domingo, 9 de dezembro de 2012

Livro: MARCELINO PEDREGULHO

Olá.

Hoje, vou falar de livro. Faz tempo que não falo de livros, de tantos gibis e álbuns de quadrinhos que comprei ultimamente.
Apesar de que este livro também vale por uma HQ. Mas calma, é um livro ilustrado, na verdade. Mas bem que poderia ser uma HQ.
Hoje, então, vou falar de MARCELINO PEDREGULHO, de Sempé.

Este livro foi publicado pela primeira vez em 1969, na França. Mas foi apenas por volta de 2009 que a tradução desta obra para o português, dirigida às crianças mas que pode ser lida com prazer pelos adultos, chegou ao Brasil, pela editora Cosac Naify (que também publica outros títulos do autor). O autor é um dos mais importantes cartunistas da França.
Jean-Jacques Sempé nasceu em Bordeaux, na França, em 1932. Teve uma juventude conturbada: expulso da escola por indisciplina, teve de se virar para arranjar trabalho, e foi expulso do exército por estar fazendo atividades indevidas no horário de serviço. No caso, desenhar, vocação que descobriu quando trabalhou como vendedor ambulante de pasta de dente. Aos dezenove anos, depois de lutar muito, conseguiu publicar alguns desenhos seus nos jornais Paris-Match, Punch e L’Express. Na década de 1950, Sempé conheceu o mundialmente renomado roteirista de quadrinhos René Goscinny (o co-criador de Asterix, Lucky Luke e Iznogud), e os dois se uniram para criar a série de livros infantis de Le Petit Nicolas (O Pequeno Nicolau). Goscinny escreveu, Sempé ilustrou. E essa série, que já foi também adaptada com sucesso para o cinema, tornou Sempé ainda mais conhecido.
Enquanto publicava cartuns em várias revistas da Europa e das Américas, Sempé lançou livros-solo. O primeiro, Rien n’est Simple (Nada é Simples) foi publicado em 1962. Ao todo, são 26 livros, incluindo o infantil Marcélin Caillou (MARCELINO PEDREGULHO), de 1969. Sua estrela começou a brilhar cada vez mais, em 1979, quando realizou o sonho de publicar uma capa para a revista The New Yorker. A partir daí, Sempé se tornou mundialmente conhecido, por suas charges feitas em um traço econômico, preciso, retratando uma Paris alegre, mas ao mesmo tempo fazendo críticas à sociedade. Seus cartuns, às vezes, se dividem em vários desenhos, criando verdadeiras histórias em quadrinhos. Foi publicado nas principais revistas de todo o mundo. Algumas de suas charges já saíram, no Brasil, nas revistas Caras e Piauí. E foi justamente o co-fundador da Piauí, o jornalista paulistano Mário Sérgio Conti, que traduziu o presente livro.
O desejo de Conti em traduzir este livro – e vários outros de Sempé – partiu da temporada passada em Paris, quando leu para sua filha todos os livros deste autor, e também visitava a Rue de l”Université para visitar a galeria onde os desenhos de Sempé estão expostos.
Bem. Alguns dizem que Sempé é um dos maiores cartunistas franceses de todos os tempos, mas o próprio costuma negar. Mas MARCELINO PEDREGULHO certamente prova que ele não pode negar tal título.
Basicamente, MARCELINO PEDREGULHO é um livro infantil, cheio de humor e bons sentimentos. Contém muitas ilustrações, e textos pequenos e precisamente calculados, ao pé das páginas. Esses desenhos, feitos num estilo cartunesco, de linhas inacabadas e muito mínimos, às vezes só ocupando um espacinho mínimo em toda uma página, dão o tom à história do menino Marcelino e seu amigo Renê.
Os desenhos, tais como os textos, são calculados para expressar o personagem e seus sentimentos. Às vezes, é só o personagem no espaço mínimo do papel; às vezes, ele está em um grande cenário de uma ou de duas páginas. Às vezes, a página é dividida em vários quadros, sem a moldura. As cores também são calculadas. A maior parte do livro é em preto, branco e vermelho. Às vezes, temos uma página cheia de cores difusas. Às vezes, a única cor é o vermelho do menino Marcelino. E por aí vai. Sempé não economizou papel para contar a sua história, mas os espaços em branco tem muita importância para expressar a história ao leitor. Para entender, só lendo esta história que esbanja comicidade, sabedoria e emoção.
Bão. MARCELINO PEDREGULHO trata da história de um menino, Marcelino, que seria uma criança como todas as outras, não fosse por um problema: ele sofre de uma estranha doença que o faz enrubescer sem motivo. A toda hora, quando ele menos espera, ele fica vermelho. E, quando ele deveria ficar vermelho, quando é repreendido por alguma travessura, ele não fica. Marcelino vive isolado das outras crianças, não porque elas tiravam sarro dele por sua vermelhidão, mas por que ele não agüenta que comentem sua cor. E não há quem o cure desse problema, nem fada da floresta, nem médico da metrópole. Mas ele não chega a ser um menino totalmente infeliz. Ele apenas não entende o que lhe acontece, por que ele fica vermelho a todo instante.
Até que, um dia, Marcelino acaba conhecendo, sem querer, outro menino: Renê Rocha, seu vizinho de prédio. Renê, violinista e bom aluno, sofre de uma doença estranha: espirra a toda hora. Os espirros inoportunos atrapalham bastante sua vida, e não há quem o cure, nem mago bom do lago, nem médico da metrópole. Mas tal como Marcelino, Renê não chega a ser um menino infeliz, apenas não entende a origem desse seu problema. E, por ambos terem problemas inexplicáveis, descobrem que tem muito em comum – e, desse modo, iniciam uma grande amizade.
Marcelino e Renê acabam se tornando amigos inseparáveis, fazendo todo o tipo de coisa juntos, apreciando um as habilidades do outro, vibrando com os triunfos um do outro.
Até que, um dia, Marcelino vai visitar Renê, e acaba tendo uma surpresa quando encontra outras pessoas morando no apartamento do amigo: Renê teve de se mudar com a família. E, para piorar, a família de Marcelino perdeu a carta de despedida que Renê deixou para o garoto vermelho, e estão todos ocupados demais para procurar.
Apesar de Marcelino ter feito outros amigos, ele não esqueceu Renê, e decidiu reencontrá-lo.
Mas o reencontro só ocorre depois que Marcelino cresceu, virou adulto, trabalha em um escritório, precisa atender muitos telefonemas, vive numa cidade grande, enrubesce de vez em quando. Foi em um dia de muita chuva, ônibus lotado, que Marcelino acaba tendo a maior surpresa de sua vida. Como estará a amizade entre Marcelino e Renê depois de tantos anos de separação? Será que eles continuarão amigos?
MARCELINO PEDREGULHO é um livro para ler e apreciar. Não foi à toa que ele foi selecionado, em 2011, para o Plano Nacional de Biblioteca da Escola – PNBE. Portanto, é fácil encontrar esse livro nas bibliotecas escolares, na biblioteca de sua cidade e, se tiver sorte, nas livrarias. Textos e ilustrações que se completam, dizem muito, não podem ser dissociados um do outro. E a tradução é formidável. Se todos apreciam os livros do Pequeno Nicolau, haverão também de apreciar MARCELINO PEDREGULHO, que o próprio Sempé declara ser seu verdadeiro personagem infantil (já que Nicolau foi feito em co-autoria). Os adultos também vão adforar – muito embora Sempé declare que, para os adultos, seu personagem seja Monsieur Lambert (cujo livro também foi publicado no Brasil pela Cosac Naify).
Admita, Sr. Sempé: você é o maior cartunista francês de todos os tempos. Que se dane seu colega Wolinski.
Para encerrar: inspirado na minha última ida ao circo, na semana passada, resolvi fazer mais uma ilustração, com a Turma da Letícia, no circo. Quer dizer, cada personagem da minha trupe infantil retratando um personagem comum presente dos circos: o palhaço, o mágico, a trapezista, a malabarista, a bailarina, os animais amestrados (se a cidade em questão permitir a presença destes no picadeiro. Um mundo onde qualquer um, o mais comum dos mortais, pode ser uma estrela por alguns minutos fugazes. E olha que o circo que esteve na minha cidade semana passada era dos melhores que já vi, ainda que sem a presença dos animais amestrados.
A versão para colorir desta ilustração vocês podem encontrar no site Educar é Viver (http://orientarpedagogos.blogspot.com.br/), onde vocês encontrarão também uma resenha mínima do livro aqui resenhado, OK? Ah, sim: e ajudem nossa colega Viviane a alcançar a marca de 500 seguidores até o final de fevereiro! Mais detalhes no blog Educar é Viver.
E confiram também, no blog da minha menina (http://leticiaquadrinhos.blogspot.com.br/) a marca de 400 tiras publicadas! A oportunidade não haveria de ser mais propícia.
Ah: e finalmente, no Blog dos Bitifrendis (http://bitifrendisblog.blogspot.com.br/), a personagem Ionara estreou! Confiram lá!
Ah: e no blog do Teixeirão (http://naestanciadoteixeirão.blogspot.com.br/) tem... hã... nada de mais, apenas o material já publicado do personagem. Mas aguardem novidades!
É isso aí.
Até mais!

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