Passaram-se quinze dias. Hoje, então, é dia de episódio inédito de meu folhetim ilustrado para adultos, MACÁRIO. Hoje, com o capítulo mais difícil de escrever até agora. Difícil foi manter a coesão entre os acontecimentos. Confiram se o esforço deu certo.
ATENÇÃO: leitura não recomendada para menores de 18 anos. Contém cenas de seminudez, agressão física e verbal, e de homens chorando.
Parece que chorar, no fim, adiantou.
Ao menos consegui que as seis garotas que
vieram, subitamente, me visitar no meu apartamento me escutassem, e me
deixassem explicar que não estava acontecendo nada impróprio, obsceno. Que não
havia ocorrido sexo naquele local, em uma madrugada de quarta para
quinta-feira.
Eu me perguntava, aliás, por que,
subitamente, elas resolveram aparecer no meu apartamento, a pretexto de me
visitar, pura e simplesmente.
Primeiro foram Valtéria e Viridiana. Depois,
foi Geórgia. E, a seguir, juntas, Créssida, Maura e Loreta. Todas, em algum
momento, dormiram comigo, todas mais de uma vez.
Quando o momento era de pura saia justa,
quando ia se criar, afinal, uma confusão, quando ia começar uma discussão entre
as garotas... eu comecei a chorar. Pego no flagra, em uma situação
aparentemente constrangedora, chorei. Implorei para que me deixassem explicar a
situação. E fui falando, quase aos gritos:
- Por favor, me escutem... (soluço) não está
acontecendo nada que vocês possam estar pensando... (soluço) Nenhuma
sem-vergonhice... (soluço) Eu não fiz nada com elas... (soluço) Não fiz nada
com essas que já estão aqui... (soluço) Não teve sexo... (soluço) A gente não
dormiu esta noite na mesma cama... (soluço) Nós não fizemos nada... (soluço)
N-nós já fizemos, mas não hoje... (soluço) Hoje eu dormi sozinho, juro...
(soluço) E-eu não fiz nada... (soluço) Hoje eu só lavei roupa... (soluço)
M-minha roupa... (soluço) apesar de vocês saberem muito bem quem sou, como sou,
eu... (soluço) por favor, entendam que não aconteceu nada... (soluço)
Eu fiz uma cena patética – ao menos foi a
impressão que tive com a reação das garotas.
As seis ficaram me olhando, atônitas, de olho
arregalado.
Mas elas pareceram compreensivas. Pareceram.
Ao fim da minha crise, sentado no sofá, levantei
os olhos e sequei as lágrimas: elas continuavam olhando, atônitas.
No fim, foi Geórgia quem se manifestou:
- Macário?! Você... está chorando?!
- Eu... estou. – enxuguei uma lágrima. – Eu...
ultimamente... (soluço) é tudo o que eu estou conseguindo fazer. (soluço)
Mas... agora vocês acreditam em mim? (soluço)
- Quem poderia imaginar, Macário. – falou
Viridiana, com um sorriso. – Você, chorando!
- Primeira vez que eu vejo o Macário
chorar... – falou Créssida.
- Para mim é a segunda... não, terceira vez.
– falou Maura.
- Você já viu o Macário chorar? – perguntou
Viridiana, arregalando o olho para Maura.
- Ele chorou lá no hospital. Naquela vez em
que ele foi para o hospital, e... ele não contou para você que...? Nem no dia
em que você esteve no hospital com ele? Que ele chorou quando a garota fugiu
do...?
- Mas que garota de sorte! – falou Viridiana.
– Como é o seu nome?
- O meu é Maura. E estas aqui ao meu lado são
Créssida e Loreta. – e apontou para as duas, que acenaram.
- O meu é Viridiana, e minha amiga aqui é a
Valtéria. – e apontou para a loira, que acenou timidamente.
- E o meu é Geórgia. – falou a única ali que
não tinha vínculos com qualquer uma das outras. – Prazer.
- Prazer... Oh, mas o que tem de errado o Macário
chorar? – falou Loreta, em tom conciliatório. – O que tem de errado homem
chorar, aliás?
- O homem do qual estamos falando é o Macário
mulherengo. – falou Maura. – O macho, o garanhão da faculdade. Que privilégio o
nosso, assistir ao Macário chorando. Logo aquele que não pode se dar a esse
luxo. Com todas nós ele bancou o macho, e, agora...
- Não fale desse jeito do Macário! – gritou
Valtéria, a seguir sentando ao meu lado, e falando maternalmente comigo. – Não
fique triste, meu Macário... não chore. Nenhuma garota malvada vai te fazer
chorar. – e, baixinho, ao pé do meu ouvido: – Ooh, e estou tão feliz em saber
que você chorou por minha causa... você me ama...
- Mas nós não fizemos nada! – falou Créssida.
– Nem fizemos nada, ele que começou a chorar de...
- Valtéria! – foi o protesto de Viridiana.
Com razão: Valtéria, a título de me consolar,
começou a me beijar, e me agarrava. Eu não reagi, permiti ser beijado – havia
ao menos a sensação de que alguém ainda se importava comigo. As outras só
arregalando os olhos.
- Não vou deixar essas malvadas fazerem meu
Macário chorar. Tem gente que só quer ver as pessoas sofrendo na vida... como
pode... – ela falava, entre beijos. – Eu não. Eu só quero ver o meu Macário
feliz.
- Eu já disse que nós não fizemos nada! –
falou Créssida. – Eu, a Maura e a Loreta, pelo menos, não fizemos nada que... a
gente só chegou na sala, e ele que começou a chorar. Ninguém aqui esperava
pegá-lo no flagra e... bem, nós não estamos achando ruim, na verdade. –
complementou com um sorriso.
Valtéria olhou enviesado.
- Eu também não fiz nada – falou Geórgia. –
Eu só cheguei aqui e...
- Não se faça, sua vagabunda... – falou
Valtéria, olhando feio para Geórgia. – Sua p(...)! Eu vi que você já chegou
dando um tapa nele!
- Ei, como assim, vagabunda?! – falou
Geórgia, com indignação. – Como assim, p(...)?! Me elogia um monte e depois...
- É que eu lembrei que você chegou batendo e
gritando com ele!
Geórgia corou.
- Bem, é que...
- Não ligue, Geórgia. – falou Viridiana,
tocando o ombro de Geórgia. – Ela é assim mesmo, não bate muito bem da
cabeça... Eu fico preocupada também.
Até mesmo eu fiquei sem entender essa súbita
mudança de humor de Valtéria. Há cinco minutos, ela estava elogiando Geórgia, e
insistindo que ela ficasse no apartamento; agora, estava xingando-a. por que
não começou a reclamar daquele tapa logo que Geórgia entrou no apartamento?!
- Alguém aqui pode se dar ao trabalho de
explicar melhor o que está havendo aqui?! – exigiu Créssida. – Estamos em...
umaduastrêsquatrocinco... seis garotas neste apartamento, diante do Macário!
Por que todas de repente resolveram aparecer no mesmo dia para acertar contas
com ele?!
- Isso é o que eu estou perguntando. – falei,
enxugando mais uma lágrima. – Por que todas no mesmo dia?!
- Ah, pura coincidência, apenas isso. – falou
Geórgia. – Eu mesma não esperava encontrar mais garotas no apartamento do
Macário... mas se bem que isso é o feitio dele. Eu também não estou achando
ruim. Mas... Quem garante que essas garotas...
- Eu já disse, por favor, estas aqui não
dormiram comigo a noite passada! – quase gritei. – Eu nunca levo mais de uma
garota pra cama! Você sabe disso!!
- Mas eu bem que gostaria de ter dormido... –
falou Valtéria.
- Não gostaria não. – falou Viridiana. – É,
ele está falando a verdade, nós não passamos a noite aqui, não se preocupem. Agora
largue o Macário, Valtéria.
- Não, não vou largar mais! Ele agora é meu!
– Valtéria se agarrou forte a mim, quase me estrangulando. – Tente tirá-lo de
mim, sua invejosa. Vocês todas, suas invejosas, tentem tirá-lo de mim!!
- Moça! – falou Créssida.
- Vocês podem tentar, mas não vão tirar o
Macário de mim! Sei que já dormiram com ele antes, mas depois o deixaram livre,
este homem maravilhoso... ma-ra-vi-lho-so!
- Maravilhoso, o Macário mulherengo?! – falou
Maura, irônica. – Hah, a mim não importa, pode ficar com ele. Já tenho
namorado.
- Como assim, amiga? – ia falando Loreta. –
Você não...
- Shh... – fez Maura, batendo de leve com o
cotovelo no braço de Loreta.
- Então, por que veio procurar o Macário,
hein, sua... morena?! Vocês morenas não passam de invejosas. Só porque sou
loira e linda.
- Valtéria, pare!... – Viridiana tentou
novamente.
- Decerto vocês já sabem que eu,
infelizmente, deixei de ser gostosa... só porque quase fui devorada por
cachorrinhos!
- Como assim, devo...? – já ia perguntando
Créssida.
- Olhem aqui!
E Valtéria, tresloucadamente, levantou do
sofá e tirou de novo a roupa, baixou as calças e tirou o moletom, para mostrar
as cicatrizes das mordidas dos cães. As outras se horrorizaram.
- Caraca! – exclamou Geórgia.
- Oh, mas que horror!!! – exclamou Loreta,
cobrindo os olhos.
- Puxa vida!!! – exclamou Créssida.
- Valtéria, vista-se!!! – exclamou Viridiana.
- Viram só?! Olhem o que os cachorrinhos
fizeram comigo! Agora que eu consegui me recuperar... – foi falando Valtéria. –
E, se eu me separar do Macário de novo, eu vou ser devorada pelos cachorrinhos!
Por isso...
E, de calcinha e sutiã, ela tentou me agarrar
de novo. Mas me desvencilhei e me afastei.
- Valtéria, pare com isso, por favor!! –
exclamei.
- Não!! – Valtéria deixou as lágrimas
rolarem. – Macário, por favor, não me deixe assim... Diga que você...
Maura foi a única que não soltou alguma
exclamação. Ela interrompeu os rompantes de loucura de Valtéria.
- Ei, estou lembrando agora de você! –
exclamou Maura. – Você é a loira lá do hospital! A que fugiu do leito! E depois
voltou toda mordida e machucada!!
- E eu também me lembro de você, sua...
morena. – falou Valtéria, amarrando a cara. – A enfermeira lá do hospital! A
que tentou me dopar!
- E eu também me lembro de você! – continuou
Maura, apontando para Viridiana. – Você que fez aquele escândalo lá no
hospital, e ainda contou que ela... que ela foi...
- E eu lhes garanto que a história é
verdadeira! – exclamou Viridiana, deixando cair uma lágrima. – Por que ninguém
acredita em mim?!
- Que história?! Como assim?! Como as... –
foi falando Créssida, mas eu que fiz o sinal para interrompê-las.
- Meninas – sequei uma lágrima. – Vamos nos
acalmar. Vamos conversar como gente civilizada. Cada uma teve uma razão para
vir aqui no meu apartamento, então creio que podemos esclarecer essas razões,
uma por uma. – assumi, nesta parte, gestos muito teatrais. Até curvei o corpo
para a frente numa reverência. – Como gente civilizada. Então... se puderem se
sentar, se quiserem sentar nas cadeiras aí da minha mesinha, e neste banquinho
que eu também tenho aí na sala, e se me permitirem preparar um cafezinho, tenho
certeza que estará tudo esclarecido, como gente civilizada. Ok?
As garotas se entreolharam. No fim, se
manifestaram.
- Concordo. – falou Geórgia.
- Estou de acordo. – falou Créssida.
- Aham. – falou Loreta.
- Vamos conversar como gente. – falou Maura.
- Como gente decente. – falou Viridiana. –
Certo, Valtéria?
- Eu... eu concordo. – falou Valtéria,
hesitante.
- Ok. – falei. – Valtéria, por favor,
vista-se.
- É, garota, vista-se. – reforçou Geórgia. –
Não fica bem uma garota pelada diante de cinco garotas vestidas. Ainda mais com
o corpo cheio de cicatrizes mal curadas.
- Depois dessa eu vou ter pesadelos esta
noite... – falou Loreta.
- Esse prejuízo na sua beleza está cansando a
nossa. – gracejou Maura, ganhando em resposta outro muxoxo de Valtéria.
- Mas que loucura. – falou Créssida. – Que
gosto para mulheres, hein, Macário?! Onde está a decência?!
- Onde você a conheceu, Macário?! – falou
Loreta.
- Meninas, nem eu podia saber que... – fui
falando.
- Foi durante uma festa. – foi falando
Valtéria, se vestindo. – Eu lembro que foi numa festa. Eu fui com a Vi numa
festa, e...
- Deixe que eu explique. – interrompeu
Viridiana. – Garotas, vamos conversar, e vamos nos conhecer melhor. Deixem que
eu explique melhor a respeito desta garota aqui. E vocês vão falando a respeito
de vocês.
Parece que estamos chegando a um acordo.
Eu me afastei daquele grupo, em direção ao
fogão.
A conversa prosseguia, enquanto eu passava o
café no coador. Não é sempre que utilizo o coador de café ou o café em pó –
estou mais acostumado, na solidão de meu apartamento, ao café solúvel. Mas,
para caso de visitas inesperadas, eu tinha café em pó, filtro, coador. E
xícaras suficientes.
Por cerca de cinco minutos, as garotas
procuraram se conhecer entre elas – e, com o rabo do olho, eu estudava suas
reações.
Viridiana e Valtéria ocupavam o sofá. Geórgia
achou meu banquinho auxiliar e ali se sentou, perto do sofá. Loreta e Maura se
sentaram em cadeiras perto da mesa. Créssida preferiu ficar em pé, alegando que
passou a maior parte do dia sentada.
Elas aparentavam tranquilidade, e, ao mesmo
tempo, tensão. Afinal, tinham um homem em comum. Uma alma sebosa que, nesse
momento, estava passando café. Mas agora as seis estavam calmas. Falaram um
pouco sobre elas mesmas – nomes, idades, cursos, se trabalhavam. Até soltaram
alguns comentários involuntários, mas sem risadas. Mas, até eu aparecer com as
xícaras numa bandeja, eu não fui citado nem uma vez.
- Voltou o nosso único ponto em comum. –
falou Geórgia, pegando sua xícara. – Ah, obrigada.
- Verdade. – falou Créssida, pegando sua
xícara. – Macário é o nosso único ponto em comum. Não há outra característica
se repetindo entre nós seis.
- Ele pensava que não íamos voltar para a sua
vida, mas se enganou. – falou Maura, sorrindo. – Ele vai ter de nos aturar, a
menos que consiga transferência da faculdade.
- É, meninas, eu sei. – falei, cabisbaixo.
Como eu já havia tomado café, não preparei xícara para mim. Só fiquei com a
bandeja na mão, olhando as garotas tomarem seus cafés.
- Pelo menos o café dele está ótimo. – falou
Loreta, sorvendo seu café.
- Devia ver então como ele faz hambúrguer. –
falou Valtéria, sorrindo.
É, só de lembrar o quanto ela comeu quando
passou aquele domingo aqui...
- Bem, não é sempre que um homem se dispõe a
fazer café para suas... amantes. – falou Viridiana. – Ainda mais com todas elas
reunidas no mesmo espaço.
- Quem poderia imaginar. – falou Créssida.
- Bom. – falei. – Geórgia, você primeiro. O
que a traz aqui? Digo, por que motivo você veio?
- Sim. – falou Valtéria, amarrando a cara. –
E por que bateu no Macário?
Todas arregalaram o olho para Geórgia.
Corando, ela se explicou:
- Eu só bati no Macário porque... porque
outra vez ele foi... ele foi injusto comigo. Como ele pode ficar insensível ao
meu sofrimento?!
- Como assim?
- Eu estive sofrendo tanto nos últimos tempos,
acabei no hospital, e... e ele estava enchendo o apartamento de mulher, como se
nada estivesse acontecendo, pensei eu. Porco burguês. Escutei as vozes das
garotas lá da porta e... Eu só ia falar com ele porque eu passei uma noite no
hospital e...
- ...e você tinha certeza de que ele estava
envolvido com a sua internação? – falou Maura. – Oras, que coincidência! Pois
é, comigo aconteceu a mesma coisa.
- Comigo também. – falou Créssida.
- Como assim, vocês...? – pergunta Geórgia,
sobrancelha arqueada.
- Eu estou vendo daqui, Geórgia. – falou
Maura. – A marca da tua mordida.
- Mor... oh.
E só agora é que consegui reparar que Geórgia
ostentava as marcas no pescoço. Os buraquinhos já estavam cicatrizados, e
deixaram uma marca aparente. Os buracos que Luce havia feito no seu pescoço,
naquela noite.
- Ah, pois é. – falou Geórgia. – Eu acordei
em um hospital, esta semana, sem saber como nem por quê... e haviam estas
marcas no meu pescoço! Marcas de mordida! Alguém chupou meu sangue enquanto eu
estava inconsciente mas... mas eu não consigo lembrar de nada! Não lembro de
nada entre a tarde de... que dia foi mesmo... parece que foi na
segunda-feira... é, segunda-feira. Não lembro de nada entre a tarde da
segunda-feira e quando acordei no hospital!
- Você não é a única, Geórgia. – falou Maura.
– Seja bem vinda ao fã-clube do Maníaco Mordedor.
- Maníaco Mordedor?! – perguntou Viridiana,
arqueando a sobrancelha. – Como assim, Maníaco Mordedor?!
- Meninas – falou Créssida – existe um, ou
vários Maníacos Mordedores rondando a cidade. Malucos que nocauteiam pessoas de
diversas maneiras e depois sugam seu sangue. Pseudovampiros. E está virando
epidemia. Até o momento, os Maníacos tem conseguido driblar a polícia.
Conseguiram agir sem serem pegos. A imprensa não está dando muita atenção. Mas
está acontecendo!
Engoli em seco.
- Há diversos casos na cidade – prosseguiu
Créssida – de gente que foi nocauteada, dopada e depois teve sangue extraído
por buracos no pescoço. Eu sou um desses casos. – e puxou a gola da camiseta
para mostrar as marcas no pescoço. – A Maura também, e a Loreta aqui também. –
estas também puxaram suas golas. – Ah, e o Macário também.
- É verdade. – eu falei, mostrando as minhas
marcas. – Olhem.
- Ei, a Valtéria também! – falou Viridiana. –
A Valtéria aqui também foi mordida... e foi na mesma noite em que o Macário
também foi mordido!
- É sério?! – falou Créssida.
- Sim. – falou Valtéria. – Os cachorrinhos
vieram depois... Olhem, os meus buraquinhos...
E, afastando o cabelo e a gola do moletom,
mostrou as marcas no pescoço.
- Ah, agora estou lembrada. – falou Maura. –
Verdade, o Macário e a Valtéria aí deram entrada no hospital juntos.
- Ei, mas, Créssida – falou Loreta – tem
certeza de que não se trata de um vampiro legítimo?
- Não, Loreta. Se fosse você também já seria
vampira, amiga. Ainda segue acreditando nisso? Possivelmente esta reunião
estaria sendo realizada à meia-noite se já tivéssemos sido transformados em...
- ...vampiros?! – perguntou Geórgia. –
Cheguei a pensar nisso também! Era só o que faltava, vampiros na cidade! E...
pô, minha vida já andava uma m(...), e justo agora que chove na minha horta,
que há dois homens me disputando, ainda por cima tive sangue sugado!! Se eu
acabar sendo tornada em sanguessuga... Eu tô feita mesmo!!!
- Dois homens?!
- É isso aí. Dois homens querendo me namorar.
Mas o Macário não é um deles. – Geórgia deu uma risadinha. – Ele já estava
enchendo seu apartamento de mulher, mesmo. Eu fui só mais um caso... O porco
burguês nem se importa com meu destino...
Porco burguês, eu?!
- Não é verdade! – falei. – Eu também fiquei
preocupado com você, sabia?! Eu fiquei sabendo, sim, que você foi parar no
hospital! Eu... fiquei sabendo por... hã... uma conhecida sua. Ela apareceu
numa noite no bar, e comentou.
Esta parte, claro, era mentira. Eu vi ela
sendo levada ao hospital. Eu vi, aliás, ela tendo o sangue sugado!
- Conhecida minha?
- Não lembro o nome dela agora, mas ela
soltou um comentário. Hã... e, quando eu fui te visitar no hospital, você já
tinha dado alta. E nem sei onde você mora, para ir te visitar...
Mas parece que Geórgia não acreditou.
- Foi me visitar, hein? Aham, sei. Logo o
Macário, que dorme de dia...
- Sério, Geórgia. Eu fiquei preocupado. E eu
também passei pelo que você passou. – isso tudo era verdade.
- Será que posso acreditar em você?! –
Geórgia arqueou a sobrancelha.
- Calma, Geórgia. – falou Loreta. – A questão
agora são as mordidas em si... Você... hã... não sentiu nenhuma alteração
depois que foi mordida?
- Como assim, alteração?
- No comportamento, no sono... não houve
alteração com relação à sua rotina? – pergunta Créssida.
Geórgia ficou alguns segundos pensando, antes
de responder:
- Hum... não, nenhuma alteração. Fora alguns
pesadelos esquisitos.
- Pesadelos esquisitos?
- É, pesadelos.
Foi a vez de Créssida ficar alguns segundos
calada, com a mão no queixo, antes de recomeçar a falar:
- Pessoal – pediu Créssida – quem mais anda
tendo pesadelos esquisitos, levante a mão.
Todos, menos Valtéria e Viridiana, levantaram
a mão.
- Eu não ando tendo pesadelos esquisitos. –
falou Valtéria. – Eu ando sonhando com o Macário, isso sim. – e olhou para mim,
apaixonada.
- Já eu... eu não fui mordida. – falou
Viridiana. A seguir, franzindo o cenho: – E... eu acho essa história meio
inacreditável, na verdade.
- Bem, se não foi mordida, com certeza vai
ser. – falou Maura. – Muito em breve o Maníaco vai te morder, garota. Sabe por
quê? Por que você esteve envolvida com o Macário.
- E daí? – falou Viridiana. – Se ele também
foi mordido...
- Ele também foi mordido, sim. – prosseguiu
Maura, com uma expressão tenebrosa. – Mas ele também tem aparecido nos nossos
pesadelos. E existe, amiga... existe a suspeita de ligação do Maníaco
Mordedor... com o Macário. Ele com certeza deve conhecer o Maníaco Mordedor. Ou
vice-versa, porque até agora foram conhecidas suas que foram atacadas.
Todas olharam para mim. Engoli em seco. E era
verdade!
- Mas que bobagem. – falou Créssida. – Como
assim? Só porque o Macário aqui tem aparecido nos nossos pesadelos com
frequência? Além do mais, nem todas as vítimas eram conhecidas do Macário.
Eram, Macário?
- Não. – falei. – Se você está se referindo
àqueles que estavam hospitalizados naquele dia em que a Loreta também estava
hospitalizada... aquelas ali não eram minhas conhecidas.
E é verdade!
- Ah, sim. E teve gente que foi hospitalizada
antes mesmo do Macário ser mordido, e... Mas tem de haver qualquer explicação
racional para o que está havendo!! – exaltou-se Maura. – Além do mais, por que
o Macário...?
- O que sabemos até o momento é que o Maníaco
Mordedor também possui diversos modus operandi. – continuou Créssida. – Como
ele suga o sangue é um mistério, mas como ele deixa a vítima desacordada... aí
varia, o que reforça a tese de que não é apenas um. Comigo foi uma pancada na
cabeça, eu lembro.
- Comigo foi clorofórmio no nariz. – falou
Loreta.
- Comigo foi... pelo que o médico me contou
lá no hospital, usaram dardos de tranquilizante em mim! – falou Maura. – Olhem:
eu tenho um deles aqui no bolso...
E tirou do bolso do casaco um dardo de
tranquilizante para animais. Será que Créssida lembrava que também havia sido
derrubada com um desses na noite da segunda-feira?
- Só se usaram isso em mim também – falou
Geórgia – pois eu não lembro de praticamente nada.
Mas eu lembro como foi. Não vi de que modo
Luce desacordou Geórgia, mas vi que ele se jogou sobre ela.
- Eu lembro de uma coisa. – falou Valtéria. –
Só me lembro de uma coisa da noite que fomos atacados, o Macário e eu. Que caiu
sobre nós um vulto todo de preto.
- Um vulto todo de preto? – exclamou
Créssida.
- É, parecia um Batman. Foi muito rápido. Mas
é tudo que lembro, um Batman caiu sobre nós.
- E como era esse... Batman? – pergunta
Loreta.
- Só lembro que ele usava uma capa preta.
- Verdade, Macário? – Créssida se voltou para
mim.
- Bem... sim. – falei. – Verdade, foi mesmo
um vulto negro que se jogou sobre nós dois. Eu fui jogado no chão. E
praticamente apaguei, provavelmente bati a cabeça e desmaiei. Eu já estava meio
atordoado...
- Sim, é verdade! – reforçou Valtéria. –
Naquela noite o Macário tinha lutado com uns bandidos! Ele apanhou, mas salvou
a vida de um índio! Oh, meu Macário valente...
- É... é verdade, Macário? – pergunta Loreta.
- Claro que é verdade. – falou Viridiana. – A
prova foi que ele ganhou aquele colar do índio... Mostre aí, Macário.
Tirei o apanhador de sonhos de dentro da
camiseta.
- Uau. – falou Maura. – E a gente pensando
que você comprou.
- Eu já te disse que eu ganhei. – falei.
- E por que o índio te deu isso, Macário? – pergunta
Viridiana.
- Ele não teve outra forma de agradecer a
ajuda que prestei. – expliquei.
Senti que as garotas passaram a me olhar
diferente.
- Bem, voltando ao assunto. – prosseguiu
Créssida. – Ou melhor... explique direito, Viridiana, essa história da sua
amiga aí ter sido quase devorada por cães.
- Eu não cheguei a presenciar o que houve, só
cheguei no fim. E foi horrível. Foi assim, eu...
E Viridiana contou novamente a história de
como achou Valtéria naquele beco. E dos cães e gatos trucidados.
- Caramba!... – falou Loreta.
- Inacreditável! – falou Créssida.
- Eu ainda custo a acreditar. – falou Maura.
– Ela trucidou mesmo os cães e os gatos?! Ainda custo a acreditar!
- Acho que vou vomitar! – falou Geórgia.
- Vem cá – falei – alguém mais aqui apresentou
alguma alteração de comportamento depois da mordida?! Tipo...
- Não, eu não. – já se manifestou Créssida. –
Apesar da mordida, continuo a mesma Créssida de sempre. Claro que continuo.
Estudando, trabalhando...
- Eu também não tentei morder nenhum paciente
do hospital. – falou Maura. – Cheiro de sangue ainda não me atrai.
- Eu também, até agora – falou Loreta –
continuo comendo comida de gente! Continuo comendo comida temperada com alho!
- Comigo não aconteceu nada de diferente no
meu comportamento. – falou Geórgia. – Juro. Está bem que meu comportamento não
é exemplar, mas eu não tentei cometer assassinatos para me alimentar. Não, não,
não! Que desaforo!
- Calma, Geórgia. – tentei consolar. – Nós
acreditamos. Eu também não tive nenhuma alteração na minha vida até o momento.
Eu, até agora, ando mais apanhando do que batendo. Tenho vergonha até de mim
mesmo.
O que eu disse era uma meia verdade. Já agi
como vampiro, mas por um curto período, e sob efeito de drogas delirantes.
Noto que Viridiana queria falar alguma coisa.
Provavelmente queria falar daquela noite em que espantei os cães demoníacos,
diante dela. Mas ela se conteve. Provavelmente não iriam acreditar. Ela mesma
sentia que ninguém acreditou na história dos bichos trucidados.
- Bem – falou Créssida – parece que a única
que teve o comportamento alterado foi a Valtéria.
- Mas isso é típico dela, na verdade. –
manifestou-se Viridiana. – Ela tem alguns problemas mentais, na verdade.
- Eu não tenho não. – falou Valtéria.
- Você tem sim, Valtéria. Você precisa
admitir.
- Eu não tenho não. E... eu não lembro se
matei ou não os cachorrinhos, mas acho que não matei...
- Olhem, garotas – Viridiana prosseguiu, com
um sorriso amarelo – quanto à história dos cães, nem eu tenho certeza se vi o
que vi, se estou certa do que vi ou do que aconteceu, vocês não precisam
acreditar em mim, tá legal? Eu (suspiro), já que não fui uma das vítimas do tal
Maníaco, bem... eu vou embora, agora. Só estou atrapalhando. Vamos, Valtéria?
- Como assim, vamos?! – protestou Valtéria.
- Vamos, Valtéria. Vamos para casa. Já chega
por hoje.
- Eu não vou. Vou ficar com o Macário...
- Não vai, não. Vamos para casa, Valtéria.
Outro dia a gente volta, tá? Temos mais o que fazer.
- Eu não vou!!! – protestou Valtéria, com
mais força.
- Vamos, Valtéria, vamos!!! – falou
Viridiana, tentando puxar a amiga, que resistia.
As duas estavam prestes a brigar, Viridiana
querendo ir, Valtéria querendo ficar. Todas as outras olhavam, atônitas. Eu
tive de intervir.
- Valtéria – pedi – Vá com a Viridiana para
casa.
- Macário?!...
- Esfria a cabeça um pouco. Outro dia você
vem de novo.
- Mas...
- Vá para casa, Valtéria. A gente conversa
depois. Hoje o clima não está legal.
- Ma-ma-mas... Ma-ma-mas... Mas e essas
outras...?
- Elas também já vão. Mas temos de conversar
ainda mais um pouco. Por isso que o clima não está legal. Faça o que sua amiga
está dizendo e vá para casa, Valtéria. Apenas isso. Seja racional.
Valtéria engoliu em seco. E, no fim,
concordou. Se deixou conduzir por Viridiana, que estava muito vermelha de
constrangimento. Noto que ela mesma fazia força para não chorar. Estava
passando muita vergonha diante das outras meninas, ao contrário de Valtéria.
Foi abrir a porta para elas.
Antes de dar as costas para mim, Viridiana me
olhou tristemente e balbuciou:
- Macário, me perdoe...
- Você é quem tem de me perdoar, Vi. – falei.
- Não, você é quem tem de me perdoar.
- Perdoar o quê, Vi? – perguntou Valtéria.
Mas Viridiana não respondeu nada. Puxou
Valtéria pela mão e desceu as escadas, fungando. Valtéria deu um aceno,
exclamando: “eu vou voltar, Macário, me espere, meu amor! E obrigada pelo café,
você faz o melhor café do mundo!”.
Eu que queria chorar de novo. Quem devia me
perdoar era Viridiana, afinal, as sacanagens foram minhas. Sei disso.
Fechei a porta e voltei para a sala. As
outras garotas me olharam, com jeito de censura.
- Meninas – fui falando – querem prosseguir?
- Hã... talvez seja melhor continuarmos outro
dia. – falou Créssida.
- Pois é, o molho não está legal. – falou
Loreta. – Melhor voltarmos em outra hora.
- Verdade. Uma confusão danada, aparições
inesperadas... Pelo menos já tenho mais um material para considerar na minha
investigação particular. – falou Créssida.
- Eu vou embora também. – falou Geórgia, se
levantando, com expressão indignada. – Antes que eu também enlouqueça.
- Geórgia?!
- Com o perdão da palavra, estou lidando
apenas com gente louca nos últimos tempos. E já basta eu!! Ah, mas se quiserem
falar comigo a respeito desse tal Maníaco Mordedor, me liguem. Aqui – e Geórgia
tirou do bolso da saia um papelzinho, previamente preparado, com o número do
telefone, e entregou para Créssida. – Com a licença de vocês.
Abri a porta para ela. E Geórgia já ia se
afastando, mas aí, voltou e me desferiu outro tabefe.
- Geórgia?!
- Você vai me pagar, seu filho da...
E desceu a escada. Fiquei olhando, atordoado.
O que deu nela?!
Pouco depois, foi a vez de Créssida, Maura e
Loreta, que presenciaram o último tabefe de Geórgia, descerem as escadas, com
um acento de constrangimento. Decerto estavam pensando terem perdido seu tempo
no meu apartamento.
Mas não fizeram nada comigo. Apenas disseram:
“a gente volta outro dia, Macário, quando tudo estiver tranquilo. Vamos manter
contato”.
Fechei a porta. Tentei chorar de novo, mas me
contive.
Tenho é de me arrumar para a faculdade. Assim
é que eu iria esquecer essa maluquice toda.
Ainda bem que as outras garotas não
espionaram meu varal, e não viram as calcinhas penduradas. Seria ainda mais
constrangedor.
Cinco e meia da tarde quando saí de casa.
A caminho da faculdade, agora. Arrumado,
mochila nas costas.
Mas não sozinho, como pretendia.
No meio do caminho, acabo sendo abordado.
Maura e Créssida. À minha espera, em uma
esquina.
- Ei, Macário.
Fiquei surpreso. Já estava achando que elas
não iam mais falar comigo hoje.
- Pensei que já tinham ido para casa. –
falei.
- Eu já vou. – falou Maura. – Só estava
acompanhando a Créssida.
- Eu também vou na direção do campus, vamos
juntos, Macário. – falou Créssida. – Tenho de passar no alojamento, pegar
minhas coisas.
- E vocês estavam me esperando aqui na
esquina?! E a Loreta?
- Já foi para casa dela. – falou Maura. – E
as outras, espero que já estejam nas casas delas.
- Também espero. – foi a minha fala.
E as duas começaram a andar atrás de mim.
- Mas, Macário – falou Créssida, com um
acento de ironia – Com que tipo de garota você andou e está andando, hein?!
Então aquela loira maluca era aquela que vocês falaram dia desses? E a outra,
de óculos, era a tal gritona?
- Claro que são elas. – confirmou Maura.
- Realmente, elas não desmentem vocês dois. E
aquela magricela, a tal da Geórgia?
- Que tem a Geórgia, Créssida? – perguntei.
- Aquela lá, com o perdão da palavra... tem
muita cara de p(...). – falou Maura.
- É, em parte concordo. – falou Créssida.
- Ela é só uma poeta underground. – falei.
- Aí, não falei? – falou Maura. – Poeta
marginal. Com certeza, p(...). E ela ainda admite que está saindo com dois
homens!
- Nhé – falei – e você vem falar isso para
alguém que sai com muitas mulheres. Que tem de errado uma mulher sair com
muitos homens?
- Tem que a sociedade dificilmente aceita
isso. – falou Créssida.
- Se vocês conhecessem a Geórgia como eu
conheço, vocês não iam chama-la de p(...) gratuitamente.
- Vai, defende ela, Macário... é com ela que
você decidiu casar? – falou Maura, rindo. – Mesmo você evidentemente ferido o
coração dela? Ela ainda deve gostar de você, não é mesmo... seu porco burguês?
- Porco burguês, eu?! É a primeira vez que
ela me trata assim. Ela que não me ama mais... Além disso... Eu conheço os
homens com os quais ela está saindo. E eles não podem ser contrariados. São...
líderes de gangue. Já devem ter feito a cabeça dela, pra ela estar me chamando
de porco burguês... Hah, pensam que eu me importo? A encrenca agora é dela.
- Hunf. – bufou Créssida. – E ainda não se
arrepende de ter ferido seu coração... Com quantas mais você fez isso?! Mas,
francamente, Macário. Você deitou com cada garota.
- Como se vocês duas fossem os maiores
modelos de normalidade.
- Comparado com aquelas três, Macário! –
falou Maura. – Vê lá se eu seria capaz de tirar a roupa no meio de uma sala
cheia de gente para mostrar aquelas cicatrizes horríveis! E assim,
gratuitamente, sem me importar com...!
- Que é isso, meninas. Já me envolvi com
garotas piores. – falei, com um sorrisinho. – Se elas concordarem, apresento-as
para vocês tirarem suas conclusões. O que me preocupa mesmo, no caso da
Valtéria, é que, mesmo com tudo o que aconteceu, ela ainda está doida por mim.
Eu tô feito se isso continuar assim. Vão dizer que eu sou mesmo o culpado por
tudo o que aconteceu?!
- Ninguém está lhe acusando de nada, Macário.
– falou Créssida. – Ainda. Mas não pense que esse caso acabou. Vamos ter outra
reunião em breve.
- Tá, tudo bem, podem contar comigo. – falei.
– O Clube do Maníaco Mordedor... não, que tal Clube da Mordida, para ficar mais
simples? Vai que de repente outro conhecido nosso se apresente com buraquinhos
no pescoço.
- Clube da Mordida... é, pode ser. Bom nome.
– falou Créssida.
- Então, vai ser Clube da Mordida. – falou
Maura. – E aí, onde vamos nos reunir da próxima vez?
- Eu aviso. – disse Créssida. – Afinal, a
mais envolvida na investigação do caso sou eu, eu que reuni as primeiras
vítimas, então, me nomeio presidente do clube.
Nós três rimos. E, aqui, nos separamos. Daqui
a pouco, Créssida e eu voltaríamos a nos falar, claro. Mas eu já ia jantar,
primeiro, no Restaurante Universitário. Estou com fome.
Dei um profundo suspiro.
Isso só pode ser um teste de sanidade. Como
mulher é bicho difícil de entender. Elas com certeza estão me testando, todas
elas, ou então estão me castigando pelos corações que parti, e de todas as
vezes que me aproveitei delas. A cada dia, estou cada vez mais odiando as
mulheres – por legítima defesa, já que elas estavam me fazendo de gato e sapato.
Aí... senti que o dia não havia terminado. Ao
menos, não a parte agitada do meu dia.
Pois, quem estava ali, me esperando, perto do
prédio da faculdade?
Ele mesmo, Luce, o vampiro!!!
- Ooi, Macário!! – falou, sorridente, como se
eu fosse um parente querido que há muito tempo não via.
Ele não mudou mais o penteado, usava o mesmo
cabelo claro e arrepiado no topo da cabeça. Mas estava vestindo... roupas
casuais. Uma camiseta de manga comprida e calça jeans. E carregava uma bolsa
como as usadas pelos outros alunos da faculdade.
- Luce?! Hã... como vai?
- Vou bem, e você?
- O que está fazendo aqui na faculdade?!
- Eu vim estudar, Macário. – falou, mostrando
a bolsa.
- Estu...
- Isso mesmo, Macário. Fazer curso também!
Não é demais?
Para mim, isso já era demais.
Próximo capítulo daqui a 15 dias.
Como está até aqui: consegui escrever um capítulo coerente?
Devo continuar? Devo parar? Devo mudar alguma coisa? Devo trabalhar melhor os meus desenhos?
Deixem sua opinião.
E até mais!
Nenhum comentário:
Postar um comentário