quarta-feira, 25 de abril de 2012

AÇÃO MAGAZINE 2 - Antes tarde que nunca!

Olá.

Tem dias que eu fico me perguntando: entre o lançamento de uma revista em quadrinhos e outra, o que os desenhistas, roteiristas e editores ficam fazendo? De que forma eles tocam suas vidas até sair o próximo número de uma determinada publicação, às vezes a mais aguardada?
É o que às vezes me pego pensando enquanto não sai um novo número de um determinado gibi. Um desses exemplos é a Ação Magazine.
Isso mesmo: Só agora a edição número 2 da revista Ação Magazine, ótima publicação da editora Lancaster, chega às bancas de todo o Brasil!

Para quem chegou agora, a Ação Magazine, iniciativa louvável de Alexandre Lancaster e Fábio Sakuda, é um almanaque de mangás produzidos no Brasil, numa tentativa de se implantar aqui o sistema japonês de publicação de séries em formato almanaque.
Infelizmente, a triste constatação: a Ação Magazine número 2 foi lançada em outubro de 2011, mas só agora, em Brasil de 2012, o restante do Brasil, fora do eixo Rio-São Paulo, pode ler o segundo número desta publicação!!! E ainda não há notícias de que o número 3 vai sair tão cedo!!! Na verdade, notícia nenhuma a respeito da existência do terceiro número. E, ainda por cima, o site oficial (www.acaomagazine.com/) continua desatualizado.
O que é uma pena: em janeiro de 2012, este ano portanto, a Ação Magazine faturou dois prêmios Ângelo Agostini, um de melhor revista e outro de melhor desenhista, para Maurílio DNA (da série Tunado). E a revista lançara uma promoção, um concurso de novos talentos, para revelar uma nova série a ser publicada na revista. Se saberemos o resultado da promoção? Quem sabe...
Mas o segundo número da Ação Magazine não decepciona. Retoma algumas séries iniciadas no número anterior e ainda traz duas estreias!
O projeto gráfico continua com as primeiras páginas coloridas, em papel revista, e o restante, preto-e-branco, em papel jornal. A revista começa, nas páginas coloridas, com uma matéria de Ana Carolina Silveira sobre o steampunk, um gênero da ficção científica que visa imaginar uma alta tecnologia no passado, calcada nos conceitos da Revolução Industrial da Inglaterra e nos avanços científicos do início do século XX – é o que podemos chamar, vulgarmente, de ficção científica retrô. Isso porque uma das estreias da revista é calcada no gênero steampunk.
Na parte dos quadrinhos, as duas estreias tem 40 páginas para seu primeiro capítulo – já o segundo capítulo das séries que iniciaram no número anterior foi reduzido para 20 páginas.
As estreias.
A primeira estreia na revista é a série Rapsódia, de Fábio Sakuda e Carlos Sneak. Esta série, que fica com as quatro primeiras páginas coloridas da revista, é uma série medieval, no melhor estilo Tormenta e Holy Avenger. Trata das aventuras de Ralph Reegampott, também conhecido como Reegam, pertencente a uma raça de seres pacatos, os hullikins, uma espécie de misto de elfo e hobbit. Um bardo que também possui uma atividade proporcional à sua determinação: a de caçador de gigantes. Como a ajuda de um item mágico especial, ele, mesmo sendo pequeno, enfrenta gigantes de igual para igual. E, nesta primeira aventura, Reegam precisa ajudar dois garotos, ávidos para iniciar uma vida de aventuras, a se salvarem da encrenca que se meteram, envolvendo o segredo do pai dos mesmos. Esta, diga-se de passagem, é a melhor história da edição, não apenas pelo roteiro bem-construído e pela boa utilização dos personagens, mas também pela arte de Sneak, um mangá mais convencional. Além disso, a mensagem expressa na história serve para todos nós.
Já a segunda estreia da revista, Expresso!, de Alexandre Lancaster, é a história calcada no Steampunk que eu falei. A série procura imaginar uma tecnologia avançada para um cenário familiar: o Brasil do início do século XX, época do coronelismo e da política do café-com-leite e, certamente, incomum para o gênero. Expresso! trata das aventuras de Adriano, um jovem inventor – cujos equipamentos constituem-se de um par de botas e manoplas de metal, movidas por um engenho a vapor em suas costas, que aumentam sua força e velocidade – que pretende mudar o mundo com o poder da ciência, mas bate de frente com a realidade opressiva e conservadora do Brasil do início do século XX. No primeiro episódio, Adriano chega a uma cidade do Nordeste dominada por dois “coronéis”, e ambos querem os préstimos do cientista para resolver a pendenga entre eles pelo domínio da região. Entretanto, há mais gente interessada no conflito entre os dois coronéis, e isso envolve outro cientista, misterioso, com um engenho capaz de fazer brilhar relâmpagos durante o dia! Embora as intenções de Lancaster sejam as melhores – representar o Brasil num gênero da ficção mundial onde o país não possui uma tradição, ao contrário da Europa e dos EUA (a ficção científica) – Expresso! sofre com um roteiro meio confuso, necessitando mais lidas para ser inteiramente compreendida. Mas a arte também aposta num mangá mais convencional, de linhas mais fortes e sombrias. Infelizmente, passamos esta.
Já as histórias que estrearam na edição anterior ganham mais um capítulo.
Madenka, de Will Walbr, traz de volta as aventuras do garoto humilde e desbocado cujo destino é ser um herói no mundo em que vive. Neste episódio, o vilão da aventura anterior, Afrânio, o manipulador de sacis, retorna para acertar as contas com o garoto. E, nesse episódio, finalmente Madenka pode mostrar realmente do que é capaz – depois da luta meio chinfrim do episódio anterior. A arte não apresenta grandes mudanças – é o mesmo estilo meio Akira Toriyama.
Jairo, de Michele Dumont, Renato Csar e Altair Messias, é o segundo capítulo do drama do garoto desajustado que encontra no boxe o caminho para superar as frustrações de sua nova vida. Neste episódio, Ivan, o colega de Jairo que o espezinhava – e em quem o garoto deu uma tremenda surra – resolve descontar sua raiva em outro amigo dele, Vítor. É o prenúncio de que as coisas vão ficar pretas pro lado do protagonista. Infelizmente, a arte continua meio suja.
E, fechando a revista, Tunado, de Maurilio DNA e Victor Strang, continua as aventuras de Daniel Kawasaki, o aspirante a piloto. No episódio desta edição, um velho adversário de seu tio resolve acertar as contas, e o garoto é desafiado. Neste episódio, é revelado alguns detalhes do passado de Satoichi Kawasaki, o tio de Dani e lenda das pistas. Na arte, DNA justifica por que foi merecedor do Ângelo Agostini. Pior é que o final abre caminho para a continuação no próximo número – SE é que vai sair um próximo número.
Torçamos para que sim! Não apenas por este ser um gibi brasileiro de alta qualidade!!!
Bão. O almanaque continua com o preço de R$ 9,90. E, para o terceiro número, foi anunciada mais uma estreia – Assombrado, de Petra Leão e Roberta Pares, velhas conhecidas de quem lia Holy Avenger e os outros quadrinhos relacionados ao mundo de Tormenta.
Vamos lá, pessoal: a revista, desde o slogan, pretende ser o “novo”. Se continuamos com prejuízos, não estamos no novo!!! (paráfrase do texto de uma tira da Mafalda).
Para encerrar, eu resolvi fazer uma pequena ilustração em estilo steampunk, representando uma batalha de máquinas voadoras. Como podem perceber, não sou lá muito bom para conceber máquinas – ainda mais tentar imaginar tais coisas vindas de um passado onde nem computador tinha, e tudo era movido a vapor de carvão. Mas a gente faz o que pode, isso é certo.
É isso aí.
E, infelizmente, ainda estamos com uma indefinição se a série Mãe de Gatos continuará. Sorry, pessoal. Mas aguardem o desenrolar dos fatos. Vejamos o que vai acontecer.
E amanhã, se Deus quiser, tem Teixeirão.
Até mais!

Um comentário:

Shiro Nakamura disse...

para que ação venda e tenha suas vendas em auta, eles devem colocar na revista o assunto do momento, o que faz susseso com jovens e crianças, pode ser musica filmes e que tezuka me perdoe por sugerir isso mas: novelas. desta maneira atraira mas o publico e enventualmente leram os mangás.
novo blog de mangas:cristovaoMg.blogspot.com