Olá.
Hoje,
mais uma vez, vou falar de livros sobre quadrinhos.
E
tenho de fazer o registro deste aqui, antes que seja tarde. Já explico.
O
Livro de hoje tem um formato semelhante ao do já resenhado 400 Imagens – Mangá do Começo ao Fim. E também é sobre mangás. Se chama 301 MANGÁS – ENCICLOPÉDIA
COMPACTA ESSENCIAL DO COMEÇO AO FIM.
O citado livro foi editado pela editora Geek, lançado agora, em fevereiro. E é tudo o que podemos dizer inicialmente, pois este livro não possui indicação de autores, créditos da editora ou ficha catalográfica. Apenas o livro solto ao léu, nas bancas.
E
este livro, de 80 páginas, sem contar capas (cartonadas), foi impresso em um
formato semelhante ao do citado livro de Sérgio Peixoto, Mangá do Começo ao
Fim. Mas ambos os livros tem pouco a ver, pra início de conversa.
301
MANGÁS é um pequeno compêndio de títulos, ou seja, traz as fichas sobre 301 dos
numerosos mangás japoneses lançados no Brasil, por diversas editoras, como a
Cedibra, a Nova Sampa e a Abril, que viram, desde o início dos anos 80, que os
quadrinhos japoneses poderiam ser muito lucrativos. E a dança continuou com as
editoras Conrad, JBC, Panini, Opera Graphica, Lumus... e o retorno da Nova
Sampa e da Abril.
O
guia é muito útil: em primeiro lugar, para dar uma ideia da força que o estilo
mangá tem no Brasil. Os mangás japoneses saíram, na segunda metade dos anos 80,
dos “guetos” de apreciadores de quadrinhos brasileiros – a comunidade de
descendentes de japoneses – para conquistar o público em geral. Sim: até que
Lobo Solitário de Kazuo Koike e Gozeki Kojima, pela editora Cedibra, em 1988,
chegasse às bancas brasileiras, os mangás japoneses eram desprezados pelos
leitores brasileiros, bem como seus apreciadores – na época, só malucos
poderiam gostar “daqueles desenhos de olhos grandes”. Só depois que europeus e
norte-americanos descobriram as obras de Koike, Kojima, Katsuhiro Otomo,
Ryoichi Ikegami e outros, é que o brasileiro foi se rendendo ao estilo. Claro,
haviam os animes clássicos, mas os quadrinhos japoneses levaram algum tempo
para se firmarem no mercado.
Em
segundo lugar, para dar uma ideia de como e quanto as editoras brasileiras
estão ou estiveram investindo em mangás. Os mangás só vieram com força total no
final dos anos 1990, quando as editoras Conrad e JBC resolveram lançar os
dito-cujos no formato japonês, invertido, substituindo as edições flipadas,
adaptadas ao sistema ocidental de leitura, que deixavam os personagens
canhotos. Pouco depois, as editoras deixaram de “cortar” os tankoubons (edições
integrais) japonesas, a fim de baratear os títulos – mesmo que isso reclamasse
estender sua publicação nas bancas por mais tempo – para lançar tankoubons
inteiros – atualmente, parece que só um mangá ainda é lançado em meio
tankoubon, e é o Berserk de Kentaro Miura, pela Panini. Hoje, os mangás são
lançados em edições inteiras, mas ficaram mais caros – praticamente
inflacionaram. Mas parece que o público nem dá bola, desde que tenha mangá nas
bancas.
Outra
coisa: parece que o mercado de mangás brasileiro sofre do mesmo mal das
negociações de animes nos anos 70: naquela época, para poder exibir uma série
célebre de tokusatsu (live action) japonês, como National Kid e Ultraman, as
emissoras de TV eram obrigadas a comprar pacotes onde vinham um tokusatsu e
várias séries de anime – e, para não perder investimento, as emissoras
transmitiam o tokusatsu e as séries de anime do pacote. Foi assim que chegaram série de anime como A Princesa e o Cavaleiro, Samurai Kid, Kimba, o Leão Branco, Sawamu, Robô Gigante... Com os mangás, parece que
está ocorrendo o mesmo: para poder publicar séries consagradas de mangá, as
editoras são obrigadas a comprar pacotes das editoras japonesas, onde vem um
mangá consagrado e outras séries que muita gente nem ouviu falar, e as editoras
são obrigadas a traduzir e publicar tudo junto. Desse modo, se nas bancas temos
séries consagradas como One Piece, Naruto, Dragon Ball, Fairy Tail, Rurouni Kenshin
(Samurai X), entre outras, acabamos vendo também chegarem às bancas títulos
como Abara, MPD Psycho, Dorothea, Blood Lad, Black Butler, Maid Sama, Conde
Cain, Wolf’s Rain, Brave 10... vocês já tinham ouvido falar dessas séries antes
que tivessem chegado às bancas? Eu pelo menos não. Não querendo discutir a
qualidade de tais títulos, parece que está sendo assim.
Bão,
voltemos ao livro que estamos resenhando. 301 MANGÁS, como o próprio título
diz, traz as fichas de 301 mangás publicados no Brasil, colocados em ordem
alfabética. Mas não apenas de mangás japoneses: também há fichas de manhwas
(quadrinhos da Coreia do Sul) e um manhua (quadrinho chinês – é, sabia que na
China também tem quadrinhos?). Ficam de fora da lista quadrinhos produzidos no
Brasil, nos EUA e na Europa que seguem o estilo japonês.
Cada
mangá tem sua ficha: nome, autor, ano de publicação, volumes lançados, quantos
volumes lançados no Brasil, editora que lançou no Brasil, informações sobre
suas versões em anime, live action e longas para cinema (e se esses foram
exibidos no Brasil) e uma breve sinopse. Tudo acompanhado de uma pequena
ilustração da obra.
São
quatro fichas por página, às vezes três, para fichas mais extensas (como as de
Cavaleiros do Zodíaco, Dragon Ball Z, One Piece e Naruto). Se um mangá foi
publicado por mais de uma editora, a edição pela mesma tem ficha separada da
outra (por exemplo, as edições de Lobo Solitário pela Cedibra são separadas das
edições da Nova Sampa e da Panini; as de Dragon Ball pela Conrad são separadas
da edição da Panini; as de Cavaleiros do Zodíaco e Neon Genesis Evangelion,
ambas pela Conrad, são separadas das da JBC; as duas edições de Gen – Pés
Descalços pela Conrad tem suas próprias fichas; etc.).
Tem
mangás de todos os estilos possíveis: shounen mangá (para rapazes), como os já
citados One Piece, Dragon Ball e Naruto. Shoujo mangás (para garotas), como Sakura
Card Captor, Guerreiras Mágicas de Rayearth e Angelic Layer (e outras obras do grupo CLAMP), Kare Kano, Meru Puri, Ouran Host Club, Colégio Feminino Bijinzaka
e Mad Love Chase. Coletâneas de histórias curtas de um único autor, desde as
mais leves, como Marusaku (de Akira Toriyama, criador de Dragon Ball), Contos
de Amor para Você e Grimm’s Mangá, às mais pesadas, como Sade e Tempest (ambos
de Senno Knife). Mangás de terror, como O Vampiro que Ri, Panorama do Inferno e
Uzumaki. Seinen mangá (para adultos, com histórias mais fortes) como Monster,
Abara e Elfen Lied. Até mesmo mangás eróticos, como as séries Opera Hentai, o
pouco lembrado Bombshell e consagrados como Love Junkies e Futari H. Mangás no
formato yon-koma (tirinhas verticais de quatro quadrinhos), como K-On! e Hetalia
– Axis Power. Mangás que tiveram apenas uma edição – que constituem uma
história fechada, como Kajika e Sandland (ambos de Akira Toriyama), Hiroshima –
A Cidade da Calmaria, Cinderalla, 1 Litro de Lágrimas e Socrates in Love.
Mangás interrompidos na metade da publicação, como as três primeiras séries de
Lobo Solitário (pela Cedibra e pela Nova Sampa – a Panini publicou toda a saga
na íntegra), Seton – Um Naturalista Viajante, Peach Girl, Combat! e Gon. Adaptações
de personagens ocidentais para o mangá, como o Homem Aranha de Ryoichi Ikegami,
o Batman de Kia Asamiya e os X-Men de Hiroshi Higuchi. Mangás que passaram
despercebidos pelo grande público, como Kimba – O Leão Branco, Crime e Castigo
(ambos de Osamu Tezuka) e Kanpai! (tanta gente confia demais no checklist do
site Universo HQ, e nem todas as editoras se preocupam em enviar as listas do
que vão publicar – por isso, os lançamentos da New Pop passam meio despercebidos).
Coletâneas de histórias curtas de vários autores, como as revistas Gen (ed.
Abril) e Superalmanaque Mangá (Mythos). Manhwas, como Priest, Planet Blood,
Tarot Café, Chonchu, Ragnarök, Dangu e Che. O manhua Melodia Infernal, de Lu
Ming. Enfim, um superguia de tudo o que foi exportado do oriente para o Brasil.
Ou quase tudo.
Ficaram
de fora títulos como Burn Up – Excess & W, Cowa (de Akira Toriyama), Tiger
& Bunny, Toriko, Ataque dos Titãs e Hitman Reborn. A preferência é quase
exclusiva a todos os títulos lançados até o final de 2012.
E
também há alguns erros. A ordem alfabética dos títulos é quebrada em alguns
momentos. Alguns mangás, como Dark Angel, Samurai Girl e X-Men tem ilustrações
erradas. Alguns mangás tem os números de edições japonesas lançados
desatualizados – One Piece, por exemplo, já tem 72 volumes lançados no Japão, e
não apenas 67; Naruto já tem 67 volumes, não apenas 60; Blood Lad tem 8
volumes, não 7. Monster Hunter
Orage é de Hiro Mashima (criador de Fairy Tail), não de Yoshiyuki Sadamoto – e
teve cinco edições, não doze. E Yu Yu Hakusho tankoubon, supostamente lançado
em 2012 pela JBC, não existe: apenas as edições meio tankoubon lançadas pela
mesma editora em 2002. E o que faz uma ficha de Kamen Rider no meio da
listagem, visto que este mangá – e nenhum dos outros do criador, Shotaro
Ishinomori, foram lançados no Brasil?
Fora
as lambanças da edição, como os erros e a falta de ficha catalográfica, o livro
é muito útil para quem quiser se inteirar no universo dos mangás. Mas, se
quiser usar informações do livro, cuidado: pesquisem antes se as informações
batem com outras, disponíveis na internet.
O
livro custa R$ 24,90, ainda por cima. E aí, vale a pena ter em casa ou vai
pensar duas vezes?
De
todo modo, o fã de mangás não vai se arrepender. Totalmente. Para saber o que você encontrará nas bancas, livrarias e nos sebos em matéria de mangá.
Para
encerrar, um desenho meu. Nos últimos tempos, tenho acompanhado, com muito
gosto, a saga de One Piece, desde que a Panini assumiu a publicação deste que
atualmente é o mangá mais vendido de todos os tempos. Por isso, para
homenageá-los, pus meus personagens praianos, os Bitifrendis, fazendo um
cosplay dos personagens: o Sidnelson de Luffy, o homem-borracha; o Carlão de
Zoro, o espadachim caça-piratas; a Ionara de Nami, a gatuna; e o garoto Guto de
Chopper, a rena mutante médica. Que acharam da canalhice do Rafael? Hein?
Em
breve, voltarei a fazer resenhas de mangás e animes – e talvez de hentais –
neste blog. Só preciso de um pouco mais de tempo para colocar minhas leituras
em dia.
Até
mais!
Nenhum comentário:
Postar um comentário