu consegue se sair bem no final.
As Viagens de Bolinha (fevereiro de 1946) é de um tempo em que era bem mais fácil enganar uma criança, fazendo-a crer que um país pode sumir do mundo simplesmente rasgando a página onde o país aparece no atlas. Bem: Bolinha resolve fugir de casa, e Lulu faz o possível para fazê-lo mudar de ideia. E tem de ser rápida, antes que ele decida fazer companhia a um daqueles vagabundos que se escondem no matagal, e que acreditam que é possível viver bem sem a presença das mulheres.
Em O Piquenique (fevereiro de 1946), a dupla passa por um verdadeiro aperto só para conseguir um lugar para fazer seu lanche no campo. Vacas, travessia de riachos, montanhas, ursos, chuva, brigas por causa da cesta...
A seguir, Caça ao Tesouro (junho de 1946). A dupla vai atrás de um possível tesouro que pode ser encontrado com uma forquilha, dessas que comumente são usadas para encontrar água. O mais que conseguem é ajudar um velhinho.
Em Os Gazeteiros (março de 1947), Luluzinha e Bolinha acabam faltando à aula. Mas a ideia foi de Bolinha, e Luluzinha simplesmente entra na dança. A parte mais difícil da série de trapalhadas, que envolve até perda de sapatos pelo caminho, é tentar despistar suas respectivas mães.
Em Fruto Proibido (maio de 1947), a dupla consegue causar um prejuízo considerável a um senhor, quando resolvem simplesmente roubar uma maçã de uma árvore. A história demonstra as fascinações, tanto de uma fruta no pé para uma criança dos anos 1940, quanto a da recém-popularizada televisão. Mas, na confusão armada, quem mais sofre é Luluzinha, que se engasga com uma bolinha de pingue-pongue e quase de afoga em uma inundação no porão...
Doce Confusão (agosto de 1947) mostra o que acontece com quem se intromete em assuntos alheios. Quando Bolinha vai para a padaria, Lulu resolve ir junto. Porém, suas sugestões de como lidar com um bolo condenado mais pioram a situação do que resolvem.
O Caso do Sonho Roubado (outubro de 1947) é o embrião das futuras aventuras do Detetive Aranha – alcunha que Bolinha só adotaria algum tempo depois. A receita é praticamente a mesma de todas as histórias detetivescas posteriores: Luluzinha é acusada de um “crime” doméstico que não cometeu; ela pede ajuda a Bolinha, que vai fazer a investigação usando um disfarce estapafúrdio; e, ao fim das “investigações”, ele consegue provar que o pai da menina é o culpado. Uma linha de roteiro que praticamente deu certo enquanto Luluzinha ainda era publicada.
E, encerrando o volume, Um Passeio Diferente (janeiro de 1947), a história mais longa do álbum, e uma aventura solo de Luluzinha, em uma típica comédia de enganos. Luluzinha acaba se encontrando, por acaso, com a filha de um milionário; e, na sequência, Lulu acaba sendo capturada por engano por uma dupla de bandidos muito atrapalhados – mas ninguém percebe que está sendo enganado... Na sequência de acontecimentos, acontece de tudo o que era considerado reprovável nos anos 1940: além do sequestro em si, tem rajadas de metralhadora, tentativa de sepultar um cadáver que não morreu, crianças jogando pôquer a dinheiro, agressão física... Mas, no final, Luluzinha sai ilesa. De todas as histórias do álbum, esta foi a que teve o melhor roteiro.
Assim, a coleção agora está completa. Hoje, dá para encontrar o álbum a preço menor que os R$ 16,90 da época.
E, assim, encerramos um ciclo aqui no blog. Encerramos as postagens sobre todo material de Luluzinha Clássica publicado pela Pixel Media. Agora, vai depender de outra editora para que Luluzinha volte a ser publicada no Brasil. Claro que a Pixel não publicou todas as histórias dos personagens.
Para encerrar, claro que vou lançar mão de minha Luluzinha, a Letícia.
Semanas atrás, publiquei no blog dela uma HQ curta e inédita. Essa HQ foi produzida a lápis e caneta esferográfica, como um teste.
Em breve, devo retomar a produção das tiras de Letícia, que estás paralisada. Enquanto isso, dá para curtir as tiras anteriores em https://leticiaquadrinhos.blogspot.com.br/.
E, bem, por enquanto era isso.
Aguardem novidades para breve. Para assim que eu conseguir sair da fossa onde agora me encontro. Porém, não vou deixar meus 17 leitores sem notícias. Isso não.
Até mais!

Um comentário:

Ivan Davis disse...

Conheci seu blog so hoje (uma pena) gostei bastante do seu conteúdo. Também sou de Belém. Adorei o fato de saber que ainda exisyex fãs da turma da Luluzinha e personagens Harvey. Eu achava que era o único. Tenho todas as edições da pixel destes personagens. Lamentei que eles tenham encerrado. Eu ainda tinha esperança que lançassem as revistas da Bolota. Um grande abraço! IVAN ( WWW.FACEVOOK.COM/PROJETOPAC )