quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

VULTO E TORMENTA - dois heróis humanos

Olá.
Hoje, continuo a falar dos quadrinhos da editora Júpiter 2, do polêmico José Salles.
Na última postagem, apresentei aos leitores um dos mais tradicionais personagens da casa, o herói Tormenta. Com sete números de seu gibi lançados até agora, Tormenta, criado por Eduardo Manzano, figura, junto com o Raio Negro e o Homem Lua de Gedeone Malagola, o Corcel Negro de Alcivan Gameleira e o Vulto de Wellington Santos como um dos principais heróis brasileiros do catálogo da editora. O Máscara Noturna, de Salles e Manzano, já pulou fora do rol, pois sua série já foi encerrada.
Bem. Falando no Vulto, o defensor de Belo Horizonte, MG, é dele de quem vou falar hoje. Ou melhor, do encontro deste herói com o Tormenta.

VULTO E TORMENTA – DSF, A SUPER AMEAÇA foi publicado em setembro de 2012, tem 44 páginas sem contar capa, e faz parte da cronologia do Vulto – portanto, é o quinto gibi do personagem pela Júpiter 2 – sexto, se contarmos a edição independente de 2005, onde é apresentada a origem do herói. E o oitavo do Tormenta.
Recentemente, saiu o sexto/sétimo gibi do Vulto, O Esquartejador. Deste falaremos mais tarde.
O gibi de crossover entre Vulto e Tormenta foi produzido a quatro mãos: a primeira parte da aventura, das páginas 01 a 26, foram desenhadas por Wellington Santos; da página 27 a 38, a arte fica a cargo de Raimundo Gomes, que segue, com pequenas diferenças, o estilo de Well, tornando a diferença quase imperceptível.
Nesse crossover, Well e Rai seguem o mesmo estilo usado pelo criador do herói em Vulto – Enchentes: arte em preto-e-branco, sem os tons de cinza usados nas primeiras aventuras. De resto, é a mesma arte realista e fortemente detalhada que se tornou marca registrada de Well – mas a maior preocupação do desenhista, que adora desenhar homens musculosos, foi impedir que o Tormenta ficasse “bombado” como o Vulto, ou seja, o herói seria retratado como um homem de porte atlético, simplesmente. E o seu uniforme ganhou acréscimos: luvas e uma máscara que cobre apenas o rosto do Tormenta.
Na parte do roteiro, vemos os heróis tal como já conhecemos: combatendo uma nova ameaça à sociedade – um clamor que se faz cada vez mais forte visto a situação atual. Well buscou um motivo genuíno para fazer os dois heróis se juntarem – e, conseguindo, faz com que o Vulto saia de Belo Horizonte e viva uma aventura em São Paulo, terra natal do Tormenta. E o indispensável clichê desse tipo de história não pode faltar: a trama básica herói-encontra-herói, herói-pensa-que-herói-é-vilão, herói-enfrenta-vilão, heróis-se-entendem, heróis-se-juntam-contra-inimigo/ameaça-comum. Fórmula que funciona desde sempre. O resultado, apesar do vício frequente de Well de “picotar” desnecessariamente os textos em várias caixas espalhadas pelos quadros,ficou bom e convincente, levando-se em conta que ambos os heróis tem muito em comum: Nelson Montenegro, o Vulto, e Éder Pegoraro, o Tormenta, não tem poderes, e contam apenas com seu preparo físico e seu manejo de armas para enfrentar ameaças.
E a história tem um toque maior de atração: Wellington Santos estabelece a origem, até agora “oficial”, do Tormenta, que Salles e Manzano ainda não tinham se preocupado em desenvolver. Segundo Well, Éder Pegoraro resolveu se tornar o herói depois que um amigo seu, um garoto interno em um hospital onde o publicitário foi fazer um trabalho beneficente, morreu ao tomar um tiro de um assaltante. Já a origem do Vulto, rememorada na trama, é bem conhecida, já foi contada muitas vezes na coleção – Nelson Montenegro, ex-integrante de uma força paramilitar, assumiu a identidade do herói após descobrir que o grupamento estava envolvido com o tráfico de drogas, e um declarou guerra contra o outro.
Bem. A trama de DSF – A SUPER AMEAÇA gira em torno da substância do título, a Droga Super Força, uma nova droga anabolizante desenvolvida por um traficante e fisiculturista de Belo Horizonte, Marcelo “Touro”. A tal droga, ainda em fase de desenvolvimento, seria capaz de ampliar a força humana a níveis extraordinários, o que garantiria uma fortuna maior a “Touro”. Porém, como a droga ainda apresenta imperfeições, o traficante busca o apoio de César Mantovani, um empresário paulistano que o ajuda a aprimorar a droga.
Na primeira parte da aventura, o Vulto, sempre de butuca na gangue do tal traficante, busca impedir que o DSF seja concluída. Ele até consegue chegar ao laboratório onde a droga está sendo desenvolvida e dá um “susto” no pessoal. Um dos membros da gangue, apavorado, dá a pista que “Touro” está em São Paulo, por isso Nelson Montenegro resolve viajar para São Paulo – não sem antes conversar com seu maior aliado, o delegado Anderson Costa, e se despedir da sua amada Márcia.
Em São Paulo, o Vulto contará com a ajuda do incorruptível delegado Salles (homenagem de Well ao editor, José Salles) para encontrar “Touro” e Mantovani. E é justamente numa perseguição entre os prédios de São Paulo que Vulto encontra Tormenta. No início, os dois se enfrentam, um julgando que o outro é vilão; mas depois, ambos se entendem (e, mais tarde, trocam confidências), desfazem o engano e se juntam para enfrentar assaltantes em um prédio comercial – antes mesmo de ambos encontrarem o delegado Salles.
O Tormenta também é retratado em sua vida cotidiana, como Éder Pegoraro, ao lado da sua querida esposa Rita, antes de partir para a ação para valer.
Enquanto isso, no esconderijo de “Touro” e Mantovani, a droga já está pronta para ser testada em seres humanos – só falta uma cobaia. No local, está infiltrado um espião da polícia, o Agente Manzano (sim, outra homenagem, desta vez a Edu Manzano, criador do Tormenta). Mas, assim que é descoberto pelos bandidos, o Agente Manzano está prestes a se tornar a cobaia da nova droga. Porém, Vulto e Tormenta, já entrosados, chegam para impedir a ameaça. Confiram para ver como a aventura termina.
O gibi é completo com um posfácio de Wellington Santos, contandosobre o processo de elaboração da história; fichas resumidas dos dois heróis e ilustrações pin-up de Dennis Oliveira, Raimundo Gomes e Pedro Belchior e, vejam só, de Wellington Santos Júnior e Erick Santos, os filhos pequenos de Wellington Santos!
O gibi custa R$ 5,00, e pode ser adquirido pelo e-mail smeditora@yahoo.com.br. Como sempre recomendo, conheçam outras revistas da editora em http://jupiter2hq.blogspot.com.br/.
Para encerrar, a minha ilustração pin-up do Vulto e do Tormenta. Dá pra dizer que também partilho da preocupação de não retratar os heróis “bombados”.
Na próxima postagem, a mais recente edição do Vulto, para encerrar a “trilogia”.

Até mais!

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